Estudo de acompanhamento da imagem corporal de universitários durante os dois primeiros anos de graduação Estudio de seguimiento de la imagen corporal de universitarios durante los dos primeros años de la graduación Follow-up study of body image of college students during the first two years of graduation |
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*Professor de Educação Física pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, UFRB, Amargosa, Bahia Mestrado em andamento no Programa de pós graduação em Estudos Interdisciplinares sobre a Universidade, Universidade Federal da Bahia, UFBA, Salvador, Bahia **Professor Mestre do curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB – Amargosa – Bahia. Doutorado em andamento no Programa de pós graduaçãoem Medicina e Saúde. Universidade Federal da Bahia, UFBA, Salvador, Bahia***Professora Mestre do curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB – Amargosa – Bahia. Doutorado em andamento no Programade pós graduação em Medicina e Saúde. Universidade Federal da Bahia, UFBA, Salvador, Bahia |
Alexsandro Rabaioli Nunes Ribeiro* Alex Pinheiro Gordia** Teresa Maria Bianchini de Quadros*** (Brasil) |
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Resumo Objetivo: Avaliar as mudanças na satisfação/insatisfação com a imagem corporal (IC) de estudantes universitários durante os dois primeiros anos do curso de graduação. Métodos: Participaram do estudo universitários que ingressaram nos cursos de graduação do Centro de Formação de Professores da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia no primeiro semestre do ano letivo de 2010. As variáveis sociodemográficas, massa corporal e estatura foram mensuradas por meio de autorrelato. A satisfação/insatisfação com a IC foi determinada através da utilização da escala de silhuetas. Para a análise estatística recorreu-se ao teste qui-quadrado, teste de McNemar e risco relativo (p<0,05). Resultados: A amostra que participou de todo o período de seguimento foi composta por 92 universitários (64,1% eram do sexo feminino). A insatisfação com a IC foi elevada tanto no início do primeiro quanto no final do segundo ano do curso de graduação (81,5% e 78,3%, respectivamente). Os achados referentes ao acompanhamento demonstraram que a prevalência de insatisfação com a IC não mudou durante o período do estudo (p>0,05), indicando que o tempo de permanência no ensino superior teve pouca influência sobre a satisfação/insatisfação com a IC dos universitários investigados. Conclusão: Sugere-se que políticas públicas de promoção da saúde sejam desenvolvidas dentro dos campi universitários visando contribuir com a adoção de comportamentos mais saudáveis entre seus estudantes, a fim de diminuir a insatisfação com a IC desde seu ingresso. Unitermos: Imagem corporal. Estudantes. Promoção da saúde. Universidade.
Abstract Objective: To evaluate the changes in the satisfaction/dissatisfaction with body image (BI) university students during the first two years of the undergraduate course. Methods: Students that enrolled in undergraduate courses at the Center for Teacher Education, Federal University of Reconcavo of Bahia in the first semester of the school year 2010 participated in the study. The sociodemographic variables, body mass and height were measured by self-report. The satisfaction/dissatisfaction with BI was determined using the range of silhouettes. For statistical analysis, we resorted to the Chi-square test, McNemar test, and relative risk (p<0.05). Results: The sample that participated in the entire follow-up period was composed of 92 students (64.1% were female). Dissatisfaction with the BI was high both at the beginning and at the end of the first second-year undergraduate degree (81.5% and 78.3%, respectively). The findings relating to the monitoring showed that the prevalence of dissatisfaction with the BI did not changed during the study period (p> 0.05), indicating that the time spent in higher education had little influence on satisfaction/dissatisfaction with BI university investigated. Conclusion: It is suggested that public health promotion policies are developed within the university campuses to contribute to the adoption of healthier behaviors among their students, in order to decrease dissatisfaction with BI since joining. Keywords: Body image. Students. Health promotion. University.
Recepción: 26/08/2015 - Aceptación: 13/12/2016
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 214, Marzo de 2016. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
A satisfação/insatisfação com a imagem corporal (IC) se associa à autodescrição mais ampla do indivíduo, incluindo aspectos comportamentais, cognitivos e afetivos, bem como, à subjetividade que está interligada com as sensações corporais. Esses fatores ocorrem devido ao contato do sujeito com o mundo externo, além da constante relação que se estabelece no interesse pelo próprio corpo e pelo corpo do outro (Silva & Vendramini, 2005; Pelegrini & Petroski, 2010). Neste contexto, a IC apresenta-se como um indicador relevante da vida do indivíduo.
No mundo contemporâneo, tem-se observado que o modelo de beleza está associado a corpos musculosos entre os homens e magros entre as mulheres. Contudo, na maioria das vezes esses padrões se tornam inalcançáveis para a maioria dos indivíduos, o que acarreta sentimento de frustração que leva as pessoas a um distanciamento entre a IC real e a ideal. Quanto maior esse distanciamento, mais acentuada será a incidência de baixa autoestima e sentimentos de culpa, afetando de forma negativa a saúde e qualidade de vida dos indivíduos (Stephan, Fouquereau & Fernandez, 2008).
Os estudos transversais sobre universitários brasileiros demonstraram elevada prevalência de insatisfação com a IC (Kakeshita & Almeida, 2006; Carvalho, Filgueiras, Neves, Coelho & Ferreira, 2013). Considerando o aumento do número de Universidades no Brasil, especialmente com o projeto de expansão do Ensino Superior do Governo Federal, e conseqüente aumento desta parcela da população, demonstra-se a relevância epidemiológica de obterem-se indicadores de saúde e qualidade de vida destes indivíduos durante os anos de estudo no ensino superior. No entanto, pouco se sabe sobre as mudanças na percepção da IC de universitários brasileiros durante o curso de graduação.
Estes achados podem ser importantes para o desenvolvimento de políticas públicas de promoção da saúde de estudantes universitários brasileiros. Com base nesse contexto, o presente trabalho teve como objetivo avaliar as mudanças na satisfação/ insatisfação da IC de estudantes universitários da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Centro de Formação de Professores, Amargosa, BA, durante os dois primeiros anos de graduação.
Métodos
Desenho da pesquisa e critérios éticos
O presente estudo caracterizou-se como epidemiológico, do tipo observacional, uma vez que o pesquisador não interviu, apenas analisou com fundamento no método epidemiológico um experimento natural; como analítico, pois visou estabelecer inferências a respeito de associações entre duas ou mais variáveis; e como de coorte, tendo em vista que analisou as associações de exposição e efeito por meio da comparação da ocorrência de desfechos entre expostos e não expostos ao fator de risco (Thomas, Nelson & Silverman, 2007). O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina (protocolo 96/07), conforme Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde sobre pesquisa envolvendo seres humanos.
População e amostra
A população de estudo foi composta por todos os universitários ingressantes nos cursos de graduação do Centro de Formação de Professores da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) no primeiro semestre do ano letivo de 2010 (n=183). Ao final do segundo ano do curso de graduação foram reavaliados 92 indivíduos. A perda amostral (n= 91) durante o período de acompanhamento ocorreu devido a desistências do curso de graduação e transferências para outros campi da UFRB ou para outras Universidades.
Instrumentos e procedimentos
O presente estudo faz parte de um Projeto de Pesquisa intitulado “Condutas de saúde e qualidade de vida em universitários: um estudo de acompanhamento durante a vida acadêmica”. Para a realização desse trabalho foram utilizados questionários referentes às variáveis socioeconômicas e demográficas (idade, sexo, estado civil, condição de trabalho, turno de estudo, escolaridade dos pais e renda familiar) e satisfação/insatisfação com a IC.
As variáveis sociodemográficas, massa corporal e estatura foram mensuradas por meio de autorrelato. O Índice de Massa Corporal (IMC) foi calculado através da divisão da massa corporal (kg) pela estatura (m) ao quadrado. Para avaliar a satisfação/insatisfação com a IC utilizou-se a escala de silhueta proposta por (Stunkard, Sorenson & Schlusinger, 1983). O conjunto de silhuetas foi mostrado aos universitários, seguido das perguntas: 1) Qual a silhueta que melhor representa sua aparência física atual (real?); 2) Qual silhueta você gostaria de ter (ideal?). Para verificar a insatisfação com a IC utilizou-se a diferença entre a silhueta real e a ideal. Quando a diferença foi igual à zero, o indivíduo foi classificado como satisfeito, e se diferente de zero, como insatisfeito. Quando a diferença foi positiva, o indivíduo foi considerado como insatisfeito por excesso de peso, e quando negativa, como insatisfeito por magreza.
Coleta de dados
Para a realização da primeira coleta de dados, inicialmente foi agendada uma data para a apresentação da pesquisa aos universitários, bem como exposição dos objetivos e relevância do estudo, esclarecimento de possíveis dúvidas, assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido e em seguida, coleta de dados do baseline, realizada em sala de aula. Para a segunda coleta de dados, realizada no final do segundo ano do curso de graduação, inicialmente os participantes foram procurados em sala durante a aula de um componente curricular em que a maioria da turma estivesse cursando. Tendo em vista que nem todos os alunos cursavam o componente curricular ou não estavam presentes no dia da coleta, os universitários foram procurados em outros momentos na Universidade ou contatados via telefone e email para agendamento de data, horário e local para a coleta de dados de acordo com a disponibilidade do participante. Em ambas as coletas de dados os questionários foram administrados através da aplicação coordenada, com o pesquisador responsável lendo a pergunta para os universitários, com o propósito de facilitar o entendimento dos respondentes em relação ao objetivo de cada questão.
Análise estatística
Inicialmente, foi realizada a análise descritiva das informações através de indicadores estatísticos de tendência central (média), variabilidade (desvio padrão) e freqüências. Em seguida, utilizou-se o teste qui-quadrado para comparar as características sociodemográficas de coorte no baseline e no final do segundo ano do curso de graduação. O teste de McNemar foi utilizado para investigar mudanças na IC durante os dois primeiros anos do curso de graduação. O risco relativo foi empregado para verificar o risco de indivíduos que apresentaram insatisfação com a IC no início do primeiro ano do curso de graduação permanecerem com esta percepção no final do segundo ano. O nível de significância foi estabelecido em p<0,05.
Resultados
A amostra investigada apresentou no baseline uma média de 21,4 (dp=4,2) anos de idade e valor médio para o IMC de 21,17 (dp=3,2) Kg/m2. A prevalência de universitários insatisfeitos com a IC no início do primeiro e no final do segundo ano do curso de graduação foi de 81,5% e 78,3%, respectivamente. Os dados referentes às características sociodemográficas dos participantes podem ser observados na Tabela 1. Houve maior predomínio de universitários do sexo feminino, estudantes no período diurno, solteiros e indivíduos que não tinham trabalho remunerado.
A escolaridade materna da maior parte dos universitários estudados era primário completo/ginasial incompleto ou colegial completo/superior incompleto e a renda familiar predominante foi de um a três salários mínimos mensais. Não se observou diferença entre os dados de coorte original e dos universitários que participaram da avaliação realizada no final do segundo ano do curso de graduação para as características sociodemográficas investigadas (p>0,05).
Tabela 1. Características sociodemográficas dos universitários investigados no início
do primeiro e no final do segundo ano do curso de graduação. Amargosa, BA, 2010-2012
Na figura 1 podem-se observar os resultados referentes à satisfação/insatisfação com a IC dos universitários investigados durante os dois primeiros anos do curso de graduação. Os achados demonstram pouca alteração nas categorias da IC durante o período de estudo, não havendo mudanças significativas na comparação de dados do início do primeiro e final do segundo ano de curso de acordo com o teste de McNemar (p=0,805).
Figura 1. Satisfação/insatisfação com a IC dos universitários investigados durante
os dois primeiros anos do curso de graduação. Amargosa, BA, 2010-2012
No que se refere à análise do risco relativo, o risco dos universitários apresentarem insatisfação com a IC no final do segundo ano do curso de graduação não diferiu entre indivíduos que apresentaram ou não insatisfação com a IC no início do curso (RR=1,00; IC95%=0,70-1,44)
Discussão
Os achados do presente estudo demonstraram que a prevalência de insatisfação com a IC foi elevada tanto no início do primeiro quanto no final do segundo ano do curso de graduação. Estes resultados corroboram achados de pesquisas transversais, desenvolvidas com estudantes universitários brasileiros, que também observaram elevada prevalência de insatisfação com a IC (Kakeshita & Almeida, 2006; Quadros, Gordia, Martins, Silva, Ferrari & Petroski, 2010). No entanto, a principal contribuição do presente estudo para o avanço do conhecimento da área foi seu desenho de coorte, que possibilitou acompanhar os estudantes durante os dois primeiros anos do curso de graduação. Os achados referentes ao acompanhamento demonstraram que a prevalência de insatisfação com a IC não mudou durante o período do estudo, indicando que o tempo de permanência no ensino superior teve pouca influência sobre a percepção da IC dos estudantes investigados.
Nossos achados indicam que o espaço acadêmico não se configura como o principal causador das mudanças na satisfação/insatisfação da IC. Considerando que os universitários investigados no presente estudo apresentaram elevada insatisfação com a IC quando ingressaram no ensino superior, acredita-se que a percepção negativa do corpo pode ter seu início na educação básica, principalmente a partir da adolescência, fase na qual o estudante se apropria dos códigos ditados pela indústria cultural da beleza. Segundo Alves (2008) e Al Sabbah, Verercken, Elgar, Nansel, Aasvee & Abdeen (2009), a insatisfação com a IC durante a adolescência torna-se mais acentuada, especialmente para o sexo feminino. Por isso, é comum que adolescentes insatisfeitas com a sua IC adotem comportamentos alimentares não saudáveis e práticas inadequadas de controle de peso, como uso de diuréticos, laxantes, autoindução de vômitos e realização de atividade física extenuante (Carvalho, Filgueiras, Neves, Coelho & Ferreira, 2013; Alves, 2008; Al Sabbah, Verercken, Elgar, Nansel, Aasvee & Abdeen, 2009).
Embora o presente estudo tenha demonstrado que o tempo vivido no ambiente universitário não interferiu na satisfação/insatisfação com a IC dos indivíduos, algumas peculiaridades da Universidade investigada merecem detalhamento, pois podem estar influenciando diretamente nossos achados. A Universidade Federal do Recôncavo da Bahia faz parte da proposta de expansão da educação superior brasileira através do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), que tem como principal objetivo ampliar o acesso e a permanência na educação superior. Esta nova conjuntura deve ser tratada com atenção, pois ao analisar os dados socioeconômicos do presente estudo é nítido que a maioria dos estudantes ingressos são oriundos das camadas populares, fato que deve ser considerado na extrapolação dos resultados para estudantes universitários de instituições privadas e de instituições públicas que não foram criadas pelo Reuni.
Os resultados do presente estudo, somados aos de pesquisas prévias, demonstram que a insatisfação com a IC tornou-se um problema de saúde pública entre estudantes universitários, tendo em vista sua elevada prevalência (Kakeshita & Almeida, 2006; Quadros, Gordia, Martins, Silva, Ferrari & Petroski, 2010). Portanto, a promoção da saúde nas Universidades deve ser realizada para além do modo isolado, microdisciplinar, que apresenta baixa sustentabilidade institucional e é extremamente dependente dos poucos professores voluntários, culminando em ações com pequenas influências e sem abrangência no âmbito da política pedagógica das instituições de Ensino Superior (Mello, Moysés & Moysés, 2010).
Alterações na saúde de jovens podem ocorrer a partir do ingresso no ensino superior, tendo em vista que este momento constitui um ritual de passagem que compreende três etapas: 1) momento ou tempo do estranhamento, onde o estudante se depara com diferentes experiências, nesse processo ele se sente perdido, desconectado de sua realidade; 2) momento em que o estudante passa a adquirir o aprendizado necessário para interagir com aquele espaço e construir relações de convivência articuladas, conhecer o território, entender o funcionamento da vida acadêmica e se sobressair das dificuldades que advenham; e 3) momento no qual o universitário já está filiado, ou seja, adaptado, inteiramente conhecedor dos espaços e mecanismos de negociações e independência, compreendendo os processos burocráticos e pedagógicos que lhes auxiliará nas resoluções de problemas (Santos, Xavier & Brito, 2012; Coulon, 2008). Toda essa relação conturbada do momento de ingresso ao ensino superior pode ser um fator determinante na relação do sujeito com a sua IC.
O presente estudo, apesar de ser pioneiro no Brasil devido ao seu delineamento longitudinal, apresentou algumas limitações que merecem detalhamento, tais como: 1) a perda amostral durante o acompanhamento pode ser considerada elevada (aproximadamente 50%). No entanto, nossos achados demonstraram que as características sociodemográficas não diferiram entre a coorte inicial e ao final do segundo ano do curso de graduação. Além disso, vale destacar que os participantes foram contatados em todas as avaliações e que a perda amostral foi devido a desistências do curso de graduação e transferências para outros campi da UFRB ou para outras Universidades. Neste sentido, acredita-se que nossos resultados representam um bom indicador de mudanças durante o ensino superior na IC de universitários com características semelhantes à amostra investigada; 2) a utilização da escala de silhuetas corporais para avaliar a IC. Este instrumento avalia a IC de forma bidimensional, fato que pode dificultar a compreensão do indivíduo no que se refere à comparação das imagens apresentadas na escala de silhuetas com o seu próprio corpo. Entretanto, a utilização deste instrumento se justifica devido à facilidade e praticidade para aplicação, pela boa fidedignidade e freqüente utilização em estudos epidemiológicos (Quadros, Gordia, Martins, Silva, Ferrari & Petroski, 2010); e 3) o agrupamento das categorias “insatisfeito por magreza” e “insatisfeito por excesso de peso” para as análises do teste de McNemar e do risco relativo. Ainda que o agrupamento dessas categorias seja necessário para possibilitar as análises estatísticas utilizadas no presente estudo, especialmente do risco relativo, deve-se considerar que, embora ambas representem insatisfação com a IC, as manifestações e desdobramentos para a saúde do indivíduo são distintos. Ao passo que a insatisfação por magreza representa um fator de risco para a vigorexia, especialmente em indivíduos do sexo masculino, a insatisfação por excesso de peso pode contribuir para o desencadeamento de distúrbios físicos e mentais como a bulimia e anorexia, especialmente em indivíduos do sexo feminino. Assim, a não distinção destas categorias deve ser considerada na interpretação dos achados do presente estudo.
Conclusão
Os resultados do presente estudo demonstraram que a Universidade investigada não foi um fator relevante para a insatisfação com a IC de seus estudantes durante os primeiros dois anos de graduação. Os estudantes já ingressam no ensino superior com elevada prevalência de insatisfação com a IC, sendo necessários estudos durante a educação básica, especialmente com adolescentes, para identificação do momento crítico de aumento da insatisfação com IC e seus fatores determinantes. Nossos achados indicam a necessidade de políticas públicas desenvolvidas dentro das próprias Universidades, especialmente com universitários recém-ingressos, visando à realização de ações que visem diminuir a insatisfação com a IC e, conseqüentemente, melhorar a saúde e a qualidade de vida desta parcela da população durante o ensino superior.
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