Prevalência de obesidade em escolares de 6 a 10 anos La prevalencia de la obesidad en escolares de 6 a 10 años Prevalence of obesity in schoolchildren from 6 to 10 years |
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*Acadêmico de Educação Física da Faculdade Unigran Capital **Doutorando em Saúde e Desenvolvimento na Região Centro-Oeste (Brasil) |
Patriky Antonio Moreira Cabrera* Brunno Elias Ferreira** |
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Resumo A obesidade é uma epidemia e atinge milhões de crianças, adolescentes e adultos no mundo. Este estudo teve por objetivo descrever o perfil epidemiológico em crianças com prevalência de obesidade infantil atendidos por uma escola da rede particular de ensino de Campo Grande - MS - Brasil. A população investigada constituiu-se de 50 crianças com idade entre 6 a 10 anos. Os dados foram obtidos por meio de uma avaliação antropométrica. Participaram 22 meninas e 28 meninos, sendo que o índice de massa corporal (IMC) foi distribuído conforme a orientação da Organização Mundial de Saúde (OMS). Os resultados indicaram que os valores de IMC apresentam distribuição normal conforme normativa da OMS. Com isso, conclui-se com este estudo que a amostra está dentro dos parâmetros normais. Unitermos: Perfil epidemiológico. Crianças. Obesidade.
Abstract Obesity is an epidemic and affects millions of children, teens and adults worldwide. This study aimed to describe the epidemiologic profile of children with prevalence of childhood obesity through a school attended private schools in Campo Grande - MS - Brazil. The study population consisted of 50 children aged 6-10 years. Data were obtained from an anthropometric assessment. 22 girls and 28 boys participated, and the body mass index (BMI) was distributed at the direction of the World Health Organization (WHO). The results indicated that BMI normal distribution as the WHO rules. Thus, it is concluded from this study that the sample is within normal parameters. Keywords: Epidemiological profile. Children. Obesity.
Recepção: 01/08/2015 - Aceitação: 12/12/2015
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 214, Marzo de 2016. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
A obesidade tem se tornado um problema globalizado no do âmbito da saúde pública. Segunda a Organização Mundial de Saúde (OMS) a obesidade é uma epidemia. Estudos desse órgão identificam que já são 300 milhões de pessoas obesas no mundo, sendo uma frequência da obesidade de 10% para 40%. A obesidade deixou de ser preocupação estética e passou a ser uma problemática publica (Gomes, 2012).
Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), a obesidade de crianças e adolescentes cresceu nos últimos anos. A obesidade é o resultado de diversas interações: genéticas, ambientais e comportamentais. Independentemente dessas causas, o ganho de peso está sempre associado a um aumento de ingestão alimentar e uma redução de gasto energético (Gomes, 2012).
Percebe-se, que a urbanização tem uma forte influência no contexto infantil, já que cada vez mais as crianças possuem menos locais de lazer devido a fatores como a violência, uso de tecnologias (vídeo games, computador, internet) entre outros (Gomes, 2012)
Várias doenças podem se desenvolver a partir da obesidade, como a diabetes causada pela ingestão de alimentos com alto teor glicogênio; Hipertensão Arterial Sistêmica normalmente associada à má alimentação, a falta de exercícios físicos e ao histórico familiar; e doenças ortopédicas causadas pelo excesso de peso, levando a lesões articulares principalmente nos membros inferiores e na coluna vertebral (Soria, 2012).
A etiologia da obesidade não é facilmente identificada ou caracterizada na grande maioria dos casos, apesar do crescente número de estudos relacionados a essa doença. Tal dificuldade deve-se ao fato de a obesidade ser caracterizada com uma doença multifatorial, com contribuições comportamentais do estilo de vida do indivíduo e aspectos fisiológicos no desenvolvimento e na manutenção do mesmo (Damaso et al., 2003).
A obesidade gera alguns fatores de risco para o atendimento da criança e do adolescente porque, muitas vezes, ela é detectada tardiamente. Na avaliação clínica de uma criança obesa deve-se considerar e avaliar fatores de risco, tais como:
Fatores familiares: é o fator de risco mais importante pela soma da influência genética e dos fatores ambientais;
Fatores ambientais: na criança observa-se que a obesidade inicia-se especialmente nos períodos de aceleração do crescimento.
O sedentarismo, o processo de modernização industrial e as mudanças de hábitos que o acompanham, favorece o aparecimento da obesidade. Em relação ao sedentarismo na infância e na adolescência, destaca-se que o hábito de jogar videogame, o uso de computadores e a toda modernidade tecnológica aumenta, com isso diminui o interesse por atividades físicas que lhe proporcionaria um gasto energético, também associado ao consumo de alimentos com alta densidade calórica, veiculados pelas propagandas em redes sociais, televisão e outros meios de comunicação, tem sido associados ao aumento da prevalência da obesidade (Tirapegui et al., 2007).
A obesidade nos dias de hoje é uma doença que está se propagando cada vez com mais rapidez e muita facilidade (Nunes et al., 1998). Entre todas as alterações do nosso corpo, provavelmente a obesidade é a situação mais complexa e de difícil entendimento. O obeso é um problema nos países ricos e pobres, com cerca de 34% homens e 55% mulheres (Crespo et al., 2008).
Enquanto a moda gera a postura de "ser saudável", o magro modelo e manequim esquelético, milhares de pessoas no mundo todo sofrem com o excesso de peso, das ruas de bairros mais ricos como os das regiões mais pobres (Tirapegui et al., 2007). Estima-se que no Brasil cerca de 20% das crianças são obesas e 32% da população apresenta um excesso de peso, sendo 25% referentes a casos de obesidade mais graves. Acredita-se que o Brasil já possui mais crianças obesas que desnutridas (Crespo et al., 2008).
O tratamento da obesidade apresenta 80% das crianças não alcançando o peso ideal, e voltam a ficar obesos após algum tempo. Para que o tratamento tenha um bom resultado é necessário a reeducação alimentar e aumento do nível de atividade física (Oliveira, 2000).
Algumas modificações devem ingressar na vida dessa criança em tratamento, como postura familiar em relação a hábitos alimentares, estilo de vida, atividade física e correção alimentar de longa duração. O aconselhamento dietético visa à redução do grau de obesidade e, se possível, a manutenção de peso normal para a idade e estatura. (Tirapegui et al., 2007).
Dentro das estratégias de prevenção da obesidade na infância e adolescência, o exercício pode ser de fator contribuinte, sendo previamente relatados aumentos nos níveis de aptidão física, especialmente na resistência muscular localizada a nível abdominal, capacidade aeróbica, diminuição de peso total e porcentagem de gordura corporal sem, no entanto, limitar a velocidade de crescimento linear ou reduzir a massa corporal magra (Tirapegui et al., 2007). A atividade física como meio de promover consumo de energia é um bom caminho para uma melhor adaptação ao treinamento (Ramos, 1999).
Objetivo
Verificar a prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças de 6 a 10 anos de idade, alunos de uma escola particular no município de Campo Grande- MS.
Materiais e métodos
Este estudo é uma pesquisa quantitativa e transversal. O campo escolhido foi uma escola da rede particular, que atende o ensino infantil e fundamental na cidade de Campo Grande - MS - Brasil.
A amostra foi composta por 50 alunos, na faixa etária de 6 a 10 anos de idade. Foram excluídos da pesquisa os alunos que ao final da coleta de dados tiverem mais de 25% de faltas, ficando como amostra apenas os que frequentaram a partir de 75% das aulas do presente ano letivo.
Instrumentos
A coleta de dados foi feita por meio da avaliação antropométrica, na qual a criança teve de usar vestimentas leves, posicionando em pé no centro da balança, distribuindo o peso sobre os dois pés. Assim determina-se o peso em quilos da criança avaliada. Para determinar a estatura da mesma, foi utilizado o estadiômetro, no qual a criança mantém os dois pés juntos com calcanhar, nádegas e parte superior das costas tocando a escala em posição ortostática, sendo obtida a medida em centímetros. Dessa forma foi calculado o IMC (Índice de Massa Corporal), pela seguinte equação: Peso (Kg) / Altura (m) 2. O IMC foi classificado segundo a recomendação da Organização Mundial de Saúde (Lima et al., 2009).
A antropometria é considerada o método mais fácil e útil para rastrear a obesidade, universalmente aplicável e com boa aceitação pela população. Índices antropométricos são obtidos a partir da combinação de duas ou mais informações antropométricas básicas, como peso, altura, idade e sexo (Dâmaso et al., 2003).
A relação peso/altura é um método simples para avaliar a obesidade, porém reflete mais a massa corporal total do que a massa de gordura. Um excesso de peso pode corresponder à massa magra, podendo ocorrer falso-positivos tratando-se de uma criança com hábitos atléticos. Esse índice tende a subestimar a obesidade em crianças abaixo dos três anos de idade e superestimar no adolescente (Dâmaso et al., 2003).
O uso do Índice de Massa Corporal (IMC) para identificar adultos com sobrepeso e obesidade é consensual, já nas avaliações nutricionais de crianças e adolescentes ele apresentara valores de percentil por idade e sexo (Dâmaso et al., 2003).
Um estudo foi promovido e patrocinado pela Forca Tarefa Internacional para Obesidade, da Organização Mundial de Saúde, com 97.876 meninos e 94.851 meninas, acompanhados do nascimento até os 25 anos de idade. O estudo resultou em uma tabela que deverá ser um instrumento útil para fornecer um levantamento internacional da prevalência da obesidade em crianças e adolescentes. Esses valores são considerados atualmente como referência pela OMS para identificar sobre peso e obesidade de crianças a partir de 2 anos e de adolescentes, não sendo recomendado para crianças abaixo de 24 meses de idade, as quais devem ser avaliadas com o índice peso/altura (Dâmaso et al., 2003).
Tabela 1. Pontos de corte internacional para sobrepeso e obesidade por índice de massa corporal, para idades (6 a 10 anos)
e sexo (valores médios obtidos na população do Brasil, Inglaterra, Hong Kong, Holanda, Cingapura e Estados Unidos)
Idade (anos) |
Sobrepeso |
Obesidade |
||
Masculino |
Feminino |
Masculino |
Feminino |
|
6 |
17,6 |
17,3 |
19,8 |
19,7 |
6,5 |
17,7 |
17,5 |
20,2 |
20,1 |
7 |
17,9 |
17,8 |
20,6 |
20,5 |
7,5 |
18,2 |
18,0 |
21,1 |
21,0 |
8 |
18,4 |
18,3 |
21,6 |
21,6 |
8,5 |
18,8 |
18,7 |
22,2 |
22,2 |
9 |
19,1 |
19,1 |
22,8 |
22,8 |
9,5 |
19,5 |
19,5 |
23,4 |
23,5 |
10 |
19,8 |
19,9 |
24,0 |
24,0 |
Fonte: Cole et al. (2000)
Coletas
Os dados foram coletados na aula de educação física, previamente agendada com os professores e direção escolar, após a entrega do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). As aferições foram realizadas de forma individual, iniciadas pelo peso e em seguida pela aferição da altura.
Ética da pesquisa
Este estudo atendeu as normas da Resolução nº 196/96, do Conselho Nacional de Saúde, onde foi enviado aos responsáveis dos alunos o termo de consentimento livre e esclarecido, onde os mesmos foram orientados em razão dos objetivos e finalidades do estudo, sendo devidamente assinado pelos mesmos e entregue aos professores da escola onde foi realizada a coleta de dados todos os documentos.
Resultados e discussão
A amostra foi composta por 50 crianças de ambos os sexos de uma escola particular de ensino de Campo Grande (MS) com idades entre 06 a 10 anos. Foi avaliado o Índice de Massa Corporal (IMC), sendo 22 crianças do sexo feminino e 28 do sexo masculino. Os resultados estão apresentados em forma de gráfico, distribuindo as crianças conforme a classificação obtida pelo IMC. Estes dados são apresentados em gráficos comparativos com representação do percentual de crianças obesas do sexo masculino com o do sexo feminino e outro gráfico para demonstrar Índice de Massa Corporal (IMC).
Os dados foram coletados no segundo semestre de 2013, através de uma anamnese criada especificamente para o fim deste estudo, composta por Idade, Sexo e Peso (Kg) e Altura (cm).
Os dados obtidos nesta pesquisa foram agrupados por idade, sexo, peso, altura e IMC. Com isso, calculou-se a média para cada item. Com os valores médios de algumas variáveis, foram criados gráficos que representam as características de cada grupo etário analisado para uma melhor visualização.
Os dados obtidos no estudo são apresentados a seguir, sendo que na Tabela 1 estão expressos os valores descritivos da população investigada no que se refere às características antropométricas. Na figura 1 são apresentados os valores do Índice de Massa Corporal (IMC).
Tabela 2. Valores médios de peso corporal, altura e IMC
Idade (anos) |
Número de indivíduos |
Indivíduos por sexo |
Peso (kg) |
Altura (m) |
IMC (kg/m2) |
6 |
6 |
2 feminino |
25,23 |
1,22 |
16,84 |
4 masculino |
|||||
7 |
11 |
2 feminino |
25,64 |
1,27 |
15,66 |
9 masculino |
|||||
8 |
15 |
11 feminino |
29,71 |
1,31 |
17,18 |
4 masculino |
|||||
9 |
10 |
2 feminino |
31,89 |
1,34 |
17,48 |
8 masculino |
|||||
10 |
8 |
5 feminino |
31,61 |
1,37 |
16,70 |
3 masculino |
Identifica-se que na Tabela 2, na faixa etária de 06 a 10 anos é composta por 22 crianças do sexo feminino e 28 crianças do sexo masculino, sendo avaliado um total de 50 crianças, assim mostrando que de um modo geral que não foi identificado a prevalência de sobrepeso ou obesidade nas crianças avaliadas, portando a população investigada estão dentro dos padrões normais, segundo a classificação da OMS (2003).
Figura 1. Distribuição dos valores médios do índice de massa corporal (IMC) de crianças de 6 a 10 anos
Os resultados deste estudo mostram que a escolha do IMC/idade baseado nos padrões internacionais obtidos através da OMS, como indicador e diagnostico de sobrepeso e obesidade infantil em escolas, apresentou-se satisfatório, pois comparado a este estudo realizado, foi verificado os níveis de sobrepeso e obesidade infantil para determinada faixa etária.
A classificação de sobrepeso e obesidade em crianças se torna um tanto complexo, devido a constantes alterações na composição corporal, alem do processo de maturação sexual que às vezes ocorre precocemente influenciando assim na distribuição de gordura corporal (Yanovski e Yanovski, 2002).
A maioria das pesquisas demonstra que há uma prevalência de obesidade infantil em crianças do sexo feminino, não havendo causas bem definidas para esta ocorrência, sendo que a OMS sugere que a maior prevalência nesse sexo se deve ao fato que o excesso de energia é preferencialmente estocado sob a forma de gordura e não de proteína, como no sexo masculino (Oliveira et al., 2003).
Neste estudo não houve diferença com relação ao sexo e desenvolvimento das condições, o que pode ser explicado pelas características hormonais da população estudada, onde os hormônios da população investigada não se encontram em faixa de determinar o maior acumulo de tecido adiposo nas meninas, e nos meninos o incremento do compartilhamento de massa magra, e pela etiologia multifatorial dos distúrbios (Oliveira et al., 2003).
Considerações finais
Este estudo não verificou a presença de sobrepeso ou obesidade na amostra estudada. A reação entre peso e estatura para idade foi normal.
Bibliografia
Crespo, X., Curell, N. e Curell, J. (2008). Atlas de anatomia e Saúde. SP: Japy-Livros.
Dâmaso, A. (2003). Obesidade. RJ: MEDSI.
Gomes, F. (2012). Revista Saude. Obesidade o Mal do Século. N° 2.
Lima, J.R.P., Damasceno, V.O. e Vianna J.M. (2009). Avaliacao atropometrica. Rio de Janeiro: Shape.
Nascimento Simon, V.G., Pacheco de Souza, J.M., Leone, C. e Buongermino de Souza, S. (2009) Prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças de dois a seis anos matriculadas em escolas particulares no município de São Paulo. Demografia e Saúde. Rev. bras. Crescimento desenvolv. hum. V.19 n.2 São Paulo.
Nunes, M.A.A., Appolinário, J.C., Abuchaim, A.L.G. e Coutinho, W. (1998) Transtornos alimentares e Obesidade. Porto Alegre: Artmed.
Oliveira, R.G. (2000) Obesidade e anemia carência na adolescência. Simpósio. SP: Instituto Danone.
Soria, D. (2012) Obesidade Infantil, as conseqüências desse mal. Ed. 62.
Tirapegui, J. e Angelis, R.C. (2007) Fisiologia da nutrição humana aspectos básicos, aplicados. 2ª Ed. SP: Atheneu.
Yanovski, S.Z. e Yanovski, J.A. (2002) Obesidade. Jornal de Medicina da Inglaterra, 346(2):591-602.
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