Influência do gênero na motivação para o exercício físico entre universitários de odontologia de Dourados, MS Influencia del género en la motivación al el ejercicio físico en universitarios de odontología de Dourados, MS Gender influence on the motivation for physical exercise between university of dentistry from Dourados, MS |
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*Graduada em Educação Física –
UNIGRAN (Brasil) |
Flávia Chaves Ferle* Valfredo de Almeida Santos Junior** Zeina Hassen Mustafa*** |
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Resumo
Abstract
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 214, Marzo de 2016. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
É consenso na literatura científica que uma rotina de exercícios físicos resulta em benefícios no campo fisiológico, psicológico e social de seus praticantes, auxiliando e prevenindo disfunções cardiovasculares e metabólicas resultantes do sedentarismo e hábitos de vida não saudáveis (Legnani et al., 2011; Silva et al., 2010; Moreno & González, 2006).
A busca por uma melhor qualidade de vida é um fenômeno sociocultural atual. De acordo com Freitas et al. (2007) na sociedade globalizada o tema “corpo” pode apresentar diversos e complexos significados que levam à busca por uma melhor qualidade de vida. Todavia, um estudo realizado por Antes et al. (2009) demonstra que o fato das pessoas saberem dos efeitos benéficos que a prática regular de exercícios físicos pode proporcionar ao organismo não garante que as mesmas assumam comportamentos que as comprometam com a prática regular de exercícios.
A qualidade de vida da população moderna tem diminuída, tanto em nível físico quanto psicológico, neste sentido a inatividade física associada a fatores como o estresse, a fadiga excessiva e a alimentação inadequada contribuem para o agravamento deste quadro. O aumento da aderência à prática de exercícios físicos regulares poderia contribuir para uma melhora no quadro, visto que a prática regular de exercícios físicos também está intimamente associada à saúde mental e emocional dos praticantes (Antes et al., 2009; Tahara, Schwartz & Silva, 2003).
Considerando que os jovens universitários têm como prioridade os estudos e o acúmulo de bens materiais, a conseqüência é uma alta prevalência de sedentarismo nesta faixa etária somados a outros hábitos não saudáveis, que tendem a perdurar ao longo da vida (Alves, 2011). Neste sentido, estudos dos fatores psicológicos que envolvem a prática de exercícios indicam a maior dificuldade que os jovens em idade universitária encontram para adesão e a manutenção de um programa de exercícios físicos (Velásquez, 2006).
O gênero pode interferir na inter-relação esporte-individuo. Pois a construção sócio histórica das atividades esportivas apresentaram influências que podem induzir significados diferentes para a prática de exercício físico entre os sexos. Sendo assim homens e mulheres apresentam além das diferenças biológicas, diferenças comportamentais e motivacionais bastante distintas no que se refere a esta prática (Salles-Costa et al. 2003; Paim & Strey, 2004).
Neste sentido, tais características ainda são socialmente construídas. Desde a infância o corpo feminino é educado para ser frágil, passivo, desprovido de força e fundamentalmente bonito, enquanto que o masculino é estimulado a ser forte, agressivo e viril. Portanto, mesmo com a evolução dos sexos e o “equilíbrio de poderes” ainda é observado o fato de gêneros distintos terem representações e anseios diferentes sobre a prática de exercícios físicos. (Salles-Costa et al., 2003; Paim & Strey, 2004).
No entanto, estudos demostram que em ambos os gêneros precisam de um motivo para aderir à prática de exercícios físicos (Klain, 2010; Viana, Andrade & Matias, 2010). Assim a compreensão sobre a motivação e as suas regulações motivacionais são de grande relevância. Segundo Balbinotti & Capozzoli (2008) estas regulações podem ser biológicas, cognitivas ou sociais e podem influenciar a aderência e a permanência dos indivíduos nos programas de exercícios físicos.
A motivação neste sentido tem sido investigada como um mecanismo psicológico e fundamental para que se possam analisar os motivos que levam as pessoas à prática regular de exercícios físicos. A motivação comanda a direção, a intensidade e a persistência do comportamento humano e depende da interação de fatores intrínsecos (pessoais) e extrínsecos (ambientais) (Samulski, 2002).
Estudos propõem a Teoria da autodeterminação (TAD) para a compreensão dos fatores motivacionais de diversos grupos populacionais na prática de exercícios físicos. Devido ao fato desta teoria ter várias formas de aplicação, onde caracteriza os aspectos investigados pelos níveis de autodeterminação, que variam do menos autodeterminado (motivação extrínseca e desmotivação) ao mais autodeterminado (motivação intrínseca). (Viana, Andrade & Matias, 2010; Klain, 2010; Meurer, Benedetti & Mazo, 2011; Legnani et al., 2011; Guedes, Legnani & Legnani, 2012).
Segundo Viana et al. (2010), na motivação extrínseca o comportamento é motivado e regulado por fatores externos como ameaças, recompensas ou necessidade. Um exemplo didático seria a recomendação à prática de exercícios físicos proveniente de uma ordem explicita do médico. Já na motivação intrínseca o exercício físico é realizado como um fim em si mesmo, no qual o sujeito acaba estabelecendo um compromisso com o programa de treinamento simplesmente pelo prazer que este produz.
Todavia a motivação autodeterminada (intrínseca) só será alcançada se o praticante sentir-se eficaz na prática, ou seja, se este interatuar tomando decisões e tendo possibilidade de escolha, concomitante à percepção de uma relação positiva com seus companheiros (Murcia et al., 2009). Portanto, para um indivíduo aderir a um programa de exercícios físicos é preciso estimular, sobretudo a motivação autodeterminada, principalmente através do desenvolvimento da autonomia (Murcia et al., 2007; Murcia et al., 2009).
Dada a importância de identificar os fatores motivacionais relacionados à prática de exercício físico para melhor intervenção do profissional no que diz respeito à adesão a um programa regular de treinamento, o objetivo deste estudo foi analisar a influência da variável gênero na motivação para prática de exercícios físicos entre universitários, sendo suporte aos profissionais da área no desenvolvimento de programas de exercício físico que agrade o público em questão.
Material e métodos
Esta pesquisa evidencia uma parte dos resultados de um grande estudo realizado na cidade de Dourados-MS no ano de 2014 (projeto aprovado pelo comitê de ética e pesquisa com seres humanos do Centro Universitário da Grande Dourados, sob o n. CAAE 24370813.2.00005159). Trata-se de uma pesquisa do tipo quantitativa transversal de caráter descritivo (Sousa, Driessnack & Mendes, 2007) que contou com 104 universitários do curso de odontologia da rede Privada de Ensino Superior de dourados- MS, dos aproximadamente 400 universitários regularmente matriculados neste curso.
A amostra foi selecionada de maneira probabilística através da amostragem aleatória simples. A abordagem da amostra foi realizada após os términos das aulas onde foi realizado uma explicação e esclarecimento de dúvidas acerca da pesquisa. Os critérios de inclusão foram: estar regularmente matriculado na instituição de ensino, aceitar participar da pesquisa e assinar o termo de consentimento livre e esclarecido. A amostra foi constituída por 48 homens e as 56 mulheres que cumpriram adequadamente os requisitos.
Para a coleta de dados foi utilizada a versão traduzida do questionário de motivação Exercise Motivations Inventory (EMI-2) de Guedes, Legnani & Legnani (2012). Este instrumento contempla uma variedade de fatores de motivação (intrínsecos e extrínsecos) para a prática de exercício físico. Trata-se de um inventário que contém uma lista de diferentes motivos para a prática de exercício físico em 10 fatores motivacionais.
O questionário de 44 itens é adaptado transculturalmente para a realidade brasileira por Legnani et al. (2011) e examina diversão e bem-estar, controle de estresse, reconhecimento social, afiliação, competição, reabilitação da saúde, prevenção de doenças, controle de peso corporal, aparência e condição física. O tratamento estatístico dos dados foi realizado por meio do programa Bioestat 5.4, inicialmente com estatística descritiva seguida pela análise inferencial (teste t).
Resultados e discussão
Os valores médios indicaram maiores escores para os fatores motivacionais prevenção de doenças (4,03 ± 0,8), reabilitação da saúde (3,85 ± 1,1), peso corporal (3,47 ± 0,8), aparência física (3,03 ± 1,0), condição física (3,01 ± 1,1) e competição (2,83 ± 1,4). Por outro lado, os determinantes motivacionais com menores valores médios foram reconhecimento social (1,62 ± 1,2) e afiliação (0,81 ± 0,7) conforme figura 01.
Figura 1. Ordem hierárquica dos fatores motivacionais relacionados a pratica de exercícios físicos entre os universitários
O fator prevenção de doenças recebeu maiores valores médios sem diferenças significativas entre os gêneros, concordando com os achados de Antes et al. (2009) que em análise de 170 universitários (22,03 ± 2,86 anos) também demonstrou que para ambos os gêneros a dimensão da saúde é um importante fator motivacional para a prática regular de exercícios físicos.
Entretanto em um estudo com adultos universitários realizado por Guedes, Legnani & Legnani (2012) foi observado que fatores relacionados à saúde eram mais relevantes apenas aos universitários mais experientes com a prática de exercício físico enquanto que os não praticantes ou com pouca experiência destacavam mais os fatores relacionados à estética e socialização.
Embora seja estabelecido a melhora na qualidade de vida com a prática regular de exercícios (Silva et al., 2010) e este estudo demonstre que a preocupação com a saúde seja um fator motivacional em ambos os sexos, estudos epidemiológicos indicam que grande parte da população não é suficientemente ativa para se beneficiarem plenamente com os exercícios físicos (Murcia et al., 2007; Klain, 2010; Guedes, Legnani & Legnani, 2012).
Neste sentido, vários autores consideram que o distanciamento do ambiente familiar no período universitário causam mudanças no estilo de vida do jovem e muitos hábitos novos são adquiridos principalmente comportamentos de risco em relação à saúde e que estes tendem a perdurar na vida adulta tornando-os um grupo vulnerável às morbidades futuras (Alves, 2011; Salles-Costa, 2003; Paim & Strey, 2004; Antes et al., 2009; Santos & Alves, 2009). Sendo o fator falta de tempo o principal motivo para a não adesão à prática de exercícios físicos regulares neste período (Antes et al., 2009)
Velásquez et al. (2006) e Legnani et al. (2011) demonstram que dentre os fatores psicológicos, o motivacional e emocional são os que mais influenciam na prática de exercícios físicos entre universitários. Assim, a motivação é descrita como fator determinante do comportamento humano que influencia na adesão e continuidade de práticas de exercícios físicos (Moreno & González, 2006; Legnani et al., 2011).
Klain (2010) afirma que em relação à prática regular de exercícios físicos o fator motivação é uma resultante da complexa interação de variáveis psicológicas, sociais, ambientais e genéticas. Neste sentido, Tresca (2000) define por motivação intrínseca, as ações guiadas por razões internas que desenvolvem a autonomia, a personalidade do individuo e partem de um desafio mental, já a motivação extrínseca àquela guiada por recompensas externas que pode se manifestar de diversas maneiras de acordo com os fatores externos.
Conforme demonstra a tabela 01, a análise inferencial (teste t) do presente estudo demonstrou que o gênero feminino reportou maior importância aos fatores do Controle de Peso Corporal (3,41) e Aparência Física (3,05), enquanto que o masculino da Condição Física (3,01) e Competição (2,89). O que evidencia uma influência do gênero em relação aos fatores motivacionais ligados a prática de exercícios físicos. Corroborando com os achados de Salles-Costa et al. (2003) que identificou a preferência das mulheres por atividades individuais que requeriam menos força física, enquanto dos homens por atividades coletivas e de caráter competitivo.
Tabela 1. Escores médios e desvios-padrão dos fatores de motivação para
a prática de exercício físico de acordo com gênero dos estudantes universitários
A existência de distintos fatores motivacionais entre os gêneros demonstrada neste trabalho fortalece a importância do estudo destes fatores para a adesão e escolha à prática de exercícios, e permite ao profissional delinear ações de incentivo para início á prática de exercício mais adequadamente e favorecer a permanência pós-adesão (Guedes, Legnani & Legnani, 2012).
Portanto a variável gênero exerce uma influência significativa nos fatores de motivação à prática de exercício físico entre universitários. Então, homens e mulheres têm concepções diferentes acerca do ideal de corpo e apresentam comportamentos distintos diante das práticas corporais, tornando essencial conhecer e utilizar adequadamente fatores motivacionais na construção de programas voltados à promoção do exercício físico entre os jovens universitários para aumentar as chances de ingresso e aderência. Contudo, novos estudos devem ser conduzidos a fim de analisar os fatores motivacionais de diferentes grupos e variáveis.
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