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Influência da mídia em mulheres de uma

academia de ginástica do município de São Paulo

Influencia de los medios de comunicación en mujeres de un gimnasio del municipio de Sao Paulo

Media influence on women in a fitness facility of São Paulo

 

*Nutricionista graduada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie

**Nutricionista, mestre e doutora em Saúde Pública pela Universidade de São Paulo

Docente do curso de graduação em Nutrição da Universidade Presbiteriana Mackenzie

***Nutricionista, mestre e doutora em Pediatria e Ciências Aplicadas à Pediatria pela UNIFESP

Docente dos cursos de graduação em Nutrição da Universidade Presbiteriana Mackenzie

Nayara Cristina Siqueira*

Edeli Simioni de Abreu**

Daniela Maria Alves Chaud***

edelisabreu@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O ideal do corpo perfeito preconizado pela nossa sociedade é um vinculado pela mídia e, leva as mulheres, sobretudo na adolescência, a uma insatisfação crônica com seu corpo. Levando essas pessoas a adotar dietas altamente restritivas. O objetivo foi Avaliar o meio de comunicação e a dieta mais usada por mulheres em uma academia de São Paulo. A amostra do estudo foi composta por mulheres entre 18 a 60 anos. As mulheres responderam um questionário, com o tipo de dieta já feita por ela que foi correlacionado com sua imagem corporal, constipação, humor, prescrição da dieta e sintomas. Foram classificados os Índices de massa corporal (IMC), para verificar a insatisfação do corpo relacionado com o interesse em dietas rápidas e da moda. O meio de comunicação mais procurado para ter informações sobre dietas são os blogs (28,6%) e a dieta mais feita por mulheres é a dieta Dukan (protéica) (35,7%). O meio de comunicação como o blog é publicado por mulheres de alto padrão, sem conhecimentos científicos sobre uma alimentação saudável, publicado diariamente com linguagem popular e mostrando intimidade sobre exercícios físicos, suplementos alimentares e dicas para emagrecer, o que vem forçando as mulheres o desejo de ser igual e buscar aquilo que é dito. A dieta Dukan, está em alta em todos os meios de comunicação, com dicas, receitas e depoimentos de superação e sucesso rápido alcançar para um corpo ideal.

          Unitermos: Mídia. Nutrição. Mulheres.

 

Abstract

          The ideal of the perfect body advocated by our society is bound by the media, and leads women, especially in adolescence, to a chronic dissatisfaction with their bodies. Taking these people to adopt highly restrictive diets. This study aimed to evaluate the medium and the diet used by most women in a gym of São Paulo. The study sample consisted of women between 18-60 years. The women answered a questionnaire, with the type of diet already made for her that was correlated with their body image, constipation, humor, diet prescription and symptoms. It was ranked the body mass index (BMI), to verify body dissatisfaction related to the interest in fast diets and fashion. The most popular means of communication for information on diets are blogs (28.6%) and the diet more done by women is the Dukan diet (protein) (35.7%). The means of communication as the blog is published by women of high standard, without scientific knowledge about healthy eating, published daily in popular language and showing intimacy on exercise, dietary supplements and weight loss tips, which has forced women the desire to be equal and seek what is said. The Dukan diet is one of them that are high in all the media, with tips, recipes and overcoming testimonials and achieve rapid success for an ideal body.

          Keywords: Media. Nutrition. Women.

 

Recepção: 05/02/2016 - Aceitação: 12/05/2016

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 21 - Nº 216 - Mayo de 2016. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Os padrões de beleza, assim como os alimentares, são construtores históricos e, como tais, mudam ao longo do tempo. No século XIX, o padrão estético é diferente dos dias atuais, o padrão exaltava formas arredondas em uma época que as preparações culinárias eram altamente calóricas. Com avançar das décadas e séculos, o conhecimento cientifico produzido sobre alimentação e imagem corporal, juntamente com as mudanças nos cenários políticos, socioeconômico e cultural, contribuiu para o deslizamento do padrão estético corporal feminino desde as formas arredondas até a magreza idealizada (Andrade e Bossi, 2003).

    Segundo Serra e Santos (2003), paradigma atual de beleza, centrado no corpo esbelto, determina hábitos que lhe são correspondentes, o padrão estético corporal contemporâneo impõe uma alimentação leve, light, dita inteligente, dita e direcionada às pessoas inteligentes e bem-sucedidas, ao passo que ao trabalhador braçal associam-se práticas alimentares que incluem arroz, feijão, massas e pães.

    A mídia vem ganhando cada vez mais forças, a importação de modelos globais, em todas as dimensões da vida humana, transformando hábitos, valores e identidades. Gerando um mundo de incertezas e de diversos riscos e transtornos alimentares (Andrade e Bossi, 2003).

    O mundo está cada vez mais influenciado por valores externos à sua cultura e por imediatismo das transformações, especialmente, no Brasil. A busca de referências a fim de balizar a construção de um sentido de “Ser- no- mundo” (Andrade e Bossi, 2003).

    Os meios de comunicação atualmente, representam o maior meio de propagação de ideologias, compreendidas como os conjuntos de significados e sentidos. Ao veicularem matérias sobre alimentação, nutrição, saúde e estética. Todas carregadas de ideologias, os meios de comunicação determinam, em diferentes medidas, o comportamento dos sujeitos. Com isso, afirma que a saúde coletiva está de alguma forma associadas às informações sobre saúde que a mídia difunde em dada formação social em dado momento histórico (Teo, 2010)

    De acordo com Andrade e Bossi (2003), o ser humano recorre ao corpo como critério de identidade. O individualismo narcísico e hedonista elege o corpo e as sensações como os depositários dos valores pessoais na atualidade. Com o apogeu da racionalidade científica moderna, a humanidade passou a acreditar que deveria controlar o desgaste biológico, não deveria envelhecer e poderia deter o controle da morte, aumentando a longevidade.

    As pessoas querem desviar da realidade do envelhecimento e morte com a supervalorização do corpo e das sensações para não refletir sobre o fim do tradicionalismo, da espontaneidade e da liberdade, então, com a perda da identidade em busca de uma imagem perfeita, que não se corresponde com o perfil de cada idade (Andrade e Bossi, 2003).

    O ideal do corpo perfeito preconizado pela nossa sociedade é vinculado pela mídia e, leva as mulheres, sobretudo na adolescência, a uma insatisfação crônica com seus corpos. Levando essas pessoas a se odiarem por alguns quilos a mais, ou adotando dietas altamente restritivas e exercícios físicos intensos. Essa insatisfação com a própria imagem corporal exemplifica o insidioso percurso que tende a colocar a mulher em uma busca militante pela beleza (Conti et al., 2010).

    O corpo e todo o instrumento utilizado para projetar um símbolo de poder passam a ser perseguidos como bens simbólicos, na tentativa de neutralizar o mal- estar gerado pela fragmentação da identidade. Daí decorre o excesso de investimentos da mídia com temas relacionados à beleza e à aquisição do corpo perfeito, em campanhas, revistas e internet. Sempre acompanhadas de imagens de mulheres modernas, bem sucedidas e felizes (Andrade e Bossi, 2003).

    A análise desse processo demarca sua gênese no início do século XX, mas encontra suas raízes no esteio da Revolução Industrial, quando os meios de produção e poder se deslocaram das mãos da aristocracia rural para a classe burguesa, impondo, uma estrutura de comunicação massiva para a divulgação da informação. Apareceram as primeiras revistas femininas, ligando a imagem da mulher ao confinamento domiciliar (Andrade e Bossi, 2003).

    Nos dias atuais, ressalta-se ainda, o fastfood cultural” no qual vivemos, com as informações sendo veiculadas sob a urgência do tempo, alertando que, nessa velocidade, não há tempo suficiente de assimilação pelo pensamento. Com isso, a comunicação é instantânea, porque, em certo sentido, ela não existe, as pessoas querem a praticidade e a rapidez. Com tudo, surgindo assim, as dietas práticas, sem preparos e buscando o resultado da imagem corporal ideal. Isto é, as pessoas vêem/escutam sobre dietas mirabolantes, não buscam informações saudáveis por trás disso, querem rapidez nos resultados, o corpo vira um objeto, onde qualquer coisa é capaz para se transformar logo. Onde surgem todas essas “dietas da moda” (Andrade e Bossi, 2003).

    As dietas da mídia do ano de 2013 e 2014 são: Dieta do Glúten, dieta da proteína Dukan, dieta detox, dieta dos pontos. Ambas para pessoas que não precisam fazer tais dietas, Pois não apresentam nenhum distúrbio para realizarem.

    A dieta do Glúten é excluída para indivíduos com doença celíaca, é uma enteropatia medida por linfócitos T, induzidas pelo glúten. A exclusão do glúten da dieta deve ser realizada para tais indivíduos (Andreoli et al., 2013).

    Segundo Santos e Barros Filho (2002), Reportagens sobre alimentação e saúde, relatos de pesquisas e recomendações nutricionais de diversos profissionais da área da saúde têm estado frequentemente presentes em periódicos de grande circulação e na TV. No mesmo sentido, campanhas publicitárias e rótulos de alimentos e de suplementos nutricionais muitas vezes remetem a estudos científicos e as recomendações de especialistas (ou não). O conhecimento científico (mesmo incompleto) sobre a relação entre nutrição e saúde tornou-se parte importante das estratégias de marketing das indústrias alimentícias.

    Na Inglaterra, constataram que a mídia impressa (jornais e revistas) e a eletrônica (televisão e internet) estavam entre as cinco fontes de informação sobre alimentação saudável (Santos e Barros Filho, 2002).

    Embora menos citados que os meios de comunicação, os profissionais de saúde foram considerados fontes confiáveis por 92% da amostra. Nos Estados Unidos, a American Dietetic, chegaram a conclusões semelhantes: médicos e nutricionistas são os meios mais valorizados de informação nutricional, embora menos utilizados que os veículos de comunicação de massa (Santos e Barros Filho, 2002)

    No Brasil, o interesse também vem crescendo cada vez mais, pelos programas de televisão e pelas publicações contemplando o tema. Surge, então, a questão de quais veículos são usados pelas pessoas como fontes de informação em nutrição. Conhecer os recursos efetivamente utilizados pelo público leigo para se inteirar sobre esse assunto pode forneces subsídios ao planejamento de programas de educação nessa área (Santos e Barros Filho, 2002)

    As pessoas têm se interessado muito pela nutrição em busca do corpo ideal, à saúde é apenas um anexo, a mídia impõe um corpo ideal e as pessoas buscam de tudo para alcançá-los, seja qualquer sacrifício.

    Portanto, esse estudo tem por objetivo avaliar qual o meio de comunicação que as mulheres adquirem conhecimentos sobre diversas dietas em uma academia particular e do município de São Paulo.

Metodologia

    A amostra de estudo foi composta por mulheres com idade entre 18 a 60 anos.

    As mulheres foram classificadas segundo a Organização Mundial da Saúde e os índices antropométricos utilizados foram peso e altura auto referidos, para cálculo do Índice de massa corporal (IMC).

    No dia da coleta de dados, as mulheres responderam a um questionário em que foram verificados os meios de comunicação mais utilizados para os conhecimentos de dietas e alimentação. Foi analisado, em que meio de comunicação adquiriu essa dieta e a preocupação com a sua imagem corporal, verificando se existiu alguma relação com o estado nutricional das mulheres.

    Para a tabulação dos resultados foi utilizado o programa Excel, 2013. As variáveis quantitativas foram analisadas por meio de médias e desvio padrão e as variáveis qualitativas foram apresentadas por meio de número e porcentagem. Foram analisados os tipos de dietas mais utilizadas com os meios de comunicação que mais se influenciava em cada dieta. A relação entre tipo de dieta e com a prescrição da dieta, a relação de tipo de dieta com conquista do objetivo, a relação de dieta com a presença de constipação e a relação do tipo de dieta com presença de sintomas.

    As participantes da pesquisa assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) que consta com os objetivos e metodologias do trabalho solicitando. Os responsáveis pela academia assinaram também assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido autorizando a realização do estudo.

Resultados e discussão

    Este trabalho abordou 89 mulheres, das quais, 56 seguiram no estudo. Houve perda da amostra devido à falta de interesse de algumas participantes e pela informação inicial do questionário ser se a participante já tinha feito alguma dieta, se ela respondesse que não, seria excluída do estudo imediatamente.

    Alvarenga et al. (2003) disseram que as leituras de revistas, a exposição a figuras de corpos magros e ao assistir à televisão tem impacto cada vez maior na insatisfação corporal, e esse impacto é maior para mulheres jovens. Coincidindo com os resultados encontrados na presente pesquisa, em que a maioria delas tinha de 18 a 25 anos (39,3%) e de 26 a 35 anos (35,7%).

    Pelo Índice de Massa Corporal (IMC) encontrado, pode-se observar a prevalência de eutrofia em 24 mulheres (42,8%). Não houve mulheres com Obesidade grau III. Porém, 20 mulheres (35,7%) apresentaram sobrepeso (Figura 1).

Figura 1. Estado nutricional de mulheres praticantes de atividade física, São Paulo, 2014

    Quanto à variável tipo de dieta mais realizada, a mais citada foi a dieta Dukan (dieta protéica), 20 mulheres já fizeram e/ou fazem essa dieta, o que corresponde a 35,7%. A segunda dieta mais realizada por essas mulheres praticantes de atividades físicas, foi a reeducação alimentar, 9 mulheres (16,1%). Em estudo feito por Andrade e Magalães (2003), verificou-se que a maioria de indivíduos em busca de um efeito rápido na mudança do corpo, não se importa com a forma alcançar, seja ela saudável ou não. No presente estudo, pode-se observar que a maioria também desejava resultados rápidos, não se importando com as consequências que dietas da moda, como a Dukan, podem causar à saúde. Porém, a reeducação alimentar nesse estudo apresentou maior realização do que outras dietas tais como, a dieta dos pontos, detox e dieta da USP (Figura 2).

Figura 2. Tipos de dietas aderidas por mulheres praticantes de atividade física, São Paulo, 2014

 

Figura 3. Prescrição dietética para mulheres praticantes de atividade física, São Paulo, 2014

    Segundo Gonçalves et al. (2013), a prescrição de dieta tem uma grande importância, já que existem profissionais da saúde indicados para tal, como o nutricionista, cuja prerrogativa profissional inclui prescrever dietas para prevenção de doenças e preservação da saúde. No presente estudo a auto prescrição foi o que prevaleceu, 20 mulheres (35,7%), a maioria se auto prescrevem (Figura 3).

    Com relação à prescrição das dietas, a maioria das mulheres utilizaram a dieta Dukan, 9 mulheres se auto prescreveram (Tabela 1).

Tabela 1. Prescrição e tipos de dieta para mulheres praticantes de atividade física, São Paulo, 2014

    Santos e Barros Filho (2002), constaram que a mídia impressa (jornais e revistas) e a eletrônica (Televisão e Internet) estavam entre as principais fontes de informação sobre alimentação saudável. No presente estudo, constatou-se maior prevalência em buscar informações sobre alimentação em blogs, apontados por 16 pessoas mulheres (28,6%). Os blogs são publicados por mulheres apontadas como referência de beleza, sem conhecimentos científicos sobre uma alimentação saudável, publicados diariamente com linguagem popular e mostrando intimidade sobre tal assunto. O que potencializa o desejo, nessas mulheres, de serem iguais e buscar aquilo que é publicado. Serra e Santos (2003), afirmam que palavras, textos e imagens constituem uma rede de relações com o público, o desejo de alcançar o poderoso corpo ideal, em curto espaço de tempo (Figura 4).

Figura 4. Meios de comunicação utilizados por mulheres praticantes

de atividade física, para o conocimento de dietas, São Paulo, 2014

    Portanto, ao relacionar o tipo de dieta com o meio de comunicação, a dieta mais divulgada nos blogs foi a dieta DETOX. No Facebook, a dieta mais comentada é a Dukan, No Instagram, influente mídia no mundo atual, um aplicativo é a dieta da Proteína, que não necessariamente é a Dukan, mas baseada no consumo excessivo de proteínas, com a adição de suplementos protéicos. Como fazer exercícios físicos corretamente e a reeducação alimentar está presente nos blogs, segundo as mulheres, tem dicas de receitas de alimentos funcionais, dicas para comer com praticidade de 3 em 3 horas, o que elas classificam ser uma reeducação alimentar, e não uma dieta da moda (Tabela 2).

Tabela 2. Meios de comunicação e tipos de dietas utilizadas

por mulheres praticantes de atividade física, São Paulo, 2014

    O objetivo da maioria das mulheres, apontados por 45 entrevistadas (80,4%), foi dieta para emagrecer (Figura 5). Segundo Andrade e Bossi (2003); o ideal do corpo perfeito preconizado pela nossa sociedade é veiculado pela mídia, levando essas pessoas a se recriminarem por alguns quilos a mais, adotando dietas altamente restritivas e exercícios físicos intensos. Essa insatisfação com a própria imagem corporal exemplifica o insidioso percurso que tende a colocar a mulher em uma busca militante pela beleza. O que coincidiu com os resultados do presente estudo, em que 45 mulheres responderam querer emagrecer.

Figura 5. Objetivos da dieta utilizados por mulheres praticantes de atividade física, São Paulo, 2014

    A maioria das mulheres, 38 participantes (67,9%), obteve parcialmente o sucesso nas dietas realizadas, ainda não estando satisfeitas (Figura 6). O que envolve a mídia novamente. Segundo Andrade e Bossi (2003), o imediatismo das transformações, a ansiedade e insatisfações são variáveis que andam adoecendo a humanidade em todos os aspectos.

Figura 6. Conquista do objetivo da dieta utilizados por mulheres praticantes de atividade física, São Paulo, 2014

    Para cada tipo de dieta pode se correlacionar o sucesso ou não na sua realização. A maioria das mulheres conseguiu parcialmente e/ou obtiveram sucesso na dieta Dukan (Tabela 3). Por isso a mídia impõe o grande sucesso em curto prazo nessa dieta, o que causa interesse nos dias atuais por grande parte das mulheres, por ser uma dieta com resultados rápidos. Segundo Pérez-Guisado (2008), a dieta pobre em carboidratos é baseada no princípio da ação do hormônio insulina. A insulina tem como função retirar a glicose do sangue para ser utilizada ou armazenada como combustível no organismo. O resultado da quebra do carboidrato no organismo é a glicose. Assim, reduzindo o seu consumo, insulina ficará mais tempo circulante, diminuindo a necessidade de utilizar outra fonte de energia que, nesse caso, será a gordura. Com isso, a perda de peso das pessoas que fazem esta dieta é mascarada: perde-se apenas líquido e massa magra e preserva-se a gordura do corpo. O que não significa perder peso com saúde. Outro efeito desse tipo de dieta e a elevada produção de corpos cetônicos, além de ser responsável por um desagradável mau hálito, eleva a amônia que, em excesso, provoca toxidade. O que comprova no presente estudo, que as mulheres conseguiram parcialmente o objetivo em emagrecer.

Tabela 3. Conquista do objetivo por dieta, em mulheres praticantes de atividade física, São Paulo, 2014

    Segundo Collete et al. (2008), médicos definem constipação de acordo com o número de evacuações semanais, maior consistência do bolo fecal, aumento do seu calibre e redução do volume e dificuldade na eliminação. A constipação tem frequente determinação multifatorial e pode resultar de desordens sistêmicas ou neurológicas, isso pode se dar por dietas inadequadas. As dietas da moda são consideradas inadequadas, pois se tem a restrição de muitos nutrientes e excesso de outros. Conforme mostra a Tabela 4 a maioria das mulheres (42 mulheres) apresentou esse sintoma.

Tabela 4. Presença de constipação em mulheres praticantes

de atividade física, na realização de dietas, São Paulo, 2014

    Segundo Cabral et al. (2010), o sintoma mais relatado em diversas dietas é a fraqueza, o que coincidiu com os resultados do presente estudo, em que 32 mulheres (57,1%) relataram sentir sintomas como fraqueza. Quando relacionadas com os tipos de dieta – Detox, Dukan, Proteína e USP, houve a presença desse sintoma, entre outros como dores de cabeça, dores no estômago e indisposição. Isso se deve o fato de serem todas dietas muito restritas em nutrientes e energia. Já as dietas de reeducação alimentar e a dieta dos Pontos, menos restritivas, não apresentaram esses sintomas (Tabela 5).

Tabela 5. Presença de síntomas nas dietas realizadas por 

mulheres praticantes de atividade física, São Paulo, 2014

Conclusão

    Conclui-se que a população estudada apresenta hábitos que a mídia influencia, levando em consideração que a maioria das mulheres faz ou já fez dietas da moda, e que a maioria delas está preocupada com a imagem corporal (emagrecimento) e não com a saúde. O meio de comunicação mais utilizado, de maneira geral, foram os blogs, que elas entendem por reeducação alimentar, porém, não prestam atenção que a pessoa que está dando as dicas não é uma profissional e sim uma celebridade, dando dicas da sua própria vida, o que faz a mulher buscar ser igual e aderir as dicas para si.

    A dieta Dukan, foi a mais utilizada, o que comprova que as mulheres estudadas estão preocupadas com a transformação imediata, sem pensar nas consequências que podem lhes trazer. A dieta Dukan é mais divulgada nos meios de comunicação entre amigos (Facebook, Instagram), a dieta mais famosa atualmente, por resultar em perda de peso em pouco tempo.

Bibliografia

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