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Relação entre índice de massa corporal e a 

pressão arterial de pacientes do programa Hiperdia

Relación entre el índice de masa corporal y la presión arterial en pacientes de programa Hiperdia

Relationship between body mass index and blood pressure in patients of program Hiperdia

 

*Fisioterapeuta, Acadêmico do curso de Medicina, UEPA, Campus Santarém

**Doutora em Biotecnologia, Docente do Curso de Medicina, UEPA

Campus Santarém, Pará

(Brasil)

Reli José Maders*

relimaders@hotmail.com

Eliandra de Freitas Sia**

eliandra.sia@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo desta pesquisa foi descrever a relação entre o Índice de Massa Corporal e a Pressão Arterial dos pacientes hipertensos cadastrados no Programa HIPERDIA da comunidade de Boa Esperança em Santarém – PA. Para a realização deste estudo foi realizado levantamento de prontuários dos pacientes cadastrados no programa HIPERDIA, tabuladas e analisadas conforme os recursos da estatística descritiva, através do Microsof Office Excel©, versão 2010, para a análise inferencial foi verificado a normalidade dos dados através do Teste D’Agostinho (K amostras), as que apresentavam distribuição normal, era utilizado o teste de correlação de Pearson, para os não normais utilizava-se o teste de correlação de Sperman, posteriormente realizava-se a regressão através do teste de Regressão Linear Simples, mediante a utilização do aplicativo Bioestat® 5.0, com p < 0,05. Dentre os principais resultados destaca-se: o predomínio do sexo feminino. O IMC da amostra foi de 27.81±4.75 e do Índice Pressórico Médio (IPM) de 107.21±16.98, com correlação média baixa entre as variáveis, sendo apenas 1.8% dos valores do IPM justificados pelo IMC. Quando comparado por faixa etária tais variáveis houve destaque para a faixa compreendida entre 80-89 anos em que 23% do IPM foi justificado pelo IMC. Quando analisados por gênero e faixa etária, houve destaque para o gênero masculino na faixa etária de 50-59 anos, com correlação média alta com significância estatística entre as variáveis, e 45% dos valores do IPM são justificados pelo IMC. Estes resultados mostram o quanto são importantes os inquéritos epidemiológicos, justificando assim, a agregação de outros profissionais na equipe, como o Educador Físico e o Nutricionista.

          Unitermos: Hiperdia. Hipertensão arterial. Índice de Massa Corporal.

 

Abstract

          The aim of this study was to describe the relationship between body mass index and blood pressure of hypertensive patients registered in HIPERDIA of Good Hope community program in Santarém - PA. For this study was conducted survey of medical records of patients registered in HIPERDIA program, tabulated and analyzed according to the features of descriptive statistics, through Microsof Office Excel ©, version 2010, for the inferential analysis was assessed normality of the data through the Test D'Augustine (K samples), those who had a normal distribution, was used the Pearson correlation test for non-normal used the Spearman correlation test subsequently performed regression was through simple linear regression test through the use of Bioestat® 5.0 application, with p <0.05. Among the main results stand out: the predominance of females. The BMI of the sample was 27.81 ± 4.75 and Medium pressure index (MPI) of 107.21 ± 16.98, with a low average correlation between variables, only 1.8% of the values ​​of IPM justified by BMI. When compared by age group such variables was highlighted for the group between 80-89 years in which 23% of the IPM was explained by BMI. When analyzed by gender and age group, there were prominent in males aged 50-59 years, with average high statistically significant correlation between the variables, and 45% of the IPM values ​​are justified by BMI. These results show how epidemiological surveys, thus justifying the aggregation of other professionals on the team, as the Physical Educator and Nutritionist are important.

          Keywords: Hiperdia. Hypertension. Body Mass Index.

 

Recepção: 18/05/2015 - Aceitação: 22/11/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 214, Marzo de 2016. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O programa HIPERDIA é um sistema informatizado desenvolvido pelo Ministério da Saúde e disponibilizado aos estados e municípios, para o cadastramento, acompanhamento e garantia de recebimento dos medicamentos prescritos aos pacientes atendido na rede ambulatorial do SUS (Brasil, 2006; Ferreira e Ferreira, 2009). Tem suporte no Programa Nacional de Assistência Farmacêutica garantindo a oferta de medicamentos, além de acompanhamento e avaliação dos impactos da morbi-mortalidade em decorrência de tais patologias. (Brasil, 2006).

    Diversos estudos têm demonstrado a relação da Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), e os indicadores antropométricos que refletem o excesso de tecido adiposo corporal. A HAS pode ser definida como doença cardiovascular, que acomete o coração e os vasos sanguíneos (Sociedades Brasileiras de Cardiologia, Hipertensão & Nefrologia, 2010). Ou ainda como síndrome cardiovascular progressiva, surgindo a partir de complexos e inter-relacionados aspectos etiológicos (Póvoa, 2007).

    Dentre os principais fatores de risco para o desenvolvimento da HAS, a Sociedade Brasileira de Cardiologia, Hipertensão & Nefrologia (2010), destaca: idade, gênero e etnia, fatores socioeconômicos e genéticos, sobrepeso e outros.

    Guyton & Hall (2011) indicam que a maior parte dos pacientes com HAS apresenta excesso de peso, e que estudos de diferentes populações já mostravam que a obesidade e o sobrepeso podem ser responsáveis por até 65-70% do risco de desenvolvimento da HAS.

    Dessa forma, destaca-se o Índice de Massa Corporal (IMC), obtido pela divisão do peso em quilogramas pelo quadrado da altura em metros. O IMC mostra a proporção do tecido adiposo sem levar em conta sua localização, sendo um indicador extremamente útil, de fácil interpretação e aplicável à maioria das pacientes adultos para se avaliar o estado nutricional.

    Neste contexto a relação entre IMC e a HAS é amplamente estudada, evidenciando íntima correlação, seja com um dos fatores de risco, ou mesmo piorando os quadros hipertensivos.

    Portanto é de suma importância estudar tais relações, distribuídos entre os gêneros e entre as faixas etárias, para que possa ser alvo, de forma mais individualizada, de programas educativos e mesmo de intervenções mais contundentes dos profissionais responsáveis pelo atendimento dos pacientes cadastrados e acompanhados pelo HIPERDIA. Temos por objetivo descrever relação entre o IMC e a PAS dos pacientes hipertensos cadastrados no Programa HIPERDIA da comunidade de Boa Esperança em Santarém – PA.

Metodologia

    Trata-se de uma pesquisa quantitativa, descritiva e retrospectiva (Fontelles, 2010). Realizado na comunidade Boa Esperança, na zona rural do Município de Santarém – PA. A coleta de dados ocorreu em fixas cadastrais do programa HIPERDIA, no setor de arquivos da referida comunidade, no período de Janeiro e Fevereiro de 2014.

    No presente estudo foram investigados todos os prontuários, dos quais foram incluídos 121 correspondentes aos pacientes com HAS, tendo como critérios de exclusão prontuários cujos dados de interesse para este estudo estiveram incompletos ou ilegíveis; fichas de cadastro perdidas; fichas de cadastro de pacientes que não freqüentam o Programa HIPERDIA no referido Centro de Saúde; fichas de pacientes que não possuem HAS.

    Os dados foram processados através de recursos da estatística descritiva a partir do programa Excel (Microsoft for Windows, 2010). Para a análise inferencial, foi verificada a normalidade dos dados através do Teste D’Agostinho (K amostras). Para as variáveis com distribuição normal, utilizou-se o teste paramétrico de correlação de Pearson. Para os dados que não apresentaram distribuição normal, foi utilizado o teste não paramétrico de correlação de Spearman. Para a análise de Regressão utilizou-se o teste de Regressão Linear Simples. O aplicativo utilizado foi o Bioestat® 5.0, com p < 0,05 para a significância estatística.

    Os preceitos éticos adotados no presente trabalho seguiram as normas da resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.

Resultados e discussão

Resultados

    A amostra constou de 66.12% (61.74 ± 10.99 anos) e de 33.88% (65.95 ± 9.88 anos.) do gênero feminino e masculino respectivamente.

    Na tabela 01 se descreve a correlação entre Índice Pressórico Médio e o Índice de Massa Corporal da amostra estudada.

Tabela 01. Correlação do IMC e Índice Pressórico Médio dos pacientes com Hipertensão Arterial Sistêmica

    Observa-se que a correlação entre o Índice Pressórico Médio (IPM) e o Índice de Massa Corporal apresentou correlação média baixa (R = 0.20), sem apresentar significância estatística (p > 0.05) entre as mesmas e apenas 1.8% (R2 = 0.018) do IPM são explicados pelo valor do IMC.

    Na tabela 02 apresenta-se a correlação entre o IMC e o IPM por faixa etária da amostra estudada.

Tabela 02. Correlação do IMC e o Índice Pressórico Médio

por faixa etária dos pacientes com Hipertensão Arterial Sistêmica

    Destaca-se na tabela 02 a correlação entre o IPM e o IMC na faixa etária compreendida entre 40-49 anos com correlação média negativa (R = - 0.43), sem apresentar significância estatística (p > 0.05), e que 10% (R2 = 0.10) do IPM são explicados pelo valor do IMC. E a correlação entre IPM e o IMC da faixa etária compreendida entre 80 – 89 anos, com correlação média (R = 0.54), sem apresentar significado estatístico (p > 0.05), e com 23% (R2 = 0.23) dos valores pressóricos são justificados pelos valores da massa corporal para essa faixa etária.

    Na tabela 03 apresenta-se a correlação entre IPM e IMC por sexo e faixa etária da amostra estudada.

Tabela 03. Correlação entre Índice Pressórico Médio e IMC por sexo

e faixa etária dos pacientes com Hipertensão Arterial Sistêmica

    Quando analisado por gênero a correlação do IPM e do IMC, percebe-se no gênero masculino uma correlação média baixa (R = 0.20), sem significância estatística (p > 0.05), e 2% (R2 = 0.02) dos valores do IPM, são justificados pelo IMC. No gênero feminino percebe-se uma correlação baixa (R = 0.02) e 0.2% (R2 = 0.02) dos valores pressóricos médios são justificados pelos valores da massa corporal para a amostra estudada.

    Destaca-se a faixa etária 50 – 59 anos, para o gênero masculino apresentando uma correlação média alta (R = 0.72), com significância estatística (p < 0.05), e 45% (R2 = 0.45) dos valores pressóricos médios são justificadas pelos valores da massa corporal para a amostra estudada. E na faixa etária entre 80 – 89 anos, observa-se no sexo masculino uma correlação média alta (R = 0.65), sem significância estatística (p > 0.05), com 24% (R2 = 0.24) dos valores pressóricos médios são justificados pelos valores da massa corporal para a amostra estudada.

Discussão

    Quanto ao gênero houve predomínio do feminino em nossos estudos. Alvarez et al. (2010) nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) da cidade de Criciúma – PR, também encontraram um predomínio de pacientes hipertensos do sexo feminino (62,3%) em detrimento do masculino (37,7%) atendidos pelo programa HIPERDIA.

    Lima et al. (2011), também corrobora com este estudo, pois em sua pesquisa em que analisou o perfil de pacientes atendidos em três UBS do município de Pelotas - RS, o qual apresentou prevalência do sexo feminino (69,6%) em detrimento do masculino (30,4%). Assim como em estudos realizados por Oliveira e Lange (2011), que realizaram o perfil epidemiológico de pacientes hipertensos do programa HIPERDIA em uma UBS no município de Herval – RS, no qual, encontraram predomínio do sexo feminino (65,8%) sobre o masculino (34,2%).

    Quanto à idade dos pacientes catalogados em nossa pesquisa observa-se para o gênero masculino e feminino média de 65.95 e 61.74 anos respectivamente. Resultados de Piati, Felicetti e Lopes (2009), aproximam-se deste, pois seus pesquisados apresentaram média de idade de 63.6 anos (mínimo de 24 anos e máximo de 86 anos). Para Souza (2011), a média de idade de pacientes com Hipertensão no município de Ji-Paraná – RO foi de 66,1±4,01.

    Pesquisa de Tomé, Nazário e Rosa (2009) em que objetivaram analisar e correlacionar o Índice de Massa Corporal, a Circunferência Abdominal, a Relação Cintura-Quadril e a Hipertensão Arterial Sistêmica como preditores de doenças cardiovasculares em idosos, também encontraram valores de IMC 28,48± 4,26 kg/m², similares aos encontrados nesta pesquisa para o gênero masculino e feminino (IMC=27.77 ± 4.53; 27.83 ± 4.89) respectivamente.

    A associação entre HAS e obesidade tem sido estudada e comprovada em uma gama de estudos realizados em diferentes regiões do país (Feijão et al. 2005; Costa et al. 2007). No cenário mundial, vários estudos epidemiológicos vêm mostrando que a prevalência de hipertensão arterial é mais elevada em indivíduos com peso acima do normal do que naqueles dentro da faixa de peso normal (Martins, 2001).

    Novo (2005) aponta relação entre sobrepeso, obesidade e obesidade extrema com hipertensão arterial. Associação positiva foi encontrada por Boaventura e Guandalini (2007) em estudos realizados no Ambulatório Universitário de Nutrição na cidade de São Carlos – SP, com 303 indivíduos adultos, sendo 73 hipertensos. Afirma ainda que ambas variáveis estão diretamente relacionadas ao desenvolvimento de patologias cardiovasculares.

    Estudos realizados por Amer, Marcon e Santana (2010), na cidade de Nova Andradina – Mato Grosso do Sul, com pacientes atendidos pelo Programa de Saúde da Família, relacionam de forma significativa o ganho nos níveis pressóricos com o aumento do IMC, tendo como principal fator de risco a inatividade física.

    Ainda segundo Carneiro et al. (2003), a prevalência de Hipertensos no grupo com sobrepeso (IMC 25- 29,9kg/m2) foi de 23%. Por outro lado, em pacientes com obesidade grau III (IMC > 40kg/m2) a prevalência de Hipertensos foi de 67,1%. A íntima relação entre a HAS e a obesidade ou sobrepeso se mostrou forte e consistente tanto em adultos como em crianças e adolescentes, o que demonstra a necessidade de controle e tratamento (Porto et al. 2002; Jardim et al. 2007).

    Lopes, Barreto – Filho e Riccio (2003) afirmam que Indivíduos com sobrepeso, comparados com indivíduos com peso absolutamente normal, têm risco aumentado de desenvolver Hipertensão de 180%. Estudo realizado por Jardim et al. (2007) realizado em Fortaleza, também mostrou que o risco para Hipertensão Arterial é igual a 2,04 e 4,08 para excesso de peso e obesidade, respectivamente, independentemente do sexo.

    Em Belém – PA o risco entre excesso de peso e HAS em ambos os sexos é igual a 1,80 em homens e 2,49 em mulheres na pré-obesidade, e 6,33 e 3,33, para homens e mulheres, respectivamente, na obesidade (Borges, Cruz e Moura, 2008).

    O ganho de peso em médio e longo prazo aumenta substancialmente a incidência de Hipertensão e a perda de peso reduz os índices pressóricos. Estimativas do estudo de Framingham sugerem que cerca de 70% dos casos novos de Hipertensão Arterial poderiam ser atribuídos à obesidade ou ao ganho de peso. Já no Nurses’ Health Study, um aumento no IMC de 01 kg/m2 foi associado a um aumento de 12% no risco de hipertensão (Peixoto et al. 2006).

    Desta forma verifica-se uma íntima relação ente os ganhos ponderais e o aumento dos valores pressóricos, tanto em vários estudos realizados em diversas regiões do país, quanto neste. Justificando assim, programas educacionais e de atividades físicas regulares, para os pacientes do programa HIPERDIA, com o objetivo de reduzir tanto o IMC, quanto os valores da Pressão Arterial, diminuindo os índices de morbimortalidade e aumentando a qualidade de vida dessa população.

Considerações finais

    Quanto à comparação entre Índice de Massa Corporal e o Índice Pressórico Médio observou-se correlação baixa, sem significância estatística entre as mesmas, e 1.8% dos valores pressóricos são explicados exclusivamente pelo aumento do IMC, para a amostra estudada. Em determinadas faixas etárias específicas observou-se índices mais elevados e que os valores pressóricos são mais influenciados pelos valores do IMC. Justifica-se assim, a introdução do profissional de Educação Física e do Nutricionista junto ao programa HIPERDIA com o objetivo de promover atividades físicas adaptadas para este grupo de pacientes, e alimentação balanceada, proporcionando um estilo de vida mais saudável e, por conseguinte, reduzir o IMC desses pacientes, que são fatores de risco que contribuem para problemas cardiovasculares. Além da realização de outros estudos em outras localidades com uma amostra mais significativa, para que possa corroborar ou refutar nossos resultados.

Bibliografia

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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 20 · N° 214 | Buenos Aires, Marzo de 2016
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