Aplicação do programa de badminton escolar da BWF (Shuttle time) no contexto de um centro comunitário de assistência social dentro da oficina de esporte, na cidade de Aracaju. Um relato de experiência Aplicación del programa escolar de bádminton de la FIB (Shuttle time) en el contexto de un centro comunitario de la asistencia social dentro de la taller de deportes en la ciudad de Aracaju. Un relato de experiencia Application of school badminton program of BWF (Shuttle team) in the context of a community center of social assistance within the sports workshop in the city of Aracaju. An experience report |
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Licenciado em Educação Física pela Universidade Federal de Sergipe, UFS Membro do grupo de pesquisa “Corpo e governabilidade: política, cultura e sociedade” (Brasil) |
Evandro Santos de Melo Bomfim |
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Resumo Esta pesquisa tem como objetivo relatar a experiência da aplicação de um programa, sistematizado, de badminton escolar no contexto de um centro comunitário de assistência social (CCAS) na oficina de esporte. De modo que, este relato de experiência descreve as implicações e construção do processo que culmina na construção de um saber (Badminton) para crianças atendidas neste CCAS. Concluímos que o programa Shuttle time da BWF, possibilitou para mim e para meus alunos uma possibilidade de aprendizado que superou todas as expectativas, isso devido a vários fatores, dentre eles, a fácil aplicabilidade, baixo custo, sociabilidade, fortalecimento de vínculos, diversão, desenvolvimento cognitivo, afetivo e motor. Destarte, mesmo sendo pensando para o contexto escolar, a experiência de aplicá-lo no contexto de um centro comunitário de assistência social na oficina de esporte, foi bastante positiva para todos. Unitermos: Badminton. Shuttle time. Legião da boa vontade (LBV). Esporte. Educação
Abstract This research aims at describing the application of a program, systematized, school badminton in the context of a community center for social assistance (CCAS) in sport workshop. So that this experience report describes the implications and process of construction culminating in the construction of knowledge (Badminton) for children attending this CCAS. We conclude that the Shuttle team BWF program made it possible for me and my students a chance to learn that exceeded all expectations, which due to several factors, among them the easy application, low cost, sociability, strengthening of ties, fun, cognitive, affective and motor development. Thus, even though thinking to the school context, the experience of applying it in the context of a community center for social assistance in sport workshop was very positive for everyone. Keywords: Badminton. Shuttle team. Legion of Good Will (LGW). Sport. Education.
Recepção: 09/12/2015 - Aceitação: 08/03/2016
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 21, Nº 215, Abril de 2016. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Este estudo discorre a respeito de um relato de experiência, que trata da aplicação de um programa de Badminton escolar (Shuttle time) da Badminton Word Federation (BWF) no contexto de um centro comunitário de assistência social na oficina de esporte, na cidade de Aracaju. Dentre os motivos que me levaram a escolher esta modalidade, podemos citar o baixo custo, diversão, desenvolvimento de alguns aspectos cognitivos e motores, fair play, sociabilidade, apreciação de uma nova prática corporal (cultural) por parte das crianças, fácil manipulação, trabalho com gêneros, etc.
De modo que, o badminton é uma modalidade esportiva que faz parte dos desportos de redes (a exemplo do tênis), de forma que segundo Gomes et al (2006) está prática tem se difundido no Brasil acrescendo assim o número de praticantes. Por ser um esporte de fácil manipulação o badminton vem ganhando adeptos principalmente em comunidade carentes, por meio de projetos sociais, ONGs e etc. Como apontam estudos realizados por Bretâs (2007), Guedes et al. (2006), Gomes e Constantino (2005), Melo (2005), Melo (2007), Silva, Silveira e Ávila (2007) e Thomassim (2006).
Segundo González et al. (2014, p. 65) “[Acredita-se que] essa modalidade tem origem indiana e era conhecida na época como ‘pona’. Com a colonização inglesa no século XVI, o esporte acabou se difundindo pela Europa.” O jogo possui como característica de disputa o formato individual (1v1), duplas (femininas, masculinas e mistas).
Em relação ao espaço de jogo temos as dimensões de 13,40 x 6,10. De preferência, este esporte deve ser praticado em local em que não ofereça interferência dos ventos. O jogo tem como objetivo principal “rebater a peteca sobre a rede para que toque o solo da quadra adversária, ou que o(s) adversário(s) não consiga(m) devolvê-la” (Gonzalez et al., 2014, p.65). Disputado em formato de três games de 21 pontos, sendo que o vencedor será o que primeiro ganhar dois destes três games. Deste modo, faz-se necessário conhecer quais são os golpes utilizados neste jogo, para tanto trago as definições de Gonzalez et al. (2014, p. 65):
Drive: golpe feito à frente do corpo e na altura do ombro; Clear: golpe feito por cima da cabeça e direcionado para o alto e para o fundo; Smash: golpe feito por cima da cabeça, quando a peteca estiver em frente à cabeça, direcionando-a para baixo; Drop-shot: golpe parecido com o clear, porém com um movimento mais lento quando próximo à peteca, para fazer a merma cair logo após a rede; Lob: golpe feito de baixo para cima, direcionando a peteca para o fundo da quadra.
Esta modalidade é cometida por vários elementos tais como: táticos, técnicos, lúdicos, criativos e de improviso. Neste sentido, é preciso desenvolver no praticante o pensamento do o que se deve fazer (Gonzalez et al. 2014). Ou seja, desenvolver aspectos táticos “criar espaços na quadra adversária para atacar; o que fazer para marcar o ponto; o que fazer para atacar em duplas; que fazer para defender o seu espaço do lado quadra [...]” (Gonzalez et al., 2014, p.66).
A partir do que foi apresentado, nosso objetivo é expor um relato de experiência em um centro comunitário de assistência social na cidade de Aracaju durante a oficina de esporte a partir da modalidade badminton. Para tanto, num primeiro momento apresentaremos nossa metodologia. Num segundo momento apresentaremos faremos a discussão das observações realizadas e por fim apresentaremos nossas considerações finais.
Metodologia
Legião da Boa Vontade (LBV) Aracaju
A Legião da Boa Vontade1 (LBV), local aonde foi desenvolvida a experiência aqui relatada, “é uma associação civil de direito privado, beneficente, filantrópica, educacional, cultural, filosófica, ecumênica, altruística e sem fins econômicos, reconhecida no Brasil e no exterior por seu trabalho nas áreas da educação e da assistência social” (site da LBV).
Em Aracaju, a LBV iniciou as atividades em 03 de janeiro de 1982. Hoje, por conta do Centro Comunitário de Assistência social, localizado no Bairro Industrial (comunidade carente da cidade de Aracaju) atende crianças, jovens, adolescentes e idosos. Através de programas de assistência social desenvolve vários trabalhos voltados para o fortalecimento dos vínculos familiares e cidadãos. Dentre estes, oferece oficinas de Teatro, dança, música, saber, artesanato, cultura ecumênica, esporte. Das iniciativas, destacam-se os programas Criança: Futuro no presente!, Que beneficia crianças adolescentes de 6 a 15 ano; Jovem: Futuro no presente!, Que colabora para a inserção sociocultural e a promoção da cidadania de adolescentes e jovens2.
Deste modo, por intermédio do programa Criança: Futuro no presente (que atende crianças a adolescentes de 6 a 15 anos) na oficina de esporte, as crianças tiveram seu primeiro contanto com o Badminton, as atividades acorreram às terças nos turnos da manhã e da tarde, sendo composta por turmas (mistas) de 25 crianças.
Sistematização do conteúdo
Por que o badminton? Antes de iniciar as atividades tive meu primeiro contato com o badminton, que até então era um esporte desconhecido para mim. Analisando as possibilidades notei o grande potencial que esta modalidade oferecia. Tendo em vista que, o badminton se configura como modalidade de raquete mais rápida do mundo, demanda do praticante velocidade de resposta, planejamento das ações durante o jogo, acurácia temporal e espacial em seu posicionamento e da raquete em relação a si mesmo e ao adversário (Loureiro e Freitas, 2012). Assim, “esta prática impõe, por definição, a interação social e pode solicitar capacidades cognitivas muito complexas, através da percepção, análise da situação e tomadas de consciência” (Parlebas, 2001, p.267).
Destarte, corroboramos com Kelzenberg et al (2013, p. 8) quando o mesmo apresenta que “o badminton é uma excelente opção de esporte [...] [de lazer] tanto para meninos como para meninas [...] E adequado para crianças de todas as idades e níveis de habilidade [...] É um esporte seguro e divertido [...]”. É possível ainda considerar que “o Badminton promove o desenvolvimento cultural, traz, a possibilidade de diferentes práticas de movimento ainda pouco conhecidas no Brasil, além do desenvolvimento educacional, com ações de fair play e coeducação [...]” (Ginciene e Aburachid, 2014, p. 65).
Superada está fase, demos início à sistematização das atividades. Para isto, fizemos uso do programa da Badminton Word Federation (BWF3) intitulado Shuttle Time. Segundo Kelzenberg et al (2013, p.6) “[...] Este programa pretende fazer do badminton um dos esportes escolares mais populares do mundo”. De maneira que, este programa pode proporcionar o desenvolvimento de alguns aspectos, tais como:
Coordenação óculo-manual;
Habilidade de lançar e pegar;
Estabilidade e equilíbrio;
Velocidade e agilidade;
Habilidades de saltar e cair;
Habilidades táticas/ de tomada de decisões.
Outro ponto relevante é que “as atividades foram projetadas para ‘aprender habilidades de badminton’ em grupos” (Kelzenberg et al 2013, p. 6). De forma que, no contexto de projeto social a sociabilidade é um dos aspectos a serem levados em consideração na escolha das atividades que serão propostas. Pois, muitas vezes devido ao contexto em que as crianças se encontram a sociabilização deve nortear os objetivos propostos. Quanto aos recursos didáticos4 foram utilizados:
10 módulos para os professores que estão aprendendo a dar aulas de badminton
22 planos de aula para badminton
Mais de 100 vídeos que mostram as atividades e os pontos didáticos das aulas.
Equipamento básico para o ensino do badminton (raquetes, petecas de nylon, redes, postes).
Assim, as quatro primeiras aulas versaram sobre a relação da criança com os materiais (peteca e raquete) de modo a apresentar jogos pré-desportivos e lúdicos, para que houvesse possíveis processos de assimilação e acomodação das atividades. Seis aulas para introduzir e praticar a técnica de golpear sobre a cabeça, duas aulas planejadas para prepará-los para golpear sobre a cabeça e dez aulas planejadas para das uma impressão positiva do badminton. Sendo que, as últimas dez aulas foram subdivididas da seguinte forma: coordenação com o golpe; golpear e pegar; estabilidade e equilíbrio 1; estabilidade e equilíbrio 2; jogo de revisão; jogo de revisão; golpear e pegar; equilíbrio dinâmico 1; equilíbrio dinâmico 2; jogo de revisão.
Desta forma, o processo de avaliação das atividades ocorria ao final de cada atividade, sempre questionando aos atendidos sobre suas impressões a respeito das atividades e se teriam sugestões para possíveis modificações, sempre pensando num processo de construção entre professor (educador) e criança. Os mesmo quase sempre propunha algum tipo de modificação, como por exemplo, número de pontos em uma atividade, adaptações nas dimensões do espaço, equipamentos alternativos para a execução de alguma atividade.
Fizemos também, uso de vídeos, utilizados para o planejamento das atividades, que podem ser acessados no canal do Youtube da BWF5, cujo conteúdo versa sobre atividades que podem ser realizadas ou adaptadas a cada contexto, com uma linguagem didática do badminton. Os equipamentos utilizados foram doados a partir de uma parceria com uma escola do próprio bairro, por intermédio de professores e coordenadores. Assim, foram doados kits para a prática do badminton, contendo: 05 tubos de petecas, cada tubo contendo 06 petecas, 03 de redes de badminton com suportes, e 15 raquetes para iniciação no badminton.
Discussão
No decorrer das atividades, observamos alguns pontos que merecem ser elencados. O principal, aqui exposto versa sobre trabalho com gêneros que após a aplicação do badminton tomou uma nova configuração em relação à participação de meninos e meninas na mesma atividade, assim corroboramos com estudo realizado por Gomes et al (2006) pois o badminton é um dos poucos esportes em que a relação de gênero pode ser trabalhada de forma a diminuir a distância que se estabelece principalmente em alguns esportes coletivos cujo, culturalmente, os homens instituíram certo domínio, a exemplo do futsal, futebol etc. de modo que, é possível observar um possível processo de “desconstruir o ‘caráter permanente da oposição binária’ masculino-feminino” (Louro, 1997, p. 31). No badminton, há a possibilidade da formação de dupla mista, isso em certa medida, em algumas atividades realizadas foi determinante para que houvesse dado sucesso para os objetivos estabelecidos ao início da atividade.
Assim, meninas que antes não se interessavam por nenhum tipo de modalidade esportiva passaram a praticar, com afinco, o badminton, de modo a procurar obter, bem estar, diversão, melhora do condicionamento físico, etc. Logo, é provável que o badminton possa ser uma possibilidade de intercessão, que tornar mínimo os limites nas relações de gênero e de interesse em atividades esportivas, quando há distanciamento entre gêneros.
Foi notável, também, a diversão e satisfação das crianças no decorrer das atividades, tendo em vista que as turmas sempre estavam completas, não havendo faltas nem evasão durante as 22 aulas desenvolvidas.
Considerações finais
Desse modo, aplicação de um programa de Badminton escolar (Shuttle time) da Badminton Word Federation (BWF) no contexto de um centro comunitário de assistência social na oficina de esporte na cidade de Aracaju, possibilitou o aprendizado (saber) cujo obtivemos ao final do programa pode ser constatado pela participação, empenho e dedicação que as crianças tiveram durante todo o processo. A cada aula sempre ouvíamos comentários positivo a respeito do badminton, um sorriso e etc. Assim, finalizamos os módulos com a sensação de dever cumprido ao oferecer as crianças uma experiência positiva do jogo do badminton. De modo que, “ao implementar o jogo do badminton [...] todos se comprometem na construção do espaço, na elaboração das regras e na conservação do material” (Collier e Giffoni, 2014, p.1).
Destarte, o programa Shuttle time da BWF, possibilitou para mim e para meus alunos uma possibilidade de aprendizado que superou todas as expectativas prováveis e não provável devido a vários motivos, dentre eles, a fácil aplicabilidade, baixo custo, sociabilidade, diversão, desenvolvimento cognitivo, afetivo e motor. Mesmo sendo pensando para o contexto escolar, a experiência de aplicá-lo no contexto de um centro comunitário de assistência social na oficina de esporte, foi bastante positiva para todos. Espero que a partir deste relato outros possam surgir e mais crianças pratiquem a modalidade.
Notas
http://www.lbv.org/lbv-em-aracaju?page=1
Todas as informações aqui explicitadas a respeito desta instituição foram retiradas do próprio site da LBV
http://bwfbadminton.org/
Os recursos aqui apresentados fazem parte e estão descritos no manual do professor do programa Shuttle Time, disponibilizado em http://bwfbadminton.org/
https://www.youtube.com/channel/UChh-akEbUM8_6ghGVnJd6cQ
Bibliografia
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Collier, L.S. y Giffoni, R.M. (2015). O badminton da escola: um relato de experiência. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Nº 194. http://www.efdeportes.com/efd194/o-badminton-da-escola.htm
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