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Caracterização funcional do balance de idosos 

atendidos no Centro de Saúde da Faculdade Guanambi

Caracterización funcional del equilibrio de las personas mayores atendidas en el Centro de Salud de la Facultad Guanambi

Functional characterization of balance in elderly patients assisted in Health Center Guanambi College

 

*Fisioterapeutas, docentes da Faculdade Guanambi

**Fisioterapeuta, especialista em Fisioterapia em Unidade

de Terapia Intensiva. Professora orientadora

***Médicos generalistas

(Brasil)

Marleide da Silva Souza*

Keyla Iane Donato Brito Costa*

Mariana Aparecida Cotrim Castellanos**

Abdias Lima Neto***

João Flávio Rocha de Almeida***

spa_vida@live.com

 

 

 

 

Resumo

          Com o crescente aumento da população idosa em todo o país faz-se necessário buscar cada vez mais métodos eficazes para avaliar o aspecto funcional destas pessoas, principalmente no que diz respeito à alteração do balance que é responsável pela instabilidade postural e ao risco de quedas. O presente estudo teve como objetivo caracterizar funcionalmente os idosos do Centro de Saúde Faculdade Guanambi através da Escala de Balance de Berg (BBS), que avalia a função do balance através de 14 questões. Participaram deste estudo 36 indivíduos idosos (26 do sexo feminino e 10 do sexo masculino) com idade igual ou superior a 60 anos, que freqüentaram o Centro de Saúde da Faculdade Guanambi no mês de setembro de 2015. Esses foram divididos em cinco grupos conforme a faixa etária. Comparando os resultados nas faixas etárias, a que obteve melhor desempenho no escore da BBS foi a entre 66 e 70 anos, a que obteve pior média foi o do grupo com idade entre 81 e 85 anos. Não houve diminuição progressiva do desempenho na Escala de Berg com o avançar da idade como aponta diversos estudos já realizados, mas o desempenho foi pior no grupo com faixa etária superior a 80 anos.

          Unitermos: Idoso. Envelhecimento. Balance. Queda.

 

Abstract

          With the crescent increase of elderly population in all the country becomes necessary look for more efficient methods to evaluate their functional aspect, principally about the alteration on balance that is responsible for postural instability and falls risks. The present study characterizes functionally the elder patients of Health Center Guanambi College by the Berg Balance Scale (BBS) that evaluate the balance function through 14 questions. This study was compost by 36 elderly individuals (26 female and 10 male) with age equal or higher 60 years, who was patronize Health Center Guanambi College in the September month of 2015. They were divided in five groups according their age average. Making a comparison of all age groups the one that had the best performance in BBS score was the group that corresponds to age between 66 to 70 years and the one that had the worst performance was the group that corresponds to age between 81 to 85 years. There no was progressive reduction in performance on BBS like others studies made with the come of age, but the performance was worst in the group with age average higher than 80 years.

          Keywords: Elderly. Aging. Balance. Falls.

 

Recepção: 18/10/2015 - Aceitação: 26/02/2016

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 21, Nº 215, Abril de 2016. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A população idosa vem crescendo gradualmente no Brasil nos últimos anos. Até 2025, segundo a Organização Mundial de Saúde (2000), o Brasil será o sexto país do mundo em número de idosos.

    Segundo Papaléo e Netto (2006), o termo idoso refere-se ao indivíduo com idade igual ou superior a sessenta anos em países em desenvolvimento como o Brasil.

    Com o avançar da idade ocorrem alterações em vários sistemas e funções corporais que podem se associar a patologias comuns em idosos e aumentar os fatores de risco para o comprometimento do balance, e conseqüente aumento da ocorrência de quedas neste contingente.

    As alterações na função do balance induzidas pela idade é um dos fenômenos estudados pela fisioterapia aplicada à geriatria. No Brasil é comum encontrar vários estudos publicados utilizando o termo equilíbrio como sinônimo de balance. Em uma tradução legítima do termo balance do idioma inglês para o português significa equilíbrio, mas Perranci e Fló (2009) descrevem que:

    O balance é uma habilidade cognitivo-motora complexa, resultante da integração de múltiplos processos sensório-percepto-motores, que tem como objetivo estabilizar o centro de massa (CM) durante os movimentos voluntários, intencionais e em situações de perturbações externas. Portanto, reforçamos que o balance depende das características do idoso, da tarefa a ser executada e do contexto ambiental presente no momento. (Perracini e Fló, 2009, p.333).

    O distúrbio do balance é comum em indivíduos idosos e surge da interação de vários fatores. Inclui componentes biomecânicos, motores, psicocognitivos e somatossensoriais. Quando ocorrem alterações em um ou mais destes componentes o idoso fica propenso a sofrer episódios de quedas, lesões e até desenvolver algum tipo de incapacidade. Diferentemente do equilíbrio corporal, o balance representa uma função que envolve diversos sistemas do corpo e não apenas o sistema neuromuscular e sensorial.

    O idoso portador de distúrbio do balance o descreve como sensação de instabilidade, medo de cair, falta de segurança ou firmeza ao andar. Essas alterações levam ao isolamento social, ansiedade, depressão e medo de realizar as atividades de vida diária.

    Perranci e Fló (2009) destacam que está bem descrito na literatura, uma forte relação entre o comprometimento do balance em idosos com chances maiores de experimentar episódios de quedas recorrentes. Em geral esses idosos apresentam múltiplas limitações que podem ser decorrentes de disfunções multissensoriais, musculoesqueléticas e cognitivas.

    O aumento da população idosa deve ser acompanhado de melhoria de políticas de saúde voltadas para a terceira idade. Diante deste fato estudos acerca do envelhecimento devem ser realizados com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dessa população. Principalmente pesquisas que abordam formas adequadas de avaliar a funcionalidade dos idosos. Sendo assim os objetivos desta pesquisa foram avaliar o perfil funcional do balance dos idosos que freqüentaram o Centro de Saúde da Faculdade Guanambi no mês de outubro de 2011, correlacionar a função do balance com idade dos indivíduos e analisar o desempenho da amostra em cada um dos itens e nos grupos de tarefas funcionais da Escala do Balance de Berg (BBS).

Metodologia

    O presente estudo teve caráter descritivo transversal com abordagem quantitativa dos dados.

    A amostra foi composta por 36 indivíduos idosos (26 do sexo feminino e 10 do sexo masculino) com idade igual ou superior a 60 anos, que freqüentaram o Centro de Saúde da Faculdade Guanambi no mês de setembro de 2015. A média de idade nesta amostra foi de 70,38 anos.

    A amostra foi dividida em 5 grupos: o primeiro grupo (Fx1) composto de 6 idosos (4 do sexo feminino e 2 do sexo masculino) com faixa etária de 60 a 65 anos, o segundo grupo (Fx2) composto de 9 idosos (8 do sexo feminino e 1 do sexo masculino) com idade entre 66 a 70 anos, o terceiro grupo (Fx3) com 10 idosos (6 do sexo feminino e 4 do sexo masculino) com idade entre 71 a 75 anos, o quarto grupo (Fx4) composto por 8 idosos (6 do sexo feminino e 2 do sexo masculino) com entre 76 e 80 anos, o quinto grupo (Fx5) composto por 3 idosos (2 do sexo feminino e 1 do sexo masculino) com idade entre 81 a 85 anos.

    Para participar da pesquisa os idosos obedeceram aos seguintes critérios de inclusão: Ter idade igual ou superior a 60 anos e apresentar capacidade de compreender as questões feitas pelo avaliador. Os critérios de exclusão foram ausência de acuidade visual, demência, idosos que apresentaram diagnóstico de patologias que interferissem na função do balance, como distúrbios vestibulares e cerebelares e Parkinson; assim como idosos que faziam uso de auxiliares de marcha.

    Para avaliar a função do balance nos idosos foi utilizada a Escala de Balance de Berg (BBS). Essa escala é constituída de 14 itens comuns nas atividades da vida diária, destinados a medir a função do balance em pessoas idosas. Cada item possui 5 alternativas que variam de 0 a 4 pontos, portanto a pontuação máxima total que pode ser atingida é de 56 pontos. Escore entre 0 e 20 indica alto risco de queda, entre 21 e 40 indica um risco mediano de queda e entre 41 e 56 é indicativo de baixo risco de queda (tabela 01). Para aplicação da escala foi necessário o uso de uma régua, uma escada de 2 degraus, duas cadeiras padrão (uma com descanso de braço e outra sem) e um cronômetro. O tempo de aplicação da escala foi de aproximadamente 15 a 20 minutos.

Tabela 01. Classificação do desempenho na Escala de Balance de Berg conforme o risco de quedas

Score total

Classificação do risco de quedas

0 a 20 pontos

Alto risco de sofrer quedas

21 a 40 pontos

Risco mediano de sofrer quedas

41 a 56 pontos

Baixo risco de sofrer quedas

Fonte: Miyamoto et al. (2006)

    A escala é bastante utilizada tanto na prática clínica quanto na pesquisa científica. Caracteriza-se por baixo custo, fácil administração e por ser segura para pacientes idosos. E permite a descrição quantitativa da função do balance através da representação de atividades de vida diária como sentar, levantar, inclinar, virar-se, entre outras.

    Segundo Silva et al (2008), a escala foi criada em 1992 por Katherine Berg com o objetivo de avaliar o balance em indivíduos acima de 60 anos de idade. Esta escala foi traduzida e adaptada para a língua portuguesa por Miyamoto (2004) na sua dissertação de mestrado, em que chegou a conclusão de que a versão brasileira é um instrumento confiável para ser usado na avaliação do balance dos pacientes idosos.

    Whitney et al (1998 apud Scheicher; Pimente, 2009), em um artigo de revisão, evidenciaram maior confiabilidade e validade para a utilização da BBS em pesquisas científicas quando comparada a outros instrumentos de avaliação.

    As 14 tarefas que compõe a escala foram analisadas separadamente. E posteriormente foram divididas em grupos de tarefas funcionais semelhantes, conforme proposto por Franciulli et al. (2007), as tarefas foram divididas da seguinte forma: transferências (questões 1, 4 e 5), provas estacionárias (questões 2, 3, 6, 7), alcance funcional (questão 8), componentes rotacionais (questões 9, 10 e 11) e base de sustentação (questões 12, 13 e 14).

    Os participantes foram recrutados a partir do cadastro de pacientes dos atendimentos realizados nos estágios supervisionados em fisioterapia do Centro de Saúde da Faculdade Guanambi. Antes de serem avaliados foi solicitado aos pacientes que lessem e assinassem o termo de consentimento livre e esclarecido, concordando com a participação no estudo.

    A amostra foi inicialmente submetida a uma entrevista onde foi identificado se o idoso deveria ou não participar do estudo de acordo com os critérios de inclusão e exclusão previamente estabelecidos. Após a seleção dos participantes foi aplicada a escala de Berg para avaliar o balance. O procedimento foi realizado seguindo as indicações propostas por Miyamoto (2004), os idosos estavam vestidos, descalços e fazendo o uso de óculos e/ou aparelho auditivo de uso habitual. Cada uma das tarefas foi previamente demonstrada ao idoso, e solicitado que o mesmo repetisse, registrando a alternativa que se enquadrava no desempenho que o indivíduo obteve durante a realização.

    Para a tabulação dos dados foi utilizado o programa Office Excel da Microsoft, utilizando gráficos para análise. A estatística descritiva com índices de medida de tendência central (média), bem como freqüência foram utilizados no tratamento dos dados.

Resultados

    Do escore total da BBS, classificou-se como alto risco no desempenho funcional apenas 1 idoso avaliado (2,77%), não apresentando significância estatística; como risco mediano 11 dos idosos (30,55%); enquanto 24 dos idosos (66,66%) revelaram desempenho funcional de baixo risco, representando um número bastante significativo. (Gráfico 01).

Tabela 01. Percentual de idosos conforme o risco de queda avaliado na Escala de Balance de Berg

Fonte: Dados da pesquisa

    Comparando-se as faixas etárias 60 a 65 anos (16,67% [Fx1]), 66 a 70 anos (25% [Fx2]), 71 a 75 anos (27,78% [Fx3]), 76 a 80 anos (22,22% [Fx4]) e 81 a 85 anos (8,33% [Fx5]) a que apresentou melhor escore foi Fx2, com perda de 9 pontos, totalizando 47 pontos, e a pior a Fx5, com perda de 21,3 pontos, totalizando 34,6 pontos. A Fx1 apresentou média de 45,8 pontos, com perda de 10,1 pontos; a Fx3 apresentou média de 41,7; com perda de 14,3 pontos; e a Fx4 apresentou média de 44,6; com perda de 11,3 pontos. As variáveis de idade e média de pontuação da BBS mostraram diferenças significantes. (Gráfico 02).

Gráfico 02. Comparação da pontuação obtida na Escala de Balance de Berg nos grupos etários

Fonte: Dados da pesquisa

    Dos itens avaliados através das quatorze questões na escala de Berg, o que apresentou maior média de perda na pontuação total foi o item 14 (2,76 pontos). No item 3 não houve perda de pontos, sendo realizado por todos os idosos com o máximo de aproveitamento, como mostra o gráfico 03.

Gráfico 03. Média de perda de pontuação nas tarefas Escala de Balance de Berg pelos idosos

Fonte: Dados da pesquisa

    Com relação às tarefas funcionais realizadas, a maior perda apresentada foi com o alcance funcional (2,36 pontos), sendo portanto, a que obteve maior significância estatística. As provas estacionárias demonstraram menor perda de pontos (1,06). (Gráfico 04).

Gráfico 04. Desempenho dos idosos no grupo de tarefas funcionais

Fonte: Dados da pesquisa

Considerações finais

    De acordo com as análises estatísticas, conclui-se que não houve diminuição progressiva do desempenho na Escala de Berg com o avançar da idade como aponta diversos estudos já realizados, mas o desempenho foi pior no grupo com faixa etária superior a 80 anos.

    Apesar da baixa quantidade de idosos classificados como alto risco de sofrerem quedas, há a necessidade de levantar os fatores de risco e suas possíveis relações com as alterações no balance, além de estudos para desenvolvimento de intervenções adequadas para que esses idosos, que na maioria foram classificados com baixo risco, possam receber atendimento preventivo eficaz. A capacidade funcional do balance em idosos merece, portanto, atenção especial por parte dos profissionais de saúde, especialmente do fisioterapeuta que atua diretamente na prevenção e tratamento de disfunções.

    Sugere-se que novos estudos sejam realizados com uma amostragem maior e que comparem o risco de quedas a fatores como força muscular, amplitude de movimento e alinhamento postural, para que os componentes do sistema efetor sejam estudados mais a fundo, trazendo mais possibilidades de intervenções fisioterapêuticas.

Bibliografia

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