Atuação da fisioterapia na promoção da qualidade  de vida na terceira idade: uma revisão integrativa La intervención de la fisioterapia en la promoción de la calidad de vida en la tercera edad: una revisión integradora Performance of physiotherapy in the quality of life in the third age promotion: an integrative review
	*Acadêmica do Curso de Fisioterapia das Faculdades INTA **Professora Orientadora das Faculdades INTA (Brasil)	Fabiana Sousa Nascimento* Francisca Rocha Carneiro Liberato** Francisca Maria Aleudinelia Monte Cunha** aleudinelia@yahoo.com.br
	Resumo           Revisão literária integrativa que objetivou analisar a atuação da fisioterapia na promoção da qualidade de vida na terceira idade. Utilizando como base de dados para coleta os portais da SciELO (Scientific Electronic Library Online), BVS (Biblioteca Virtual em Saúde), dentre outros. Foi possível estabelecer, através da análise de dados, benefícios proporcionados por intervenções fisioterapeuticas na promoção de saúde em indivíduos idosos, evidenciando sua eficácia com pratica de atividades físicas regulares contribuindo para prevenção de riscos e agravos ao envelhecimento.           Unitermos: Fisioterapia. Terceira Idade. Qualidade de vida.   Abstract           Integrative literature review that aimed to analyze the role of physiotherapy in promotion quality of life in old age. Using as a basis for data collection the portals: SciELO (Scientific Electronic Library Online), VHL (Virtual Health Library), among others. Were established through data analysis, benefits provided by physiotherapeutic interventions in health promotion in older adults, demonstrating that effectiveness in the practice of regular physical activity contributes to prevent the risks and diseases of aging.           Keywords: Physiotherapy. Third Age. Quality of life.   Recepção: 27/10/2015 - Aceitação: 20/02/2016
	EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 214, Marzo de 2016. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O processo de envelhecimento atinge toda população mundial, destacando que nos países em desenvolvimento é mais observada do que em países desenvolvidos (Pereira et al, 2006). Durante os últimos anos a expectativa de vida da população brasileira teve um aumento significativo, isto tem uma repercussão direta no percentual de pessoas idosas. Esse fato gera cada vez mais interesse no mundo científico e aumenta o número de pesquisas sobre qualidade de vida na terceira idade.

    De acordo com Organização Mundial de Saúde, estima-se que em 2015 serão 1,2 bilhões de pessoas com mais de 60 anos. Ainda dentro da previsão da OMS, idoso de 80 anos ou mais serão a faixa em maior avanço, sendo que 75% desses idosos vivem em países desenvolvidos (Sousa et al, 2003).

    Nos últimos 30 anos, de acordo com Joia et al (2007), o povo brasileiro vem em um processo de envelhecimento acelerado, isso porque as taxas de fecundidade vem decrescendo. O cenário brasileiro hoje de idoso representa cerca de 10% da população total. Um censo realizado em 2000 apontou que dos 169,5 milhões de brasileiros, 15,5 milhões possuem ou tem mais de 60 anos, e as previsões demonstram crescimento dessa faixa para 18 milhões em 2010 e 25 milhões em 2025 (Pereira et al, 2006).

    Envelhecer não se caracteriza como um período saudável e de independência, porém, trata-se de uma etapa do individuo como altos níveis de quedas, doenças crônicas e degenerativas, que acabam por levar a uma dependência, em muitos casos, quase que total (Dellaroza et al, 2007).

    A definição de qualidade de vida esta relacionada à auto-estima e bem-estar individual e engloba um conjunto de fatores como capacidade funcional, nível socioeconômico, estado emocional, relação social, aspecto e atividades intelectuais, éticos e religiosos, suporte familiar, estado de saúde, valores, cultura, autocuidado, estilo de vida e satisfação com sua vida diária e ambiente em que vive. Em alguns aspectos pode ser um conceito subjetivo, dependendo o nível sociocultural, faixa etária e desejos pessoais de cada um (Dalla Vecchia et al, 2005).

    A fisioterapia atua em qualquer idade, entretanto o idoso tem uma necessidade mais ampla. Nessa fase da vida a prevenção também é de grande valia, pois promove qualidade de vida. Com o envelhecimento surgem modificações na fisiologia e patologias que devem ser cuidadas antes mesmo do seu aparecimento.

    Este trabalho tem o intuito de analisar a atuação da fisioterapia na qualidade de vida da terceira idade, descrevendo alterações advindas do processo de envelhecimento e os benefícios promovidos pela fisioterapia a partir de publicações.

Metodologia

    Este estudo trata-se de uma revisão integrativa com o intuito de realizar um levantamento de trabalhos publicados no âmbito nacional sobre a abordagem Fisioterapia na qualidade de vida da terceira idade.

    Tal revisão é um método específico que consiste em compactar estudos para que haja um entendimento amplo sobre determinado assunto. Para ser considerada uma pesquisa, a revisão de literatura deve seguir o mesmo rigor da pesquisa primária. Nesse sentido, para esta revisão, foram consideradas as fases de pesquisa: identificação do tema e a escolha da hipótese da pesquisa; critérios de inclusão/exclusão e amostragem; definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados; avaliação dos estudos; interpretação dos resultados; apresentação da síntese, que constrói os conceitos e fatores relacionados ao conhecimento (Mendes; Silveira e Galvão, 2008).

    A busca pela literatura ocorreu na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), nos meses de outubro de 2014 a junho de 2015. As bases de dados de literatura científica serão: PeDro, LILACS, Scientific Electronic Library Online (SciELO). Para facilitar a busca dos trabalhos que foram selecionados, utilizou-se alguns termos e palavras-chaves encontrados nos Descritores de Ciências da Saúde (Decs) como: fisioterapia, terceira idade e qualidade de vida.

    Foram selecionados apenas artigos completos com acesso gratuito, publicados em periódicos nacionais internacionais, dos últimos 10 anos. Adotou-se ainda alguns critérios de inclusão e exclusão para seleção dos trabalhos.

    Os trabalhos ainda deveriam estar escritos em língua portuguesa e inglesa e sua abordagem principal com enfoque na fisioterapia na promoção da qualidade de vida da terceira idade. Foram excluídos da pesquisa trabalhos como tese, projetos, dissertações que estivessem disponíveis em bases de dados, artigos sem acesso gratuito e que foram publicados em anos inferiores a 2000.

Resultados e discussões

    Os artigos incluídos nesta revisão foram publicados em periódicos nacionais em português, entre os anos de 2006 a 2015, sendo um em 2006, dois em 2008, dois em 20010, um em 2014 e um em 2015. Percebe-se, através das datas, a continuidade das publicações do tema tratado, o que contribui para a consistência dos resultados da revisão, demonstrando que houve lacunas de publicações na seqüência de anos pesquisados. Quanto aos tipos de estudos utilizados, classificamos em: descritivo com delineamento transversal e abordagem retrospectiva, observacional, transversal, descritivo e analítico, descritivo, dois de revisão, ex-post facto, descritivo e comparativo, revisão sistemática.

    Os artigos selecionados na presente revisão abordam a fisioterapia na qualidade de vida da terceira idade, conforme podem ser identificados no quadro abaixo.

Quadro 1. Artigos selecionados sobre fatores associados aos benefícios da fisioterapia na promoção de 

qualidade de vida na terceira idade, segundo autores, ano de publicação, título, tipo e objetivo do estudo

Autores	Ano	Título	Tipo de estudo	Objetivo
Luciana Araújo dos Reis, Cláudio Henrique Meira Mascarenhas, Ariadne Novais da Costa, Lucas Silveira Sampaio, Rosângela Souza Lessa, Talita Santos Oliveira	2008	Saúde dos idosos da clínica-escola de fisioterapia da universidade estadual do sudoeste da Bahia	Descritivo com delineamento transversal e abordagem retrospectiva	Identificar alguns aspectos sobre as condições de saúde de idosos em tratamento fisioterapêutico no setor de ortopedia da Clínica-Escola de Fisioterapia da Universidade Estadual da Sudoeste da Bahia.
Áyla Ribeiro de Alcântara, Hébonny Maysa Andrade Cabral, Ana Lidia Lima Freire, Luana Garielle de França Ferreira, Michelle Vicente Torres, Gilvânia Melo da Rocha	2015	Análise comparativa qualidade de vida entre idosas praticantes e não-praticantes de atividade física em Teresina-Piauí	Observacional, transversal, descritivo e analítico	Comparar o nível de qualidade de vida entre idosas praticantes e não praticantes de atividade física.
Ana Paula Serra de Araújo, José Alípio Garcia Gouvêa, Joaquim Martins Junior, Dennis Armando Bertolini, Sônia Maria Marques Gomes Bertoline	2014	Influência da prática de exercícios físicos sobre os padrões morfofuncionais, função imunológica e qualidade de vida de idosos com aids: estudo de casos	Descritivo	Avaliar a influência da prática de exercícios físicos regulares e supervisionados sobre os padrões morfofuncionais, função imunológica e qualidade de vida de idosos com aids.
Thaís Fibra, Tatiana Sacchelli Tupinambá Fernandes de Sá, Sissy Veloso Fontes, Patrícia Driusso, Gilmar Fernandes do Prado	2006	Avaliação da Qualidade de Vida de idosos submetidos à Fisioterapia Aquática	Revisão	O objetivo deste estudo foi avaliar a qualidade de vida de idosos, antes e após um programa de fisioterapia aquática.
Nelyse de Araújo Alencar, José Vitorino de Souza Júnior, Jani Cleria Bezerra Aragão, Márcia de Assunção Ferreira	2010	Nível de atividade física, autonomia funcional e qualidade de vida em idosas ativas e sedentárias	Ex-post facto, descritiva e comparativa	Analisar os níveis de atividade física, autonomia funcional e qualidade de vida em idosas ativas e sedentárias.
Andressa da Silva, Gustavo JM Almeida, Ricardo C. Cassilhas, Moises Cohen, Maria Stella Peccin, Sergio Tufik, Marco Túlio de Mello	2008	Equilíbrio, coordenação e agilidade de idosos submetidos à prática de exercícios físicos resistidos	Revisão	Avaliar o equilíbrio, a coordenação e a agilidade dos idosos submetidos a exercícios físicos.
Marina Lorenzi Monteiro de Araújo, Claudia Marina Fló, Sabrina Michels Muchale	2010	Efeitos dos exercícios resistidos sobre o equilíbrio e a funcionalidade de idosos saudáveis: artigo de atualização	Revisão sistemática	Analisar os estudos que correlacionaram o treino resistido (TR) isolado, o equilíbrio e a função de idosos saudáveis.

    O trabalho de Reis et al. (2008) que teve como objetivo identificar alguns aspectos das condições de saúde dos idoso que faziam tratamento na Clínica-Escola de Fisioterapia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, avaliou 131 idosos, de ambos os sexos, utilizando uma ficha com informações coletadas dos prontuários. O estudo teve como resultado os percentuais: 65,64% são do sexo feminino; 85,49% queixam-se de dor no joelho; 53,43% eram hipertensos; 33,59% tinham artrose; 57,25% eram sedentários. Os resultados contribuíram para planejamento de políticas voltadas para melhoria da qualidade de vida na terceira idade, além da realização de uma conduta adequada e priorizando funcionalidade dos segmentos que apresentaram comprometimento.

    Ainda sobre Qualidade de Vida, Alcântara et al. (2015) explica que a falta de atividade na velhice leva a fatores prejudiciais e incapacitantes. O trabalho comparou o nível de QV entre idosas praticantes e não praticantes de atividade física. Foram avaliados dois grupos, sendo um composto por 40 pessoas praticantes de atividades físicas e outro com também 40 participantes, porém sedentários. A idade dos participantes era igual ou superior a 60 anos. Para obter os resultados utilizaram o questionário SF-36. O estudo identificou que as idosas praticantes tiveram melhores pontuações nos domínios avaliados pelo questionário. Logo, podemos perceber que o exercício físico beneficia a estimulação de várias funções do organismo como a funcionalidade do aparelho locomotor, principal responsável pelo desempenho das atividades da vida diária e pelo grau de independência.

    Segundo Araújo et al. (2014), a prática regular de atividade física na terceira idade beneficia também os que são portadores de HIV. O estudo avaliou por 16 semanas quatro voluntárias idosas portadoras de AIDS com um programa de exercícios físicos. Antes e após cada programa era verificado freqüência cardíaca e respiratória, pressão arterial, índice de massa corporal, cirtometria, dobras cutâneas, força muscular dos membros e do tronco, pressão inspiratória e expiratória, flexibilidade, contagem de linfócitos T CD4+ e CD8+ e qualidade de vida através do WHOQOL-HIV- bref. Como resultado da pesquisa pode-se notar a diminuição da freqüência cardíaca, da pressão arterial e da espessura das dobras cutâneas, aumento da força muscular e do número de linfócitos T CD4+, além da promoção de qualidade de vida.

    A fisioterapia conta com diversos recursos para promoção da saúde, como por exemplo, a hidroterapia abordada por Fibra et al. (2006), que avaliou 20 voluntários, entre 65 e 80 anos, em um tratamento de fisioterapia aquática por 12 semanas consecutivas (24 sessões), na Clínica Escola de Fisioterapia da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Esses idosos foram avaliados respondendo a um questionário específico para avaliação da qualidade de vida o WHOQOL . Bref. A pesquisa foi positiva e demonstrou eficácia do tratamento.

    A pesquisa de (Alencar, et al., 2010) objetivou analisar níveis de atividade física, autonomia funcional e qualidade de vida em idosas, para isto selecionou 30 mulheres e as dividiu em dois grupos, sendo o primeiro com 15 sedentárias e o segundo com 15 ativa. As participantes tinham idade superior ou igual a 60 anos. Para avaliação foram usados questionários que classificaram o nível de atividade física, a autonomia funcional e a qualidade de vida. Os pesquisadores obtiveram escore baixo em ambos os grupos, porém pode-se perceber um melhor percentual nas participantes ativas. Em contra partida não houve diferença significativa no quesito qualidade de vida.

    Dando continuidade ao assunto Silva et al. (2008) buscou avaliar os benefícios promovidos pelos exercícios físicos resistidos sobre o equilíbrio, coordenação e agilidade em indivíduos idosos por meio de uma amostra com 61 participantes com idade de 60 a 75 anos. O primeiro grupo composto por 39 pessoas passou por um protocolo específico de treinamento durante 6 meses, completando 72 sessões. O outro grupo composto por 22 participantes não foi submetido a treinamento, porém se prontificaram a uma vez por semana ir até o CEPE, limitando-se a realizar apenas alongamento e aquecimento. O estudo demonstrou haver melhora nos itens propostos no grupo que participou do programa de treinamento.

    O trabalho de Araújo et al. (2010) que tem como objetivo analisar os estudos que correlacionaram o treino resistido (TR) isolado, o equilíbrio e a função de idosos saudáveis, nos apresenta o conceito de envelhecimento como um processo inexorável e multifatorial, que inclui fatores genéticos e ambientais influenciados por doenças e hábitos deletérios à saúde. No mundo, estima-se que o número de idosos atinja 2 bilhões em 2050, já no Brasil, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), teremos em 2030 cerca de 25 milhões de idosos. Sabe-se que esse envelhecimento pode cursar com perdas de capacidades que repercutem negativamente nas atividades de vida diária (AVD), por isso um fator importante para o idoso ter um envelhecimento saudável é a pratica de exercícios físicos e mentais, que irá ajudar na melhora da capacidade funcional e ao não sedentarismo, promovendo assim uma melhora na qualidade de vida e na incidência de doenças que são ocasionadas freqüentemente pelo processo de envelhecimento.

Considerações finais

    Os estudos mencionados apresentam resultados importantes no que diz respeito à atuação fisioterapêutica na terceira idade exercendo condições benéficas de saúde, favorecendo melhor capacidade funcional, desenvolvendo mais autonomia e promovendo qualidade de vida. Podemos observar nas pesquisas citadas a importância da prática de atividades físicas durante a velhice a fim de manter uma vida saudável, independente e aumentando sua longevidade. Conclui-se que o fisioterapeuta é de grande valia para promoção de qualidade de vida em indivíduos idosos.

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