Introdução
A atividade física é definida como qualquer movimento corporal, produzido
pelos músculos esqueléticos, que resulta em gasto energético maior do que os
níveis de repouso, assim, a quantidade de energia necessária à realização
de determinado movimento corporal deverá traduzir o nível de prática de
atividade física exigido por esse mesmo movimento salientam Weineck (2003),
Williams & Wilkins (2000) e Ordonez (2015).
Salinas (2015) considera que em aspectos operacionais, a quantidade de energia
requerida para atender à demanda energética provocada pela atividade física
pode ser determinada em quilojoule (kj) ou em quilocalorias (kcal). No entanto,
outro referencial menos preciso, porém de grande aplicação prática, é a
medida da freqüência cardíaca.
Apesar do gasto energético associado à atividade física ser diretamente
relacionado à intensidade, a duração e a freqüência com que se realizam as
contrações musculares, além da quantidade de massa muscular envolvida nos
movimentos corporais e a quantidade de energia necessária à realização de
uma mesma tarefa motora, poderá variar de indivíduo para indivíduo, ou ainda
em razão da variação do peso corporal e do índice de aptidão física num
mesmo indivíduo (Williams & Wilkins, 2000).
O ser humano sempre precisou de movimento para sobreviver e com o passar dos
anos os avanços tecnológicos e científicos e a modernização industrial de
nossa sociedade culminaram com a progressiva redução do esforço físico
diário e devido a isso começaram a surgir problemas prematuros de saúde pela
falta de movimento.
Revisão
de literatura
De acordo com Matsudo (1999) os principais efeitos benéficos da atividade
física e do exercício são:
-
Efeitos
antropométricos e neuromusculares: diminuição da gordura corporal,
incremento da massa muscular, incremento da força muscular, incremento da
densidade óssea, fortalecimento do tecido conectivo, incremento da
flexibilidade.
-
Efeitos
metabólicos: aumento do volume sistólico, diminuição da freqüência
cardíaca em repouso e no trabalho submáximo, aumento da potência aeróbia
(VO2máx.) 10 - 30%, aumento da ventilação pulmonar, diminuição da
pressão arterial, melhora do perfil lipídico, melhora da sensibilidade à
insulina.
-
Efeitos
psicológicos: melhora do auto-conceito, melhora da auto-estima, melhora da
imagem corporal, diminuição do estresse e da ansiedade, melhora da tensão
muscular e da insônia, diminuição do consumo de medicamentos, melhora das
funções cognitivas e da socialização.
Com estes efeitos gerais do exercício tem-se mostrado benefício no controle,
tratamento e prevenção de doenças como diabetes, enfermidade cardíaca,
hipertensão, arteriosclerose, varizes, enfermidades respiratórias, artrose,
artrite, dor crônica e desordens mentais ou psicológicas.
Um dos maiores benefícios da atividade física regular é a melhora do perfil
lipídico a longo prazo e o tipo de exercício que mais atua no metabolismo de
lipoproteínas é o aeróbio, pois eleva a concentração sanguínea da HDL,
cujo aumento vem sendo associado inversamente às coronariopatias (Rique, Soares
& Meirelles, 2002).
A adoção de um estilo de vida ativo, baseado na prática regular de atividade
física reduz diretamente o risco de desenvolvimento da maior parte das doenças
crônico-degenerativas, além de servir para diminuição do risco de inúmeras
outras doenças.
Ghorayeb & Barros Neto (1999), consideram que a prática regular de
atividade física pode ser na tentativa de controle de doenças
crônico-degenerativas, o equivalente ao que a imunização representa na
tentativa de controle das doenças infecto-contagiosas e pessoas inativas
representam risco quase duas vezes superior de desenvolver doença arterial
coronariana (DAC), quando comparadas às pessoas que praticam atividade física
regular.
Além dos efeitos benéficos na prevenção da DAC, a prática de atividade
física pode também ajudar na prevenção e controle do diabetes mellitus,
osteoporose, acidente vascular cerebral (AVC), diminuição do perfil lipídico
com menor risco de câncer de cólon, combate à obesidade e várias outras
doenças crônico-degenerativas e incapacitantes.
A atividade física, quando realizada conscientemente, ou seja, sabendo o
porquê e a finalidade de sua realização, traz maiores benefícios na medida
em que o praticante procura canalizar esforços para o seu objetivo real (Gomes
1999). E de acordo com Williams & Wilkins (2000), Skinner (1991), Pollock
& Wilmore (1993), Guedes & Guedes (1995) e Nieman (1999) existe
relação entre a prática de atividade física e a melhora nas condições de
saúde.
O exercício físico é uma intervenção de baixo custo que pode promover
saúde em vários aspectos e é capaz de reduzir a dor e outros sintomas da
fibromialgia, que se caracteriza por dor crônica generalizada, distúrbio do
sono e fadiga (Valim, 2006).
A prática de exercícios ajuda a manter o equilíbrio calórico, entre o gasto
e ingestão de energia, portanto a inatividade poderá tornar o equilíbrio
calórico positivo, e conseqüentemente o indivíduo poderá tornar-se obeso.
As doenças do coração são responsáveis por 25% das mortes no mundo, tal
porcentagem se eleva em 50% nos países industrializados (OMS, 1978) e, no
Brasil, cerca de 1.000.000 de pessoas morrem anualmente, vítimas de tais
doenças, provocadas em geral por fatores ligados à obesidade, fumo, estresse
e, sobretudo, pelo estilo de vida sedentário.
O estilo de vida sedentário é responsável por grande parte das doenças que
acometem o homem moderno, e apontam a prática regular de atividades físicas
como um dos mais eficazes fatores preventivos de doenças e de preservação de
saúde.
Estudos de Siu, Bryner, Martyn & Always (2004), demonstraram que a exaustão
durante exercícios prolongados está associada a baixas concentrações de
glicogênio muscular e desidratação. Obviamente, a restauração da capacidade
física após a exaustão é dependente da resíntese dos estoques de
glicogênio utilizado e da reidratação, e uma dieta adequada pode ativar esta
restauração.
Não há dúvida que assim como não existe uma fórmula para encontrar a
felicidade, também não existe uma fórmula para se alcançar um padrão de
qualidade de vida considerado ideal para todos. Contudo, alguns aspectos gerais
parecem poder contribuir para estruturação um estilo de vida pessoal
saudável.
À medida que se procura obter melhor estado de bem-estar nas esferas física,
emocional e profissional, tais ganhos se refletem, quase que automaticamente nas
outras três dimensões que integram o universo da pessoa, a social, a
intelectual e a espiritual.
Ghorayeb & Barros Neto (1999) e Rahe (2015) esclarecem que alguém que tem
seu corpo em pleno estado de funcionamento e sente-se bem diariamente com o que
faz, tem a propensão de se relacionar melhor com as outras pessoas e a produzir
mais intelectualmente.
A importância do trabalho para a qualidade de vida das pessoas fica clara se
considerarmos que é no trabalho que se passa a maior parte de nossas vidas
enquanto acordados e que os seus reflexos estendem, de forma acentuada, sob o
nosso bem-estar mesmo quando não estamos trabalhando.
Conseguindo equilibrar a nossa disponibilidade e dedicação ao trabalho, bem
como um espaço importante para nossas relações afetivas com familiares,
pessoas que amamos e nossas amizades além da prática diária de atividade
física pode se constituir numa boa maneira de viver melhor.
Além disso, não negligenciando religião e lazer, já que podem ser uma
importante fonte de reabastecimento físico e mental para o enfrentamento das
exigências e dificuldades que surgem no dia-a-dia.
Outro fator que também pode ser importante é a busca ativa de prazer em nossas
escolhas de vida, e da responsabilização pelas mesmas, assumindo a autoria da
forma como escolhemos viver, abdicando das queixas tão comuns sob as quais
muitos se escondem.
Assim, tem sido sugerido que o sedentarismo está associado às doenças
cardiovasculares, diabetes, osteoporose, obesidade, entre outros agravos (Palma,
Abreu, & Cunha, 2007).
Azevedo (2007) enfatiza que o estímulo à prática de atividade física na
idade escolar pode ser uma intervenção importante contra a epidemia de
inatividade física na idade adulta.
A saúde é definida como um estado de completo bem-estar físico, mental,
social e espiritual, e não somente a ausência de doenças ou enfermidades
(OMS, 1978).
Ghorayeb & Barros Neto (1999) definem que baseado em um sentido amplo, e
confundindo-se assim com a qualidade de vida, a saúde pode ser considerada em
seis dimensões: física, emocional, social, profissional, intelectual e
espiritual.
-
Saúde
física: engloba não apenas o quadro clínico da pessoa, isto é, presença
ou ausência, gravidade ou intensidade de doença orgânica demonstrável,
mas também, a adoção de uma alimentação saudável e hábitos saudáveis
de vida.
-
Saúde
emocional: adequada capacidade de gerenciamento das tensões e do estresse
até uma forte auto-estima, somadas a um nível elevado de entusiasmo em
relação à vida.
-
Saúde
social: alta qualidade dos relacionamentos, equilíbrio com o meio ambiente
e harmonia familiar.
-
Saúde
profissional: clara satisfação com o trabalho, desenvolvimento
profissional constante e reconhecimento do valor do trabalho realizado.
-
Saúde
intelectual: utilização da capacidade criativa sempre que possível,
expansão dos conhecimentos permanentemente e partilha do potencial interno.
-
Saúde
espiritual: traduzida em propósito de vida, norteado nos valores e ética,
associado a pensamentos positivos e otimistas.
Não sendo a vida formada por compartimentos estanques, todas essas dimensões
se interligam e influenciam-se reciprocamente, respondendo todas em conjunto
pela saúde, a qual desempenha importante papel na forma pela qual as pessoas
encaram a própria vida (Monteiro, 2002).
Considerações
finais
O ser humano sempre precisou de movimento para sobreviver e com o passar dos
anos os avanços tecnológicos e científicos e a modernização industrial de
nossa sociedade culminaram com a progressiva redução do esforço físico
diário e devido a isso começaram a surgir problemas prematuros de saúde pela
falta de movimento.
Ainda que uma análise individual seja melhor para a prescrição do tipo,
intensidade e tempo de exercício mais adequado, um programa completo deve
incluir atividades aeróbicas, contra resistência e de flexibilidade. Pode-se
afirmar que uma atividade aeróbia de intensidade moderada (como caminhada), por
no mínimo 30 minutos, todos os dias da semana, traz benefícios à saúde
cardiovascular. Ainda que o exercício aeróbio seja o mais preconizado, a
atividade de contra-resistência, prescrita e executada com os devidos
critérios vêm ganhando cada vez mais espaço em programas de atividade
física.
A adoção de um estilo de vida ativo, baseado na prática regular de atividade
física reduz diretamente o risco de desenvolvimento da maior parte das doenças
crônico-degenerativas, além de servir para diminuição do risco de inúmeras
outras doenças, melhorando assim a saúde, o que conseqüentemente influencia
em nossa qualidade de vida.
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Williams
& Wilkins (2000). Guidelines for Exercise Testing and Prescription:
Baltimore.
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