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A formação do educador físico como profissional da aprendizagem

La formación del educador físico como profesional del aprendizaje

The formation of physical educator as a professional of learning

 

Doutorando em Ciências do Movimento Humano, Mestre em Educação

Coordenador e Docente do curso de Bacharelado em Educação Física

das Faculdades Integradas de Jaú, Docente dos cursos de Licenciatura

e Bacharelado em Educação Física das Faculdades Integradas Padre Albino

Ademir Testa Junior

ademirtj@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O fato de a Educação Física apresentar em suas características, a não superação das influências esportista e militarista, leva os educandos aos conhecimentos de reprodução de um sistema social capitalista, e não à visualização da real situação do nosso país, a ponto de serem totalmente alienados. A Educação Física possui o privilégio de poder contar com uma dialética entre teoria e prática. Então, buscar na formação profissional a solução para a transformação das aulas de Educação Física no âmbito escolar é fundamental. Dessa forma, elevar o aspecto reflexivo e o amor à profissão, é muito mais importante do que simplesmente formar professores que possuem grande quantidade de conhecimento. A reflexão é essencial para a formação através da pesquisa, de forma que instigar sempre a busca por soluções e novos conhecimentos, é o caminho mais viável para a formação de profissionais de Educação Física autônomos e conscientes das suas ações.

          Palavras-chave: Formação profissional, Educador Físico, Educação Física, profissional da aprendizagem.

 

Abstract

          The fact that the Physical Education presented its characteristics, not to overcome the sportsman and militarist influences, it leads students to the knowledge of playing a capitalist social system, not the display of the actual situation of our country to the point of being totally alienated. Physical education has the privilege of counting on dialectic between theory and practice. So get vocational training solution for the transformation of physical education classes in schools is crucial. Thus, raising the reflective appearance and love the profession, is much more important than simply train teachers who have loads of knowledge. Reflection is essential for the formation through research, so that always instigates the search for solutions and new knowledge, is the most viable way for the formation of independent professionals of Physical Education and aware of their actions.

          Keywords: Formation Professional. Physical Educator. Physical Education. Professional of learning.

 

Recepção: 13/02/2016 - Aceitação: 27/03/2016

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 21, Nº 215, Abril de 2016. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Educação é um tema muito discutido seja em suas diversas concepções, nos métodos pedagógicos, nos seus princípios e objetivos, e também na avaliação. Neste artigo tratamos da educação no ensino superior e na formação específica de profissionais de Educação Física, buscando identificar as metodologias de ensino atuais, e suas influências de certas tendências que a Educação Física apresenta no decorrer da sua história, e ainda relacionar a formação profissional com as ações dos professores de Educação Física dentro da escola.

    Ao longo da história podemos identificar muitos movimentos e organizações que fizeram com que a Educação Física fosse distorcida, e os conhecimentos passados aos educandos dentro da escola ficassem muito longe da verdadeira realidade social, cultural e política da sociedade em que se encontram os educandos.

    De acordo com Castellani Filho (2003), entre os acontecimentos influenciadores da Educação Física no âmbito escolar e também no ensino superior, que geralmente são políticos, temos como principais: a influência militarista (1930-1945) e a influência esportista (1990). Durante o governo de Getúlio Vargas, a Educação Física escolar ficou pautada no ensino rígido a obediência, a boa forma física, ao rigor físico, com métodos claramente rústicos, em uma relação de professor-instrutor e aluno-recruta, treinando os educandos para serem futuros militares. Quanto à influência esportista, se observa que, ao longo da história, há um determinado momento em que o esporte ganha credibilidade, principalmente com a invenção dos aparelhos de televisão, e que de certa forma era uma maneira muito simples e eficaz de esconder os golpes políticos dos governantes da época. Nessa perspectiva, a Educação Física passou a ser pautada na “Educação do movimento”, onde os gestos motores relacionados às modalidades esportivas eram muito valorizados, a fim de encontrar grandes talentos para a prática esportiva, em uma relação de professor-treinador e aluno-atleta.

    Com relação ao ensino superior Castellani Filho (2003) reconhece que nas épocas descritas anteriormente, a política encontrava na Educação Física o meio de tornar os cidadãos alienados quanto à situação real do nosso país. Por isso o ensino superior nos cursos de Educação Física, influenciados pelas perspectivas esportivas e militaristas, tiveram também suas ações pautadas nos respectivos métodos de ensino.

    Assim, buscar nos cursos de licenciatura em Educação Física uma nova proposta para a formação profissional, constitui-se uma necessidade, fazendo do Educador Físico um ser em constante reflexão, e que utilize esses pensamentos para atingir de forma eficiente e eficaz os mais profundos locais dentro dos pensamentos de seus educandos na escola, sempre objetivando a formação de pessoas autônomas em seus pensamentos e ações.

    Castellani Filho (2003) ainda considera que educar: é conduzir de um estado a outro, é modificar numa certa direção o que é suscetível de educação, e que o ato pedagógico pode levar indivíduos a mudanças tão importantes, através da interação entre educador, sistema e conteúdos, e educandos. Então podemos dizer que professores de Educação Física precisam ser competentes para tamanha tarefa, e ser competente implica em alcançarmos a qualidade maior em cursos de graduação em Educação Física através da formação pela reflexão. E tendo em vista que a Educação Física é a disciplina que mais possui condições de oferecer aos educandos, a vivência de todos os conhecimentos adquiridos dentro da escola, o compromisso e responsabilidade dentro da formação de professores nessa área em específico, bem como a ação dos professores dentro das escolas, torna-se muito mais acentuada.

Formação profissional em Educação Física: reflexões sobre o contexto atual

    Atualmente a formação em Licenciatura em Educação Física ainda possui características provenientes das épocas militarista e esportivista, trazendo consigo dúvidas, inquietações, tais como: o que, como, quando e por que ensinar nos cursos de graduação em Educação Física? Será que os conteúdos escolhidos serão significantes na formação desses profissionais? Como formar licenciados em Educação Física capazes de realizar uma tarefa educacional diante de tantos problemas que a educação escolar encontra hoje?

    Tubino (1992) defende o esporte como conteúdo da Educação Física tratando-o como um campo sociocultural de estruturas e conteúdos de grande complexidade, que se apresenta com grande fascínio para todos os atores passivos e ativos, propiciando oportunidades únicas para a convivência humana. Relata que o esporte é educacional, desde que sejam valorizados a participação e o desempenho apenas em grupos especiais, e não deixa de escrever que o esporte apresenta aspectos negativos da supervalorização do esporte competitivo. Já Ferreira (1984), defende uma perspectiva de transformação, criticando que o esporte configura uma ação reprodutiva. Tal perspectiva de transformação, segundo Ferreira (1984), consiste em atitudes de reflexão da realidade, modificando a perspectiva que o indivíduo tem de suas experiências e do mundo que o cerca.

    Para Ghiraldelli Jr. (1988), é necessário que a periodicidade das tendências seja entendida com cautela, já que as mesmas, embora só se explicitem em uma dada época, já estão latentes em épocas anteriores e, além disso, tendências que aparentemente desaparecem, são incorporadas por outras. Ressalta ainda que a distância entre a teoria e o que de fato ocorre na prática, ou seja, nas aulas. Ghiraldelli Jr (1988) relata ainda que tudo isso leva a um ecletismo profissional pouco produtivo.

    Diante das reflexões realizadas pelos respectivos pensadores acima especificados, podemos entender que a Educação Física, possuindo o esporte como um de seus conteúdos na prática de ensino, que mesmo tendo defensores de seu aspecto sociocultural, encontra-se em uma dimensão ainda negativa no que diz respeito à educação física escolar. Isso ainda ocorre porque o esporte anteriormente utilizado como recurso de alienação da realidade brasileira, foi posteriormente espetacularizado pela mídia através do surgimento dos aparelhos de televisão. Assim, juntamente com o esporte, que foi transformado em uma cultura de massa, surge uma forte corrente competitiva e agressiva, em um paralelo com as características da sociedade. Por exemplo, quando crianças se unem para jogar futebol, já é o motivo suficiente para praticarem a competitividade e a rivalidade, bem como a criação de falsos ídolos e padrões de vida. E transformar a prática esportiva em um método educacional, que propicie momentos de reflexão, torna-se algo muito distante da realidade que encontramos dentro de uma escola, sem deixar de considerar que o modelo esportista é o mais encontrado hoje nas escolas, o que provavelmente foi causado por uma formação do professor de Educação Física baseada no ensino do esporte.

Por uma Educação Física de qualidade

    Tendo em vista a situação atual da Educação Física e da formação profissional em Educação Física, esclarecida anteriormente, devemos buscar nesse momento refletir sobre as mudanças que precisam ocorrer no ensino dentro das instituições de ensino superior, para alcançar uma melhoria da qualidade de ensino nos cursos de graduação em Licenciatura em Educação Física, o que conseqüentemente refletirá na Educação Física escolar.

    Segundo Taffarel (1991), a Educação Física deve possibilitar o acesso da criança à cultura corporal e à compreensão de sua realidade, já que a criança traz para a escola um acervo cultural sobre questões da corporeidade, o que na escola ele irá organizar, sistematizar e ampliar esses conhecimentos.

    Por isso, melhorar a qualidade de ensino nas faculdades de Educação Física é necessário, e realizar-se-á através da busca pela reflexão, onde o corpo docente deve instigar o pensamento dos seus alunos e futuros Educadores Físicos. Dentro desse contexto, Zeichner (1993) entende que a melhora do ensino deve depender da mescla entre o conhecimento gerado pelos professores e o gerado pelas faculdades e universidades, e Betti (1995), critica a atuação dos professores de Educação Física relatando que estes estão pautados em um saber-fazer.

    Mas então, como formar profissionais em Educação Física aptos para a constante reflexão e aprimoramento das suas ações dentro da escola?

    Não se trata de um modelo pronto para a formação de excelentes professores, mas sim de uma mudança de atitudes dentro das faculdades, onde o corpo docente precisa apresentar a postura de mediador, e não a de reprodutor de informações, as quais os futuros professores devem armazenar.

    Sobre a docência nos cursos de Licenciatura em Educação Física, Schön (1992) defende um método de troca de experiências, onde os alunos-professores devem acompanhar outros profissionais, tornando o estágio supervisionado e a prática docente comum a todos os alunos e professores do curso superior. Segundo Betti (1995), embora o aprendizado seja incorporado individualmente, a troca de experiências deve ser concebida como experiência prática reflexiva.

    Betti (1991) ainda afirma que é fundamental buscar a dialética entre teoria e prática, onde a prática é entendida como uma ação profissional em determinado contexto organizacional. A teoria buscaria na prática seus temas, cada sub-área de conhecimento trataria estes temas de acordo com suas tradições teóricas e metodológicas (porém adequadas ao objetivo) e os reenviaria na forma de questionamentos (e não de respostas prontas) à prática.

    Sem dúvida a proposta de Betti (1991) sobre uma construção dialética entre teoria e prática, é muito importante, o professor de Educação Física deve conseguir encontrar os eixos que unem os diferentes temas, as diferentes disciplinas dentro do seu curso de Licenciatura em Educação Física, para depois refletir e alcançar suas conclusões, formar suas próprias idéias de ações pedagógicas.

    Nessa mesma perspectiva Perrenoud (1993) afirma que o aluno-professor deve ser instigado a pesquisar desde o primeiro ano de formação, criando assim o hábito da pesquisa. E para que as idéias se concretizem, Lawson (1993) estabelece que cada turma de graduandos em Educação Física deveria ter o acompanhamento de um único professor, com o objetivo de realmente instigar os alunos a pesquisarem sua formação, e compreenderem por que escolheram esta profissão e como é elaborado o seu currículo. A proposta de Lawson (1993) tem como principal objetivo formar um professor crítico e autônomo, que possa fazer o mesmo com seus alunos dentro da escola.

    Em acordo com Lawson (1993), entendemos que realmente qualquer proposta deve objetivar a formação de um professor crítico e autônomo em suas ações e pensamentos, mas isso será possível somente através de um completo envolvimento por parte dos futuros professores de Educação Física, bem como os docentes das universidades e faculdades que devem atuar como mediadores e instigadores no processo de ensino e aprendizagem através da pesquisa e da reflexão sobre o pesquisado.

    Retirar a Educação Física dos patamares militares e esportivos é uma urgência, pois a Educação escolar carece de profissionais de Educação Física capazes de agir de maneira interdisciplinar, e como mediadores reflexivos diante de seus educandos possuidores de uma bagagem de conhecimentos anteriores, para educá-los, ou seja, levá-los a um outro estado, a um estado mais complexo de pensamento, sendo os alunos os autores do seu próprio desenvolvimento.

    De acordo com Coll e Valls (1998), os conteúdos nas universidades, faculdades e até nas escolas dentro da Educação Física, devem atender a três aspectos: Conceituais, que corresponde aos fatos, conceitos e princípios; Procedimentais, que são as ações e decisões que compõe a elaboração e/ou participação; e Atitudinais, corresponde ao “o que se deve ser”, ou seja, tendências ou disposições adquiridas e relativamente duradouras a avaliar de um modo determinado objeto, pessoa, acontecimento, ou situação e atuar de acordo com essa avaliação. Simplificando, são mudanças de comportamentos ocasionadas pela aquisição de novos conhecimentos.

    Unir a prática reflexiva à organização sistemática dos conteúdos, é de grande valor, pois não há possibilidade de formar professores de Educação Física reflexivos e autônomos se esses não possuírem em primeira instância conhecimentos específicos da disciplina. Por outro lado, ficar pautado somente em conteúdos, conceitos e procedimentos não será o caminho mais válido para a formação profissional em Educação Física. Dessa forma, buscar um equilíbrio entre os conteúdos e a dialética entre a teoria e a prática, será o meio mais viável enquanto objetivarmos a reflexão do aluno-professor e a mediação do docente nas universidades e faculdades, especificamente nos cursos de Educação Física.

Considerações finais

    As influências marcantes no decorrer da história da Educação Física persistem até hoje, como vimos o problema apontado por Ghiraldelli Jr. (1988), onde propostas anteriores nunca desaparecem, apenas são incorporadas a outras. Com isso, os problemas da competitividade e obediência excessiva ainda são encontrados na grande maioria das aulas de Educação Física escolar, isso em virtude da falta da ação reflexiva dos professores da disciplina em questão. Tal competitividade e características militaristas dentro da escola, reproduzem o modelo social capitalista em que vivemos, levando para dentro das instituições de ensino a alienação daqueles que podem ser o caminho para um futuro de igualdade, honestidade e respeito entre as pessoas do Brasil e de todo o planeta.

    Através dos pensamentos de Taffarel (1991), descobrimos que a Educação Física deve proporcionar à criança o acesso à cultura e à compreensão da sua realidade, e diante de tal função, fica explícito o enorme grau de necessidade que são as mudanças dentro da formação dos professores de Educação Física, e o quão longe do ideal se encontra essa disciplina. Muitas propostas foram elaboradas por pensadores da Educação e da Educação Física, mas todas muito sintéticas diante da complexidade do assunto. Por isso, vemos em Alves (2003) os pensamentos mais convenientes de acordo com a real situação da Educação Física.

    Alves (2003) relata que os conteúdos devem prioritariamente atender aos sonhos dos educandos, pois o sonho enquanto nível posterior a um desejo muito forte, solicita as ações criativas da inteligência, e um professor criativo é aquele que trará a nova face para as aulas de Educação Física, professor que por sua vez atenderá através de sua inteligência, aos sonhos dos educandos. Alves (2003) relata ainda que antes as universidades formavam profissionais, por uma questão de sobrevivência. Mas agora a sobrevivência individual é coisa muito pequena: a própria sobrevivência do país está em jogo, e até mesmo a sobrevivência da humanidade.

    Assim, em um jogo entre trabalho, cultura e poder, chegamos ao momento em que a humanidade depende da Educação. E a Educação Física deve ser um dos meios transformadores dessa realidade, através da formação de mediadores, verdadeiros educadores que se encontram em constante reflexão sobre as suas ações diante das particularidades de cada grupo dentro da escola, e mais ainda diante das particularidades de cada educando.

    Em últimas considerações cito duas reflexões de um grande pensador da Educação. “Todo jardim começa com um sonho de amor. Antes que qualquer árvore seja plantada ou qualquer lago seja construído, é preciso que as árvores e os lagos tenham nascido dentro da alma. Quem não possui jardins por dentro, não planta jardins por fora. E nem passeia neles...” (Alves, 2003, p. 75). “Muito saber sem amor é estar possuído por demônios” (Alves, 2003, p.77).

    Finalizando, sonhar é preciso para transformar, e transformar requer atitude, postura de mudança. Tudo isso é uma ilusão ingênua ou podemos começar?

Bibliografia

  • Alves, R. (2003). Conversas sobre educação. Campinas, SP: Verus Editora.

  • Betti, M. (1991). Educação física e sociedade. São Paulo: Ed. Movimento.

  • Betti, I.C.R. (1995). Trajetória de vida profissional: a história de vida de uma professora de educação física. Anais do Simpósio de Formação de professores – UFSCAR, p. 170.

  • Castellani Filho, L. (2003). Educação física no Brasil: A história que não se conta. 8ª edição, Campinas, SP: Ed. Papirus.

  • Coll, C. e Valls, E. (1998). Os conteúdos na reforma: ensino e aprendizagem de conceitos, procedimentos e atitudes. Porto Alegre, RS: Artmed.

  • Ferreira, V. L. C (1984). Pratica de educação física no 1º grau: modelo de reprodução ou perspectivas de transformação?. São Paulo: IBRASA.

  • Ghiraldelli Jr, P. (1988). Educação Física progressista. São Paulo: Loyola.

  • Lawson, H. A. (1993). Teacher’s uses of research in practice: a literature review. Journal of teaching in physical education: v. 12, p. 366-374.

  • Perrenoud, P. (1993). Práticas pedagógicas, profissão docente e formação - perspectivas sociológicas. Lisboa: Dom Quixote.

  • Schön, D. A. (1992). Formar professores como profissionais reflexivos. Lisboa: Dom Quixote.

  • Taffarel, C. N. Z. (1991). Criatividade nas aulas de Educação Física. Rio de Janeiro: Ao livro técnico.

  • Tubino, M. J. G. (1980). Em busca de uma tecnologia educacional para as escolas de educação física. São Paulo: IBRASA.

  • Zeichner, K. (1992). Novos caminhos para o practicum: uma perspectiva para os anos 90. Lisboa: Dom Quixote.

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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 21 · N° 215 | Buenos Aires, Abril de 2016
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