A ginástica na escola. Uma perspectiva pedagógica na Educação Física La gimnasia en la escuela. Una perspectiva pedagógica en la Educación Física Gymnastics in school. A pedagogical perspective in Physical Education |
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Licenciatura Plena e Bacharel em Educação Física. Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Aperfeiçoamento em Proposta Curricular e Metodologias na Educação Integral. Universidade Federal de Viçosa (UFV). Pós-Graduação em Treinamento Desportivo, UFV. Pós-Graduação em Atividades Motoras para Promoção da Saúde e Qualidade de Vida, UFJF. Pós-Graduação em Atividade Física e Saúde. Universidade Federal do Paraná (UFPR). Mestrado em Ciências da Educação Física, do Esporte e do Lazer. Universidade de Matanzas (UCCFD), Cuba |
Rodrigo Mendes Costa (Brasil) |
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Resumo O presente trabalho visa relatar uma prática pedagógica sobre a ginástica, com ênfase nos aspectos lúdicos e educativos, na Escola Estadual Maria Augusta Silva Araújo, da cidade de Muriaé - MG, particularmente desenvolvido com os alunos do 1° ao 5°ano do Ensino Fundamental, do Projeto de Educação em Tempo Integral, durante os meses de junho e agosto de 2013. O objetivo foi identificar as principais características da ginástica e, especificamente distinguir os conceitos, citar e vivenciar as modalidades existentes, estabelecer uma prática de acordo com a realidade escolar e reconhecer o papel do esporte na sociedade atual. Unitermos: Esporte. Ginástica Artística. Ginástica de trampolim. Ginástica Rítmica Desportiva. Educação Física Escolar.
Abstract This paper describes a pedagogical practice about gymnastics, with an emphasis on the recreational and educational aspects in the State School Maria Augusta Silva Araújo, in the city of Muriaé, MG, Brazil, developed with students from the 6th to the 9th year of elementary school from the Full Time Education Project (Projeto de Educação em Tempo Integral), during the months of June and August, 2013. The objective was to identify the main features of gymnastics and, specifically, to distinguish the concepts, state and experience the existing types, to establish a practice in accordance with the school reality and recognize the role of sports in today's society. Keywords: Sports. Artistic gymnastics. Trampoline Gymnastic. Rhythmic gymnastics. School Physical Education.
Trabalho desenvolvido na oficina de esportes do Projeto de Educação em Tempo Integral.
Recepção: 23/10/2015 - Aceitação: 11/02/2016
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 214, Marzo de 2016. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Segundo Darido (2011), a ginástica faz parte da vida do homem desde os primórdios da humanidade. Sempre esteve presente em seu cotidiano, seja no simples fato de andar, seja nas peripécias a que se assiste pela televisão. A evolução da ginástica no Brasil tem colocado milhares de brasileiros a assistir as competições internacionais, além de vibrar e torcer em uma arquibancada com um esporte em que não se fazem gols. É visível a dificuldade encontrada pelos professores no desenvolvimento desse conteúdo nas aulas de Educação Física. O primeiro obstáculo encontrado é a falta de material, mas este pode ser driblado com criatividade.
Embora muitos estudos já tenham mostrado a enorme contribuição que essas práticas gímnicas oferecem ao desenvolvimento da criança. Vários autores demonstram que há um tímido desenvolvimento das modalidades gímnicas realizadas na escola. Alguns autores apontam a falta de materiais específicos, a deficiência de espaço adequado a essas práticas, e falhas na formação profissional, como as principais razões da ginástica não ser contemplada na escola (Moreira, 2006).
A ginástica, uma das formas mais importantes de se praticar a Educação Física, é composta de movimentos intencionais construídos que se complementam para permitir um perfeito desenvolvimento do corpo e oferece a vantagem de poder ser feita em pequenos espaços, como, por exemplo, a sala de uma casa (Teixeira, 2013).
A ginástica aplicada nas aulas de Educação Física ou escolinhas desportivas no âmbito escolar é um dos esportes privilegiados, pois oportunizam que o educando possa desenvolver habilidades motoras básicas bem próximas da cultura corporal encontradas nas brincadeiras e nos jogos infantis, favorecendo a possibilidade de vivências motoras na Ginástica Rítmica sem que estejamos iniciando precocemente o trabalho motor (Awad, 2010).
Para Darido e Rangel (2005) a ginástica foi uma das primeiras formas de encarar o exercício físico de forma diferenciada. Os modelos ginásticos europeus (Alemã, Dinamarquês, Sueco, Francês e Inglês) influenciaram o contexto das práticas corporais no Brasil. A ginástica francesa, de caráter militar, constituiu-se e desenvolveu-se no ambiente escolar e fez parte da formação dos primeiros instrutores escolares (militares) das nossas escolas. Se retomarmos os conceitos apresentados a respeito da ginástica, podemos perceber que ela está presente em quase todas as manifestações da Cultura Corporal de Movimento existente nas escolas. Se fizermos uma retrospectiva, muitas pessoas tiveram suas experiências na Educação Física na escola, centrada em dois aspectos predominantes: a ginástica e os esportes.
A palavra ginástica é originada do latim tornare que significa "girar", "virar". Sua origem remonta há muito tempo, desde a Antiguidade, muito anos antes de Cristo, e destaca-se como a "arte ou ato de exercitar o corpo para fortificá-lo e dar-lhe agilidade" (Darido, 2011; Awad, 2010).
Conforme Darido (2011) com a criação da Federação Internacional de Ginástica (FIG), em 1881, a ginástica tem a sua regulamentação como esporte, nas modalidades que conhecemos atualmente: ginástica artística, ginástica rítmica, ginástica de trampolins e ginástica aeróbica.
A ginástica olímpica ou artística é uma das mais conhecidas e faz parte dos Jogos Olímpicos como modalidade oficial desde o início, proporcionando um dos mais belos espetáculos da terra. Em 28 de julho de 1881, nasce a Federação Européia de Ginástica, com três países. Em 1921, ela viria a se tornar Federação Internacional de Ginástica, com 16 países, assumindo o esporte no mundo (Darido e De Souza Jr, 2009).
Já a ginástica de trampolim foi criada nos Estados Unidos em 1936, inspirada na cama elástica circense. O trampolim acrobático é popularmente conhecido como "cama elástica", e é um aparelho encontrado em diferentes áreas de lazer. A execução nos aparelhos deve ser arrojada e harmoniosa e, os juízes avaliam a postura e o nível de dificuldade. A partir de 1999, o trampolim foi anexado a ginástica artística, subordinado a Federação Internacional de Ginástica (FIG). A ginástica de trampolim passou a ser um esporte olímpico recentemente. Sua aparição ocorreu nos Jogos Olímpicos de Sydney, em 2000 (Darido e De Souza Jr, 2009).
Por outro lado, a ginástica rítmica é uma modalidade exclusivamente feminina da ginástica, realizada com cinco materiais diferentes: a corda, as maças, a bola, o arco e a fita. Os exercícios são excelentes fontes de trabalho para a aprendizagem de várias habilidades motoras e o desenvolvimento das capacidades físicas. A ginástica rítmica ainda é uma modalidade considerada nova no cenário mundial, tendo menos de 30 anos de disputas internacionais. A estréia olímpica da modalidade foi em Los Angeles 1984 e já contou com a presença de uma brasileira, Rosana Favilla (Darido e De Souza Jr, 2009).
Nesse sentido, o presente trabalho visa relatar uma prática de ginástica na escola, numa perspectiva pedagógica lúdica e educativa.
Objetivo geral
Identificar as características dos diversos tipos de ginástica.
Objetivos específicos
Distinguir os conceitos das diferentes formas de ginástica;
Citar e vivenciar as modalidades de ginástica na atualidade;
Estabelecer uma prática desportiva que atenda a educação física da escola e os interesses dos alunos;
Reconhecer criticamente o papel do esporte na sociedade.
Desenvolvimento
As atividades foram desenvolvidas nos meses de junho e agosto de 2013, na oficina de esporte com o tema ginástica, na Escola Estadual Maria Augusta Silva Araújo, da cidade de Muriaé - MG, com os alunos do Projeto de Educação em Tempo Integral 1° a 5° ano, de ambos os sexos, com idades entre 08 e 11 anos, e seguindo os seguintes procedimentos metodológicos (Da Silva, 2013).
Planejamento
Como ocorreu o planejamento da atividade realizada? Explique.
A partir do planejamento da disciplina de Educação Física no inicio do ano letivo, levando-se em conta a possibilidade de desenvolver as atividades de ginásticas nas aulas do PROETI (Projeto de Educação em Tempo Integral). Para isso, utilizamos como referencial teórico, os seguintes instrumentos: livros, vídeos, artigos e tópicos de documentos entre os quais, podemos citar: a Matriz Curricular de Educação Física 1°ao 5° ano e o Planejamento da disciplina de Educação Física.
Os alunos participaram desse planejamento? Se sim, como?
Não.
Você fez algum tipo de adaptação à atividade proposta? Explique.
Sim. Utilizamos materiais alternativos da própria escola e de propriedade particular do professor e, que de alguma forma não trouxessem riscos e perigos para as crianças.
Quais foram os materiais utilizados?
Notebook, data-show, caixas acústicas, tela, quadro branco, bola de plástico, corda, bambu (fita GRD – Ginástica Rítmica Desportiva), clips, barbante, colchonetes, arcos (bambolês), máquina digital, trave do gol, cadeiras, mini trampolim, cavalete de madeira, cones, som, Cd, DVD, papel A4, lápis preto, lápis de cor, canetinha, etc.
Quanto tempo foi gasto na realização da atividade?
Em média 2 aulas teóricas e 2 aulas práticas para cada tipo de Ginástica, ou seja: Ginástica Artística, Ginástica de Trampolim e Ginástica Rítmica Desportiva. Num total de 6 aulas teóricas e 6 aulas práticas.
Quais foram os objetivos da atividade realizada?
Geral: Relacionar à ginástica nos contextos de participação e treinamento.
Especifico: Vivenciar as principais habilidades psicomotoras (locomoção, manipulação e equilíbrio), cognitivas (atenção concentração, memorização, discriminação visual) e afetivas sociais (participação, disciplina, respeito às normas e regras), através dos movimentos de ginástica.
Onde, quando e com que turma a atividade foi desenvolvida?
A prática da ginástica com suas características peculiares foram desenvolvidas de formas recreativas e adaptadas, conforme o tempo e os espaços disponíveis, na Escola Estadual Maria Augusta Silva Araujo, no mês de junho e agosto de 2013, particularmente com os alunos do 1° ao 5° ano do PROETI.
Quantos foram os participantes?
30 alunos.
Como a atividade foi proposta a eles?
Ilustrar inicialmente nas oficinas de esportes as questões teóricas relacionadas à Ginástica Artística, a Ginástica de Trampolim e a Ginástica Rítmica Desportiva, como por exemplo: História, origem, evolução, regras, elementos técnicos, inclusão, materiais, perigos, cuidados e curiosidades.
Desenvolver atividades de colorir, recortar e colar no contexto da ginástica;
Usar vídeos educativos sobre os esportes de ginástica;
Praticar os elementos da ginástica de forma recreativa e participativa;
Organizar a abertura de espaços para a troca de experiências entre os alunos, no que tange o esporte em questão.
Avaliação
Como foi à participação dos alunos no planejamento das atividades? E na realização?
Nenhuma. Já na realização das atividades, os alunos puderam vivenciar ativamente todas as formas possíveis dos movimentos relacionados à ginástica, através da troca de experiências motoras com os demais colegas.
Como ocorreu a atividade? Houve interesse e envolvimento dos alunos? Eles conseguiram aprender algo?
Teórica e prática, com apresentações de slides em PowerPoint, vídeos e atividades na quadra. Os alunos se mostraram bastante interessados, motivados e participativos no tema e nas aulas, uma vez que, nunca haviam vivenciado a ginástica na escola. A partir daí, tiveram a oportunidade de enriquecerem os conhecimentos sobre os esportes que não são tão comuns no ambiente escolar.
Os objetivos da atividade foram alcançados? Justifique.
Sim. Por meio das reflexões, discussões, debates, curiosidades e participações dos alunos tanto nas aulas teóricas, quanto nas aulas práticas, tornando visível o alcance de dos objetivos traçados, influenciados a princípio pelo fator da novidade.
Você considera que os alunos aprenderam a temática do módulo a partir desta atividade? Justifique.
Sim. A proposta inicial de trazer esportes não muito comuns para a escola superou nossas expectativas e, mais, puderam confirmar a aprendizagem significativa da maioria dos alunos em relação à temática proposta, tendo em vista, a participação, os questionamentos e os trabalhos teóricos e práticos realizados.
Você teve dificuldades na realização da atividade? Justifique.
Não. Antes de levar a temática para a sala de aula, fizemos uma pesquisa minuciosa sobre o assunto, organizamos todo o material antecipadamente e definimos o passo a passo para termos sucesso nas apresentações e realizações das atividades.
Os textos utilizados foram úteis para a realização da atividade ou para o aprofundamento na temática do módulo? Justifique comentando os textos lidos.
Sim. Levamos em conta a realidade escolar e prioritariamente o contexto individual e coletivo nos quais os estudantes estão inseridos, com o fim de apresentar de forma simples, clara e objetiva, a ginástica na escola.
Descreva como você se sentiu durante o planejamento e a realização das atividades.
Extremamente concentrado, motivado e confiante no sucesso de todas as etapas de desenvolvimento da temática proposta, principalmente por conhecer bem os alunos e suas realidades e, acima de tudo, acreditar nas possibilidades de inserção da ginástica na escola.
Descreva os sentimentos percebidos nos estudantes durante a realização das atividades.
Os alunos mostraram-se felizes, motivados, confiantes e atentos durante todas as atividades propostas.
O processo avaliativo foi pautado em princípios que evidenciaram claramente a elevação dos níveis de conhecimento e de contextualização durante as aulas teóricas e práticas sobre a prática dos diferentes tipos de ginástica.
Em relação à avaliação escolar do aluno, a mesma deve contribuir para o autoconhecimento e análise das etapas já vencidas, no sentido de alcançar objetivos previamente traçados, num processo contínuo. A participação dos alunos no processo de definição dos critérios implica decisões conjuntas, cada qual assumindo sua responsabilidade no processo, sendo que, os professores devem informar aos alunos sobre suas dificuldades; além disso, destacam que os alunos podem ser avaliados de forma sistemática, por meio de observações das situações de vivência, de perguntas e respostas formuladas durante as aulas, e de forma específica, em provas, pesquisas, relatórios e apresentações. Todavia, a avaliação deverá levar em conta as dimensões conceituais, atitudinais e procedimentais (Darido e Rangel, 2005; Darido e De Souza, 2009).
Considerações finais
Esta prática pedagógica não teve como objetivo ensinar como dar aulas sobre ginástica, e sim demonstrar uma das possibilidades de se trabalhar dentro do contexto da Educação Física, ao relatar a temática de forma lúdica e educativa, identificando suas características, distinguindo seus conceitos, citando e vivenciando as modalidades existentes e estabelecendo uma prática de acordo com os interesses dos alunos e a realidade da escola.
Durante toda a oficina, os alunos tiveram a oportunidade de vivenciar distintas formas de habilidades motoras e locomotoras, através dos movimentos ginásticos, bem como, interpretar os principais pontos referentes à diferença entre o esporte de treinamento e o esporte de participação, esporte rendimento/recreação, esporte escola/clube, professor/treinador e o papel do esporte na sociedade.
Com a conclusão desse trabalho, percebemos que conseguimos trazer novas aprendizagens e vivências para os alunos a respeito da ginástica. Além disso, a participação dos alunos nas aulas teóricas e práticas contribuíram de certa forma com reflexões no início e no final das aulas, com discussões, com debates e com o reconhecimento do valor do esporte na sociedade.
Bibliografia
Da Silva, C. R. F. (2013). Ministério da Educação. Programa Mais Educação. Universidade Federal de Viçosa. CEAD – Coordenadoria de Educação Aberta e a Distância. Departamento de Educação. Departamento de Economia Doméstica. Curso de Aperfeiçoamento em Proposta Curricular e Metodologias na Educação Integral. Módulo 2 - Esporte e Lazer. Viçosa.
Carvalho, A. O. (2011). Ginástica. In: S. C. Darido. Educação física escolar: compartilhando experiências. São Paulo: Phorte, (3) 51-74.
Cunha, K. P. B. (2010). A ginástica no âmbito escolar. In: H. Awad. Educação física escolar: múltiplos caminhos. 1° ed. Jundiaí, SP: Fontoura, (6) 113 - 132.
Darido, S. C. e De Souza Júnior, O. M. (2009). Ginástica. In: S. C. Darido e O. M. De Souza Júnior. Para ensinar educação física: possibilidades de intervenção na escola. 3º ed. Campinas, SP: Papirus, (8) 171-187.
Darido, S. C. e Rangel, I. C. A. (2005). Educação física na escola: implicações para a prática pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.
Schiavon, L. M. e Picollo, V. L. N. (2006). Desafios da ginástica na escola. In: E. C. Moreira. Educação Física escolar: propostas e desafios 2. Jundiaí, SP: Fontoura, (2) 35-60.
Teixeira, H. V. (2013). Unidade 1 - Introdução: Ginástica. In: H. V. Teixeira. Educação Física e desportos: técnicas, táticas, regras e penalidades. 5ª ed. São Paulo: Saraiva (3), 31-41.
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