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Incidência da incontinência urinária em gestantes

La incidencia de la incontinencia urinaria en embarazadas

Impact of pregnant women in urinary incontinence

 

*Fisioterapeuta

**Fisioterapeuta. Mestre em Envelhecimento Humano

(Brasil)

Liana Pessini Torteli*

Vanessa Sebben**

vanesebben@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          A incontinência urinária (IU) é definida como a perda involuntária de urina que causa um desconforto social e higiênico. Na gestação o organismo da mulher passa por alterações anatômicas, fisiológicas e bioquímicas e o sistema urinário é um dos mais afetados. O objetivo do estudo foi identificar a incidência da IU nos três trimestres gestacionais; analisar qual o trimestre gestacional que apresentava maior ocorrência de IU e qual atividade desencadeava esta incontinência e o quanto a ocorrência de IU interferia na qualidade de vida das gestantes. Foram estudadas 26 gestantes apresentando idade entre 17- 41 anos (28,6±6,94). As gestantes responderam ao questionário contendo dados pessoais, da gestação e a ocorrência ou não de incontinência urinária (IU). E ao International Consultation on Incontinence Questionnaire - Short Form (ICIQ-SF) para avaliar a qualidade de vida. Das gestantes entrevistadas, 61,54% (16) apresentaram IU. Oito gestantes iniciaram os sintomas de IU no terceiro trimestre gestacional. O tipo de esforço que desencadeava as perdas urinárias foi atribuído à tosse e ao espirro (30 e 37,5%), seguido de risos e caminhada (15 e 10%), relação sexual e cócoras (5 e 2,5%). O questionário ICIQ-SF mostrou que 50% das gestantes apresentavam incontinência urinária leve, 37,5% moderada e 12,5% incontinência urinária grave. Concluiu-se que há uma alta incidência de IU entre as gestantes, considerada de gravidade leve, com maior freqüência no terceiro trimestre de gestação, desencadeadas principalmente pela tosse e espirro.

          Unitermos: Gestação. Incontinência urinária. Qualidade de vida.

 

Abstract

          Urinary incontinence (UI) is defined as the involuntary loss of urine that causes a social and hygienic discomfort. During pregnancy a woman's body goes through anatomical, physiological and biochemical changes and the urinary system is one of the most affected. The aim of the study was to identify the incidence of UI in the three trimesters of pregnancy; analyze which trimester which had higher incidence of UI and what activity triggered this Incontinence and how much the occurrence of UI interfered with quality of life of pregnant women. We studied 26 pregnant women with ages ranging from 17- 41 years (28.6 ± 6.94). The women answered the questionnaire containing personal data of pregnancy and the occurrence of urinary incontinence (UI). And the International Consultation on Incontinence Questionnaire - Short Form (ICIQ-SF) to evaluate the quality of life. Of pregnant women interviewed, 61.54% (16) had UI. Eight pregnant women started the symptoms of IU in the third trimester. The type of stress that triggered the urine loss was attributed to cough and sneeze (30 and 37.5%), followed by laughter and walk (15 and 10%), sexual intercourse and squatting (5 and 2.5%). The ICIQ-SF questionnaire showed that 50% of pregnant women had mild urinary incontinence, 37.5% moderate and 12.5% ​​severe urinary incontinence. It was concluded that there is a high incidence of UI among pregnant women, considered mild in severity, most often in the third trimester of pregnancy, triggered mainly by coughing and sneezing

          Keywords: Pregnancy. Urinary incontinence. Quality of life.

 

Recepção: 01/07/2015 - Aceitação: 11/12/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 214, Marzo de 2016. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A incontinência urinária (IU) é definida como a perda involuntária de urina que causa um desconforto social e higiênico. Apesar de não influenciar nos índices de morbidade e de mortalidade, sua ocorrência pode trazer inúmeros problemas e desconforto para o paciente (Freitas et al., 1997).

    A incontinência urinária pode afetar significativamente a qualidade de vida, causando implicações importantes em muitas esferas como a psicológica, social, física, econômica e do relacionamento pessoal e sexual (Bruschini; Truzzi e Sroug, 2006).

    Moreno (2004) relata que inúmeras são as causas da incontinência no período gestacional, como: alterações anatômicas e danos neurológicos decorrentes do trauma obstétrico.

    Estudos revelam que mulheres apresentam incontinência urinária durante a gravidez, sendo mais evidente no último trimestre gestacional. Os sintomas mais prevalentes apresentados pelas gestantes são: noctúria (80,6%); polaciúria (70,3%) e urgência miccional (44,4%) (Scarpa et al., 2006).

    Dessa forma o presente estudo teve como objetivos: identificar a incidência da IU nos três trimestres gestacionais; analisar qual o trimestre gestacional que apresentava maior ocorrência de IU e qual atividade desencadeava esta incontinência; o quanto a ocorrência de IU interferia na qualidade de vida das gestantes.

Materiais e métodos

    A pesquisa foi caracterizada como um estudo tipo transversal. A amostra foi composta por 30 mulheres, sendo 10 de cada período gestacional. Os critérios de inclusão foram: gestantes em qualquer trimestre gestacional; que estivessem em acompanhamento pré-natal; assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Após a assinatura do mesmo, as gestantes responderam ao questionário elaborado pela pesquisadora que constou entre outros itens de: dados de identificação, idade gestacional, número de gestações, ocorrência ou não de incontinência urinária nesta gestação e em gestações anteriores, tipo de perdas urinárias, situações em que elas ocorriam. Ainda responderam ao International Consultation on Incontinence Questionnaire - Short Form (ICIQ-SF) para avaliar a qualidade de vida, já validado para o português por Tamanini et al. (2003).

    Para análise de dados foi utilizado à estatística descritiva simples.

Resultados e discussão

    Foram entrevistadas 26 gestantes apresentando idade mínima de 17 e máxima de 41 anos, com média de 28,6 ± 6,94 anos.

    Destas, verificou-se que 61,54% (16) apresentavam incontinência urinária, o que revelou uma alta incidência entre as gestantes (Figura 1).

Figura 1. Incidência da incontinência urinária em gestantes

    Sabe-se que a gestação pode predispor ao desencadeamento dos sintomas urinários, sendo que as gestantes nulíparas apresentam incontinência urinária de esforço (IUE) com prevalência variando entre 33,6% e 45,5% e sintomas urinários irritativos em 45,2% dos casos (Scarpa et al., 2008). O predomínio da incontinência urinária (IU) na população feminina se deve, também, às modificações da tonicidade muscular nos períodos de alteração hormonal, como ocorre durante a gestação e menopausa, e no traumatismo obstétrico. Em decorrência disto, os estudos sugerem que a gestação e o parto contribuem para o desenvolvimento da IU (Thorp et al., 1999; Grosse e Sengler, 2002).

    Na Tabela 1 é possível observar que a maior incidência de incontinência urinária em gestantes ocorreu no terceiro trimestre de gestação.

Tabela 1. Relação entre a semana gestacional atual e a semana de início da IU

Fonte: autor

    Para Carrara, Omai e Freitas (2009) normalmente as perdas urinárias ocorrem em média a partir da 27ª semana de gestação. Os autores realizaram um estudo com 83 mulheres na faixa etária de 19 a 48 anos, média 30,62 ± 5,79, e que tiveram a (as) gestação (ões) no período de 1998 à 2008. O número de gestações e de filhos variou de 1 a 4 com média de 1,67 gestações (DP± 0,87) e para filhos a média de 1,46 (DP ± 0,66). A porcentagem das mulheres que apresentaram IU durante a gestação foi de 22,89%. Em relação à ocorrência da IU e a idade gestacional 7,23% apresentaram no 1º trimestre, 3,61% no 2º trimestre e no 3º trimestre 16,87%. Dados semelhantes foram encontrados no estudo de Valeton (2010) com 343 mulheres, no terceiro trimestre de gestação, onde verificou-se a presença de IU em 30,61%. No presente estudo a IU ocorreu com maior freqüência no terceiro trimestre gestacional (em 62,5%), concordando com os relatos dos demais autores.

    A figura 2 refere-se ao tipo de esforço realizado pelas gestantes que desencadeava as perdas urinárias. A maior parte delas atribuiu à tosse e ao espirro (30 e 37,5%), seguido de risos e caminhada (15 e 10%), relação sexual e cócoras (5 e 2,5%).

Figura 2. Tipo de esforço que desencadeou as perdas urinárias

    Meyer et al. (1998 apud Lima, Carvalho e Martins, 2007) observaram que os sintomas da incontinência urinária de esforço (IUE) estavam presentes em 46 gestantes (31%), persistindo em 10 delas no puerpério. Valeton (2010) verificou a ocorrência de IUE no terceiro trimestre de gestação, já no puerpério, houve um predomínio da IUU (incontinência urinária de urgência).

    Para avaliar a qualidade de vida foi utilizado o International Consultation on Incontinence Questionnaire - Short Form (ICIQ-SF), já validado para o português. Trata-se de um questionário simples e breve, composto por três questões, que abordam freqüência, severidade e interferência na vida diária da incontinência urinária, com escore que varia de 0 a 21, sendo a soma das três questões. De acordo com o questionário 50% das gestantes apresentaram incontinência urinária leve, 37,5% moderada e 12,5 das gestantes apresentaram incontinência urinária grave (Figura 3).

Figura 3. Classificação da Incontinência Urinária de acordo com o ICIQ-SF

    Não foram encontrados na literatura estudos referentes a aplicação do ICIQ-SF em gestantes, dificultando assim a discussão deste item. Acredita-se que como a incontinência na gestação é considerada transitória, este dado talvez não seja de tamanha relevância para as gestantes. Porém cabe ressaltar que a IU pode e deve ser tratado durante o período gestacional, proporcionando maior conforto para a gestante e evitando que está venha a se agravar.

Conclusão

    Conclui-se que na maioria das gestações a incontinência urinária está presente, principalmente no terceiro trimestre gestacional, desencadeadas pela tosse e espirro. Entretanto, de acordo com o estudo, as gestantes consideraram a perda urinária leve, não afetando diretamente a qualidade de vida.

    Após o término desta pesquisa ressalta-se a importância da continuidade da mesma com um número maior de participantes, assim como da conscientização da intervenção fisioterapêutica no período gestacional com o objetivo de prevenir e minimizar os sintomas urinários.

Bibliografia

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