O levantamento de peso olímpico El levantamiento de pesas olímpico The olimpic weightlifting |
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*Bacharelando em Educação Física pelo Centro Universitário Moura Lacerda ** Profissional de Educação Física, pesquisador e membro do PROASE/USP (Brasil) |
Diego Mendonça Perseguin* Prof. Dr. José Eduardo Costa de Oliveira** |
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Resumo O presente artigo intenciona realizar uma breve análise, envolvendo alguns parâmetros, históricos, anatômicos, biomecânicos e cinesiológicos do esporte conhecido como “Levantamento de Peso Olímpico”. Em termos cinesiológicos, o movimento é classificado como poliarticular, por abranger tornozelos, quadris, joelhos, ombros e em algumas variações o cotovelo, tendo como motor primário o quadríceps, que estende os joelhos no plano e no eixo sagital de movimento, amparado secundariamente pelo glúteo máximo que estende os quadris, e que tem como musculaturas auxiliares os paravertebrais que estabilizam o tronco viabilizando o movimento. Em termos anatômicos, considera-se a origem do quadríceps, especificamente a do reto femoral, na espinha ilíaca ântero-inferior e no contorno póstero-superior do acetábulo; do vasto medial na linha intertrocantéria e no lábio medial da linha áspera; do vasto lateral na face anterior do trocânter maior e no lábio lateral da linha áspera; o vasto intermédio na linha anterior e lateral do corpo do fêmur, e, a inserção de todas as quatro origens na patela, e esta na tuberosidade da tíbia, via tendão patelar. Em termos biomecânicos, o movimento constitui-se de uma cadeia cinética do tipo fechada, no que diz respeito ao abalo de membros inferiores, com um sistema de alavancas do tipo interfixa; e a cadeia cinética do tipo mista, quando relacionado ao movimento dos membros superiores, com um sistema de alavanca do tipo interpotente. Por fim, ressalta-se a importância do LPO para o desenvolvimento do trabalho de força, força máxima e de potência de vários outros desportos, coletivos e individuais, em face da similaridade de movimentos de cadeia cinética que muitos apresentam, fundamentalmente, aqueles que utilizam as articulações dos joelhos, quadris, tornozelos, ombros e etc., em simultaneidade, pois, possibilitam as transferências dos ganhos e das qualidades físicas auferidas com o treinamento de levantamentos, arranques, sustentações e demais movimentos - sobretudo os balísticos - que o compõe o leque de benefícios que Levantamento de Peso Olímpico propicia a seus praticantes. Unitermos: Biomecânica. Anatomia. Cinesiologia. Levantamento de peso olímpico.
Resumen Este artículo tiene la intención de hacer un breve análisis de la participación de algunos parámetros históricos, anatómicos, biomecánicos y kinesiológicos del deporte conocido como "Levantamiento de Pesas Olímpico" (LPO). En términos kinesiológicos, el movimiento se clasifica como poliarticular porque comprende tobillos, caderas, rodillas, hombros y en algunas variaciones el codo, teniendo a los cuádriceps como motor primario, que extiende las rodillas en el plano y en el eje sagital del movimiento, apoyado secundariamente por el glúteo mayor que extiende las caderas, y que tiene como músculos auxiliares a los paravertebrales que estabilizan el tronco y permiten el movimiento. En términos anatómicos, se considera el origen de los cuádriceps, específicamente el recto femoral, en la espina ilíaca ántero-inferior y en el contorno postero-superior del acetábulo; del vasto medial en la línea intertrocantérica y en el labio lateral de la línea áspera; el vasto intermedio en la cara anterior y lateral del cuerpo del fémur, y la inserción de los cuatro orígenes de la rótula, y ésta en la tuberosidad de la tibia, a través del tendón rotuliano. En términos biomecánicos, el movimiento consiste en una cadena cinética de tipo cerrada con respecto al impacto de los miembros inferiores, con un sistema de palancas del tipo interfija; y la cadena cinética del tipo mixta, cuando se relaciona con el movimiento de las extremidades superiores, con un sistema de palanca tipo interpotente. Por último, se hace hincapié en la importancia del levantamiento de pesas olímpico para el desarrollo del trabajo de la fuerza, fuerza máxima y potencia en otros deportes, colectivos e individuales, dada la similitud de los movimientos de cadena cinética que muchos tienen, fundamentalmente, los que utilizan las articulaciones de las rodillas, caderas, tobillos, hombros, etc., al mismo tiempo, por lo tanto, permiten la transferencia de ganancias y de cualidades físicas obtenidas a través del entrenamiento de levantamientos, arranques, soportes y otros movimientos –sobre todo los balísticos- que componen la gama de beneficios que el levantamiento de pesas olímpico brinda a sus practicantes. Palabras clave: Biomecánica. Anatomía. Kinesiología. Levantamiento de pesas olímpico.
Abstract This article intends to make a brief analysis involving some parameters, historical, anatomical, biomechanical and kinesiological sport known as "Olympic Weightlifting" (OWL). In kinesiology terms, the movement is classified as polyarticular for cover ankles, hips, knees, shoulders and in some variations the elbow, with the primary motor quadriceps, extending his knees on the plane and the sagittal axis motion, supported secondarily by gluteus maximus extending the hips, and whose auxiliary paraspinal musculature those that stabilize the trunk enabling the movement. In anatomical terms, it is considered the origin of the quadriceps, specifically the rectus femoris, the anterior inferior iliac spine and posterior superior border of the acetabulum; the vastus in intertrocantéria line and the medial lip of the linea aspera; vastus lateralis on the anterior aspect of the greater trochanter and the lateral lip of the linea aspera; the wide line through the anterior and lateral femoral body, and the insertion of all four sources in the patella and the tibial tuberosity this via the patellar tendon. In biomechanical terms, the movement consists of a kinetic chain of the closed type with respect to the disturbance of the lower limbs, with a system of levers interfixa type; and the kinetic chain of the mixed type, when related to the movement of the upper limbs, with a interpotente type lever system. Finally, it emphasizes the importance of OWL for the development of the workforce, maximum strength and power of several other sports, collective and individual, given the similarity of kinetic chain movements that many have fundamentally those using the joints of the knees, hips, ankles, shoulders, etc., in concurrence therefore allow the transfer of earnings and physical qualities earned through training surveys, starts, supports and other movements - especially ballistic - that makes up the range of benefits that Olympic Weightlifting offers its practitioners. Keywords: Biomechanics. Anatomy. Kinesiology. Olimpic Weightlifting.
Recepção: 03/09/2015 - Aceitação: 08/01/2016
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 214, Marzo de 2016. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O presente artigo intenciona realizar uma breve análise, envolvendo alguns parâmetros, históricos, anatômicos, biomecânicos e cinesiológicos do esporte conhecido como “Levantamento de Peso Olímpico”.
O Levantamento de Peso Olímpico
O Levantamento de Peso Olímpico (o LPO), ou o halterofilismo, ou ainda a halterofilia, tem suas origens terminológicas derivadas do termo grego “halter”, que por sua vez significa - massa de chumbo para exercícios em ginásios - com seu radical na língua portuguesa “filia”, derivada do francês “philie”, e que significa “amigo ou aquele que ama e admira”; ou seja: o halterofilista é “o amante do treinamento com pesos”.
Sua história remonta a data de 1.100 a. C., onde os chineses, no final da Dinastia Chow, utilizavam o levantamento de pesos como maneira de selecionar novos soldados para o Exército (Dantas e Coutinho, 2014).
O desporto tem por objetivo levantar a maior quantidade de pesos possível, do solo até sobre a cabeça, em uma barra, onde pesos em forma de anilhas são fixados, onde as primeiras competições organizadas de LPO são alusivas ao final do século XIX, sendo que a Federação Internacional de Halterofilismo foi fundada em 1905 e instituiu as primeiras normatizações.
Sendo assim, têm-se, inicialmente, como movimentos básicos no LPO os “Arrancos”, também chamados de Snatch’s, e suas dissidências como o arranco alto suspenso (Hang Power Snatch); o arranco suspenso (Hang Snatch); o arranco do bloco (Block Hang Snatch); o agachamento de arranco (Overhead Squat); o arranco da posição final da puxada (High Hang Snatch); o suspenso abaixo do joelho (Hang Snatch Below Knees) e o arranco Alto (Power Snatch).
Posteriormente aos Snatch’s, têm-se, também, os “Arremessos”, ou os chamados Clean and Jerk’s, sendo que os mesmos consistem em uma forma de se levantar a barra em dois tempos, sendo que no primeiro (o Clean), que perfaz o percurso desde o tablado até a altura do peito, e o segundo tempo (o Jerk), que vai desde a posição final do Clean (peito) até a extensão final e completa dos cotovelos sobre a cabeça, com a força sendo empreendida nos tornozelos, joelhos e quadris (Push Press), finalizando-se na força dos músculos atuantes nos cotovelos e ombros (Shoulder Press); apresentando variações como a Tesoura pela Frente com espaçamento anteroposterior das pernas (Split Jerk); o espaçamento látero-lateral (Power Jerk/Push Jerk) e o espaçamento látero-lateral com agachamento completo pela frente (Squat Jerk), sendo que no Split, no Power, no Push e no Squat Jerk, o atleta deve-se deslocar-se para debaixo da barra, para que seja possível erguê-la sobre a cabeça até a posição final do movimento (Dantas e Coutinho, 2014).
As análises
Em termos cinesiológicos, o movimento é classificado como poliarticular, por abranger tornozelos, quadris, joelhos, ombros e em algumas variações o cotovelo, tendo como motor primário o quadríceps, que estende os joelhos no plano e no eixo sagital de movimento, amparado secundariamente pelo glúteo máximo que estende os quadris, e que tem como musculaturas auxiliares os paravertebrais que estabilizam o tronco viabilizando o movimento, e os músculos de membros superiores, tais como o trapézio, o deltóide em sua porção clavicular, o peitoral maior em seus feixes superiores, o córaco braquial e em algumas variações o tríceps braquial.
A posição inicial do movimento se dá a partir da pegada, vide figura 1, e a posição final, que é quando joelhos, tronco, quadris e cotovelos estão estendidos e os ombros flexionados acima da cabeça, vide figura 2 (Enoka, 2001).
Em termos anatômicos, considera-se a origem do quadríceps, especificamente a do reto femoral, na espinha ilíaca ântero-inferior e no contorno póstero-superior do acetábulo; do vasto medial na linha intertrocantéria e no lábio medial da linha áspera; do vasto lateral na face anterior do trocânter maior e no lábio lateral da linha áspera; o vasto intermédio na linha anterior e lateral do corpo do fêmur, e, a inserção de todas as quatro origens na patela, e esta na tuberosidade da tíbia, via tendão patelar (HALL, 2000).
O quadríceps ainda é vascularizado pela artéria femoral e também inervado pelo nervo femoral (Rasche e Burke, 1987).
Em termos biomecânicos, o movimento que é do tipo balístico, é composto por seis fases diferentes, a exemplo da posição 1. A posição inicial ou a pegada; 2. A primeira puxada; 3. A transição; 4. A segunda puxada; 5. O deslize; e 6. A fixação; e constitui-se de uma cadeia cinética do tipo fechada, no que diz respeito ao abalo de membros inferiores, com um sistema de alavancas do tipo interfixa (Braço de Força – Eixo – Braço de Resistência); e a cadeia cinética do tipo mista, quando relacionado ao movimento dos membros superiores, com um sistema de alavanca do tipo interpotente, com Eixo - Braço de Força - Braço de Resistência (Amadio e Duarte, 1996).
Considerações finais
Por fim, ressalta-se a importância do LPO para o desenvolvimento do trabalho de força, força máxima e de potência de vários outros desportos, coletivos e individuais, em face da similaridade de movimentos de cadeia cinética que muitos apresentam, fundamentalmente, aqueles que utilizam as articulações dos joelhos, quadris, tornozelos, ombros e etc., em simultaneidade, pois, possibilitam as transferências dos ganhos e das qualidades físicas auferidas com o treinamento de levantamentos, arranques, sustentações e demais movimentos - sobretudo os balísticos - que o compõe o leque de benefícios que Levantamento de Peso Olímpico propicia a seus praticantes.
Bibliografia
Amadio, A. C. e Duarte, M. (1996). Fundamentos biomecânicos para a análise do movimento humano. São Paulo: Laboratório de Biomecânica/EEFUSP. 162p.
Dantas, E. e Coutinho, J. (2014). Força e Potência no esporte: levantamento olímpico. 2ª Edição. São Paulo: Ícone.
Enoka, R. M. (2001). Bases Neuromecânicas da cinesiologia. São Paulo: Manole.
Hall, S. (2000). Biomecânica básica. 3a ed. São Paulo: Guanabara Koogan.
Rasche, P. e Burke, R. (1987). Cinesiologia e Anatomia Aplicada. 5a ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.
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