A contribuição da prática da dança para o desenvolvimento da autonomia funcional de idosos La contribución de la práctica de baile para el desarrollo de la autonomía funcional de personas mayores The contribution of dance practical to the development of functional autonomy of elderly |
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*Professora de Educação Física especializanda em Exercício Físico, Saúde e Qualidade de Vida – Faculdade São Francisco de Barreiras - Bahia/BA **Professora Mestre em Educação Física - Faculdade São Francisco de Barreiras - Bahia/BA ***Professor Mestre em Educação Física - Faculdade São Francisco de Barreiras - Bahia/BA (Brasil) |
Thayla Araújo Lobake* Luana Mann** Julio Francisco Kleinpaul*** |
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Resumo O presente estudo objetivou identificar a contribuição da prática da dança para o desenvolvimento da autonomia funcional de idosos, com constatação também de aspectos cognitivos. Foram avaliadas 23 idosas sedentárias que participaram de aulas de dança durante três meses, tendo cada aula duração de uma hora, três vezes na semana. O protocolo utilizado foi do Grupo de Desenvolvimento Latino-Americano para a Maturidade (GDLAM, 2004), contudo para analisar os aspectos cognitivos utilizou-se o Mini Exame do Estado Mental – MEEM (Folstein, Folstein & Mchugh, 1975). As variáveis foram mensuradas em pré e pós teste, após foi feito o diagnóstico dos resultados verificando que houve considerável melhora no IG (Índice geral) de 30,86 para 27,6 considerando que quanto menor o índice melhor a autonomia funcional do indivíduo em estudo, logo, o grupo apresentou uma melhora estatisticamente significativa. Além disso, percebeu-se que o aspecto cognitivo das idosas teve pontuação mínima de 20 pontos em pós teste, enquanto em pré teste houve pontuação de 17 e 18 pontos, havendo assim um desenvolvimento das participantes. Observa-se o incremento das capacidades funcionais e cognitivas das idosas após as aulas de dança, ratificando a contribuição do exercício físico para a qualidade de vida na terceira idade. Unitermos: Dança. Terceira idade. Autonomia funcional.
Abstract This study aimed to identify the Dance practical contribution to the development of functional autonomy of elderly people with finding also cognitive aspects. They evaluated 23 sedentary elderly who participated in dance classes for three months, with each lesson lasting an hour, three times a week. The protocol used was the Latin American Development Group for Maturity (GDLAM, 2004), but to analyze the cognitive aspects we used the Mini-Mental State Examination - MMSE (Folstein, Folstein & Mchugh, 1975). The variables were measured in pre and post-test after the diagnosis was made of the results verifying that there has been considerable improvement in the IG (general index) of 30.86 to 27.6 whereas the lower the better index the functional autonomy of the individual in study hence the group showed a statistically significant improvement. Furthermore, it was noticed that the cognitive aspect of older had a minimum score of 20 points post-test while in pretest score was 17 points and 18, so there is a development of participants. It is observed the increase of functional and cognitive abilities of the elderly after the dance classes, confirming the contribution of physical exercise to the quality of life in old age. Keywords: Dance. Elderly. Functional autonomy.
Recepção: 05/11/2015 - Aceitação: 25/02/2016
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 214, Marzo de 2016. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O Ser Humano desde o momento que nasce vai experimentando experiências novas, a cada novo dia de vida ele aprende algo surpreendente, inovador que para o seu mundo não existia, esse processo de acumulação de informação proporciona a construção de um novo ser humano, o qual em uma determinada época viverá dependente de ajuda de outra pessoa para desenvolver atividades; entretanto esse fato tem mudado de acordo com a qualidade de vida na terceira idade.
A prática de exercício físico tem contribuído de maneira relevante para a autonomia funcional dos seres humanos em todas as idades, principalmente na terceira idade em que movimentos do cotidiano se tornam de difícil realização, logo é necessário considerar a importância de exercitar-se, para que ocorra uma melhoria na qualidade, em conseqüência na expectativa de vida.
De acordo dados do último Censo divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE 2010) apontam que a expectativa de vida do brasileiro atingiu 73,4 anos em 2010, um aumento de 25,4 anos em comparação à década de 1960. O aumento na longevidade do brasileiro está relacionado diretamente qualidade de vida, já a terceira idade hoje não pode ser considerada uma idade sedentária, pois os idosos a cada dia os mesmos aumentam a prática de exercícios físicos.
De acordo com Aragão (2002) as pessoas necessitam ser ativas para serem saudáveis. Fato que na atualidade se torna raro, já que para se ter uma vida financeira estável a população possui mais horas de trabalho que o previsto e, em decorrência menos tempo para praticar alguma atividade física, tornando-se assim pessoas sedentárias.
Palma (2000) afirma que a idéia de saúde tem sido traduzida, principalmente, como ausência de doenças e de acordo com a Organização Mundial da Saúde, citado por Lewis (1986) "um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade".
O bem-estar físico supracitado é conquistado principalmente com a prática de exercícios físicos, em que o benefício se torna além de físico, mental, pois ao movimentar-se o idoso se torna mais confiante, risonho, interferindo diretamente em sua autoestima.
O leque de opções de atividade física faz responsabilizar os educadores físicos para uma prática que motive a terceira idade a se exercitar e se mostrar vivo, logo se insere nesse contexto a Dança como uma atividade que contribua pra a melhoria de aspectos biológicos e cognitivos dos idosos.
A atividade física tem a capacidade de proporcionar a inclusão social, desenvolver a autoestima, a autoconfiança, a socialização, diminuir a timidez, entre outros benefícios para seus praticantes, por tais contribuições na personalidade, no estilo de vida das pessoas o presente estudo pretende verificar se a pratica de exercícios físicos em particular a participação em aulas de dança pode contribuir para os idosos em aspectos biológicos, como resistência muscular e flexibilidade e, ou aspectos cognitivos como a concentração
Diante dos fatos analisados pergunta-se: A prática da dança influencia nos aspectos biológicos e psicológicos na terceira idade?
Metodologia
A presente pesquisa caracteriza-se como sendo de caráter quantitativo experimental. O estudo foi realizado em um espaço de dança da cidade de Barreiras-BA. Compuseram o grupo de estudo 23 idosas do sexo feminino. As mesmas foram submetidas a um tratamento que envolveu 36 sessões de dança. Antes do início das atividades foram realizadas as coletas de pré teste e após as 36 sessões os mesmos testes foram refeitos.
Os mesmos ocorreram individualmente para resguardar a identidade das idosas, sendo conduzidos pelo pesquisador responsável. As aulas foram ministradas três vezes na semana, (segundas, quartas e sextas-feiras) com a duração de uma hora cada sessão, e obedeciam a seguinte programação:
1° momento - alongamento para a iniciação das atividades;
2° momento - dançar uma música com movimentos aeróbicos com intuito de aquecimento;
3° momento - ensinar passo a passo da coreografia;
4° momento - dançar a coreografia ensinada sem interrupção;
5° momento - alongamento de relaxamento.
Para verificar a autonomia funcional das idosas foi utilizado o protocolo do Grupo de Desenvolvimento Latino-Americano para a Maturidade, (Dantas & Vale, 2004), para analisar os aspectos cognitivos utilizou-se o Mini Exame do Estado Mental – MEEM, (Folstein, Folstein & Mchugh, 1975).
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da instituição onde foi desenvolvido com CAAE 10970712.5.0000.5026.
Foram adotados como critérios para inclusão dos sujeitos:
Ter mais de 60 anos, participar de todas as sessões do tratamento, assinar o TCLE, não ter deficiência física ou mental.
Análise estatística
Todos os procedimentos estatísticos foram realizados no pacote estatístico PASW 20.0 (SPSS, Statistical Package for the Social Sciences). Utilizou-se estatística descritiva para medidas de tendência central (média) e de dispersão (desvio-padrão) na apresentação dos dados. A fim de verificar se os dados possuíam distribuição normal, aplicou-se o teste de Shapiro-Wilk, o qual comprovou a normalidade dos mesmos. O Teste t de Student pareado foi aplicado para comparar as variáveis avaliadas em pré e pós teste. Os resultados de todas as análises foram considerados significativos quando p < 0,05.
Resultados e discussão
Após a aplicação dos testes da Autonomia Funcional, realizando o Protocolo de GDLAM, e o do Aspecto Cognitivo com o Mini Exame do Estado Mental (MEEM), foram obtidos resultados diversos, observando que foram coletados dados antes do início das aulas de Dança, e após a realização das 36 sessões.
Os resultados apresentados antes da prática das aulas foram os seguintes:
Tabela 1. Autonomia Funcional em pré-teste e pós-teste, testes de caminhar 10m (C10m), levantar-se da posição sentada (LPS), levantar-se da posição
decúbito ventral (LPDV) e levantar-se da cadeira e locomover-se pela casa (LCLC), Índice de GLDAM em escores (IG), vestir e tirar a camisa (VTC)
|
C10M |
LPS |
LPDV |
LCLC |
IG |
VTC |
||||||
Pré |
Pós |
Pré |
Pós |
Pré |
Pós |
Pré |
Pós |
Pré |
Pós |
Pré |
Pós |
|
Média |
10,63 |
10,0 |
11,66 |
9,6 |
4,97 |
3,3* |
38,15 |
37,9 |
30,86 |
27,6* |
8,96 |
7,5* |
DP |
1,1 |
1,1 |
6,4 |
2,3 |
1,2 |
0,8 |
5,7 |
5,2 |
5,6 |
3,8 |
2,0 |
1,5 |
Máximo |
12,4 |
11,7 |
38,9 |
14,1 |
7,4 |
5,0 |
48,6 |
48,8 |
48,2 |
35,3 |
14,3 |
10,0 |
Mínimo |
8,11 |
6,25 |
6,18 |
3,93 |
3,44 |
2,03 |
26 |
25,94 |
22,78 |
20,75 |
6 |
4,71 |
* p<0,05 representa valor estatisticamente significativo para o teste-t de Student entre as situações de pré e pós teste
Analisando os valores estatísticos da tabela o IG (índice de GDLAM em escores), no pós teste houve uma alteração significativa estatisticamente, sendo esse requisito um dos mais relevantes do estudo, já que este ponto em discussão é uma análise total, um índice geral de todos os testes realizados, necessitando realmente para a relevância do estudo que o IG houvesse alteração, demonstrando que foi menor o valor do pós teste em relação ao pré teste.
Considerando ainda o VTC (vestir e tirar a camisa), teste esse incluído ao protocolo para complementar a análise da autonomia funcional, o valor também teve diferença significativa estatisticamente em relação ao pré e pós teste, sendo nítido o valor menor no pós teste, logo, uma evolução do grupo de idosas, ou ainda, uma melhora da autonomia funcional das idosas que participaram das aulas.
Os outros itens que não obtiveram um abatimento significativo estatisticamente nos escores encontradas, houve uma redução nos valores em relação à diferença do escore mínimo e máximo, ou seja, a diferença entre ambas foi menor, mesmo quando os testes não obtiveram valores relevantes para a estatística, existiu uma redução, então uma evolução.
Segundo Dantas e Vale (2004) a autonomia é definida em três aspectos: de ação- referindo a conhecimento de independência física; de vontade- referindo-se à possibilidade de autodeterminação e de pensamento que permite ao indivíduo julgar qualquer situação. Determina então que a autonomia não pode ser conceituada em apenas um aspecto, mas um contexto.
Baseando-se na citação anterior que o protocolo de avaliação de autonomia divide-se em quatro etapas (LPS, LPVD, LCLC e VTC) já explanadas anteriormente, sendo cada etapa executada com sua particularidade.
O IG (índice de GDLAM em escores) foi calculado por um processo de normatização entre os quatro testes de autonomia, para estimar um valor em escores. Este cálculo foi elaborado através de uma equação proposta a seguir:
Onde:
IG = Índice geral
C10m = Caminhar 10m
LPS = levantar-se da posição sentada
LPDV = levantar-se da posição decúbito ventral
LCL = levantar-se da cadeira e locomover-se pela casa.
De acordo aos testes realizados o IG (Índice de GLDAM em escores) foi:
Gráfico 1. Valores Índice de GDLAM em escores (IG) do pré-teste e pós teste
Para avaliar o gráfico é preciso comparar com a tabela de valores padrão oferecida por Dantas e Vale (2004). A mesma determina que:
Tabela 2. Padrão de avaliação da Autonomia Funcional do Protocolo GDLAM. Caminhar 10m (C10m), levantar-se da posição sentada (LPS),
levantar-se da posição decúbito ventral (LPDV) e levantar-se da cadeira e locomover-se pela casa (LCLC), Índice de GLDAM em escores (IG)
Testes Classif. |
C10m (seg) |
LPS (seg) |
LPVD (seg) |
LCLC (seg) |
IG (escores) |
Fraco |
+7,09 |
+11,19 |
+4,40 |
+43,00 |
+28,54 |
Regular |
7,09-6,34 |
11,19-9,55 |
4,40-3,30 |
43,00-38,69 |
28,54-25,25 |
Bom |
6,33-5,71 |
9,54-7,89 |
3,29-2,63 |
38,68-34,78 |
25,24-22,18 |
Muito bom |
-5,71 |
-7,89 |
-2,63 |
-34,78 |
-22,18 |
Percebe-se que a maioria das idosas tiveram um resultado fraco de uma maneira geral em um total de 14 voluntárias das 23 que participaram dos testes, enquanto seis delas obtiveram o resultado regular e somente três se enquadraram em um tempo bom para execução das atividades na avaliação realizada em pré teste.
Dantas e Vale (2004) Consideram que a autonomia funcional está agregada às atividades do cotidiano, o índice geral (IG) foi criado para representar o nível da autonomia nos indivíduos idosos. Devido à natureza dos movimentos e sua relação ao cotidiano, o conjunto de testes realizados parece permitir uma visão geral de sua funcionalidade.
O IG obtido após a aplicação das aulas foi melhor, ou seja, menor tempo de realização que em pré teste. Tal fato pode ser assim ratificado no estudo de Pinto (2008) que no desenvolvimento do mesmo cita autores que declaram que a atividade física como a dança melhora a flexibilidade, aumenta e melhora a circulação sanguínea e os movimentos articulares, além de suavizar o risco de doenças cardiovasculares, problemas do aparelho locomotor e o sedentarismo, fazendo com que o indicador de depressão e ansiedade seja menor.
Segundo Lorda (1995), a dança em particular, é uma “Atividade físico-recreativa identificada constantemente como uma das intervenções de saúde mais significativas da vida das pessoas de idade avançada”.
Para melhor validar os estudos e a aplicação dos testes foi realizado o VTC, que segundo estudos de Dantas e Vale (2004) é utilizado como uma complementação no Protocolo de GDLAM para uma melhor validação da Autonomia Funcional, e neste estudo os resultados encontrados foram:
Gráfico 2. Teste VTC (vestir e tirar a camisa) pré-teste e pós teste
Percebe-se que muitas idosas realizaram o teste de vestir e tirar a camisa (VTC) em até nove segundos e que uma pequena quantidade executou entre 12 e 14 segundos ou mais, sendo essencial a análise do referido teste para que possa ser compreendido em que nível de independência para execução de atividades diárias a voluntária se encontra.
Dantas e Vale (2004) relatam com a inclusão do VTC, o Padrão do Protocolo de GDLAM de autonomia funcional fica mais completo. Isso demonstra a iniciativa de estabelecer um teste que se propõe a mensurar um movimento que tende a apresentar dificuldade de realização com o envelhecimento, já que existe uma diminuição na flexibilidade, além disso, este teste inclui uma das atividade mais rotineiras e repetitivas do dia a dia do idoso.
Dantas e Vale (2004) ainda afirmam que para analisar o teste de VTC, deve ser considerado o tempo de execução, ou seja, quanto menor o tempo de duração da atividade, melhor para o indivíduo, podendo afirmar que maior é sua habilidade para executar esse tipo de atividade que se enquadra nas AVDs, não podendo comparar os dados do presente trabalho com um padrão de escores, pois ainda não foi construído para avaliar o teste de VTC.
O presente trabalho ainda analisou aspectos cognitivos das participantes, apresentado os seguintes resultados:
Gráfico 3. Teste Cognitivo - Mini Exame do Estado MENTAL (MEEM) pré-teste e pós-teste
Tabela 3. Aspecto cognitivo pré-teste e pós-teste
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Pontuação |
|
Idosa |
Pré-teste |
Pós-teste |
1 |
21 |
25 |
2 |
21 |
25 |
3 |
20 |
22 |
4 |
24 |
21 |
5 |
24 |
26 |
6 |
18 |
26 |
7 |
28 |
20 |
8 |
22 |
29 |
9 |
28 |
26 |
10 |
25 |
27 |
11 |
29 |
26 |
12 |
23 |
27 |
13 |
20 |
24 |
14 |
25 |
26 |
15 |
23 |
24 |
16 |
25 |
23 |
17 |
28 |
25 |
18 |
28 |
28 |
19 |
26 |
28 |
20 |
21 |
27 |
21 |
23 |
21 |
22 |
26 |
23 |
23 |
27 |
27 |
De acordo com o teste sobre o aspecto cognitivo, classificam-se como estado normal as pessoas que fizeram 27 pontos, e demência menor ou igual a 24 pontos, analisa-se que somente seis idosas se enquadram na classificação normal das 23 idosas que fizeram parte da amostragem em pré-teste e oito em pós teste.
Converso e Lartelli (2007) relatam que o MEEM foi criado por Folstein, Folstein e Mchugh, (1975) e traduzido por Bertolucci, Brucki, Campacci e Juliano (1994), o mesmo é formado por várias questões separadas em sete conjuntos, cada uma delas com o objetivo de avaliar funções cognitivas: orientação para tempo (5 pontos), orientação para local (5 pontos), registro de três palavras (3 pontos), atenção e cálculo (5 pontos), lembrança das três palavras (3 pontos), linguagem (8 pontos) e capacidade construtiva visual (1 ponto).
De acordo com Almeida (1998, citado por Converso & Lartelli, 2007) os escores do MEEM, sofrem interferência com o grau de escolaridade, devendo existir ponto de corte caso exista menos de 4 anos de escolaridade. Além disso outro fator que influencia o resultado é a idade, devendo de fato ser considerada nesse estudo já que foi realizado com a terceira idade e sem execução de atividade física que interfere no aspecto cognitivo. As voluntárias do presente trabalho não se enquadraram no ponto de corte, pois todas apresentaram mais de 4 anos de escolaridade.
As voluntárias tiveram pontuação mínima de 20 pontos em pós teste, enquanto no primeiro teste houve pontuação de 17 e 18 pontos, sendo importante ressaltar que um grande número obteve resultados entre 26 e 28 pontos, demonstrando a melhora que existiu em concentração, orientação espacial nas participantes assíduas nas aulas de dança.
Considerações finais
Analisando os resultados encontrados, foi perceptível que o primeiro teste (pré teste) aplicado com as idosas sem a interferência da atividade física apresentou um valor já esperado para as mesmas, as quais se enquadravam como sedentárias, demonstrando dessa maneira dificuldades para realizar diversas atividades, como levantar de uma cadeira, vestir uma camisa, atividades estas que se enquadram em rotineiras, interferindo diretamente na qualidade de vida, pois quanto mais obstáculos existir para execução dessas atividades, maior será sua dependência, por conseguinte menor sua autonomia funcional.
O pós-teste que avaliou a autonomia funcional obteve resultados melhores que o primeiro, a força/resistência muscular para realizar o teste do LPDV foi bem maior, a agilidade e flexibilidade para executar o teste do VTC, entre outros avanços na agilidade, coordenação motora, que com o cálculo do IG foi perceptível. Podendo dessa maneira demonstrar quão benéficas foram as aulas de dança para as participantes da pesquisa, já que com esta prática as idosas se tornaram mais ativas, menos cansadas, a lateralidade foi reacendida, além do condicionamento para realizar as AVDs foi melhorado consideravelmente, conforme relato das participantes.
O aspecto cognitivo também analisado proporcionou resultados ruins quando se analisa a concentração, orientação espacial, entre outros aspectos, condizentes com a falta de atividade física das voluntárias, uma vez a prática de qualquer atividade melhora o aspecto cognitivo, principalmente na terceira idade. Nesse mesmo pensamento o pós-teste apresentou uma melhora considerável nos resultados, demonstrando o benefício proporcionado pela prática da dança na terceira idade.
A dança proporcionou uma melhora na autoestima, nesse caso demonstrou ao idoso que ele pode se divertir, além de proporcionar uma socialização do grupo participante, formando novas amizades, reencontrando antigas, tornando-as mais autoconfiantes, demonstrando para as mesmas que a atividade física deve ser independente da idade, contribuindo para uma vida saudável e ativa.
Bibliografia
Aragão, J.C.B.; Dantas, E.H.M. & Dantas, B.H.A. (2002). Efeitos da resistência muscular localizada visando a autonomia funcional e a qualidade de vida do idoso. Fitness & Performance Journal, 1 (.3), 29-37.
Bertolucci P.H., Brucki S.M., Campacci S.R., Juliano Y. (1994). O mini-exame do estado mental em uma população geral: impacto da escolaridade. Arq Neuropsiquiatr. 52. 1-7.
Converso, M. E. R. & Lartelli, I. (2007). Caracterização e análise do estado mental e funcional de idosos institucionalizados em instituições públicas de longa permanência. J. bras. psiquiatr. 56 (4), 267-272.
Dantas, E.H.M. & Vale, R.G.S. (2004). Protocolo GDLAM de avaliação da autonomia funcional. Fitness & Performance Journal, 3 (3), 175-182.
Folstein M. F., Folstein S.E., McHugh P.R. (1975). "Mini-mental state". A practical method for grading the cognitive state of patients for the clinician. Journal of Psychiatric Research 12 (3), 189-98.
Lorda, C. R. (2004). Recreação na Terceira Idade. 4ª ed. Rio de Janeiro: Sprint.
Palma, A. (2000). Atividade física, processo saúde-doença e condições sócio-econômicas: uma revisão da literatura. Rev. paul. Educ. Fís, 14 (1), 97-106.
Pinto, N. M. S. (2008). A dança promovendo a melhoria da qualidade de vida das pessoas da terceira idade. p. 8-40, Itapetininga, SP. em, http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/EDUCACAO_FISICA/monografia/A_danca_Q_V.pdf
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