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Caracteristicas de corredoras de grupos de 

corrida de Santa Cruz do Sul, RS, Brasil

Caracteristicas de corredores de grupos de carrera de Santa Cruz do Sul, RS, Brasil

 

*Acadêmico de Bacharelado em Educação Física-UNISC e atleta de corridas de fundo

**Prof. de Atletismo da UNISC – Universidade de Santa Cruz do Sul – RS

Pós-graduação em atletismo pela UFSM – RS

UNISC - Universidade de Santa Cruz do Sul

Santa Cruz do Sul, RS

Netiéle Peterson da Silva*

netielejesus@bol.com.br

Olí Jurandir Limberger**

oli@unisc.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

         O atletismo é uma das mais antigas formas esportivas, tendo nas provas de corridas, em distâncias médias ou longas, um grande número de aliados masculinos e femininos. As corridas representam uma das formas mais primitivas e tradicionais de exercício físico e a participação em grupo tem motivado as integrantes do sexo feminino. O presente estudo objetiva identificar as características de corredoras de grupos de corridas de Santa Cruz do Sul, RS - Brasil. Os sujeitos utilizados neste estudo foram 52 corredoras do sexo feminino, com idade média de 35,6 anos. O IMC do grupo teve uma média de 22,44 kg/m². Para a coleta de dados foi utilizado um questionário adaptado de Barros e Nahas (2003). Elas iniciaram as corridas, visando à melhoria da saúde e pelo convite de amigos, correndo três vezes por semana. Esta pesquisa teve como resultado: a maioria das corredoras era solteira, todas com nível de escolaridade superior e corriam três vezes por semana com a intenção de obter saúde. Após participarem de corridas em grupo notaram mudanças em seus corpos e na qualidade de suas vidas.

         Unitermos: Mulheres. Grupo de corridas. Qualidade de vida.

 

Resumen

         El atletismo es una de las más antiguas disciplinas deportivas y tiene en las pruebas de carreras, en distancias medianas o largas, un gran número de aficionados masculinos y femeninos. Las carreras representan una de las formas más primitivas y tradicionales de ejercicio físico y la participación en grupo viene motivando a las integrantes del sexo femenino. El presente estudio pretende identificar las características de las corredoras de grupos de carreras de Santa Cruz do Sul, RS, Brasil. Los sujetos que participaron en este estudio han sido de 52 corredoras del sexo femenino, con edad media de 35,6 años. El IMC del grupo tuvo una media de 22,44 kg/m². Para la recolección de datos fue utilizado un cuestionario adaptado de Barros y Nahas (2003). Ellas empezaron a correr buscando la mejora de la salud y por recomendación de amigos, corriendo tres veces por semana. Esta investigación tuvo como resultados que la mayoría de las corredoras era soltera, todas con nivel de escolaridad superior y practican tres veces por semana con la intención de cuidar la salud. Tras participar de carreras en grupo, han notado cambios en sus cuerpos y en su calidad de vida.

         Palabras clave: Mujeres. Grupo de carreras. Calidad de vida.

 

Recepção: 14/11/2015 - Aceitação: 11/03/2016

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 21, Nº 215, Abril de 2016. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O atletismo é considerado um esporte praticado pelo homem desde a antiguidade, sendo a mecânica dos movimentos naturais do homem, como o correr, o saltar e o lançar, empregados desde o início da civilização. No começo dos tempos, essa prática era realizada visando à conservação e à preservação da espécie e foi sendo incorporada à cultura humana. "Adotou-se a arte desses movimentos no lazer, medindo-se velocidade (rapidez) e destreza em relação aos outros." CBAt (2012/2013).

    A corrida de rua é uma das modalidades esportivas do atletismo que mais vem crescendo e, como conseqüência, atraindo adeptos no mundo inteiro. Atualmente, milhares de corredores profissionais, bem como amadores, de diferentes classes sociais, idades e de gêneros, participam de competições nacionais e até internacionais. Uns optam pela corrida com fins específicos, tais como superação ou recordes; outros, simplesmente por uma melhor qualidade de vida (Brasil, 2006).

    A corrida teve suas origens nos mais primitivos dos tempos. Por necessidade de sobrevivência, por excessivo gasto de alimentação, o homem ou a mulher tinham de correr, saltar, arremessar, escalar. Assim, a corrida se caracteriza como uma evolução do ato de caminhar que ultrapassou todas as eras (Daolio e Velozo, 2008).

    As mulheres buscam na corrida de rua, diariamente, um estilo de vida saudável, trocando sedentarismo por uma melhor qualidade de vida, adquirindo benefícios tais como a diminuição do colesterol e a concentração de triglicerídeos (Adelman, 2003). O perfil de saúde e estilo de vida de mulheres, que se utilizam de corridas para uma melhor qualidade de vida devem se abstrair do fumo, de bebidas alcoólicas, e de grande consumo de sal. Para a manutenção de estilo de vida é necessário adquirir hábitos alimentares saudáveis, praticar atividades físicas regularmente, evitar alimentos gordurosos, não se esquecendo de controlar o diabetes (Pinto, 2003).

    A sociedade moderna e industrializada tem gerado discussões sobre os conceitos que permitam uma nova compreensão sobre a qualidade e o estilo de vida das pessoas. Para dar um pico nestas mudanças e avanços, as mulheres estão cada vez mais empenhadas em melhorar sua qualidade de vida, cuidando dos hábitos alimentares e participando de atividades físicas, incluindo corridas (Brasil, 2006).

    Falando sobre teoria e prática do treinamento de corridas, Machado (2009) menciona que correr é fashion, que a corrida pode ser realizada em qualquer local e horário, embora durante o dia tem-se mais sol e à noite, mais poluição. Deve-se cuidar da postura durante a corrida e evitar o overtraining. Os métodos de treinamentos de corridas podem ser o contínuo e/ou o intervalado.

    O presente estudo teve como objetivo geral identificar as características de corredoras participantes de grupos de corridas de Santa Cruz do Sul, RS - Brasil.

Métodos de investigação

    O presente estudo possui uma abordagem qualitativa do caráter exploratório-descritivo, uma vez que há resposta a um questionário dirigido a corredoras de grupos em Santa Cruz do Sul/RS. O presente estudo caracteriza-se como forma transversal que, segundo Gaya (2008), é aquele que demarca características ou delineia determinado grupo ou população.

    Os sujeitos questionados, neste estudo transversal, foram de 52 mulheres, com média de idade de 35,6 anos, sendo participantes de dois grupos de corridas. Esses dados coletados foram analisados de forma quantitativa, com resultados analisados através de tabelas.

Análise e discussão de resultados

    O início do século XXI representa um marco importante para a mulher para a sua prática física, mudança de mentalidade, bem como para a transformação radical de discursos de práticas sobre a sua condição de mulher na sociedade (Pinto, 2003).

    Quanto às características gerais das 52 corredoras, elencadas na Tabela 01, observa-se que: 31 delas, representando 59,61%, eram solteiras, e 16 casadas, num total de 30,76%. Quanto à etnia, 47 delas são de cor branca, representando 90,38%. Referente à formação, 39 mulheres possuem ensino superior, representando 75,00%, e 13 possuem o ensino médio, com 25,00%. Como média geral do grupo teve-se: idade de 35,67 anos; altura de 1,66m; massa corporal de 61,85kg e o IMC de 22,44 kg/m². Para Machado (2009:20), “os principais objetivos do processo de medidas e avaliação são: determinar o processo em que o indivíduo se encontra, classificar os indivíduos, reajustar o treinamento, manter padrões e motivar”.

Tabela 01. Características gerais das corredoras de grupos de corridas

Perfil das corredoras

f

Resultados

01

Solteiras

31

59,61%

02

Casadas

16

30,76%

03

Cor branca

47

90,38%

04

Ensino superior

39

75,00%

05

Ensino médio

13

25,00%

06

Média de idade

52

35,67 anos

07

Média de altura

52

1,66m

08

Média de massa corporal

52

61,85kg

09

Média de IMC

52

22,44kg/m².

    Na Tabela 02, observa-se que 37 mulheres, representando 71,15%, correm no grupo três vezes por semana, enquanto 10 delas correm duas vezes na semana, representando 19,23%.

Tabela 02. Freqüência semanal de corridas

Freqüência semanal de corrida

f

%

01

2 vezes

10

19,23

02

3 vezes

37

71,15

03

5 vezes

03

5,76

04

Todos os dias

02

3,84

    Há quanto tempo que essas mulheres correm em grupos? A Tabela 03 demonstra uma variação de períodos, equivalendo-se entre 6 meses e 3 anos ou mais, mas pode-se salientar que 49 delas, ou seja, 74,99% estão participando dos grupos de corridas recentemente, isto é, há menos de dois anos.

Tabela 03. Há quanto tempo realizam corridas em grupo

Período

f

%

01

6 meses

13

25,00

02

1 ano

12

23,07

03

2 anos

14

26,92

04

3 anos ou mais

13

25,00

    Na Tabela 04 pode-se perceber que o convite de amigos é o fator maior de adesão de mulheres nos grupos de corridas, totalizando 39 pessoas, num percentual de 75,00%. Algumas mencionaram outros motivos de adesão ao grupo de corridas, como motivação para correr, para manter amizade, para ter saúde e bem estar e para parar de fumar.

Tabela 04. Motivo de adesão em participar de grupos de corridas

Motivos de adesão

f

%

01

Influência da escola

03

5,76

02

Convite de amigos

39

75,00

03

Influência da mídia

02

3,84

04

Outros motivos: motivação para correr (03), amizade (02), saúde e bem estar (02), parar de fumar (01)

08

15,38

    Os objetivos principais para início da participação em corridas de grupo foi a busca pela saúde, num total de 71,15%, pelo lazer com 32,69% e pelo condicionamento físico com 28,84%, conforme Tabela 05. Em função de seus papéis sociais, a mulher sentiu a necessidade também de pensar em buscar lazer, saúde, bem-estar, na sua socialização, sem deixar de lado a sua profissão, o seu papel como mãe, esposa e dona de casa (Adelman, 2003).

Tabela 05. Objetivos de início das corridas em grupo

Objetivos

F

%

01

Lazer

17

32,69

02

Saúde

37

71,15

03

Condicionamento físico

15

28,84

04

Outros: perder peso

01

1,92

    Na Tabela 06, podem-se analisar os cuidados gerais com a saúde, com a alimentação e com mudanças verificadas com a prática de corridas. Quanto a problemas de saúde, 47 mulheres, num total de 90,38% salientaram não possuir nenhum problema e 45 delas, perfazendo 86,53%, mencionaram não fazer uso de medicamentos. Com referência à realização de exames antes de começar a correr, 32 corredoras, num total de 61,53%, não fizeram e 20 delas, com 38,46% fizeram, sendo os principais exames: eletrocardiograma, exame de sangue e check up geral. Segundo Pinto (2003), o perfil de saúde e o estilo de vida de mulheres, que se utilizam de corridas para uma melhor qualidade de vida, devem se abstrair do fumo, de bebidas alcoólicas e de grande consumo de sal. Para a manutenção de estilo de vida é necessário adquirir hábitos alimentares saudáveis, praticar atividades físicas regularmente, além de evitar alimentos gordurosos.

    Também se observa nessa tabela que 41 das mulheres, num total de 78,84%, fazem outra atividade física paralela às corridas, como: musculação, andar de bicicleta e exercícios de Pilates. Todas elas mencionaram que usam roupas e tênis adequados para as corridas. Estranhamente, poucos mencionaram os principais itens de vestuário necessários para correr, como tênis, camiseta, short e leg. Na maioria delas, ou seja, 40 corredoras, com 76,92%, cuidaram da alimentação antes ou depois de iniciar nos seus grupos de corridas, principalmente quanto à ingestão de frutas, de água, de carboidratos e de proteínas. Adelman (2003) menciona que as mulheres buscam na corrida de rua diariamente um estilo de vida saudável, trocando sedentarismo por uma qualidade de vida melhor.

    Embora a maioria do grupo corra há menos de dois anos, nota-se que 43 delas, com 82,69%, mencionaram mudanças em seus corpos, principalmente quanto à perda de peso e à melhoria no condicionamento físico. Cinqüenta delas também evidenciaram mudanças na qualidade de vida, num total de 96,15%, como melhor disposição, melhoria da qualidade do sono, menos estresse e melhor humor. Apesar do pouco tempo de corridas, 42 delas, representando 80,76%, já participaram de alguma competição, perfazendo trajetos entre um e cinco quilômetros. Machado (2009) salienta que a prática regular de atividade física, entre outras respostas crônicas aos exercícios, reduz o risco de doenças coronarianas, aumenta o HDL, diminui os triglicerídeos, a ansiedade e o estresse e melhora a sensação de bem-estar.

Tabela 06. Cuidados gerais e mudanças corporais observadas antes e/ou depois de iniciar nos grupos de corridas

Enunciados

Não

%

Sim

%

Se sim, qual?

01

Possui algum problema de saúde

47

90,38

5

9,61

Cardiopatia, rinite, sinusite, obesidade, hipotireoidismo, dor nas articulações e depressão.

02

Faz uso de algum medicamento

45

86,53

7

13,46

Medicamento de uso contínuo (05).

03

Fez exames antes de começar a correr

32

61,53

20

38,46

Eletrocardiograma (13), sangue (03), check up (03) e joelho (01).

04

Realiza outra atividade física

11

21,15

41

78,84

Musculação (30), andar de bicicleta (06), Pilates (04), tênis (02), vôlei (02), futebol, basquete, lutas, natação e dança (01).

05

Utiliza roupa e tênis adequados

00

00

52

100

Tênis (06), camiseta (03), top (03), short (02) e meias e leg (01).

06

Cuida da alimentação antes / depois da corrida

12

23,07

40

76,92

Frutas (14), água (09), carboidratos (06), proteínas (05), cereal (04), suplementos (03) e iogurte (02).

07

Houve mudança no seu corpo após as corridas

09

17,30

43

82,69

Perda de peso (22), condicionamento físico (17), tonificação (04), massa muscular (02), resistência, agilidade e aumento de peso (01).

08

Houve mudanças na sua qualidade de vida após as corridas

02

3,84

50

96,15

Melhor disposição (21), melhor sono (09), menos stress (06), bom humor (06), saudável (04)

09

Participa de alguma competição

10

19,23

42

80,76

De 1 a 5 km (33), de 6 a 10 km (09), de 10 a 20 km (04) e mais de 20 km (06).

Conclusões

    As características da maioria das 52 corredoras participantes de grupos de corridas em Santa Cruz do Sul – RS, Brasil, demonstram que elas eram solteiras, de cor branca e tinham, como formação, o ensino superior. Possuíam média de idade de 35,67 anos e com o IMC de 22,44kg/m². Iniciaram as corridas para melhoria da saúde e pelo convite de amigos, correndo três vezes por semana há menos de dois anos, tendo muitas já participado de competições de até cinco quilômetros. A maioria delas não possuíam problemas de saúde, não fizeram exames para iniciar as corridas e não tomavam medicamentos de uso contínuo. Todas elas usavam roupas adequadas para corrida, realizavam musculação como atividade física complementar, modificaram a ingesta alimentar e notaram mudanças em seus corpos e na qualidade de vida após participarem de grupos de corridas.

Bibliografia

  • Adelman, M. (2003). Mulheres atletas: re-significações da corporalidade feminina. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, n. 11(2). p. 360, jul-dez.

  • Barros, M.V.G. & Nahas, M.V. (2003). Medidas de Atividade Física: teoria e aplicação em diversos grupos populacionais. Londrina: Midiograf.

  • Brasil (2006). Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Política nacional de promoção da saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 60 p. – (Série B. Textos Básicos de Saúde)

  • Confederação Brasileira de Atletismo – CBAt. (2015) Regras oficiais de competição. Disponível em http://www.cbat.org.br/regras/REGRAS_OFICIAIS_2012-2013.pdf

  • Daolio, J. & Velozo, E. L. (2008). A Técnica Esportiva como Construção Cultural: Implicações para a Pedagogia do Esporte. Revista Pensar a Prática, v. 11. n 1.

  • Gaya, A. (2008). Ciências do Movimento Humano: Introdução à Metodologia da Pesquisa. Porto Alegre: Artmed,

  • Machado, A. F. (2009). Corrida – Teoria e Prática do Treinamento. São Paulo: Ícone.

  • Pinto, C.R.J. (2003). O Espetáculo do Corpo: Mulheres e Exercitação Física no Início do Século XX. In: M.J.S. Carvalho & C.M.F. Rocha. Uma História do Feminismo no Brasil. São Paulo: Fundação Perseu Abramo.

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