It’s time: emoções e violência no mixed martial arts paranaense (MMA 1995-2015) It’s time: emociones y violencia en las artes marciales mixtas de Paraná (AMM 1995-2015) It's time: emotions and violence in mixed martial arts from Parana |
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*Doutorando em Ciências Sociais Aplicadas – UEPG **Professora do Programa de Ciências Sociais Aplicadas – UEPG (Brasil) |
Gonçalo Cassins Moreira do Carmo* Solange de Moraes Barros** |
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Resumo Esta pesquisa apresenta o seguinte objeto de investigação: a relação que se estabelece entre o MMA, a violência e a mídia televisiva. A literatura delimitada para discutir a questão sugere que o controle da violência possui forte associação com o controle emocional (Elias e Dunning, 1992). A partir dos dados encontrados nas entrevistas exploratórias observa-se que a violência relatada pelos sujeitos da pesquisa, a nosso ver, aproxima-se do conceito de violência estrutural, ou seja, relacionada ao ambiente em que os sujeitos vivem. Também há fortes indícios que o esporte pesquisado não é violento, apesar do que possa se supuser a primeira vista. Existe ainda forte apelo emocional, no qual a felicidade e o medo estão presentes segundo os sujeitos entrevistados. Deste modo, apresenta-se enquanto hipótese a necessidade social de se vivenciar a violência. O recorte temporal proposto se refere ao período compreendido entre 1995 e 2015 e, o recorte inicialmente proposto refere-se à realização do UFC – 5, ocasião em que os confrontos não apresentavam limite de tempo, ou seja, não havia divisão por rounds e nem tempo máximo para luta terminar, a partir deste evento as lutas passam a ter tempos determinados. O objetivo geral proposto é: analisar a compreensão dos instrutores e lutadores de MMA sobre a violência, o papel da mídia televisiva e suas relações no Estado do Paraná. Entre os objetivos específicos estão: Compreender qual a relação entre o MMA e a violência; Identificar como o MMA se populariza e se torna um negócio lucrativo; entender como lutadores e instrutores paranaenses percebem as emoções e a violência; verificar o papel da mídia televisiva em relação ao MMA e, ainda, verificar como ocorre a legitimação da violência neste esporte. O estudo proposto é qualitativo e de cunho etnográfico, utiliza a observação participante e a entrevista semiestruturada como instrumentos. A metodologia proposta para a seleção dos indivíduos que participarão da pesquisa é a técnica da bola de neve. Unitermos: MMA. Violência. UFC.
Abstract This research presents the following research object: the relationship established between the MMA, violence and television media. Literature chosen to discuss the issue suggests that control of violence is strongly associated with emotional control (Elias and Dunning, 1992). From the perspective found in the exploratory interviews, it appears that the violence appears to be structural, related to the environment in which individuals live. There is also strong evidence that this sport is not violent, although can be assumed at first glance. There is also strong emotional appeal, in which happiness and fear are present. Thus, it is presented as hypothesis social need to experience violence. The proposed time frame refers to the period between 1995 and 2015 and the cut initially proposed refers to the completion of the UFC - 5, at which time the fighting had no time limit, that is, there was no division by rounds and not maximum time to finish the fight from this event fights now have certain times. The proposed overall goal is: to analyze the understanding of teachers and MMA fighters on violence, the role of television media and their relationships. The specific objectives are: To understand the relation between the MMA and violence; Identify how the MMA becomes popular and becomes a profitable business; understand how fighters and instructors perceive emotions and violence; verify the role of broadcast media in relation to the MMA, and also to see how is the legitimization of violence in this sport. The proposed study is qualitative and ethnographic uses participant observation and semi-structured interviews as instruments. The proposed methodology for the selection of individuals who will participate in the research is the snowball technique. Keywords: MMA. Violence. UFC.
Recepção: 29/02/2016 - Aceitação: 31/03/2016
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 21, Nº 215, Abril de 2016. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Esta pesquisa é parte da tese de doutorado a ser apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Estadual de Ponta Grossa e, investiga a relação entre o Mixed Martial Arts (MMA) e a violência numa perspectiva interdisciplinar.
O recorte teórico proposto para discutir a violência e sua relação com o MMA, baseia-se na produção de Norbert Elias e seus colaboradores. A opção pela produção do autor, deriva, sobretudo, do destaque que o mesmo atribui as emoções humanas como um objeto de análise, a discussão que propõe sobre o processo civilizador e o controle das emoções, temas que serão abordados e, especialmente, pensados a partir da ótica do MMA e a violência.
A violência ou o incentivo de algumas condutas violentas em artes marciais têm sido alvo de inúmeras discussões.
A esse respeito, no ano de 2013, uma briga entre duas alunas que foi gravada pelos expectadores e postada em uma rede social, ganhou os noticiários local e o estadual. O fato ocorreu em frente a um Colégio Estadual, localizado na região central da cidade de Ponta Grossa - PR, mas o que contribuiu para que a situação se agravasse ainda mais, é que o incentivador do ato violento era justamente um professor de MMA que atua há mais de 20 anos na cidade, o tio e professor da agressora (R7 notícias, 2013).
Apesar dos valores monetários expressivos (1bilhão de dólares) associados ao principal evento de MMA (Ultimate Fight Championship - UFC), e de se tratar de uma modalidade esportiva em expansão enquanto um fenômeno de massa, os estudos sobre o tema ainda são incipientes.
Os níveis de audiência atingidos (em 2015, atingiu 15.0 pontos no Ibope) e a ampla gama de produtos à disposição (vestuário, jogos de vídeo game), bem como a existência de redes sociais que de alguma forma abordam o assunto, demonstram a dimensão que o tema tem assumido.
Os procedimentos adotados para a elaboração da pergunta de partida e a elaboração da problemática de pesquisa seguem as proposições apresentadas por Quivy e Campenhoudt (2008). Portanto, apresenta-se nesta pesquisa a seguinte questão: Qual a relação que se estabelece entre o MMA, a violência e o espaço midiático?
A literatura escolhida para discutir a questão sugere que o controle da violência possui forte associação com o controle emocional (Elias e Dunning, 1992) e, para discutir o esporte moderno a opção se deu por Bourdieu (1983). Sob a perspectiva encontrada nas entrevistas exploratórias, verifica-se que a violência parece ser estrutural, relacionada ao ambiente em que os sujeitos vivem. Também há fortes indícios de que este esporte não é violento, apesar do que o imaginário social possa supor. Existe ainda forte apelo emocional, no qual a felicidade e o medo estão presentes.
Deste modo, apresentam-se duas hipóteses de trabalho que se inter-relacionam: a primeira é que a violência estrutural está relacionada à vida dos lutadores; a segunda é a de que existe uma necessidade social de se vivenciar a violência.
O recorte temporal proposto refere-se ao período compreendido entre 1995 e 2015. A baliza temporal inicial deve-se a realização do UFC – 5, ocasião em que os confrontos não apresentavam limite de tempo, ou seja, não havia divisão por rounds e nem tempo máximo para luta terminar, a partir deste evento as lutas passam a ter tempos determinados.
Outro elemento que foi decisivo para a delimitação temporal é o fato de que a partir deste evento, as lutas deixaram de ser caracterizadas pelo confronto entre estilos diferentes de artes marciais, passando a combinar estilos diferenciados, o que faz com que o evento abandone suas origens (inicialmente um confronto entre artes marciais distintas), a do confronto entre artes marciais.
O objetivo geral proposto é: analisar a compreensão dos instrutores e lutadores de MMA sobre a violência, o papel da mídia e suas relações. Entre os objetivos específicos estão: Compreender qual a relação entre o MMA e a violência; Identificar como o MMA se populariza e se torna um negócio lucrativo; entender como lutadores e instrutores percebem as emoções e a violência; verificar o papel da mídia em relação ao MMA e, ainda, verificar como ocorre a legitimação da violência neste esporte.
O estudo proposto é qualitativo e de cunho etnográfico, utiliza a observação participante e a entrevista semiestruturada como instrumentos. Para análise propõem-se o uso da Análise de Conteúdo (Bardin, 2011) e da técnica da bola de neve para seleção dos sujeitos.
O Esporte Moderno: notas sobre o MMA
Presentemente, o esporte ocupa cada vez mais espaço no interior da vida cotidiana, sendo considerado uma das "atividades econômicas" que mais crescem nos mercados globalizados, o que tem estimulado a entrada de grandes corporações empresariais e tem requerido métodos modernos de administração (Proni, 1998).
Neste contexto, a sociologia do esporte tem se constituído enquanto um campo de férteis discussões. Destaca-se aqui a importância histórica de autores que dedicaram parte de seus estudos a compreender este fenômeno, em um período histórico que investigações desta natureza possuíam um status quase marginal.
Dentre os precursores, destacam-se o Beckford (1796) sobre caça a raposa, Egan (1812) sobre pugilato, e com um hiato histórico, aproximadamente 70 anos mais tarde, os trabalhos de Shearman (1887 e 1889) - sobre a história e desenvolvimento do futebol, rúgbi e atletismo (Dunning, 2004).
Na transição dos séculos XIX e XX, autores clássicos das Ciências Sociais passam a reservar um espaço mais específico para discutir o fenômeno esportivo em suas obras, como por exemplo Veblen (1899), Mauss (1902), Hisse (1921), Huizinga (1938), Adorno e Horkheimer (1947), Giddens (1961), Dunning (1961), Coakley (1978), Guttmann (1978) entre outros.
Todavia, para discutirmos o esporte moderno, a opção feita foi por Bourdieu (1983), por sua contemporaneidade e por ser um autor que tem se mantido em destaque por sua produção e contribuição em diversos setores.
Inicialmente, faremos algumas considerações sobre o autor e seu entendimento sobre o esporte moderno.
Bourdieu (1983) entende o esporte como um conjunto de práticas, e de consumos esportivos oferecidos aos agentes sociais como uma oferta destinada a encontrar uma certa demanda social, além do que, o esporte passa a ter uma lógica e uma história próprias.
Estes sistemas institucionalizadores do esporte especializaram-se cada vez mais em sua evolução até funcionarem como um campo (o campo esportivo), composto por instituições públicas e privadas, que passaram a defender e a representar esportistas de determinada modalidade a elaborarem e aplicarem normas que regem estas práticas por produtores e vendedores de bens e de serviços necessários à prática de determinado esporte e produtores e vendedores de espetáculos esportivos e bens associados, direta ou indiretamente ligados ao esporte.
Para Bourdieu (1983, p. 89), os campos são "espaços estruturados de posições (ou de postos) cujas propriedades dependem das posições nestes espaços, podendo ser analisadas independentemente das características de seus ocupantes (em parte determinadas por elas)”.
Desta forma, nas palavras do autor (1983, p. 89): "um campo se define entre outras coisas através da definição dos objetos de disputas e dos interesses específicos que são irredutíveis aos objetos de disputas e aos interesses próprios de outros campos".
Para que um campo funcione, segundo ele, é preciso que haja objeto de disputas e pessoas prontas para disputar o jogo, estes objetos dependem de um certo número de interesse.
Existem também questões relacionadas ao surgimento do esporte. Neste sentido Bourdieu, (1983, p. 137) manifesta-se da seguinte forma:
a história do esporte é uma história relativamente autônoma que, mesmo estando articulada com os grandes acontecimentos da história econômica e política, tem seu próprio tempo, suas próprias leis de evolução, suas próprias crises, em suma, sua cronologia específica.
No interior do campo de concorrência o esporte moderno apareceu definido como prática específica, irredutível a um simples jogo, ruptura correlativa da instituição de um campo de práticas específicas que é dotado de suas lutas próprias, suas regras próprias, e onde se produz e se investe toda uma cultura ou uma competência específica. Cultura de certa forma esotérica, separando o profissional e o profano.
Conforme o autor, a passagem do jogo ao esporte se realizou nas grandes escolas reservadas às "elites" da sociedade burguesa, onde os filhos das famílias da aristocracia ou da grande burguesia retomaram alguns jogos populares, isto é, vulgares, impondo-lhes uma mudança de significado e de função.
A escola, é o lugar onde as práticas dotadas de funções sociais e interligadas no calendário coletivo, são convertidas em exercícios corporais, em atividades que possuem fim em si mesmas, submetidas às regras específicas, cada vez mais irredutíveis a qualquer necessidade funcional.
Ainda conforme Bourdieu, o esporte, antes de ser visto como formador de caráter no final do século XIX no interior das public schools, foi visto como um meio de ocupar a menor custo os adolescentes que estavam sob sua responsabilidade em tempo integral, sendo fácil vigiá-los. Dedicavam-se a uma atividade sadia e direcionavam sua violência contra os colegas ao invés de direcioná-la contra as próprias instalações ou de atormentar os professores.
A teoria do amadorismo faz do esporte uma prática tão desinteressante quanto a atividade artística, porém mais conveniente do que a arte para a afirmação das virtudes viris dos futuros líderes: o esporte é concebido como uma escola de coragem e de virilidade, capaz de "formar o caráter" e inculcar a vontade de vencer, que é a marca dos verdadeiros chefes
Gradativamente, o esporte que nasceu dos jogos realmente populares, isto é, produzido pelo povo, retorna ao povo, como folk music, sob a forma de espetáculos esportivos produzidos para o povo (Bourdieu, 1983).
O MMA se constitui enquanto um bom exemplo a esse respeito, especialmente por se tratar por um esporte gerenciado por uma empresa, sediada nos Estados Unidos e, também, por recentemente ter sido criada uma política de expansão por novos mercados, que envolvem a realização de eventos em outros países e a realização de combates em estádios de futebol.
Com a difusão dos esportes, bem além do círculo de praticantes, ou seja, para um público que não possui competência específica necessária para decifrá-lo adequadamente, mais se expõe à busca pelo sensacional, ligando-se a outra dimensão do espetáculo esportivo, o suspense e a ansiedade pelo resultado, encorajando a busca da vitória a qualquer preço.
Portanto, a competência puramente passiva, é um fator que permite a evolução da produção. Alguns efeitos desta evolução são o doping e o aumento da violência (estádios, público), como resultado do esporte enquanto uma mercadoria de massa.
O esporte torna-se um objeto de lutas entre instituições total ou parcialmente organizadas para a mobilização e a conquista política das massas e que ao mesmo tempo competiam pela conquista simbólica da juventude - partidos, sindicatos, igrejas é claro, mas também patrões paternalistas.
A concorrência entre as organizações é um dos fatores mais importantes para o desenvolvimento de uma necessidade social, isto é, socialmente construída das práticas esportivas e dos equipamentos, instrumentos, pessoal e serviços correlativos.
Fica evidente, que a divulgação do esporte desde as escolas de elite até as associações esportivas de massa, é necessariamente acompanhada de uma modificação de funções que os próprios esportistas e os que se enquadram neste campo dão à prática, uma transformação que vai no mesmo sentido de uma transformação das expectativas e exigências do público.
Portanto, a relação que se estabelece entre o MMA, a mídia e o público se constituem enquanto elementos a serem investigados, sobretudo após a compra do UFC pela Zuffa, cujo presidente é Dana White.
A análise e discussão dos dados
A análise que se propõe respalda-se na Análise de Conteúdo (AC) aqui considerada no sentido atribuído por Bardin (2011, p. 44) como:
[...] um conjunto de técnicas de análises de comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens [...] A intenção da análise de conteúdo é a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção (ou, eventualmente, de recepção), inferência esta que recorre a indicadores (quantitativos, ou não).
Como esclarece Franco (2008, p. 12): “O ponto de partida da Análise de Conteúdo é a mensagem, seja ela verbal (oral ou escrita), gestual, silenciosa, figurativa, documental ou diretamente provocada”. Neste tipo de análise, o pesquisador assume uma concepção crítica e dinâmica da linguagem que expressa um significado e um sentido.
Portanto, o que está escrito é o ponto de partida para a identificação do conteúdo manifesto (explicito ou latente) e a inferência, o procedimento que vai permitir a passagem, explícita e controlada, da descrição à interpretação, através de um processo de comparação de dados (obtidos mediante os discursos e símbolos) com os pressupostos teóricos.
Bardin (2011, p. 44) ao tratar da inferência explica que esta significa: “deduzir de maneira lógica conhecimentos sobre o emissor da mensagem ou sobre o seu meio”.
Isto significa que este método de análise é balizado por duas fronteiras: a lingüística tradicional e a hermenêutica (interpretação do sentido das palavras).
Posto isto, passamos a explicitar as fases da Análise de Conteúdo - AC (Bardin, 2011) a fim de apresentarmos seus componentes básicos. A primeira delas é denominada de fase de pré-exploração do material ou leituras flutuantes.
Na leitura flutuante, toma-se contato com os documentos a serem analisados, conhece-se o contexto e deixa-se fluir impressões e orientações (Bardin, 2011). Sendo assim, são empreendidas várias leituras, sem, no entanto, que se tenha a preocupação ou o compromisso de fazer sistematizações, mas sim apreender de forma global as idéias principais e seus significados gerais.
A segunda fase é denominada de seleção das unidades de análise (ou unidades de significado). Freqüentemente as unidades de análise incluem palavras, sentenças, parágrafos, livros, entre outros.
Na AC (Bardin, 2011) as unidades de análise subdividem-se em unidades de registro e unidades de contexto. A unidade de registro é definida por Bardin (2011, p. 134) como: “[...] unidade de significação codificada e corresponde ao segmento de conteúdo a considerar como unidade de base, visando a categorização e a contagem freqüêncial”.
A unidade de contexto pode ser considerada o pano de fundo que imprime significado às unidades de análise. Esta unidade “deve ser considerada e tratada como a unidade básica para a compreensão da codificação da unidade de registro” (Franco, 2008, p. 47).
Dentre as várias opções de recorte das unidades de análise: a palavra, o tema, o personagem, ou o item, optamos por assumir o tema, pois ele é considerado por Berelson apud Bardin (2011, p. 135) como: “uma afirmação acerca de um assunto. Quer dizer, uma frase, ou uma frase composta, habitualmente um resumo ou uma frase condensada, por influência da qual pode ser afetado um vasto conjunto de formulações singulares”.
No entendimento de Bardin (2011, p. 135), “fazer uma análise temática consiste em descobrir os ‘núcleos de sentido’ que compõe a comunicação e cuja presença, ou freqüência de aparição, podem significar alguma coisa para o objetivo analítico escolhido”.
A terceira fase trata do processo de categorização e subcategorização, definido por Bardin (2011, p. 147) como sendo: “uma operação de classificação de elementos constitutivos de um conjunto, por diferenciação e, em seguida, por reagrupamento segundo o gênero (analogia), com os critérios previamente definidos”.
Sendo assim, essas categorias devem ser agrupadas segundo um grau de intimidade ou proximidade, respeitando um critério semântico, para que através da análise apresentem significado. Nesse estudo, optamos por utilizar categorias não apriorísticas, ou seja, não definimos de antemão quais seriam as categorias de análise, mas sim, por determiná-las após o exame do corpus documental, fazendo com que estas categorias emergissem totalmente do contexto.
De acordo com Bardin (2011, p. 149 - 150) os principais critérios para a criação de categorias são:
A exclusão mútua: esta condição estipula que cada elemento não pode existir em mais de uma divisão. A homogeneidade: o princípio da exclusão mútua depende da homogeneidade das categorias. Um único princípio de classificação deve orientar sua organização [...] A pertinência: uma categoria é considerada pertinente quando está adaptada ao material de análise escolhido, e quando pertence ao quadro teórico definido [...] A objetividade e a fidelidade [...] As diferentes partes de um mesmo material, ao qual se aplica a mesma grade categorial, devem ser codificadas da mesma maneira, mesmo quando submetidas a várias análises [...]. A produtividade: um conjunto de categorias é produtivo se fornece resultados férteis: em índices de inferências, em hipóteses novas e em dados exatos.
Obedecendo aos critérios estabelecidos por Bardin (2011), destacamos duas categorias temáticas: a violência e a emoção.
Conjuntamente com a formação de categorias e subcategorias, estabelecemos um processo de codificação para que as unidades de análise não fossem perdidas na diversidade do material.
A codificação é tratada por Bardin (2011, p. 133) como uma transformação:
[...] efetuada segundo regras precisas – dos dados em bruto do texto, transformação esta que, por recorte, agregação e enumeração, permite atingir uma representação do conteúdo, ou da sua expressão; suscetível de esclarecer o analista acerca das características do texto, que podem servir de índices [...].
Diante das proposições de Bardin (2011), a formação de categorias será estabelecida a partir das descrições do diário de campo e das entrevistas obtidas.
Considerações finais
A pesquisa encontra-se ainda na fase de realização de entrevistas e observações, entretanto, as entrevistas exploratórias realizadas apontam no sentido de destacar a emoção e a violência como categorias de analise a serem interpretadas através da Análise de Conteúdo (Bardin, 2011).
Entre as hipóteses levantadas estão a primeira é que a violência é estrutural e está relacionada a vida dos lutadores; a segunda é a de que existe uma necessidade social de se vivenciar a violência.
Bibliografia
Bardin, L. (2011). Análise de Conteúdo. Trad. Luís Antero Reto e Augusto Pinheiro. Lisboa: Edições 70.
Boudieu, P. (1983). Questões de Sociologia. Rio de Janeiro: Marco Zero.
Chizzotti, A. (2010). Pesquisa qualitativa em ciências humanas e sociais. 3ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes.
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Dunning, E. (2004) Sociology of sport in the balance: critical reflections on some recent and more enduring trends, Sport in Society, Lancashire. v. 7, n. 1, 1-24.
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Elias, N. (1993). O Processo Civilizador: Formação do Estado e Civilização. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 2v.
Elias, N. e Dunning, E. (1992). A Busca da Excitação. Lisboa: Difel.
Pay Out (2013). UFC 168. 28 dez. 2013. Recuperado el 31 de enero de 2013 de: http://mmapayout.com/blue-book/pay-per-view/
Proni, M.W. (1998). Marketing e Organização Esportiva: Elementos para uma história recente do Esporte espetáculo. Conexões: educação, esporte, lazer. Campinas, Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas (v.1, n.1). 82 – 94.
Quivy, R. e Campenhoudt, L. V. (2008). Manual de Investigação em Ciências Sociais. Lisboa: Gradiva.
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