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A violência simbólica na sociedade: 

a moda como instrumento de dominação

La violencia simbólica en la sociedad: la moda como instrumento de dominación

Symbolic violence on society: fashion as an instrument of domination

 

*Graduada em Design de moda (UCS), Especialista em Gestão de Projetos (UNISINOS)

Integrante do grupo de pesquisa Cultura e Memórias da Comunidade (FEEVALE)

**Doutora em Comunicação Social (PUCRS), Mestra em Ciências da Comunicação (UNISINOS)

Coordenadora do grupo de pesquisa Cultura e Memórias da Comunidade (FEEVALE)

(Brasil)

Daniela Cristina Menti*

danielamenti@gmail.com

Denise Castilhos de Araújo**

deniseca@feevale.br

 

 

 

 

Resumo

          Este artigo trata o conceito da violência simbólica na sociedade, como ela é desenvolvida, praticada pela moda e intensificada pelos meios de comunicação. São usados dois autores como base para este estudo, Pierre Bordieu (2002) e Gilles Lipovetsky (1987). A moda é apresentada como um sistema de influência cultural durante o passar dos séculos e é vista como uma ferramenta de estudo da mudança do pensamento social de cada época. A mídia utiliza características da violência simbólica na divulgação de campanhas de moda. A dominação simbólica é presente na sociedade androcêntrica, mesmo que subjetiva, pode ser estudada através dos fenômenos sociais que ela resulta.

          Unitermos: Violência simbólica. Moda. Dominação. Androcentrismo. Subjetividade.

 

Resumen

          Este artículo aborda el concepto de violencia simbólica en la sociedad, tal como se desarrolla, practicada por la moda e intensificada de los medios de comunicación. Fueron utilizados dos autores como base para este estudio, Pierre Bourdieu (2002) y Gilles Lipovetsky (1987). La moda se presenta como un sistema de influencia cultural con el paso de los siglos y es vista como una herramienta para estudiar el cambio del pensamiento social en cada época. Los medios de comunicación utilizan características de la violencia simbólica en la difusión de campañas de moda. La dominación simbólica está presente en la sociedad androcéntrica, aunque subjetiva, puede estudiarse a través de los fenómenos sociales que de ella se derivan.

          Palabras clave: Violencia simbólica. Moda. Dominación. Androcentrismo. Subjetividad.

 

Abstract

          This article deals with the concept of symbolic violence in society, how it is developed by fashion and intensified by media. Two authors are used as the basis for this study, Pierre Bourdieu (2002) and Gilles Lipovetsky (1987). Fashion is presented as a cultural influence system during the passing centuries and it is understood as a study tool of social changing over the years. The media uses characteristics of symbolic violence in the dissemination of fashion. Symbolic domination is present in androcentric society, even if subjectively, it can be studied through the social phenomena that it results.

          Keywords: Symbolic Violence. Fashion. Domination. Androcentrism. Subjectivity.

 

Recepção: 02/04/2016 - Aceitação: 05/05/2016

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 21 - Nº 216 - Mayo de 2016. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A moda pode ser considerada um instrumento de estudo cultural que acompanha as mudanças sociais de cada época estudada. Ela existe numa interação entre a lembrança e o esquecimento, como um movimento individualizador do ser e também pode ser entendida como um sistema de dominação simbólica.

    É preciso entender o conceito de violência simbólica e como esta, ao longo dos anos, continua enraizada na sociedade nas formas mais simples de linguagem e pensamento. O conceito foi descrito pelo sociólogo Pierre Bordieu (2002) o qual afirma que a dominação do sexo masculino se encontra perpetuada na sociedade. Diante de uma reflexão no conformismo, chamado de paradoxo de doxa pelo autor, a ordem social com suas obrigações, sanções, direitos, privilégios, imunidades, injustiças e todas as situações mais intoleráveis sejam aceitas pelo dominado com naturalidade.

    Ainda considerando a descrição de violência simbólica de Bordieu, esta é um tipo de violência suave, insensível e invisível para as vítimas, que transita pelas vias da comunicação e do conhecimento. Diferentemente do que certos estudos feministas vinham afirmando, a dominação não é exclusiva do ambiente doméstico1 mas sim um fenômeno que ocorre nas escolas, no Estado, na mídia, na moda, o campo de ação é imenso.

A moda e a violência simbólica

    A visão androcêntrica do mundo não precisa ser legitimada e a dominação masculina acaba não sendo justificada, pois se encontra nela um determinismo biológico que já foi citado e criticado por Linda Nicholson (2000): “Tal compreensão do relacionamento entre biologia, comportamento e personalidade, portanto possibilitou às feministas sustentar a noção, freqüentemente associada ao determinismo biológico, de que as constantes da natureza, são responsáveis por certas constantes sociais, e isso sem ter que aceitar uma desvantagem que se torna crucial na perspectiva feminista, e de que tais constantes não podem ser transformadas”. (Nicholson, 1999, p. 23)

    Para Nicholson, o denominado por ela "determinismo biológico" é um conceito comumente aplicado só a contextos em que um fenômeno não é afetado por qualquer variação no contexto cultural. Em apoio ao estudo de Nicholson sobre o determinismo biológico, encontra-se outra escritora feminista, Janice Raymond, que no estudo Passion for Friends (1986), explicitamente rejeita que a somente a biologia é a causa da especificidade das mulheres. "As mulheres não têm uma vantagem biológica em relação às qualidades mais humanas da existência humana, nem biológica em relação ao homem; antes simplesmente, do mesmo modo como qualquer contexto cultural distingue um grupo de outro. a 'alteridade' própria às mulheres vem da cultura das mulheres”. (Raymond, 1986, p. 21)

    Ambas autoras rejeitam o determinismo biológico como forma de pensamento, onde a mulher naturalmente nasce com atributos físicos e intelectuais inferiores ao homem2. O que Nicholson propõe é uma alternativa denominada fundacionalismo biológico onde "(...) entendido por um leque de posições unidas de um lado por determinismo biológico estrito e de outro por um construcionismo social total" (1999).

    A reflexão acerca da situação de subordinação enfrentada pelo gênero feminino em relação ao masculino é importante para que possa ser feito um paralelo entre a moda como uma ferramenta de dominação. A moda pode ser considerada uma engrenagem que dá vida ao campo cultural, e por sua vez é grande influenciadora do resultado da violência simbólica, pois exige estrategicamente que as pessoas utilizem certas vestimentas para serem diferenciadas hierarquicamente, seguindo códigos e costumes. “As mulheres da pequena burguesia que, como se sabe, levam a extremos, a atenção com os cuidados com o corpo ou com a aparência física e, por extensão ao cuidado com a respeitabilidade ética e estética, são as vítimas privilegiadas da dominação simbólica, mas também os instrumentos mais adequados para modificar seus efeitos em relação às categorias dominadas”. (Bordieu, 2002, p. 141)

    Não só na pequena burguesia a mulher é a grandemente influenciada pelos extremos da moda, atualmente a mídia apresenta os efeitos de dominação em desfiles, editoriais e peças de roupa. A imagem abaixo insere na produção lúdica um contexto de dominação, onde a roupa que a modelo veste proíbe seus movimentos, privando-a de sua liberdade, o rufo em seu pescoço dificulta o movimento da cabeça, a gaiola de tecido funciona como um signo de clausura.

Figura 1. Modelo usa gaiola de tecido em editorial para Vogue Rússia, 2010 - Valentino Couture

Fonte: http://tomandlorenzo2.blogspot.com.br/2010/12/vogue-russia-palace-intrigue.html

A moda na sociedade

    É impossível atualmente não admitir a moda como linguagem, considerando suas relações com a mídia. É com a moda que os indivíduos constroem e estabelecem o seu "modo" de estar na sociedade. Bem como as tribos dos anos 60 procuravam o seu lugar, sua identificação perante o habito social. A moda também atua como ferramenta de acompanhamento das mudanças sociais, ela permite a ampliação do questionamento público, autonomia das idéias, e é o sistema influenciador da dinâmica individualista. Suas manifestações seguem a população ao longo dos séculos acompanhando e influenciando o pensamento de cada época3.

    De acordo com Kathia Castilhos4 (2004), a Moda é como modo de presença que dá existência ao sujeito em seu tempo e espaço, alicerçando sua construção identitária. Conseqüentemente, a moda também tem um caráter social, quer de identificação, quer de pertença, quer de distinção, etc. Também para Lipovetsky (1987), na reflexão sobre seu texto, a moda deixa de ser entendida como algo fútil, e passa a incluir uma dinâmica de pensamentos, cultura e valores.

    De que maneira a moda, vista como este sistema individualizador, que reflete as mudanças sociais de um povo, pode ser vista como canalizador de violência simbólica argumentada por Bordieu? Visto que as mulheres estão particularmente inclinadas a se apropriarem a qualquer custo das propriedades distintivas da moda para serem distinguidas dos dominantes. A mídia é a grande responsável pela manutenção da moda como instrumento de violência simbólica nas sociedades do século XXI

A Roupa e o Corpo

    A roupa tem por efeito não só dissimular o corpo, chamá-lo continuamente à ordem sem precisar de nada para prescrever ou proibir explicitamente. Para que o indivíduo possa integrar em certos grupos sociais, a vestimenta passa a ser um influenciador do pensamento, chegando a exercer mudanças extremas de comportamento.

    “Os padrões estéticos preconizados na sociedade são, algumas vezes, condições fundamentais para que o indivíduo possa considerar-se integrado a um determinado grupo, e o interessante é que, efetivamente, muitos indivíduos deixam-se persuadir por esse discurso da necessidade de ser belo, ser esbelto, ser alto, ter cintura fina, alterando suas formas físicas sem medo de algum efeito colateral”.5 (Martins e Castilho, 2005)

    Para Martins e Castilhos (2005) a moda, enfim, é regida por contínuas operações de transformação do parecer do corpo sobre o ser. Num contexto mais atual, no século XXI, é visto que o corpo sofre influência da moda e da mídia, somos inundados por campanhas publicitárias onde o corpo feminino é associado a certos padrões de beleza que chegam a ser prejudiciais à saúde. Tal conceito de ideais estéticos nocivos pode ser visto no anúncio da marca de lingeries Victoria's Secrets a seguir.

Figura 2. Campanha Victoria's Secrets: The Perfect Body

Fonte: http://oglobo.globo.com/sociedade/victorias-secret-muda-slogan-da-campanha-corpo-perfeito-apos-reclamacao-de-consumidoras

    Na figura 2, são exibidas dez modelos, altas, magras e aparentemente da mesma idade exibindo as lingeries da marca, com um texto na frente que traz o nome da campanha: The Perfect Body (O Corpo Perfeito). A campanha brinca com a insegurança das mulheres sobre seu corpo. a frase que deveria trazer peças íntimas para todos os tipos de silhueta feminina apenas mostrou corpos longilineos e esbeltos, o que não condiz com a realidade. De acordo com a petição online6 criada para que a campanha fosse alterada "(...) Isso contribuiu para uma cultura que incentiva graves problemas de saúde, como uma imagem corporal negativa e transtornos alimentares."

    Por outro lado, a marca de lingeries Dear Kate obteve um impacto positivo e grande repercurssão nas redes sociais7 quando lançou uma campanha em resposta à Victoria's Secrets que pode ser vista na imagem a seguir.

Figura 3. Campanha da marca Dear Kate

Fonte: http://www.pop.com.br/comportamento/apos-campanha-polemica-victorias-secret-recebe-respostas-sobre-como-um-corpo-perfeito-deve-se-parecer/

    O anúncio traz também traz dez modelos, nas mesmas poses do anúncio anterior, porém são vistas diversas silhuetas femininas, bem como biotipo, etnia, idade e estilos de cabelo em frente a mesma frase (The Perfect Body). A frase ridiculariza a campanha da Victoria1's Secrets e neste caso mostra que o "corpo perfeito" não é um padrão, cada corpo é único. A marca teve um engajamento considerável com seu verdadeiro público e trouxe os padrões de beleza que normalmente não são vistos na mídia. Esta resistência ao padrão imposto pela sociedade, mesmo que subjetivamente, para Bordieu a violência simbólica é uma forma de poder que se exerce direteamente sobre os corpos (2002).

Identidade de gênero e as campanhas de moda

    Alguns itens do vestuário ainda são considerados como unicamente femininos. Como Lipovetsky já afirmara: "adotar o símbolo do vestuário feminino seria transgredir, no parecer o que faz a identidade viril moderna" (1987). Voltando os olhares para a identidade de gênero na moda, podemos nos perguntar: As roupas pertecem a um determinado gênero apenas? A identidade de gênero vai além da sexualidade do indivíduo. Há um século qualquer pessoa estaria horrorizada ao ver uma mulher usando calças por aí. Elas eram, nessa época, um privilégio masculino, entrando no guarda-roupa feminino apenas depois da Segunda Guerra Mundial.

    A indústria da moda, junto com a mídia, estilistas, designers e trendsetters percebem essas alterações na sociedade com antecedência comparada com o olhar leigo. As mudanças começam a borbulhar nas passarelas e nas campanhas publicitárias. Em 2015 desfiles femininos tiveram a presença de homens desfilando roupas do gênero oposto quanto vice-versa. Na figura 4, o desfile de Inverno (2015) da grife de luxo italiana Gucci, traz um modelo fisicamente masculino usando um vestido de rendas transparente com calças de alfaiataria masculina, que é semelhante a que as modelos mulheres vestem.

Figura 4. Desfile Gucci F/W 2015

Fonte: http://www.vogue.com/fashion-shows/fall-2015-ready-to-wear/gucci

    A figura 5 mostra a campanha de moda masculina da grife americana DKNY (2015) tendo como destaque a modelo Cara Delevigne, que aparece usando um terno junto com os outros homens na imagem.

Figura 5. Campanha "Real New Yorkers", DKNY 2015

Fonte: FFW - Fashion Forward

    Os desfiles passam a mostrar que a identificação é livre, não necessariamente a roupa pertence a um determinado gênero. O posicionamento das marcas em relação ao assunto é fundamental na sociedade atual, pois mostra o quanto elas estão engajadas com o consumidor. O espaço para homens e mulheres transgênero vem crescendo nos ultimos anos devido suas participações em filmes, séries, reality shows e mesmo nas redes sociais. Na figura 6 Caitlyn Jenner, mulher transgênero, ex-atleta, famosa pelo relity show Keeping up with the Kardashians recentemente assinou a campanha "Finaly Free8" da marca de maquiagens MAC Cosmetics.

Figura 6. Campanha da MAC Cosmetics, com Catlyn Jenner

Fonte: http://www.thayrosado.com.br/caitlyn-jenner-para-mac/

    Caitlyn Jenner é um exemplo de como a comunidade LGBT vem ganhando espaço no mundo da moda e quebrando padrões impostos pela violência simbólica onde segundo o estudo de Bordieu (2002) "parecer-se feminino é considerado um modo de ofença em certas sociedades".

    A moda conseguiu remodelar uma sociedade grande parte a sua imagem, ela sempre estará no comando e na influência das mudanças sociais. Existe um elo com o conceito de violência simbólica de Bordieu a partir do momento em que as classes sociais e a hierarquia são definidas pelas vestimentas como vistas anteriormente. A violência simbólica não é física, é o produto de um trabalho social que está intrínseco em níveis diferentes na sociedade.

    Observa-se também que ainda há uma ruptura social quando alguém desafia o sistema da moda. Por mais aberta que ela seja às novidades e experimentos exitirá vítimas da violência simbólica. A mídia em todas as suas plataformas junto com o mercado varejista são grandes aliados do processo moda e dominação. Não importa onde a novidade nasce, importa quem está usando-a, enquanto houver este pensamento haverá vendas do produto ou da imagem.

Notas

  1. Ver mais em: Gênero: Uma categoria útil para análise histórica. J. Scott (1989). New York: Columbia University Press.

  2. Ver mais em: O segundo sexo. S. Beauvoir (1954). A mulher determina-se e diferencia-se em relação ao homem, e não este em relação a ela; a fêmea é o essencial perante o essencial. O homem é o Sujeito, o Absoluto; ela é o Outro.

  3. Ver mais em: "A moda de cem anos" O Império do efêmero - A moda e seu destino nas sociedade moderna. G. Lipovetsky (1987).

  4. Ver mais em Kathia Castilhos Cunha - Do Corpo Presente à Ausência do Corpo: moda e marketing. PUC/SP, 2004.

  5. Ver mais em: Corpo e saúde: uma breve análise das vestimentas íntimas femininas. Idem bibliografia

  6. A marca trocou o nome da campanha para: A Body for Everybody (Um corpo para cada uma em tradução livre). A petição pode ser vista em: https://www.change.org/p/victoriassecret-apologise-for-your-damaging-perfect-body-campaign-iamperfect

  7. A hashtag #DearKate ficou entre os Trending Topics do Twitter em 2014.

  8. Finalmente Livre (em tradução livre).

Bibliografia

  • A dominação masculina em Pierre Bourdieu, disponível em: http://letraefilosofia.com.br/a-dominacao-masculina-em-pierre-bourdieu/ Acesso em 06 mar. 2016

  • Bordieu, P. (2014). A dominação Masculina - A condição feminina e a violência simbólica. 1ª Ed. Rio de Janeiro: Ed. BestBolso.

  • Cunha, Kathia Castilhos (2004). Do Corpo Presente à Ausência do Corpo: moda e marketing. PUC/SP.

  • Lipovetsky, G. (2011). O Império do efêmero - A moda nas sociedades modernas. São Paulo, SP. Ed. Companhia de Bolso.

  • Nicholson, L. (2000). Interpretando o gênero. Revista Estudos Feministas, v. 8, n. 2.

  • Racinet, A. e Hottenroth, F. (2008). História Ilustrada do Vestuário. São Paulo, SP: Ed. Publifolha.

  • Santana, Eder Fernandes (2012). A resistência à dominação masculina em Pierre Bourdieu e a reflexão sobre o direito. Fenord, Revista Guia.

  • Schemes, Claudia e Araujo, Denise Castilhos de (2011). Corpo e saúde: uma breve análise das vestimentas íntimas femininas. Disponível em: EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Ano 15, Nº 154, Março. http://www.efdeportes.com/efd154/corpo-e-saude-analise-das-vestimentas-intimas-femininas.htm

  • Scott, Joan (1995). Gênero: Categoria útil para analise da história. Educação & Realidade. Porto Alegre, vol. 20, nº 2, jul./dez. pp. 71-99.

  • Svendsen, Lars (2004). Moda: Uma filosofia. Rio de Janeiro: Ed. Zahar.

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