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Uma análise sobre os hábitos alimentares, o nível de atividade física e a composição corporal de adolescentes do ensino médio
na faixa etária entre 15 e 18 anos da cidade de Piranga, MG

Un análisis de los hábitos alimentarios, nivel de actividad física y composición corporal de 

adolescentes de escuela media de edad entre 15 y 18 años de la ciudad de Piranga, MG

 

*Especialista em Treinamento de Força e Fisiologia do Exercício

**Mestre em Ciências da Motricidade Humana

***Doutora em Materiais Dentários

Grupo de pesquisa em saúde da Faculdade Santa Rita – FaSaR

(Brasil)

Ricardo Luiz Pace Júnior*

ricardo_pace@yahoo.com.br

Josemara Fernandes Guedes de Souza**

josemaraf48@gmail.com

Daniela Rodrigues Fernandes***

rfdaniela@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Nos dias de hoje devido aos hábitos de vida pouco saudáveis o número de obesos cresce em todo o mundo e a preocupação com a obesidade infanto-juvenil torna-se rotina não só na saúde pública como também no ambiente escolar. Para verificar os hábitos alimentares e níveis de atividade física de adolescentes de 15 a 18 anos responderam o questionário IPAQ, realizaram avaliação de IMC e responderam um questionário de hábitos alimentares. Não houve um grande índice de sobrepeso, não houve diferenças significativas entre meninos e meninas, porém, é necessário mudar hábitos alimentares.

          Unitermos: Nível de atividade física. Composição corporal. Hábitos alimentares.

 

Resumen

          Hoy en día, debido a los hábitos de vida poco saludables, el número de obesos crece en todo el mundo y la preocupación por la obesidad infanto-juvenil se vuelve usual no sólo en la salud pública, sino también el entorno escolar. Para comprobar los hábitos alimentarios y los niveles de actividad física de los adolescentes de 15 a 18 años, se administró el cuestionario IPAQ, se evaluó el IMC y respondieron un cuestionario de hábitos alimenticios. Se encontró un alto índice de exceso de peso, no hubo diferencias significativas entre chicos y chicas, por lo que es necesario cambiar los hábitos alimenticios.

          Palabras clave: Nivel de actividad física. Composición corporal. Hábitos alimenticios.

 

Recepção: 05/08/2015 - Aceitação: 18/12/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 214, Marzo de 2016. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Atualmente, com a grande facilidade de acesso aos alimentos e a grande comodidade, a população esta se alimentando cada vez pior e tornando-se cada dia mais sedentária. A relação entre maus hábitos alimentares e o baixo nível de atividade física fragiliza a saúde dos indivíduos. Este fato vem despertando muito o interesse de estudiosos de diversas áreas sobre os hábitos alimentares e a inatividade física relacionados ao sobrepeso e à obesidade.

    No Brasil durante as décadas anteriores aos anos de 1970 a subnutrição era um caso grave de saúde pública. Hoje, no entanto, o acesso aos alimentos tornou-se mais fácil, colaborando para uma inversão do estado nutricional dos brasileiros. A facilidade em se obter alimentos, esses por sua vez ricos em gorduras e carboidratos e o estilo de vida cada vez mais sedentário estão levando ao aumento do sobrepeso e da obesidade, que ameaçam a saúde de grande parte da população (Repetto et al. 2003).

    O excesso de peso corporal e a obesidade são caracterizados como a disfunção orgânica que mais tem crescido no mundo, tanto em países industrializados quanto nos em desenvolvimento. (Guedes e Guedes, 2003).

    A obesidade é classificada pelo American College of Sports Medicine (2000, p. 664) como um "índice de massa corporal de 30,0 Kg/m² ou mais, sendo definida funcionalmente como o percentual de gordura corporal no qual aumenta o risco de doença".

    Os padrões de sobrepeso começaram a ser estabelecidos em 1959 com o surgimento de tabelas de peso e estatura. Por estas tabelas serem baseadas apenas em médias populacionais, uma pessoa pode apresentar sobrepeso segundo esses padrões e ainda apresentar um conteúdo de gordura corporal abaixo do normal. (Añez e Petroski, 2002).

    Ramos (1999) ressalta que este fato deve-se em decorrência da ampla classificação que gira em torno do sobrepeso, que pode ter inúmeros fatores que influenciam o peso elevado, como por exemplo: massa corporal magra, quantidade de gordura corporal ou até mesmo a associação destes dois fatores.

    O sobrepeso e a obesidade estão intimamente ligados a um aumento da propensão do desenvolvimento de morbidades o que leva a um grande aumento da taxa de mortalidade em todo o mundo. Baseados nesta idéia, Wilmore e Costill (2001) afirmam que as patologias decorrentes do sobrepeso e obesidade são: as cardiopatias como, por exemplo, a hipertensão, certos tipos de câncer, diabetes, dentre outras.

    Durante o período da adolescência, pode-se ver claramente a adoção destes hábitos alimentares considerados por nós como errôneos, pois os adolescentes passam a maior parte do tempo fora de casa, na escola ou com os amigos. Para Gambardella et al. (1999), este fato tem grande influência sobre os hábitos alimentares, pois indicam um aumento do consumo de “fast food”, alimentação que é socialmente aceita e rica em gorduras e carboidratos, que se ingerido em excesso gera o sobrepeso e prejudica a saúde.

    A introdução destes “hábitos importados” (fast food) compromete o padrão alimentar dos adolescentes e faz com que haja uma substituição das refeições ou até mesmo a omissão de algumas, pelo fato de se ter um aumento no número de refeições fora de casa que são influenciadas pela vida “corrida” e pela sociedade onde estamos inseridos, o que para Anjos e Mendonça (2004, p.703) “contribui para a difícil manutenção da massa corporal dentro dos padrões considerados saudáveis”.

    Nieman (1999) ressalta ainda que não só para os adolescentes, mas para todo e qualquer individuo é recomendada uma dieta prudente para a manutenção da saúde geral. Garcia (1997) ressalta ainda que uma má alimentação possa ser responsável por inúmeras doenças crônico-degenerativas típicas do mundo ocidental.

    Existe também outro fator que muito contribui para o surgimento do sobrepeso e da obesidade, muitas vezes, associado aos hábitos alimentares agrava ainda mais a saúde destas pessoas. Esta grande vilã é a inatividade física.

    Segundo Weineck (2003), a inatividade física (sedentarismo) é quando há uma exigência muscular muito baixa, ou seja, os músculos são poucos estimulados. Sendo assim os sedentários tem um gasto calórico reduzido, o que favorece o acúmulo de gordura.

    Portanto, é pelo viés da conexão entre o sobrepeso, os hábitos alimentares, o nível de atividade física e a composição corporal de adolescentes do Ensino Médio que despertou o desejo em realizar este estudo que tem por objetivo verificar e analisar os hábitos alimentares, o nível de atividade física e a composição corporal de adolescentes do Ensino Médio da cidade de Piranga - MG.

Metodologia

Amostra

    A amostra para a execução deste estudo foi composta por 60 voluntários do Ensino Médio, sendo 30 meninos e 30 meninas na faixa etária entre 15 e 18 anos. Esta amostra foi escolhida de forma aleatória, através de um convite verbal de participação. Caso houvesse um número maior de alunos interessados, a mostra seria escolhida através de sorteio.

    Em se tratando das meninas elas não poderiam estar grávidas; o aluno/aluna não poderia conter nenhum tipo de imobilização (gesso). Todos os voluntários são alunos da Escola Estadual Coronel José Ildefonso, na cidade de Piranga-MG.

Instrumento

    Foram utilizados dois questionários. Sendo o questionário de atividade física adaptado do IPAQ (International Physical Activity Questionnaire) e o outro relacionado aos hábitos alimentares (adaptado de Youth RBS, 2005).

    Para determinar o peso corporal foi utilizada uma balança da marca G-Tech com escalas de 0,1 kg; A estatura determinada com o auxílio de um estadiômetro, com escalas de 1 cm, próximo a uma parede plana. Ambas as medições exigem que o aluno esteja descalço e com o mínimo de roupa possível.

    Os índices de sobrepeso foram estimados mediante a utilização de um método antropométrico indireto, o Índice de Massa corporal (IMC), compatível à faixa etária estudada.

Procedimentos

    Para a realização do estudo, foi elaborada uma carta à direção da escola, para a autorização da realização do estudo, onde foi informado que as pesquisadoras iriam executar uma pesquisa de campo naquela instituição onde aplicariam dois questionários aos alunos participantes e coletariam medidas antropométricas (peso, altura) dos mesmos.

    Após o consentimento por parte da direção da escola, foi solicitada uma de declaração de permissão à realização do estudo, que deve conter o carimbo e assinatura da diretora e da escola.

    Um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE foi entregue aos voluntários do estudo. Em seguida foi elaborado um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – Pós - Informado para a participação no estudo. Os alunos com 18 anos completos poderiam assinar o termo, já os que possuírem de 15 a 18 anos não completos teriam que pedir autorização aos pais ou responsáveis para participarem do estudo. Este termo preza a privacidade dos voluntários, sem causar nenhum dano moral, material ou físico a eles. A coleta de dados foi efetuada na própria escola.

Tratamento de dados

    Esta investigação é caracterizada como descritiva de análise quantitativa. Para a descrição da amostra foram realizadas as médias, desvio padrão e freqüência. Para a comparação entre os grupos de meninos e meninas foi utilizado o Teste T. Os dados foram analisados através do software Microsoft Excel versão 2007.

Cuidados éticos

    Todos estavam livres para recusar a participação na pesquisa, sem penalidades ou constrangimentos. Todos os dados e a identidade dos voluntários serão mantidos em sigilo. Somente o pesquisador responsável e a equipe envolvida no projeto terão acesso às informações que serão utilizadas apenas para fins de pesquisa e publicação.

    Não haverá qualquer forma de remuneração financeira para os voluntários. Todas as despesas relacionadas com este estudo serão de responsabilidade das pesquisadoras.

Apresentação e discussão dos resultados

    Dos 60 adolescentes selecionados para o estudo, 57 foram avaliados. Foram excluídos da pesquisa os voluntários que não apresentaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - Pós Informado e os não compareceram nos dias e locais estipulados para a coleta dos dados.

    Os resultados do teste T revelaram que grande parte da amostra estudada tem o IMC considerado normal (eutrófico) para sua altura e constituição física. Revelou também que não há diferença estatisticamente significativa em relação à prevalência de sobrepeso entre os sexos e que as diferenças só foram encontradas quanto à altura (0,007) e ao peso (0,000) considerando p≥ 0,05. Os meninos são relativamente mais altos e mais pesados que as meninas. (tabelas 1 e 2).

Tabela 1. Análise descritiva das meninas

 

Tabela 2. Análise descritiva dos meninos

    A classificação do IMC foi baseada nos pontos de corte estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS, 1995). A freqüência da composição corporal dos meninos, das meninas e da amostra completa está descrita na tabela 3.

    Os resultados encontrados contradizem os achados em outros estudos como o de Farias Junior e Lopes (2003), onde o índice de sobrepeso e obesidade é cada vez maior. Tal diferença pode ser entendida pela disparidade regional de ambos os estudos e também pelo fato de os alunos que possivelmente estavam acima do peso normal terem se recusado a participar da pesquisa.

Tabela 3. Classificação do IMC e freqüência na amostra

    Analisando a tabela 4 vemos claramente que a ingestão de alimentos na forma de fritura, leite e derivados, pães e cereais teve uma diferença estatisticamente significativa entre os sexos. Dentre os alimentos consumidos com mais freqüência pelos adolescentes podemos destacar os ricos em amido e os líquidos, dentre eles o refrigerante. Nota-se também que entre os adolescentes estudados é baixo o consumo de frutas e vegetais. Silva et al. (2009) em sua pesquisa com adolescentes da cidade de Campina Grande (PB) comprova o achado também neste estudo.

    A Organização Mundial de Saúde (OMS, 2002), considera que para se atingir uma alimentação saudável, é preciso, limitar a ingestão energética de gorduras, aumentar o consumo de frutas, vegetais e cereais. Para que isto ocorra é necessária uma maior conscientização da população para que mantenham uma dieta adequada. (Krug e Marchesan, 2009).

Tabela 4. Hábitos alimentares (média de consumo por semana)

    Ao observar os dados das tabelas 5 e 6 descrevem a questão 11 do questionário de Hábitos Alimentares, verificamos que tanto os meninos quanto as meninas tem conhecimento sobre grande parte das questões, porem algumas delas deixam duvidas que possam intervir na qualidade da dieta.

Tabela 5. Meninos: Verdadeiro, Falso e Não Sabe

 

Tabela 6. Meninas: Verdadeiro, Falso e Não Sabe

    Os dados apresentados na tabela 7 permite-nos observar que a inatividade física é maior entre as meninas quando comparadas aos meninos, visto que a diferença foi estatisticamente significativa entre os mesmos. Este resultado também foi encontrado no estudo de Magalhães e Mendonça (2003) realizado nas regiões Nordeste e Sudeste do país.

    Outra diferença estatística significante encontrada no estudo através da aplicação do questionário de atividade física está relacionada ao tempo de permanência em atividades de lazer que demandam pouco gasto energético (Questão 11).

Tabela 7. Atividade Física

    Com relação à questão 9 do questionário de Atividade Física, percebe-se através dela que a maior freqüência com que os alunos percorrem o trajeto de casa para a escola é a pé. Alguns dos alunos utilizam mais de um meio de locomoção pelo fato de morarem em localidades da zona rural.

Tabela 8. Questão 9 do questionário de Atividade Física

Conclusões

    Através deste estudo foi possível verificar e analisar os hábitos alimentares, o nível de atividade física e a composição corporal de adolescentes do Ensino Médio da cidade de Piranga-MG. Refletimos sobre a incidência de sobrepeso nos alunos na faixa etária de 15 a 18 anos e concluímos que os resultados deste estudo não tiveram grande semelhança com os estudos utilizados como referências para o mesmo, pois os alunos que possivelmente se encontrariam no quadro de sobrepeso se recusaram a participar da pesquisa alegando o fato de terem que ser pesados e de que não estariam tendo nenhum ganho financeiro com o mesmo.

    Em relação aos hábitos alimentares e a composição corporal não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os sexos. Porém, se analisarmos o nível de atividade física, notamos que os meninos são mais ativos que as meninas.

    A amostra analisada mostrou ter conhecimento satisfatório a respeito de uma alimentação saudável, porem não demonstraram fazer uso do mesmo o que pode ser influenciado pelo meio e pela faixa etária em que se encontram.

    Outro fator que pode ter interferido nos resultados é o de se tratar de uma cidade do interior onde os costumes em relação a alguns aspectos como a alimentação e a utilização do computador não estejam em evidência como a de uma cidade maior. Pois são nas cidades do interior que se tem uma grande proporção de crianças e adolescentes brincando nas ruas, e o índice de violência em locais propícios à prática de atividades de lazer tem um índice ainda considerado baixo.

    Apesar dos índices de sobrepeso e obesidade não terem se destacado como o de adolescentes abaixo do peso, Piranga MG necessita de políticas publicas preventivas que visem à melhora dos hábitos alimentares da população e uma maior influência a adesão de atividades físicas.

Bibliografia

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Lecturas: Educación Física y Deportes - ISSN 1514-3465 - © 1997-2016 Derechos reservados