Magnetoterapia no tratamento de fascite plantar. Relato de caso La magnetoterapia en el tratamiento de la fascitis plantar. Estudio de caso Magnetoterapia in treatment plantar faciitis. Case study |
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*Fisioterapeuta, Especialista em Dor do Hospital Albert Einstein. **Enfermeira, Coordenadora da Especialização em Dor do Hospital Albert Einstein ***Médico Anestesiologista, Docente da Especialização em Dor do Albert Einstein ****Fisioterapeuta, Vice-coordenador da Especialização em Dor do Albert Einstein (Brasil) |
Estela Batista* Marcia Morete** Francisco Cordon*** William Rafael Malezan**** |
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Resumo Fascite plantar é uma patologia caracterizada por dor crônica na parte inferior do calcâneo e região plantar, caracteriza-se por uma inflamação causada por micro traumatismos de repetição na tuberosidade medial do calcâneo. A utilização de instrumentos de avaliação confiáveis e válidos é fundamental na determinação da intervenção terapêutica adequada e, portanto, do sucesso do tratamento. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da técnica Magnetoterapia em pontos Ashi (pontos locais dolorosos), no tratamento da fascite plantar. Para avaliação foram utilizadas as seguintes escalas (EVA); Questionário SF-36; Escala de catastrofização; Escala de avaliação de pés e tornozelo (AOFAS- American Orthopaedic Foot and Ankle Society). Após a aplicação dos questionários e a coleta de resultados antes e após a utilização da técnica, observou que o método proposto teve bons resultados e melhorou quadro funcional e de dor, funcionalidade e melhora na qualidade de vida da paciente. Unitermos: Magnetoterapia. Dor. Fascite plantar.
Abstract Plantar fasciitis is a condition characterized by chronic pain in the lower part of the calcaneus and plantar region, characterized by an inflammation caused by micro repeat trauma to the medial calcaneal tuberosity. The use of reliable and valid assessment tools is critical in determining the appropriate therapeutic intervention and therefore the success of the treatment. The objective of this study was to evaluate the effect of Magnetic technique Ashi points (painful local points), in the treatment of plantar fasciitis. To review the following scales were used (EVA); SF-36; Catastrophizing scale; Foot and ankle Rating Scale (AOFAS- American Orthopaedic Foot and Ankle Society). After the questionnaires and collecting results before and after using the technique showed that the proposed method achieved good results and improved workforce and pain, functionality and improved quality of life of the patient. Keywords: Magnetic. Pain. Plantar fasciitis.
Recepção: 04/07/2015 - Aceitação: 28/11/2015
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 214, Marzo de 2016. http://www.efdeportes.com/ |
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1. Introdução
Fascite plantar é uma patologia caracterizada por dor crônica na parte inferior do calcâneo e região plantar, apresenta inflamação causada por micro traumatismos de repetição na tuberosidade medial do calcâneo. As forças de tração durante o apoio levam ao processo inflamatório, que resulta em fibrose e degeneração das fibras fasciais que se originam no osso (Ferreira, 2014). A dor torna-se progressiva ao passar do tempo. Numerosos fatores influenciam o aparecimento de dor no calcanhar, como o uso excessivo funcional, doenças degenerativas, doenças inflamatórias, doenças metabólicas, obesidade, assim como o uso de calçados inadequados e o aumento do tamanho do passo durante a caminhada ou corrida, e por isso é uma anomalia comum entre corredores e no alongamento excessivo do arco plantar e dos extensores dos dedos (Sant’anna, 2013).
Esta doença atinge cerca de 10% da população em pelo menos um momento da vida e sua causa mais comum é de origem mecânica, envolvendo forças compressivas que ampliam o arco longitudinal do pé (Eduardo, 2013; Ferreira, 2014).
Para o tratamento desta patologia é utilizado o tratamento medicamentoso como antiinflamatórios e analgésicos. O tratamento conservador visa o alívio da dor sem intervenção cirúrgica, diminuindo o quadro álgico e inflamatório e o estresse sobre as estruturas. O tratamento não farmacológico tem o mesmo propósito e pode utilizar terapias como à acupuntura, moxabustão, ventosaterapia e de um modo especial a magnetoterapia que será abordado neste caso (Eduardo, 2013; Ferreira, 2014).
Segundo Souza (2005), a magnetoterapia, como o próprio nome diz, é uma técnica que aplica a força magnética. Sua aplicação é externa nas áreas afetadas ou nas extremidades do corpo, não sendo agressivo, apenas fazendo uso do magnetismo como uma força da natureza, tomando como exemplo a eletricidade. O principal efeito do magnetismo é controlar os íons de hidrogênio (Sosa, 1996).
Para Alvarez (2011) alguns efeitos corporais podem ser provocados pela aplicação desse campo magnético, tais como conformação das moléculas do corpo, alteração da velocidade dos processos celulares, enzimáticos e orgânicos, alteração de processos químicos ou simplesmente realização de mudanças gerais no corpo.
Acredita-se que quando um magneto é aplicado no corpo humano, ondas magnéticas passam através dos tecidos e correntes secundarias são induzidas. Quando estas se chocam com as correntes magnéticas, produzem calor de impacto sobre elétrons nas células do corpo, tal calor é muito eficiente na redução de dores e inchaços em músculos e outros tecidos (Zayas, 2002).
A clareza sobre os efeitos fisiológicos só se tornou evidente nos últimos tempos, em uma série de estudos em que Laakson apud Mayrovitz (2009) investigaram os efeitos dos campos magnéticos estáticos sobre aspectos da microcirculação da pele e perfusão sanguínea. Depois de um certo número de tentativas utilizando diferentes protocolos, encontraram em um ensaio placebo-controlado randomizado que os ímãs mostraram reduções estatisticamente significativas na dor no joelho com osteoartrite em comparação ao tratamento com placebo (P <0,05) em quatro horas, mas não em 6 semanas.
Em 1982, muitos pesquisadores descobriram os efeitos do campo magnetico sobre o fluxo de ions atraves das membranas celulares. O aumento do fluxo ou movimento de ions de calcio dentro de um campo magnetico levou os medicos a colocarem magnetos acima e abaixo de fraturas para acelerar o acumulo de calcio e fazer o osso se recuperar mais depressa. Em 1985, experiências confirmaram que outros elementos corporais como sodio, o potassio, o magnesio e outros, também eram afetados por este processo (Alvarez, 2011).
Observou-se também bons resultados em realção a cicatrização da ulceração do pé diabético, onde em quatro meses foi fossivel a diminuição do edema, exudato e presença de tecido de granulação e epitelização. Suszynski et al (2013) comprovou o efeito positivo sobre a regeneração dos nervos periféricos lesionados em ratos.
Especificamente no caso da fascite plantar o posicionamento do magneto deve ser nos pontos Ashi (pontos dolorosos), que ficam localizados no arco plantar e região do calcâneo. Para tanto o objetivo desse relato de caso é avaliar o efeito da técnica Magnetoterapia em pontos Ashi (pontos locais dolorosos), no tratamento da fascite plantar.
2. Relato de caso e procedimentos
Paciente do sexo feminino de 66 anos, com relato de dor na região do calcâneo com intensidade de dor de acordo com escala verbal numérica (EVA=10), com diagnóstico de fascite plantar em membro inferior direito há um ano, sem tratamento prévio. Foi submetida à Magnetoterapia, que consiste na aplicação de pastilhas de magneto (Ímãs de 600 Gauss) com o pólo – (negativo) nos pontos dolorosos do pé direito de forma permanente, que ocorreram no período de três meses consecutivos com paciente em atendimento domiciliar, no período de Agosto a outubro de 2013, totalizando 10 sessões de 60 minutos cada.
Para avaliação do paciente foi usada uma escala de dor numérica (EVA); Questionário de qualidade de vida (SF-36); Escala de Catastrofização; Escala de avaliação de pés e tornozelo (AOFAS - American Orthopaedic Foot and Ankle Society); Inventario Breve de Dor (BPI), sendo importante também o relato do paciente enquanto permanecia com as pastilhas magnéticas em ambiente residencial e AVD’s. Os questionários foram aplicados no início e no fim do tratamento, menos a EVA, que foi aplicada em cada sessão do paciente.
3. Resultados
No questionário de Qualidade de vida (Figura 1) obteve melhora significativa nos domínios no inicio e ao final do tratamento: vitalidade (30 pontos para 50 pontos), aspectos sociais (25 pontos para 75 pontos), aspectos emocionais (0 pontos para 100 pontos) e saúde mental (32 pontos para 56 pontos).
Em relação a pensamentos catastróficos, apresentou um score de 2,1 pontos (Figura 2) caracterizando negativo no inicio do tratamento, no entanto ao final apresentou índice 0 (zero). Quanto à intensidade de dor de acordo com a EVA (Figura 1) 10 pontos no inicio e 02 pontos ao final (90% de melhora). No questionário AOFAS (Figura 3) com 72 pontos no inicio da pesquisa e 87 ao final da pesquisa, melhorando assim o desempenho funcional do paciente.
Figura 1. Gráfico mostra a evolução dos valores absolutos da pontuação obtida dos questionários SF-36 e EVA
Figura 2. Gráfico mostra o resultado da Escala de Catastrofização
Figura 3. Gráfico mostra a pontuação da escala AOFAS
4. Discussão
A fascite plantar é uma causa freqüente de dor crônica. A dor, em geral, é de intensidade moderada à grave, causando a incapacidade funcional, que para a paciente estudada, envolveu moderada dificuldade na marcha e nas AVD’s (Zanon et al, 2006).
Laakson (2009), encontraram em um ensaio placebo-controlado randomizado que os ímãs mostraram reduções estatisticamente significativas na dor no joelho com osteoartrite em comparação ao tratamento com placebo (P <0,05) em quatro horas.
Observou que o método proposto obteve bons resultados e melhorou quadro funcional e de dor da paciente estudada.
Zanon et al. (2006) obtiveram bons resultados em apenas exercícios de alongamento, e acreditam que repouso e adequação de calçado, acompanhados por um programa de alongamento visando o aumento da dorsiflexão do tornozelo bastariam para a diminuição da dor.
Segundo Angeli et al. (2012), o efeito do uso da palmilha Invel® Actiive Insole, apresentou resultados significantes em relação à dor nas pernas, com 76% de redução da intensidade avaliada pela escala de EVA no período pós em relação aos que reportaram a dor no período pré. O inchaço nas pernas foi verificado no pós avaliação, apresentando 61% de melhora em relação ao reportado no período pré-avaliação.
5. Conclusão
A aplicação da técnica de magnetoterapia em pontos Ashi para fascite plantar apresentou ganhos em relação à funcionalidade, redução da dor crônica e melhora na qualidade de vida da paciente nos aspectos de vitalidade, aspectos sociais, aspectos emocionais e saúde mental.
Sugere-se que mais estudos sejam realizados com essa técnica a fim de elucidar todas as possibilidades de aplicação desta modalidade terapêutica.
Bibliografia
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Angeli, G., Neto, T.L.B., Wada, C.Y., Simões, R.P. e Lima, P.C.S. (2012). Estudo do uso da Invel® Actiive Insole na redução da dor muscular e cansaço físico em colaboradores da guarda municipal de Guarulhos. Instituto Invel de Pesquisa.
Eduardo, H.M., Braga, M.R. e Herculano, R. (2012). Utilização da magnetoterapia em ulceração no pé diabético: estudo de caso [Monografia]. São Paulo: Ceata.
Ferreira, R. C. (2014). Talalgias: fascite plantar. Rev bras ortop., 49(3):213–217.
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Laakson, L., Lutter, F. & Young, C. (2009). Static magnets: what are they and do they do? Rev. bras. fisioter. 13(1) 10-23.
Reyes, M.O., Día, Y.F. e Carmenates, NF. (2010). Magnet eficácia no tratamento de alveolite. Archivo Médico de Camaguey. 14(1): 0-0.
Sant’anna, RB. (2013). Fisioterapia em traumatologia. [acesso 03 jun 2013]. Disponível em: http://www.efisioterapia.net/articulos/leer.php?id_texto=160
Sosa, S. (1996). Uso de la magnetoterapia en afecciones articulares y periarticulares. Rev Cubana Ortop Traumatol, Ciudad de la Habana, v. 10, n. 1, jun.
Souza, M.M.D. (2005). Magnetoterapia: uma maneira natural para recuperar e manter a saúde. 2ª ed. São Paulo: Editora Ibraqui.
Suszynski, K., Marcol, W. & Szajkowski, S. (2013). Variable spatial magnetic field influences peripheral nerves regeneration in rats. Electromagn Biol Med.
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