Auditoria e marketing em saúde como estratégias de valorização da profissão de enfermagem Auditoría y marketing en salud como estrategias de valorización de la profesión de enfermería Audit and marketing strategies in health as of valuation of nursing profession |
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*Bacharel em Enfermagem pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) / Instituto Multidisciplinar e Saúde (IMS) / Campus Anísio Teixeira (CAT). Pós-graduanda em nível latu sensu em Auditoria em Sistemas e Serviços de Saúde pela UNIGRAD, pós-graduanda em nível stricto sensu pelo Programa de Pós-graduação em Biociências da UFBA/IMS/CAT **Bacharel em Enfermagem pela Faculdade de Tecnologia e Ciência (FTC), bacharel em Administração pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), licenciatura em Matemática pelo Instituto Claretiano, especialista em UTI pela PÓS-GRAD, Gestão de pessoas e Matemática pela FINON Pós-graduanda em Auditoria em Sistemas e Serviços de Saúde pela UNIGRAD ***Docente da Universidade Estadual do sudoeste da Bahia |
Mayane Oliveira Rebouças da Silveira* Leila Paula Gomes Fonseca Moitinho** Obertal da Silva Almeida*** (Brasil) |
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Resumo A desvalorização da profissão de enfermagem no mercado de trabalho tem como conseqüência a insatisfação dos profissionais com as condições de trabalho e a baixa remuneração. Portanto, torna-se de grande relevância buscar estratégias que possam favorecer a mudança deste cenário. A auditoria e o marketing como ferramentas de aprimoramento da assistência à saúde têm sido muito importantes para essa mudança e busca pelo reconhecimento da profissão de enfermagem. Este trabalho tem como objetivo verificar as possíveis contribuições para a valorização da enfermagem com a implantação da auditoria e marketing na área da saúde. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, descritiva e exploratória, do tipo qualitativa. Para isso, foram utilizadas como bases de dados a Scielo, Biblioteca Virtual de Saúde, Lilacs, Bireme. Dentre os trabalhos encontrados, foi utilizado como critério de inclusão aqueles com publicação entre 2000 e 2014 e concordância com o tema a partir da leitura dos resumos. Unitermos: Auditoria. Marketing. Enfermagem.
Abstract The devaluation of the nursing profession in the labor market has resulted in the dissatisfaction of professionals with working conditions and low pay. Therefore, it is of great importance to seek strategies that can help to change this scenario. The audit and marketing as health care enhancement tools have been very important to this change and quest for recognition of the nursing profession. This study aims to determine the possible contributions to the enhancement of nursing with the establishment of the audit and marketing in health care. It is a bibliographical research, descriptive and exploratory, of qualitative type. For that were used as databases Scielo, Virtual Health Library, Lilacs, Medline. Among the works found, it was used as a criterion for inclusion with those published between 2000 and 2014 and consistent with the theme from reading the abstracts. Keywords: Audit. Marketing. Nursing.
Trabalho de conclusão de curso (TCC) de pós-graduação em Auditoria em Sistemas e Serviços de Saúde.
Recepção: 11/10/2015 - Aceitação: 03/02/2016
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 214, Marzo de 2016. http://www.efdeportes.com/ |
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1. Introdução
De acordo com Elias e Navarro (2006), os profissionais de enfermagem são mal remunerados e submetem-se, pela necessidade do emprego, a vínculos empregatícios precários, jornadas excessivas de trabalho e condições insalubres (por vezes, sem o mínimo de recursos necessários para desempenhar sua função com segurança para si e para o cliente usuário).
A auditoria em enfermagem proporciona muito mais qualidade da assistência prestada e segurança para o paciente, uma vez que essa ferramenta possibilita reorganizar a gestão de recursos materiais, humanos e financeiros; padronização dos processos de cuidado.
No entanto, apesar da valorização de dessa parceria, muito foi encontrado descrevendo sobre o protagonismo da enfermagem e pouco foi visto sobre estratégias de valorização da profissão de enfermagem pelas instituições de saúde. A auditoria tem sido mais utilizada como meio de avaliação e controle do atendimento visando minimizar custos na produção dos cuidados em saúde.
Para Kotler et al (2008), o marketing, como ferramenta de grande influencia nos segmentos de vendas e publicidade, tem sido utilizado para além desses setores. Cada vez mais, o setor de saúde tem lançado mão dos conceitos de marketing para aplicá-los aos clientes (aquele que compra o serviço ou produto) e consumidores (aquele que usa de fato o produto ou serviço).
Os clientes, não somente os externos, mas também os internos (equipe de profissionais) passam a ser vistos como alvos de estratégias que são necessárias para sua valorização, cujos resultados influenciam na equipe, na qualidade do atendimento, imagem da empresa e também nos seus rendimentos.
Esse trabalho tem como objetivo verificar as possíveis contribuições para a valorização da enfermagem com a implantação da auditoria e marketing na área da saúde. Para isso, pretende-se verificar também os impactos da auditoria em saúde para a qualidade do serviço na assistência aos pacientes e profissionais, e como tem sido utilizado o marketing em saúde como ferramenta de valorização dos profissionais de enfermagem.
2. Material e métodos
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, descritiva e exploratória, do tipo qualitativa (Gil, 2002).
Quanto à pesquisa bibliográfica Fontelles et al. (2009) afirmam que esta tem sua base na análise de material já publicado, sendo utilizada para compor a fundamentação teórica a partir da avaliação atenta e sistemática de livros, periódicos, documentos, textos, mapas, fotos, manuscritos e, até mesmo, de material disponibilizado na internet.
Acerca da abordagem qualitativa, Gerhardt e Silveira (2009) versa que esta se preocupa com aspectos da realidade que não podem ser quantificados, centrando-se na compreensão e explicação da dinâmica das relações sociais.
Sobre a pesquisa descritiva Rudio (2003) afirma que, ela deseja conhecer a sua natureza, sua composição, processos que o constituem ou nele se realizam. A pesquisa exploratória visa a uma primeira aproximação do pesquisador com o tema, para torná-lo mais familiarizado com os fatos e fenômenos relacionados ao problema a ser estudado (Fontelles et al., 2009).
2.1. Levantamento de dados
As bases de dados, Scielo, Biblioteca Virtual de Saúde, Lilacs, Bireme foram consultadas no mês de Abril a Junho de 2015. Foram utilizadas como descritores de busca as palavras que constam no título deste trabalho, sendo elas auditoria, marketing, enfermagem, com preferência para os artigos no idioma português.
2.2. População e amostra
A população da pesquisa foi composta de toda literatura sobre o tema em questão, disponíveis nos bancos de dados Lilacs, Bireme e Scielo.
Quanto à amostra, foram escolhidos 13 artigos a partir da variável de interesse. Esta seleção foi feita mediante a leitura criteriosa dos artigos encontrados nas bases de dados, onde foram selecionadas apenas àquelas que atendiam ao objetivo definido pelo estudo. Assim, serão incluídas apenas publicações que estão de acordo com os critérios da pesquisa, publicadas entre os anos de 2000 e 2014, em concordância com o tema a partir da leitura dos resumos.
2.3. Análise dos dados
Após a coleta dos dados, foi realizada a leitura de todos os artigos, as principais informações destacadas, em seguida, foi feita uma análise das mesmas com o objetivo de estabelecer um melhor entendimento e compreensão do tema, com isso ampliar o conhecimento sobre o mesmo.
3. Análise da literatura
3.1. O que é auditoria?
A palavra auditoria é originária do latim, significa ouvir, e tem como função de verificar a veridicidade e conformidade econômica - financeiro de uma instituição. (Camelo, 2009).
Com surgimento, entre os séculos XV e XVI, na Itália, inicialmente apresentada como uma técnica contábil para verificação de registros, apresentando conclusões, críticas e opiniões sobre as situações patrimoniais e financeiras (Santos, 2006).
No Brasil passou a existir com a vinda de empresas internacionais e com o desenvolvimento das nacionais, sendo oficializada em 1968, pelo Banco Central do Brasil (Riollino, 2003).
Auditoria pode ser entendida como uma intercessão realizada com foco na eficiência, eficácia e efetividade, direcionada para o controle, obtendo assim uma visão geral e objetiva, apontando fatores importantes para diagnostico de falhas e irregularidades, melhorando o processo, conseqüentemente os resultados das organizações e nos impactos das políticas públicas (Ruther, 2002).
3.1.1. Auditoria em Saúde
De acordo com o Manual de Auditoria de Enfermagem da operadora de saúde UNIMED, auditoria é o exame criterioso, tendo como referência os manuais de boas práticas em saúde e os contatos estabelecidos entre as partes envolvidas (usuários, médicos, prestador do serviço e operadora de plano de saúde), dos atos e procedimentos executados, conferindo a sua execução e os valores apurados. Assim, tem-se a garantia justa e correta da liquidação dos mesmos, além do acompanhamento dos eventos verificando a melhor adequação e qualidade do atendimento prestado ao usuário do sistema (Júnior e Oliveira, 2009).
Na área da saúde, está em fase de desenvolvimento. Percebe - se a importância da realização desta, uma vez que há uma elevação de custos e diminuição nos recursos financeiros. Há também pressões decorridas do governo, da indústria, dos clientes e da acelerada evolução da tecnologia médica, exigindo – se assim, uma reestruturação das formas administrativas, passando a adotar o Gerenciamento da Qualidade (Antunes e Trevizan, 2000).
3.1.2. Auditoria em Enfermagem
A auditoria de enfermagem é uma avaliação metódica da qualidade da assistência de enfermagem, constatada a partir dos registros de enfermagem no prontuário do paciente e/ou da avaliação direta ao paciente (Kurcgant, 1991 p.216).
A auditoria em enfermagem cumpre uma finalidade institucional que, na atualidade, está pautada em um enfoque empresarial e mercadológico. Há uma tendência de mudança do enfoque de mercado voltado para o cliente, portanto, pautado na qualidade do produto ou serviço, havendo a adequação das ações da auditoria em enfermagem nesse sentido (Scarparo e Ferraz, 2007).
O procedimento de auditar está relacionado diretamente ao benefício dos pacientes, através da melhoria dos serviços prestados, tornando – se assim, fator essencial para melhoria de obtenção de conhecimento a capacitação dos profissionais envolvidos no processo assistencial (Kurgant, 2008).
3.1.2.1. Legislação
De acordo com a Resolução COFEN nº 358/2009 – SAE: nas atividades em que a lei não veda atuação do enfermeiro pode a resolução do COFEN ampliar, desde que não contrarie qualquer disposição legal. É da competência privativa do Enfermeiro Auditor no exercício de suas atividades: organizar, dirigir, planejar, coordenar e avaliar, prestar consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre os serviços de Auditoria em saúde.
Dentre outras atividades de auditoria em saúde, planejamento, execução e avaliação para: programação de saúde, planos assistenciais de saúde; prevenção de danos ao paciente, contratos e adendos sobre a assistência de enfermagem,
Dentre as atividades em bancas examinadoras, a em matérias especificas de Enfermagem, nos concursos para provimentos de cargo ou contratação de Enfermeiro ou pessoal técnico de Enfermagem, em especial Enfermeiro Auditor, bem como de provas de títulos de especialização em Auditoria de Enfermagem.
Para atuar como auditor, o enfermeiro deverá estar regularmente inscrito no COREN da jurisdição em que presta serviço, bem como ter seu título registrado, conforme dispõe a Resolução COFEN nº 261/2001 e não depende de outro profissional para exercer sua função. Para isso, tem o direito de acessar os contratos e adendos pertinentes à instituição a ser auditada, visitar o cliente, revisar documentos, acompanhar procedimentos, conferir qualidade da assistência de enfermagem, bem como exigir esclarecimentos.
Sobre o ponto de vista ético, o regulamento trás que, o Enfermeiro Auditor, no exercício de sua função, deve fazê-lo com clareza e lisura, sempre fundamentado em princípios Constitucional, Legal, Técnico e Ético; preservando autonomia e interação da equipe multiprofissional e sigilo de informações.
De acordo com a Lei 7.498 de25 de junho de 1986, Art. 11º, ao Enfermeiro incumbe privativamente: consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre matéria de Enfermagem. Existem alguns tipos de auditoria. Quanto à classificação: Regular ou Ordinária – é a auditoria programada, sistemática, periódica e que é realizada em caráter de rotina, Especial ou Extraordinária – realizada para verificar denuncias, indícios, irregularidades. Também pode ser classificada como: Auditoria analítica, Auditoria Operativa, Auditoria de Gestão e Auditoria Contábil.
Quanto à execução: Auditoria Prospectiva ou Auditoria Prévia- com caráter preventivo procura detectar situações de alarme para evitar problemas; Auditoria retrospectiva – avalia resultado e corrige as falhas; Auditoria Concorrente – acontece durante um fato ou processo para acompanhar a execução das atividades e garantir a qualidade do produto.
Quanto à forma a auditoria pode ser: Interna ou de 1ª parte – executada por auditores habilitados da própria organização auditada; Externa ou de 2ª parte – executada por auditores ou empresa independente contratada para verificar as atividades e resultados de determinada organização ou sistema; de 3ª parte– avaliação aplicada por entidades certificadora.
3.2. Marketing em saúde
De acordo com Costa et al. (2004), o conceito de marketing tem grande aplicabilidade mercadológica, mas, não pode ser resumido à propaganda e vendas; estas são ferramentas de marketing. Seu principal objetivo é atender a necessidade do cliente de forma ética (Pereira e Filho, 2003).
O marketing tem sua importância também no setor de saúde cuja prestação do serviço de saúde é o produto comercializado, de alto custo, tanto para o setor público quanto para o setor privado (Costa et al., 2004; Pereira e Filho, 2003).
Como um produto de alto custo e uma necessidade básica para a sociedade, por vezes negligenciada pelo setor público; a saúde torna-se um ramo interessante de mercado. No entanto, o mercado de serviços em saúde tem se distanciado dos princípios éticos (Costa et al., 2004).
Uma outra ferramenta é o marketing social. O mesmo surgiu em meados dos anos 70 com estratégia de persuasão da população sobre determinados temas e comportamentos. Na área da saúde, essa técnica mostrou-se muito útil na adesão á programas e práticas em saúde (Mendes et al., 2011).
3.2.1. Marketing pessoal
O marketing pessoal é uma estratégia para destacar-se diante dos interesses de um público. Não está diretamente relacionada a lucro, mas, o lucro passa a ser maior a medida que o individuo trabalha sua imagem e conseqüentemente promove seu produto e serviço (Pereira e Filho, 2003).
Essa compreensão é determinante para uma carreira bem sucedida e perpassa a realização pessoal e reconhecimento do público (Pereira e Filho, 2003). Para Mendes et al. (2001), o marketing pessoal é necessário a todo profissional uma vez que permite-lhe construir uma imagem positiva, assim como uma empresa.
Além de ser uma estratégia para promover-se, representa a habilidade e criatividade de adequar-se às necessidades do mercado, administrar situações adversas e conhecer suas capacidades e limitações. Para isso, é preciso ao profissional conhecer-se, capacitar-se e ampliar seus contatos e, sobretudo; adotar a práticas éticas e responsáveis (Pereira e Filho, 2003).
3.2.2. Marketing em enfermagem
O marketing aplicado a área de enfermagem é um tema ainda pouco estudado. Dente os temas mais elucidados, estão os diversos meios de comunicação como estratégia tanto para o marketing profissional, como para a promoção da saúde (Mendes et al., 2011).
Para Martinello (2013), o marketing em enfermagem e a produção do cuidado podem ser ações recíprocas na busca da visibilidade na profissão, a partir do estreitamento da relação cliente e enfermeiro.
O enfermeiro, bem como as demais profissões da área de enfermagem, fortalece seu marketing profissional no desempenho de ações de grande importância e sendo instigado à competitividade pelas organizações. No entanto, este mesmo marketing é também enfraquecido pela organização institucional, marcada pela hierarquia, corporativismo e burocracia; mesmo sendo o enfermeiro indispensável em vários cenários na saúde (Costa et al., 2004).
A profissão de enfermagem desempenha além de um papel técnico, compromete-se também, cada vez mais, com o gerenciamento, a educação e a pesquisa em saúde. Isso fortalece o seu marketing. Este pode ser potencializado a medida que os modelos de gestão institucional estejam abertos à democratização do poder decisório, à promoção do profissional e das relações interpessoais e assim; favorecer o cuidado integral ao cliente (Martinello, 2013).
O marketing no âmbito comercial limita-se a atender a necessidade do cliente. O marketing em enfermagem é mais amplo, pois está em evidencia não só o cliente como também o processo de cuidado biológico, psicológico e social. O enfermeiro tem conhecimento para desenvolver um bom marketing. No entanto, este personagem não é tão bem divulgado (Costa et al., 2004).
Contrario a essa realidade, é possível identificar como a imagem da classe médica é associada às instituições, e vice-versa. As instituições de saúde vinculam a sua imagem positiva às inovações que proporcionam a seus clientes por meio equipamentos e técnicas novas, mas, sobretudo, à participação de membros da classe médica de renome em suas diretorias, corpo clínico e etc. Por que essa mesma visibilidade não é dada às excelentes equipes e coordenações de enfermagem sem o qual tal imagem positiva não seria possível?
Observa-se, além desses impasses, uma dificuldade da própria profissão de enfermagem em dar o devido reconhecimento aos seus profissionais (Mendes et al., 2011). Nas entrelinhas, subentende-se que essa falta de valorização exista por parte dos órgãos de fiscalização como os conselhos de enfermagem e ter os próprios colegas de profissão.
De acordo com Mendes et al. (2011), a enfermagem precisa lutar por melhores condições de trabalho e valorização. Mostrar seu valor e a necessidade de seu conhecimento para a comunidade como um todo, não se limitando aos clientes e instituições de trabalho. Somente assim, a enfermagem poderá conquistar a visibilidade social que a muito almeja.
Sobre os poucos estudos direcionados às estratégias de marketing utilizadas na área da enfermagem com objetivo de alcançar maior visibilidade social, Mendes et al. (2011), cita a comunicação em massa, a satisfação do cliente, o uso de portfólios, a produção científica e o endomarketing; buscando a satisfação do cliente interno e externo.
De acordo com Kemmer e Silva (2007), a exposição da enfermagem nos meios de comunicação é ainda pouca e por vezes, em desacordo com a competência real da profissão; erroneamente associada com a subalternidade da enfermagem à outras classes profissionais de saúde e aspectos pejorativos. No entanto, os variados meios de comunicação quando bem utilizados, podem ser grandes instrumentos para maior visibilidade social da enfermagem.
Avaliar periodicamente e sistematicamente a satisfação do cliente é um grande indicador de qualidade de atendimento, não somente nos serviços de saúde. Aplicá-lo e monitorá-lo mostra o quanto a instituição está comprometida com a qualidade do seu serviço, com o seu cliente e a melhoria continua (Lopes et al., 2009).
O uso do portfólio eletrônico é uma estratégia para a apresentação, o acompanhamento e a avaliação do profissional. Nele estão registradas todas as atividades profissionais, bem como a análise dessas atividades (Mendes et al., 2011).
No que se refere ao campo científico, Salles e Barreira (2010) afirmam que, os pesquisadores em enfermagem no Brasil, têm atuado nessa área de modos diferentes em cada geração, de acordo com a acessibilidade e os diferentes contextos sociais, econômicos e políticos próprios de cada época. A maior abertura e incentivo à pesquisa científica têm proporcionado maior produção cientifica entre a comunidade de enfermagem.
Sobre o endomarketing, estratégia de estreitamento entre das relações interpessoais entre o empregador o empregador (Magalhães e Duarte, 2004), mostra-se como uma ferramenta essencial para o desenvolvimento da comunicação interna na instituição; a partir da valorização do funcionário/ colaborador como um cliente em potencial. Desse modo, este colaborador é motivado a confiar no trabalho da instituição e estando satisfeito profissionalmente, passa também a promovê-la (Silveira e Tófani, 2007).
Os clientes internos são os colaboradores/ funcionários de uma instituição. Os clientes externos, são os clientes que vem de fora da instituição, por quem a empresa trabalha e investe no seu produto ou serviço. O endomarketing está entre as principais estratégias para a valorização da profissão de enfermagem, importante aliada no desenvolvimento do marketing social da instituição e por isso, merece ser mais explorada.
3.2.3. Endomarketing nas instituições de saúde
O setor de saúde, bem como os serviços de enfermagem, pelas especificidades do seu trabalho de prestação do cuidado incorre e necessita de grande interação entre o profissional e o cliente/ usuário (Magalhães e Duarte, 2004). Para melhor qualidade desse serviço e atendimento das necessidades externas, fica cada vez mais evidente entre as instituições a necessidade de se investir nas necessidades do cliente interno e, para isso, é preciso criar ambientes de trabalho produtivos e com qualidade também nas relações (Silveira e Tófoni, 2007).
De acordo com Silveira e Tófoni (2007), essas novas necessidades surgiram com as mudanças no mercado e na gestão, cada vez mais exigentes, de modo que, o profissional que antes se contentava em trabalhar e ter um salário, agora se preocupa com o que se passa dentro e fora da instituição. Logo, não é somente salário que importa ao funcionário de hoje, mas; a imagem da instituição, a qualidade, as relações interpessoais, o marketing social e o valor que dado pela organização aos seus funcionários.
Magalhaes e Duarte (2004) afirmam que, na área da saúde, observando a relevância do trabalho da equipe de enfermagem, é preciso que a gestão das instituições de saúde cuide desses profissionais, visando-os com o valor que merecem, como parceiros; almejando sua satisfação profissional, sem negligenciá-los como força de trabalho insubstituível por qualquer inovação tecnológica. É necessário abrir caminhos para o aprendizado, a criatividade e transformação das práticas em saúde.
As próprias inovações tecnológicas têm desencadeado mudanças no mercado de trabalho, também na área de saúde, que não se restringem às exigências do mercado, mas, têm elevado as diferenças salariais e criado novas funções, exigindo cada vez mais dos profissionais uma capacidade de adaptação às mudanças (Weirich, Munari e Bezerra, 2004).
O enfermeiro, na figura de gerente, deve estar apto para tais mudanças, aberto ao diálogo com a equipe, capaz de propor alternativas para satisfação dos funcionários e, conseqüentemente, alcançar a qualidade no atendimento. Sabendo que a satisfação profissional é intrinsicamente dependente das condições de trabalho (baixos salários, sobrecarga de trabalho, alta demanda e número insuficiente de profissionais) e da busca dessa classe de trabalho pelo reconhecimento social; o enfermeiro gerente que consegue desenvolver essas ações compreende a ferramenta importante que é o endomarketing (Weirich, Munari e Bezerra, 2004).
3.3. Valorização da profissão de enfermagem
O setor da saúde vivencia um aumento paulatino de seus custos, principalmente com a inserção de novas tecnologias, que, por mais sofisticadas que sejam, não são capazes de substituir o recurso humano imprescindível para a prestação do cuidado, de modo especial, o serviço de enfermagem. Tudo exige alocação de recursos e estratégias para melhor utilizá-los. Logo, torna-se cada vez mais necessário o investimento em mão-de-obra especializada (Francisco e Castilho, 2002).
Mesmo com a necessidade de profissionais capacitados, por vezes escassa, as condições salariais e de trabalho inadequadas representam os principais motivos para grande evasão de profissionais da área de enfermagem (Elias e Navarro, 2006). Há, no entanto, escassez de profissionais de saúde devido à falta de política salarial, bem como pelas condições de trabalho. Soma-se a esses fatores a falta de reconhecimento de um trabalho tão importante tanto por parte dos gestores das instituições de saúde, como por parte da sociedade (Francisco e Castilho, 2002).
Para Elias e Navarro (2006), a satisfação profissional encontra-se, justamente, na valorização do trabalho. Como um setor de trabalho contínuo e intenso que vem acompanhando as exigências do modelo capitalista, marcado pela competitividade no mercado de trabalho, a necessidade do trabalho submetem os profissionais a regimes e contratos de trabalho precários; além dos baixos salários, riscos (biológico, físico, psicológico, ergométrico, etc.).
3.3.1. Enfermagem: visão social x visão do profissional
O enfermeiro constantemente tem lutado pelo seu reconhecimento dentro das organizações, instituições de saúde e na sociedade (Costa et al., 2004). Dentre suas atribuições estão a execução de procedimentos e, principalmente, a coordenação e supervisão de toda a equipe de enfermagem (Elias e Navarro, 2006).
O pouco reconhecimento leva muitos profissionais a buscar por outras áreas dentro da enfermagem melhor remuneradas. Dentre essas áreas de atuação está a auditoria. Um estudo realizado por Scaparo e Ferraz (2007), 64,3% dos enfermeiros de uma unidade de saúde, relaciona a auditoria de enfermagem com a avaliação da qualidade da assistência de enfermagem; e 21,4% relacionam a auditoria com as atividades contábeis e financeiras da instituição.
O estudo evidencia que, a busca pela área de auditoria tem distanciado o enfermeiro da sua função primordial, o cuidar. Em prol de atender os interesses financeiros da empresa de saúde, limitando-se a supervisionar contratos e contas indevidas (Scaparo e Ferraz, 2007).
Elias e Navarro (2006), em pesquisa com enfermeiros sobre seus desafios e condições de trabalho mostrou que, muitos enfermeiros sujeitos a vínculos empregatícios mal remunerados, se vêem obrigados a trabalhar em dois ou mais instituições. Tal realidade inviabiliza cuidarem da própria saúde por falta de recursos financeiros e tempo que são dispensados às prioridades familiares.
Neste mesmo estudo, muitos enfermeiros relatam a insatisfação com as organizações por não cuidarem de seus funcionários, profissionais de saúde, e por não conseguirem atendimento nas instituições onde trabalham. A frustração torna-se ainda maior com a sobrecarga de trabalho e em condições de alta demanda, poucos profissionais, insuficiência de leitos e materiais necessários para a assistência (Elias e Navarro, 2006).
Tendo em vista as dificuldades enfrentadas pelo profissional de enfermagem com a desvalorização social e institucional, faz-se urgente utilizar de estratégias para reverter essa realidade marcada por uma conjuntura política, econômica e cultural.
A auditoria e o marketing em enfermagem como estratégias de valorização da profissão têm potencial para proporcionar mais qualidade na assistência prestada, segurança para o paciente e profissional, e, principalmente; reorganização da gestão de recursos materiais e humanos. Desse modo, reconhecer também o enfermeiro e sua equipe como protagonistas dentro dos serviços de saúde.
4. Considerações finais
Esse trabalho trata da auditoria em enfermagem como estratégia de valorização da profissão de enfermagem. Na verdade, a auditoria em enfermagem proporciona muito mais qualidade da assistência prestada e segurança para o paciente, uma vez que essa ferramenta possibilita reorganizar a gestão de recursos materiais, humanos e financeiros; padronização dos processos de cuidado e marketing interno e externo da unidade de saúde.
O que mais se observa quando um paciente procura o serviço de saúde o que ele leva consigo é a imagem do médico e da unidade de saúde; não recordando que por trás de tudo isso está o serviço criterioso também da enfermagem. A enfermagem tem ficado sempre nos bastidores desse processo quando na verdade é protagonista. As instituições de saúde crescem em marketing e financeiramente devido aos convênios, carteira de clientes, serviços oferecidos, médicos associados e uma equipe de enfermagem coesa e qualificada.
De posse dessas informações surgem alguns questionamentos: Por que a equipe de enfermagem e multiprofissional não aparecem na linha de frente de todo esse marketing? Por que somente os médicos têm esse mérito? Não seria vantagem para a empresa divulgar também a sua equipe de enfermagem e promover esse profissional? Por que os profissionais de enfermagem são mal remunerados uma vez que nenhum serviço de assistência à saúde funciona sem os mesmos?
O que passa despercebido aos gestores de muitas instituições de saúde é que a equipe de enfermagem conhece a empresa e o seu nível de assistência como ninguém e por lidar diretamente com pacientes e a sociedade de um modo geral, também é um cliente interno com potencial para atrair clientes externos. Um cliente interno satisfeito com a empresa que trabalha a promove para que este esteja comprometido e envolvido com a empresa em que trabalha.
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