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Força muscular isocinética de flexores e extensores 

de joelho entre idosos sarcopênicos e não sarcopênicos

La fuerza muscular isocinética de flexores y extensores de la rodilla en personas mayores con y sin sarcopenia

Isokinetic muscle strength of knee flexors and extensors between elderly sarcopenic and non sarcopenic

 

*Doutoranda em Gerontologia Biomédica (PUCRS), Mestre em Engenharia de Produção com ênfase

em Ergonomia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Professora Assistente

do Curso de Fisioterapia da Univesidade Federal do Pampa (Unipampa)

**Doutoranda em Gerontologia Biomédica (PUCRS), Mestre em Ciências do Movimento Humano

pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), Florianópolis, SC. Professora Assistente

do Curso de Fisioterapia da Univesidade Federal do Pampa (Unipampa)

***Doutor em Medicina e Ciências da Saúde pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande

do Sul (PUCRS) (Ph.D.). Professor do Programa de Pós-Graduação em Gerontologia Biomédica

da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) Porto Alegre, RS

Daniela Virote Kassick Müller*

danivkm@gmail.com

Graziela Morgana Silva Tavares**

grazielatavares@unipampa.edu.br

Rodolfo Herberto Schneider***

rodolfo.schneider@pucrs.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O envelhecimento traz consigo alterações morfo-funcionais que podem comprometer a autonomia dos idosos, como a diminuição da massa muscular, na sarcopenia. Objetivou-se com esta pesquisa comparar as variáveis referentes à função muscular de flexores e extensores de joelho em homens idosos sarcopênicos e não-sarcopênicos. O estudo é do tipo descritivo, transversal e comparativo com 37 idosos comunitários do sexo masculino da fronteira oeste do Rio Grande do Sul (RS). A avaliação constou de aquisição de dados antropométricos para quantificação do índice de massa muscular (IMM) e análise do desempenho muscular de flexores e extensores de joelho através da dinamometria isocinética. Os dados quantitativos foram analisados através do teste t de Student com nível de significância de 95%. Os resultados demonstraram que idosos sarcopênicos apresentaram menor função muscular em todas as variáveis analisadas quando comparados àqueles com valores do IMM dentro da normalidade. Conclui-se que a diminuição de massa muscular, quando presente, está associada à redução de força, potência e trabalho muscular em idosos.

          Unitermos: Idosos. Função muscular. Dinamometria isocinética. Sarcopenia.

 

Abstract

          Aging produce morphological and functional changes that may compromise the independence in the elderly, such as decreased muscle mass in sarcopenia. The objective of this research was compare the variables related to muscular function of knee flexors and extensors in sarcopenic and non-sarcopenic older men. The study is descriptive, transverse and comparative with 37 community elderly males in the western frontier of Rio Grande do Sul (RS). The evaluation consisted of the acquisition of anthropometric data to quantify the body mass index (BMI) and analysis of muscle performance flexors and knee extensors by isokinetic dynamometer. Quantitative data were analyzed using the Student t test with 95% significance level. The results showed that sarcopenic elderly had lower muscle function in all variables compared to those with BMI values ​​within normal limits. We conclude that the decrease of muscle mass, when present, is associated with reduced strength, power and muscle work in the elderly.

          Keywords: Elderly. Muscle function. Isokinetic dynamometer. Sarcopenia.

 

Recepção: 31/10/2015 - Aceitação: 21/03/2016

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 21 - Nº 216 - Mayo de 2016. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O envelhecimento é um fenômeno mundial que ocorre tanto em países desenvolvidos, quanto em desenvolvimento, como o Brasil (Borges et al, 2015; Veras, 2009). No entanto, tal crescimento traz consigo preocupação quanto à qualidade de vida e condições gerais de saúde destes idosos (De Luca et al, 2011), já que tal processo pode acompanhar uma maior vulnerabilidade fisiológica a estes indivíduos (de Araújo et al, 2014).

    As alterações crônicas e degenerativas estão entre as mais comuns e o sistema musculoesquelético tende a ser um dos mais acometidos. Neste sistema é frequente a observação da perda de força muscular (FM), que pode levar a uma diminuição de funcionalidade e autonomia do idoso (Davini e Nunes, 2003).

    A diminuição da FM muitas vezes está associada à diminuição da massa do músculo, condição comum no processo de envelhecimento. Tal situação é conhecida na literatura como sarcopenia, uma síndrome de origem multifatorial definida por Baumgartner (1998), como sendo a diminuição de massa muscular esquelética dois desvios-padrões abaixo da média do grupo-controle constituído por indivíduos jovens com idade de 29 anos, saudáveis, pareados para a mesma etnia.

    A redução de massa muscular associada à fraqueza muscular e/ou declínio do desempenho físico e funcionalidade do idoso pode ser avaliada através de exames de ressonância nuclear magnética, densitometria de duplos raios-X ou bioimpedância (Silva et al, 2006). No entanto, nem sempre há a disponibilidade nos serviços de se fazer este tipo de avaliação, uma vez que apresentam um custo acentuado. Desta forma, a composição corporal pode ser avaliada utilizando-se medidas antropométricas, permitindo calcular o índice de massa muscular (IMM) que possibilita o diagnóstico da sarcopenia (Cruz-Jentoft et al, 2010).

    Sendo assim, é interessante que todos os profissionais envolvidos com a saúde procurem detectar precocemente tais alterações a fim de buscar a prevenção de suas consequências. A avaliação da FM, que é uma das variáveis referentes à manutenção das habilidades motoras e funcionalidade dos idosos, pode ser feita por diferentes formas, mas uma das mais eficazes é a avaliação da função muscular através do dinamômetro isocinético. Apesar de mais onerosa, a avaliação traz dados concretos para quantificar a condição clínica do sujeito (Terreri et al, 2001; da Silva, 2009). Sendo assim, o presente estudo teve como objetivo comparar as variáveis referentes à função muscular de flexores e extensores de joelho em homens idosos sarcopênicos e não-sarcopênicos.

Método

    A presente pesquisa é do tipo descritiva, transversal e comparativa e participaram da mesma idosos comunitários do sexo masculino da fronteira oeste do Rio Grande do Sul, Brasil, recrutados através das Unidades Básicas de Saúde (UBSs). Os critérios de inclusão foram: idade igual ou superior a 60 anos; independência funcional para marcha e atividades de vida diária (AVDs), com ou sem uso de dispositivos auxiliares e integridade cognitiva para entendimento de ordens simples. Foram excluídos idosos com qualquer nível de amputação em membro inferior (MI), pressão arterial sistólica (PAS) acima de 160 mmHg e diastólica (PAD) acima de 100mmHg antes de ser iniciada a aquisição dos dados (Cardiologia Sbd, 2006) e/ou os que não tivessem liberação médica para realização de exercícios físicos. O estudo foi aprovado pelo Comitê de ética em seres humanos da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) sob os pareceres de nº 312.127 e 930.945/15 e seguiu as orientações e diretrizes da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP). Para participar da pesquisa todos os voluntários assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE).

    A coleta de dados ocorreu de julho de 2013 a julho de 2015. Para a realização das avaliações os idosos foram contatados por telefone e realizado agendamento, comparecendo em dia e horário predeterminado no laboratório de avaliação de Fisioterapia da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), campus de Uruguaiana. Os indivíduos tiveram seus dados do perfil sociodemográfico coletados e suas medidas antropométricas mensuradas, como massa, estatura, circunferências corporais e dobras cutâneas para cálculo do IMM dos sujeitos.

    O IMM foi definido para visualizar se os idosos apresentavam diminuição da massa muscular de acordo com a fórmula elaborada por Lee e colaboradores (Lee e cols, 2000), como segue.

    Além disso, para correção do tecido adiposo foi empregada a seguinte fórmula:

    onde Cm é a circunferência de membro incluindo osso, Climb é a circunferência do membro que será corrigida pelo tecido adiposo subcutâneo (S) mensurado pelo plicômetro. O ponto de corte adotado no estudo para identificação da diminuição da massa muscular em homens foi IMM ≤10,75 Kg/m2 (Lee e cols, 2000; Janssen, 2000).

    Após avaliação do IMM foi mensurada a PAS e PAD dos idosos para avaliar se a mesma estava dentro dos limites da normalidade de acordo com as diretrizes da sociedade brasileira de cardiologia (Cardiologia Sbd, 2006). Aqueles com níveis dentro dos limites normais foram avaliados através do dinamômetro isocinético Biodex System 4 Pro® para verificar o pico de torque, a potência e o trabalho total dos flexores (FX) e extensores (EXT) do joelho, em ambos os membros inferiores, nas velocidades de 60 e 180º/seg. O teste foi executado da seguinte forma: a) o encosto da cadeira foi inclinado a uma angulação de 85º e o eixo rotacional do aparelho (dinamômetro) foi alinhado com o côndilo lateral do fêmur; b) a almofada da alavanca foi posicionada 3cm acima do maléolo lateral e a amplitude de movimento (ADM) testada foi a máxima conseguida pelo sujeito sem que o mesmo apresentasse desconforto; esta execução foi realizada tanto à direita (D) quanto à esquerda (E) (Garcia et al, 2011); c) para cada membro inferior, os sujeitos realizaram três séries de exercícios: a primeira série executada para que o gesto motor e o funcionamento do aparelho fosse aprendido (trial), a segunda com objetivo de avaliar o pico de torque, a potência e o trabalho total dos flexores e extensores do joelho a uma velocidade de 60º/seg e a terceira a mesma análise a 180º/seg. A execução do teste foi padronizada para iniciar sempre com o membro inferior direito e, em sequência, com o esquerdo. A primeira e a segunda série foi composta por 5 repetições (velocidade angular de 60º/seg) e a terceira por 10 repetições à 180º/seg. Antes de cada execução o idoso tinha um intervalo de 90 segundos para recuperação do exercício.

    Para avaliar os resultados os dados foram tabulados no programa Microsoft Excel® versão 10.0 e analisados, posteriormente, no Programa SPSS® versão 17.0. Para comparação os participantes foram divididos em dois grupos segundo o IMM, sarcopênicos e não sarcopênicos e, a partir desta divisão, as informações foram analisadas a partir do teste T de Student para amostras independentes. Também foi aplicada a estatística descritiva de média e desvio padrão para as variáveis quantitativas. O intervalo de confiança adotado foi de 95%.

Resultados

    Foram avaliados 37 indivíduos do sexo masculino com média de idade de 70,00 ± 6,15 anos. Os resultados da avaliação antropométrica são demonstrados na tabela 1. A partir das variáveis coletadas na avaliação antropométrica foi definido o IMM para classificar idosos sarcopênicos e não sarcopênicos com a ajuda da fórmula descrita por Lee e colaboradores (2000). Sendo assim, 29 sujeitos apresentaram sarcopenia, enquanto oito estavam com o IMM dentro da normalidade. Pela aplicação do teste t para amostras independentes obteve-se um p<0,0001, demonstrando resultado estatisticamente significativo. Entre os sujeitos que apresentaram sarcopenia a média de idade foi de 67,00 ± 6,90 anos e entre os demais de 70,82 ± 5,78 anos.

Tabela 1. Avaliação antropométrica

 

Média

DP

Massa corporal (Kg)

74,48

11,85

Estatura (m)

1,66

0,06

IMC (Kg/m²)

26,79

3,84

IMM (Kg/m²)

9,61

1,28

    As variáveis sobre força muscular isocinética são demonstradas na tabela 2. Pela presente análise, é possível perceber que os idosos com IMM dentro da normalidade apresentaram valores maiores em relação aos sarcopênicos em todos os itens avaliados, demonstrando que os mesmos apresentam melhor função muscular.

Tabela 2. Avaliação isocinética de Flexores e Extensores do Joelho

Classificação IMM

Média

DP

P

Pico de torque (EXT) D a 60°/seg

Não sarcopênico

117,99

54,92

0,081

Sarcopênico

87,83

38,04

Pico de torque (EXT) E a 60°/seg

Não sarcopênico

108,50

67,41

0,499

Sarcopênico

89,66

37,53

Pico de torque (FX) D a 60°/seg

Não sarcopênico

57,81

29,84

0,123

Sarcopênico

42,03

23,62

Pico de torque (FX) E a 60°/seg

Não sarcopênico

62,37

29,13

0,015*

Sarcopênico

41,26

16,70

Pico de torque (EXT) D a 180°/seg

Não sarcopênico

83,81

35,64

0,033*

Sarcopênico

62,21

20,64

Pico de torque (EXT) E a 180°/seg

Não sarcopênico

78,69

41,36

0,337

Sarcopênico

62,06

20,40

Pico de torque (FX) D a 180°/seg

Não sarcopênico

45,44

24,50

0,336

Sarcopênico

38,74

14,83

Pico de torque (FX) E a 180°/seg

Não sarcopênico

53,44

25,27

0,010*

Sarcopênico

34,84

13,56

Potência (EXT) D a 60 °/seg

Não sarcopênico

61,96

32,75

0,165

Sarcopênico

46,76

25,19

Potência (EXT) E a 60 °/seg

Não sarcopênico

60,10

34,90

0,204

Sarcopênico

46,46

22,29

Potência (FX) D a 60 °/seg

Não sarcopênico

34,20

19,47

0,107

Sarcopênico

23,27

15,70

Potência (FX) E a 60 °/seg

Não sarcopênico

36,56

19,28

0,016*

Sarcopênico

20,60

13,89

Potência (EXT) D a 180 °/seg

Não sarcopênico

132,24

67,84

0,028*

Sarcopênico

86,81

44,13

Potência (EXT) E a 180 °/seg

Não sarcopênico

117,84

75,70

0,328

Sarcopênico

86,67

41,66

Potência (FX) D a 180 °/seg

Não sarcopênico

69,03

43,53

0,142

Sarcopênico

47,83

33,02

Potência (FX) E a 180 °/seg

Não sarcopênico

73,01

48,14

0,031*

Sarcopênico

42,19

28,10

Trabalho total (EXT) D a 60°/seg

Não sarcopênico

510,83

298,99

0,179

Sarcopênico

348,13

184,82

Trabalho total (EXT) E a 60°/seg

Não sarcopênico

402,54

246,68

0,532

Sarcopênico

351,53

177,80

Trabalho total (FX) D a 60°/seg

Não sarcopênico

282,04

176,62

0,056

Sarcopênico

171,16

130,14

Trabalho total (FX) E a 60°/seg

Não sarcopênico

288,14

163,39

0,012*

Sarcopênico

163,39

97,60

Trabalho total (EXT) D a 180°/seg

Não sarcopênico

841,78

417,09

0,009*

Sarcopênico

521,22

250,87

Trabalho total (EXT) E a 180°/seg

Não sarcopênico

717,21

467,63

0,188

Sarcopênico

538,54

272,57

Trabalho total (FX) D a 180°/seg

Não sarcopênico

429,69

280,31

0,089

Sarcopênico

280,94

192,50

Trabalho total (FX) E a 180°/seg

Não sarcopênico

461,89

271,64

0,017*

Sarcopênico

255,83

173,81

*Teste t para amostras independentes com intervalo de confiança a 95%

Discussão

    No presente estudo observou-se que idosos sarcopênicos, além da diminuição da massa muscular pelo IMM, também apresentaram redução da função muscular em todos os itens avaliados quando comparados a sujeitos com IMM dentro da normalidade. Chama a atenção que, dos 37 idosos avaliados, apenas oito apresentaram o IMM normal. A maior incidência de perda muscular entre homens parece estar ligada ao declínio do hormônio do crescimento (GH), fator de crescimento relacionado à insulina (IGF-1) e a própria testosterona, tornando este um aspecto importante para a avaliação de idosos do sexo masculino quanto à presença de sarcopenia e suas disfunções (Silva e cols, 2006).

    Atualmente o dinamômetro isocinético tem sido utilizado cada vez com maior frequência para avaliar a função muscular; entretanto, estudos com o público idoso ainda são mais raros (Felício et al, 2015). A avaliação da performance muscular isocinética permite não apenas visualizar dados referentes à força máxima exercida (pico de torque), mas uma série de outras variáveis, como trabalho total desempenhado pelo grupamento muscular e potência da contração muscular. A potência muscular tem uma ampla importância na avaliação uma vez que, na prática clínica com idosos, permite visualizar a habilidade que o músculo apresenta para exercer uma grande quantidade de força associada à maior velocidade, o que, na rotina diária, pode simular a subida de degraus ou o levantar-se de uma cadeira, por exemplo. Sendo assim, apresenta um forte impacto na realização das AVDs da população geriátrica (Garcia et al, 2011).

    Em um estudo semelhante, Felício et al (2015) avaliaram a função muscular através do dinamômetro isocinético nas velocidades angulares de 60°/seg e 180°/seg em FX e EXT de joelho de 229 idosas comunitárias para comparar o desempenho entre as faixas etárias de 65 a 74 anos e 75 anos ou mais. Os autores observaram que as idosas com maior faixa etária apresentaram um pior resultado nas variáveis analisadas quando comparadas com as idosas mais jovens, demonstrando que com o avançar da idade há maior tendência ao decréscimo na função muscular.

    Apesar do presente estudo ter sido realizado apenas com homens idosos, a literatura relata que, conforme se envelhece, a incidência de sarcopenia tende a aumentar, independente do sexo. Desta forma, a prevalência da sarcopenia acomete de 13% a 24% dos indivíduos entre 65 e 70 anos de idade e mais de 50% dos idosos acima de 80 anos (Leite et al, 2012). A diminuição da massa muscular, como já dito anteriormente, muitas vezes vem acompanhada da diminuição da força muscular. Diante disso, é possível supor que as idosas com maior faixa etária avaliadas pelo autor supracitado já apresentassem diminuição do IMM, como ocorreu com a maioria dos homens idosos do presente estudo, fato esse que comprometeu a preservação de sua força muscular.

    Em outro estudo, Garcia et al (2011) avaliou a relação da função muscular de membros inferiores (MMII), a circunferência de panturrilha, força de preensão palmar, mobilidade funcional e nível de atividade física em 81 idosos comunitários ativos com idades entre 65-69, 70-79 e 80 anos ou mais a fim de identificar qual a melhor medida clínica para rastreamento de redução de função muscular de MMII em idosos. A força e a potência muscular foram avaliadas por dinamometria isocinética. Os resultados desta pesquisa apontaram que, quanto maior a idade, menores foram os valores para as variáveis analisadas.

    Antero-Jacquemin et al (2012) buscou identificar se haviam diferenças entre o desempenho muscular através da dinamometria isocinética em 81 idosos com e sem relato de queda. Os resultados demonstraram que os idosos caidores apresentaram menores índices nos EXT e FX do joelho quando comparados aos não caidores. Ou seja, a redução do desempenho muscular está relacionada à presença de quedas. Apesar deste estudo não ter avaliado o IMM para investigar se estes idosos caidores também apresentavam diagnóstico de sarcopenia, estas informações criam a hipótese de que os idosos sarcopênicos da presente pesquisa, os quais apresentaram menores índices de função muscular, estão mais sujeitos ao desequilíbrio corporal e suas consequências, como quedas e fraturas.

    Um dos principais objetivos de se avaliar a função muscular entre idosos está no fato de que, uma vez identificadas tais alterações, é possível procurar minimizá-las. A sarcopenia é considerada por muitos autores como uma condição potencialmente reversível dentro da síndrome da fragilidade, principalmente com a aplicação de um treino de resistência adequado (Malafarina et al, 2012; Fernandéz e Serra-Rexach, 2013).

Considerações finais

    Idosos do sexo masculino que apresentam menores índices de massa muscular (IMM), classificados como sarcopênicos, apresentam menor desempenho funcional de flexores e extensores de joelho quando comparados àqueles com IMM dentro da normalidade. Sendo assim, observa-se que a diminuição da massa muscular, quando presente, está associada à diminuição de força, potência e trabalho total do músculo, o que pode levar também à redução de autonomia e funcionalidade dos idosos.

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