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Exercício físico e obesidade na adolescência: uma revisão integrativa

Ejercicio físico y obesidad en la adolescencia: una revisión integradora

Physical exercise and obesity in adolescence: an integrative review

 

*Graduada em Educação Física pela Universidade

Estadual Vale do Acaraú (UVA). Sobral (CE)

**Professora Orientadora das Faculdades INTA

Educadora Física e Fisioterapeuta. (Sobral) (CE)

(Brasil)

Priscila Aragão Mesquita*

aragaopriscila@hotmail.com

Francisca Maria Aleudinelia Monte Cunha**

aleudinelia@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O presente artigo busca analisar publicações científicas que tratam da utilização do exercício físico na abordagem da obesidade na adolescência. Trata-se de uma revisão integrativa, realizada no portal da Biblioteca Virtual em Saúde com os seguintes descritores: exercício físico, obesidade e adolescentes onde se buscou artigos científicos indexados à base de dados, livres de recortes temporais. Foram selecionados 11 artigos que contemplaram o enfoque da pesquisa. Os estudos mostraram benefícios de programas de exercícios físicos na perda de peso e melhora da saúde e auxilio de patologias associadas à obesidade em adolescentes. Contudo, há ainda ausência de publicações mais específicas para analisar mais a fundo os tipos de treinamento.

          Unitermos: Adolescentes. Exercício físico. Obesidade.

 

Abstract

          The present study aims to analyze scientific publications dealing with the use of exercise in obesity approach adolescence. This is an integrative review, held in the Virtual Library portal Health with the descriptors exercise, obesity and adolescents where they sought scientific articles indexed to the database, free of time frame. We selected 11 articles that contemplated the focus of the research. Studies have shown benefits of exercise programs on weight loss and improved health and help of pathologies associated with obesity in adolescents. However there is still the absence of more specific publications to further analyze the types of training.

          Keywords: Adolescents. Physical exercise. Obesity.

 

Recepção: 27/10/2015 - Aceitação: 23/02/2016

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 214, Marzo de 2016. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    A obesidade constitui em um grave problema de saúde pública. Ela está atrelada a outras patologias tais como diabetes (DB), hipertensão arterial sistêmica (HAS), dislipidemia, síndrome metabólica, complicações endocrinológicas dentre outras patologias. Para tanto, ela deve ser prevenida ou tratada para evitar tais complicações (Lira et al., 2013).

    Tendo em vista o público adolescente, a obesidade é uma das doenças mais prevalentes, variando no Brasil, entre 6 e 22%, a depender da região (Farah, Berenguer, Prado, Cardoso Júnior & Dias, 2012). Os adolescentes obesos que permanecerem acima do peso na idade adulta estarão sujeitos as complicações neuro-metabólicas e endócrinas, resultando no desenvolvimento precoce das doenças cardíacas e metabólicas. (Carneiro et al. 2005).

    Assim, surge o exercício físico como aliado na prevenção e no tratamento dessas complicações relacionadas à obesidade. O exercício físico, independente da intensidade que e realizado, tem eficácia na redução da adiposidade corporal. Entretanto, há uma padronização quanto à prescrição da intensidade do esforço, o que dificulta a comparação entre os resultados. (Gomes, Silva, Lira, Loreano-Prado & Prado, 2013).

    Para tanto, surge a necessidade de ver na literatura científica os escritos sobre a utilização do exercício físico em casos de obesidade em adolescentes, como forma de conhecer se de fato há publicações acerca dessa problemática, subsidiando a atuação do profissional de Educação Física.

    Desse modo, o presente estudo tem como objetivo analisar publicações científicas que tratam da utilização do exercício físico na abordagem da obesidade na adolescência, considerando ser essa uma patologia que acomete cada vez mais tal público.

2.     Metodologia

    O estudo consiste em uma revisão integrativa da literatura. Tal método de pesquisa busca sintetizar o conhecimento e a incorporar a aplicabilidade de resultados de estudos significativos na prática, consistindo em um instrumento da Prática Baseada em Evidência (PBE). Sua abordagem metodológica é referente às revisões, permi­tindo a inclusão de estudos experimentais e não-experi­mentais para uma compreensão completa do fenômeno analisado. Combina também dados da literatura teórica e empírica, além de incorporar um vasto leque de propó­sitos: Definição de conceitos, revisão de teorias e evidên­cias, e análise de problemas metodológicos de um tópico particular (Souza, Silva & Carvalho, 2010).

    Nesse sentido, procurou-se a busca por publicações com bases de dados, através do seguinte ponto de partida: Quais os registros na literatura científica sobre a utilização do exercício físico voltado a questão da obesidade em adolescentes?

    Foram utilizadas as seguintes etapas da construção da revisão integrativa: Seleção da questão temática, busca na literatura, categorização dos estudos, avaliação dos estudos incluídos na revisão integrativa, interpretação dos resultados e a síntese do conhecimento evidenciado nos artigos analisados ou apresentação da revisão (Mendes, Silveira & Galvão, 2008).

    Na busca, foi utilizado o portal da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), o qual direciona a busca para as bases de dados, durante o mês de agosto de 2015. Foram utilizados e cruzados no portal os seguintes descritores: exercício físico, obesidade e adolescentes, adjuntos ao operador booleano “and”. Tais descritores foram devidamente encontrados nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS). Assim, através da leitura dos resumos e da aplicação dos critérios de exclusão foram selecionados os artigos que constituíram a mostra do estudo.

    Foram selecionados apenas artigos científicos que apresentam o texto completo, escrito em língua portuguesa cujo periódico estivesse indexado a base de dados, livres de recortes temporais e que incluíssem o objetivo da investigação, selecionados a partir de uma leitura criteriosa dos títulos e resumos. Na pesquisa foram encontrados 84 artigos, entretanto, utilizando os critérios de exclusão acima citados, apenas 11 artigos que contemplavam o objetivo da pesquisa foram selecionados para compor a amostra, sendo 9 da Lilacs e 2 da Medline.

3.     Resultados e discussão

    A amostra final desta revisão foi constituída por 11 ar­tigos científicos, selecionados pelos critérios de inclusão previamente estabelecidos. Para exposição dos dados foi utilizado um quadro adaptado onde foram expostas as variáveis: Título do artigo, ano da publicação, nome dos autores e periódico, objetivos e conclusões do estudo. Os artigos foram organizados em ordem cronológica com relação a suas devidas datas de publicação.

Quadro 1. Apresentação dos artigos segundo título do artigo, ano, autores

e periódico, objetivos e conclusões do estudo. Sobral, Ceará, Brasil, 2015

Título do Artigo / Ano da publicação

Autores / Nome do Periódico

Objetivos do Estudo

Conclusões do Estudo

Efeito da atividade física associada à orientação

alimentar em adolescentes obesos: comparação entre o exercício aeróbio e anaeróbio.

 

2004.

Sabiá RV; Santos JE; Ribeiro RPP.

 

Revista Brasileira de Medicina do Esporte.

Comparar o efeito do exercício físico aeróbio e anaeróbio associado à orientação alimentar sobre a composição corporal, as medidas bioquímicas e a capacidade física de adolescentes obesos.

A Atividade física e a orientação alimentar promoveram a diminuição ponderal, melhora da composição corporal, dos níveis lipídicos e aumento na capacidade aeróbia dos adolescentes.

 

Influência do treinamento aeróbio e anaeróbio na

massa de gordura corporal de adolescentes obesos.

 

2004.

Fernandez AC; Mello MT; Tufik S, Castro PM; Fisberg M.

 

Revista Brasileira de Medicina do Esporte.

 

O objetivo deste estudo foi verificar as influências do exercício aeróbio e anaeróbio na composição corporal de adolescentes obesos do sexo masculino.

O exercício físico tanto aeróbio como anaeróbio aliado à orientação nutricional, promove maior redução ponderal, quando comparado com a orientação nutricional somente, e que, neste estudo, o exercício anaeróbio foi mais eficiente para promover a diminuição da gordura corporal e o exercício aeróbio foi mais eficaz para preservar e/ou aumentar a massa magra e a massa livre de gordura.

Perfil Lipídico em Crianças Obesas:

Efeitos de Dieta Hipocalórica e Atividade Física Aeróbica.

 

2007.

Parente E; Guazzelli I; Ribeiro MM; Silva AG; Halpern A; Villares SE.

 

Arquivos Brasileiros de Endocrinologia Metabologia.

Avaliar o efeito da

atividade física aeróbia associada à dieta hipocalórica balanceada sobre o perfil lipídico.

Dieta hipocalórica (DH) e atividade física aeróbia promovem aumento da Lipoproteína de alta densidade (HDL-C), independente do valor basal, em crianças obesas quando comparado à DH isoladamente; 2) DH isoladamente ou associada a exercício aeróbio reduz colesterol total (CT) e lipoproteína de baixa densidade (LDL-C), quando estes estão em níveis acima do valor normal, em crianças obesas.

O Papel do Exercício Físico na Composição

Corporal e na Taxa Metabólica Basal de Meninos Adolescentes Obesos.

 

2007.

Schneider P;Meyer F.

 

Revista Brasileira de Ciências e Movimento.

Revisar a importância de diferentes tipos de exercício físico na composição corporal e na TMB (taxa metabólica basal) de adolescentes obesos.

É importante adicionar o treinamento de força a um programa de perda de peso para preservar a massa corporal magra e conseqüentemente a taxa metabólica basal. O exercício físico em forma de circuito pode ser uma forma de incentivar a aderência ao programa.

Prevenção da síndrome metabólica em crianças obesas: uma proposta de intervenção.

 

2011.

Buonani C; Fernandes RA; Silveira LS, Bastos KN; Monteiro PA; Viotto Filho I, Freitas Júnior IF

 

Revista Paulista de Pediatria.

Analisar o efeito de 12 semanas de intervenção envolvendo prática de atividade física, orientações alimentar e psicológica sobre fatores de risco para o desenvolvimento da síndrome metabólica em crianças e adolescentes obesos.

O programa de exercício físico aplicado nas crianças e adolescentes foi eficiente para melhorar os valores de glicemia e triglicérides.

Efeito do treinamento físico na pressão arterial de adolescentes com obesidade.

 

2012.

Farah BQ; Berenguer MF; Prado WL, Cardoso Júnior CG, Dias RMR.

 

Revista Paulista de Pediatria.

Descrever, por meio de uma revisão sistemática, os efeitos do treinamento físico sobre a pressão arterial em adolescentes com obesidade.

O efeito do treinamento físico na pressão arterial de adolescentes obesos é controverso. A redução da pressão arterial parece ocorrer com programas de treinamento aeróbios que promovam também a redução da massa corpórea.

Atividade da butirilcolinesterase e fatores de risco cardiovascular em adolescentes obesos submetidos a um programa de exercícios físicos.

 

2013.

Milano GE; Leite N; Chaves TJ; Milano GE; Souza RLR, Alle LF.

Arquivos Brasileiros de Endocrinologia Metabologia.

Avaliar o efeito de 12 semanas de exercícios físicos em variáveis associadas a fatores de

risco cardiovascular e na atividade da butirilcolinesterase (BChE) em adolescentes obesos.

A redução da atividade da BChE, observada após a intervenção, foi acompanhada da redução de variáveis associadas a risco cardiovascular e à obesidade, indicando que a BChEpode ser utilizada como marcador secundário para os riscos associados à obesidade precoce.

Efeitos de diferentes intensidades de treinamento aeróbio sobre a composição

corporal em adolescentes obesos.

 

2013.

Gomes PP; Silva HJG;

Lira CTC; Loreano-Prado MCL; Prado WL.

 

Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano.

 

O objetivo do presente estudo foi verificar os efeitos de diferentes intensidades de treinamento físicoaeróbio sobre a composição corporal de adolescentes obesos submetidos a intervenção multidisciplinar.

No presente estudo, a intervenção multidisciplinar se mostrou efetiva na modulação da composição corporal e da adiposidade dos adolescentes obesos. Entretanto, tais resultados parecem ser independentes da intensidade de treinamento aeróbio a qual os grupos foram submetidos.

Efeitos de diferentes intensidades de treinamento aeróbio sobre a lipemia de adolescentes obesos.

 

2013.

Lira CTC; Cardoso Júnior CG;Gomes PP; Tenório TRS; Prado MCL; Ferreira MNL; Prado WL.

Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde.

O objetivo do presente estudo foi verificar o efeito de diferentes intensidades de treinamento físico aeróbio sobre a lipemia de adolescentes obesos submetidos à intervenção multidisciplinar.

Os resultados sugerem que ambas intensidades de treinamento físico são capazes de promover alterações positivas na lipemia de adolescentes obesos, entretanto, quando comparado ao treinamento de alta intensidade, o treinamento de baixa intensidade é mais efetivo na redução do colesterol total.

Efeito do treinamento de força nas variáveis

Cardiovasculares em adolescentes com sobrepeso.

 

2014.

Miranda JMQ; Dias LC; Mostarda CT; Angelis K; Figueira Junior AJ; Wichi RB.

 

Revista Brasileira de Medicina do Esporte.

O presente estudo teve por objetivo avaliar as respostas agudas cardiorrespiratórias e autonômicas induzidas por uma sessão de exercício físico resistido em adolescentes com sobrepeso.

Sugere-se que o aumento do nível de atividade física em indivíduos com sobrepeso pode prevenir as alterações autonômicas que estão associadas ao aumento do peso corporal e conferir efeito protetor ao sistema cardiovascular.

Treinamento concorrente e o treinamento funcional promovem alterações benéficas na composição corporal e esteatose hepática não alcoólica de jovens obesos.

 

2014.

Cayres SU; Christofaro DGD; Oliveira BAP; Antunes BMM; Silveira LS; Freitas Júnior IF.

 

Revista da Educação Física / Universidade Estadual de Maringá.

 

Comparar efeito do treinamento concorrente e o treinamento funcional na composição corporal, perfil lipídico e esteatose hepática não alcoólica (EHNA) em adolescentes obesos.

Para tanto, o treinamento concorrente parece ser uma ferramenta útil para o tratamento da EHNA em adolescentes obesos.

    O ano de 2013 foi o que mais se destacou, apresentando artigos neste estudo: Foram 3 artigos em 11 no total, nos demais anos tivemos tiveram uma distribuição temporal ampla onde 2 apareceram no ano de 2004, 2 em 2007, 1 em 2011, 1 em 2012, e ouros 2 em 2014.

    Grande parte dos estudos, ou seja, 6 ocorreram no estado de São Paulo, principalmente atrelados a Universidades paulistas, o que mostra a ausência de estudos mais regionalizados para mostrar a realidade nacional, o que pode não gerar fidedignidade nos parâmetros de um país de dimensões continentais e com pluralidade nas realidades sociais e culturais da população. Os demais artigos da pesquisa foram 2 do Estado de Pernambuco e 1 do Estado do Paraná. As duas revisões de literatura não identificaram o local onde ocorreu a pesquisa bibliográfica.

    A grande maioria, ou seja, 8 estudos foram pesquisas longitudinais, isto é, testes realizados em um período de tempo contínuo, suficiente para que haja tempo de surgirem resultados significativos na pesquisa. Apesar de diferenças em algumas variáveis analisadas e alguns estudos, os resultados tiveram muitas similaridades.

    Sabiá, Santos e Ribeiro (2004) já buscaram comparar o efeito do exercício aeróbio e anaeróbio em jovens obesos associado à orientação alimentar. Foram investigados 28 adolescentes (média de idade = 13 anos), com índice de massa corporal (IMC) acima do percentil 95 para a idade e sexo, distribuídos em dois grupos de forma aleatória: Exercício de caminhada contínua (GEC; n = 13) e exercício de corrida intermitente (GEI; n = 15) e submetidos a um programa de treinamento físico três vezes por semana durante 16 semanas, por 20 a 40 minutos. A atividade de orientação nutricional ocorreu uma vez por semana, em grupo, por 60 minutos, durante todo o experimento. Foram realizadas, no período inicial e final, medidas de peso e altura, pregas subcutâneas, circunferências do braço (CB) e muscular do braço (CMB), composição corporal por bioimpedância elétrica, análises bioquímicas séricas (Glicemia e lipídios) e determinação direta de consumo máximo de oxigênio (VO2max) e limiar anaeróbio (LAn). Como resultados antropométricos, observamos diminuição do IMC e das pregas cutâneas com diferença significativa nos dois grupos (GEC e GEI). Na avaliação bioquímica, houve diminuição significativa nos níveis séricos de HDL e LDL, colesterol total, e aumento dos triglicérides e glicemia no GEC, embora mantendo-se dentro dos valores de normalidade. No GEI, o HDL e triglicérides tiveram diminuição significativa. O VO2max aumentou estatisticamente nos dois grupos.

    Na busca por verificar as influências do exercício aeróbio e anaeróbio na composição corporal de adolescentes obesos, Fernandez et al. (2004) utilizaram uma amostra constituída de 28 adolescentes com idades entre 15 e 19 anos, que apresentavam obesidade grave. Todos os grupos tiveram orientação nutricional e o período de intervenção foi de 12 semanas. Os voluntários foram distribuídos aleatoriamente em três grupos: grupo I: exercício anaeróbio; grupo II: exercício aeróbio; e grupo III: controle. O grupo I realizou treinamento intervalado em cicloergômetro que consistiu de 12 “tiros” de 30” com máxima força e velocidade, pedalando com carga alta (0,8% do massa corporal x 25 watts) e recuperação ativa de 3’; O grupo II realizou treinamento aeróbio em cicloergômetro pedalando com carga relativa ao limiar ventilatório por 50 minutos. Já o terceiro grupo funcionou como controle, sem atividade física (três meses). Os voluntários realizaram densitometria óssea com análise da composição corporal e avaliações médicas e de aptidão física. Quando comparados os períodos inicial e final de intervenção foram observadas reduções nas variáveis massa corporal, IMC, na massa de gordura corporal total e de membros inferiores e na percentagem de gordura corporal de tronco nos grupos de exercício. Diferenças foram observadas entre os grupos I e III para os deltas percentuais de massa de gordura corporal total e de membros inferiores e na percentagem de gordura de membros inferiores.

    Parente et al (2007) avaliaram o efeito da atividade física aeróbia associado a dieta hipocalórica balanceada sobre o perfil lipídico. Estudou cinqüenta crianças obesas e dividiu em dois grupos pareados: Grupo D (dieta com 55% de carboidrato, 30% de gordura e 15% de proteína – 1.500 e 1.800 kcal) e Grupo DE (mesma dieta + atividade física aeróbia 1 hora por dia, três vezes por semana). Após cinco meses, foi avaliado o Índice de Massa Corpórea (IMC), triglicerídeos, colesterol total (CT) e frações. Nenhuma modificação foi observada nos triglicerídeos, em ambos os grupos. O mais perceptível foi o aumento da lipoproteína de alta densidade colesterol (HDL-C) apenas no grupo DE em 10,3%, o que é benéfico para saúde.

    Em um estudo de Buonani et al (2011) com 23 crianças e ado­lescentes obesos, com idade entre seis e 16 anos, durante 12 semanas foram mensurados: Gordura corporal total e de tron­co, glicemia, colesterol total e triglicérides, pressão arterial sistólica e diastólica. Os jovens foram submetidos a três sessões semanais de 60 minutos de exercício físico (atividades esportivas recreativas, ginástica, circuitos e caminhadas). Como resultados, observou-se, após a intervenção, a diminuição de 11,6% na glicemia e de 24,9% nos triglicérides, porém, não houve diferenças na pressão arterial e no colesterol total.

    Gomes et al (2013) verificaram os efeitos de diferentes intensidades de treinamento físico aeróbio sobre a composição corporal de adolescentes obesos. Utilizou 42 adolescentes de 13 a 17 anos obesos que participaram de 12 semanas de intervenção multidisciplinar em dois grupos experimentais: Treinamento de alta intensidade (TAI) (n=20) – intensidade correspondente ao limiar ventilatório I (LVI); e treinamento de baixa intensidade (TBI) (n=22) - 20% abaixo do LVI. As sessões de exercício foram isocalóricas (350 kcal).

    Lira et al (2013) buscaram verificar o efeito de diferentes intensidades de treinamento físico aeróbio sobre a lipemia de adolescentes obesos submetidos à intervenção multidisciplinar. Quarenta e três adolescentes obesos de ambos os gêneros foram alocados aleatoriamente em dois grupos: Treinamento de alta intensidade (TAI) – limiar ventilatório I (LVI); e treinamento de baixa intensidade (TBI) - 20% abaixo do LVI. As sessões de exercício (3x/semana) foram isocalóricas (350 kcal). Todos os adolescentes receberam a mesma intervenção nutricional, psicológica e clínica durante 24 semanas. Foram determinados os níveis de triglicerídeos, colesterol total e frações, antes e após a intervenção. Após 24 semanas observou-se redução no colesterol total (9%) e LDL (17,7%) e elevação do HDL (22,8%) em resposta ao TBI. O TAI foi efetivo na redução do LDL (14,3%) e aumento no HDL (28,1%).

    Milano et al (2013) avaliou em adolescentes obesos durante 12 semanas exercícios físicos em variáveis associadas a fatores de risco cardiovascular e na atividade da butirilcolinesterase (BChE), que consiste em uma enzima associada a fatores de risco cardiovascular. A amostra foi composta por 24 obesos e 51 eutróficos controles. Foram avaliados: peso, estatura, IMC, circunferência abdominal (CA), percentual de gordura (%G), consumo máximo de oxigênio (VO2máx), pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD), glicemia (GLI) e insulinemia (INS) basal e após 120 minutos, triacilglicerol (TG), colesterol total (CT), colesterol LDL, colesterol HDL e a atividade da BChE (kU/l). Após a intervenção, houve redução significativa em todas essas variáveis.

    Já com o intuito de avaliar efeitos do treinamento concorrente (aeróbio combinado com resistido) e do treinamento funcional em adolescentes obesos, Cayres et al (2014) realizaram amostra de 49 adolescentes obesos (Treinamento concorrente [n=36]; treinamento funcional [n=13]). Os dois tipos de treinamento físico combinavam 50% de atividade aeróbia, e 50% resistida. O treinamento concorrente apresentou redução para lipoproteína de baixa densidade (-16,45%), colesterol total (-11,55%), gordura corporal (-8,52%) e gordura de tronco (-9,95%) e aumento da massa muscular (5,05%). Treinamento funcional reduziu 76,9% a ocorrência da esteatose hepática não alcoólica (EHNA), gordura corporal (-4,97%), gordura intra-abdominal (-19,90%), e aumento na massa muscular (4,18%).

    Houve também uma pesquisa transversal, pesquisa realizada em momento único a qual buscou avaliar as respostas agudas cardiorrespiratórias e autonômicas induzidas por uma sessão de exercício físico resistido em adolescentes com sobrepeso. Foi estudo de Miranda et al (2014) com 17 adolescentes do sexo masculino divididos em Grupo Controle (GC, n=9) e Grupo Sobrepeso (GSO, n=7). Todos foram submetidos a uma sessão exercícios resistidos para diferentes grupos musculares, realizados com sobrecarga de 60% da força máxima. Foram comprovados resultados semelhantes nos dois grupos nas variáveis: Pressão arterial sistêmica, variabilidade de freqüência cardíaca. A freqüência cardíaca aumentou nos dois grupos, mas voltou a valores de repouso no GSO. Isso comprova similaridade nos efeitos agudos dos exercícios resistidos em adolescentes obesos em relação ao Grupo controle, sugerindo efeitos na perda de peso e melhora da massa muscular, assim como já comprovado em outros estudos.

    Outros dois estudos consistiram em revisões de literatura da temática em questão. Schneider e Meyer (2007) concluíram a importância de adicionar o treinamento de força a um programa de perda de peso para preservar a massa corporal magra e conseqüentemente a taxa metabólica basal, além de considerar o exercício físico em forma de circuito como forma de melhorar a aderência. Já Farah et al. (2012) através de revisões sistemáticas de ensaios clínicos, pesquisaram sobre os efeitos do exercício físico na pressão arterial em adolescentes obesos. Quatro de seus oito artigos pesquisados mostram que além da redução da pressão arterial, notou-se diminuição da massa corpórea com os quais utilizaram de 12 a 24 semanas de exercícios aeróbios, três a seis sessões semanais, com duração de 50 a 90 minutos e intensidade entre 55 e 75% da freqüência cardíaca máxima.

    Diante da literatura, pode-se dizer que o exercício físico é um grande aliado no combate a obesidade voltada para os adolescentes, como também no auxílio ao tratamento de outras doenças geralmente crônicas associadas à obesidade e que através de programas de treinamento aliados equilíbrio nutricional e a outros fatores, há efeitos significativos na saúde deste público.

4.     Considerações finais

    Tal estudo mostrou através da revisão integrativa a importância do exercício físico ma melhora dos casos de obesidade e outras patologias atreladas a adolescentes. Ainda mostrou que o exercício físico deve ser associado a outros fatores, como uma dieta equilibrada para que de fato surtam efeitos positivos. Mostrou, embora de forma generalizada, resultados sobre alguns tipos de treinamento específico, comprovando-os como forma de intervenção nesse contexto.

    Apesar disso, referindo-se a literatura, os estudos ainda são em sua grande maioria relacionados à análise dos efeitos de exercícios físicos de modo geral, sem ênfase para um determinado treinamento ou atividade específica, o que mostra a necessidade de mais publicações nesse sentido, com o intuito de agregar novos conhecimentos à comunidade acadêmica.

Bibliografia

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  • Cayres, S. U. et al. (2014). Treinamento concorrente e o treinamento funcional promovem alterações benéficas na composição corporal e esteatose hepática não alcoólica de jovens obesos. Revista da Educação Física da UEM. V. 25. N. 2. P. 285-295.

  • Farah B. Q. et al. (2012). Efeito do treinamento físico na pressão arterial de adolescentes com obesidade. Revista Paulista de Pediatria. V. 30. N. 4. P. 600-607.

  • Fernandez A. C. et al. (2004) Influência do treinamento aeróbio e anaeróbio na massa de gordura corporal de adolescentes obesos. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. V. 10. N. 3. P. 152-158.

  • Gomes P. P. et al. (2013). Efeitos de diferentes intensidades de treinamento aeróbio sobre a composição corporal em adolescentes obesos. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano. V. 15. N. 5. P. 594-603.

  • Lira C. T. C. et al. (2013). Efeitos de diferentes intensidades de treinamento aeróbio sobre a lipemia de adolescentes obesos. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde. V. 18. N. 6. P. 761-770.

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  • Milano G. E. et al. (2013). Atividade da butirilcolinesterase e fatores de risco cardiovascular em adolescentes obesos submetidos a um programa de exercícios físicos. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia. V. 57. P. 7. P. 533-537.

  • Miranda J. M. Q. et al. (2014). Efeito do treinamento de força nas variáveis Cardiovasculares em adolescentes com sobrepeso. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. V. 20. N. 2. P. 125-130.

  • Parente E. et al. (2006). Perfil Lipídico em Crianças Obesas: Efeitos de Dieta Hipocalórica e Atividade Física Aeróbica. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia. V. 50. N. 3. P. 499-504.

  • Sabiá R. V., Santos J. E. & Ribeiro R. P. P. (2004). Efeito da atividade física associada à orientação alimentar em adolescentes obesos: comparação entre o exercício aeróbio e anaeróbio. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. V. 10. N. 5 P. 349-355.

  • Schneider P. & Meyer F. (2007). O Papel do Exercício Físico na Composição Corporal e na Taxa Metabólica Basal de Meninos Adolescentes Obesos. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. V. 15. N. 1. P. 101-107.

  • Souza M. T., Silva M. D. & Carvalho R. (2010). Revisão integrativa: o que é e como fazer. Einstein. V. 8. N. 1. P. 102-106.

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