Qualidade de vida dos professores do ensino público e privado La calidad de vida de los profesores de enseñanza pública y privada Life quality of the public and private school teachers
	*Acadêmica do curso de Pós Graduação lato sensu em Exercício Físico, Saúde e Qualidade de Vida na FASB. Graduada em Educação Física **Docente no curso de Pós Graduação lato sensu em Exercício Físico, Saúde e Qualidade de Vida na FASB. Mestre em Educação Física (Brasil)	Sohanne de Sousa Oliveira* sohanne@hotmail.com Luana Mann** luanamann@gmail.com
	Resumo           O presente estudo teve como objetivo verificar os principais fatores que influenciam a qualidade de vida de professores do ensino público e privado na sede do município de São Desidério-Ba. Para coleta de dados foi utilizado um questionário adaptado do questionário TQWL-42, composto de 20 questões, as quais foram respondidas individualmente. Foram avaliados nesse estudo 30 professores de ambos sexos, atuantes no ensino público e privado de quatro escolas do município de São Desidério-Ba. Resultados: Foi constatado que os professores avaliados da rede púbica e privada, são predominantemente do sexo feminino, destaca-se que houve a insatisfação em vários aspectos como a remuneração, cansaço, jornada e condições de trabalho. Diferindo somente na questão do plano de carreira, sendo que os professores da rede pública afirmam não estarem satisfeitos, já os da privada possuem e estão satisfeitos com tal situação. Destacando que ambas as redes avaliaram a qualidade de vida no trabalho como boa e estão satisfeitas com a mesma. Concluiu-se que os professores avaliados da rede pública e privada de São Desidério-Ba consideraram a sua qualidade de vida no trabalho como boa e estão satisfeitos com a mesma, havendo a insatisfação dos professores da rede pública com vários aspectos diante do exercício da profissão.           Unitermos: Qualidade de vida. Profissão. Professores.   Abstract           This study aimed to determine the main factors that influence teacher quality of life of the public and private education at the headquarters of the municipality of Sao Desiderio, Bahia. For data collection we used a questionnaire adapted from the TQWL-42 questionnaire consisting of 20 questions, which were answered individually. Were evaluated in this study were 30 teachers of both genders, working in public and private schools in four schools in the municipality of Sao Desiderio, Bahia. Results: It was found that teachers assessed the pubic and private network are predominantly female, there is that there was dissatisfaction in various aspects such as remuneration, fatigue, hours and working conditions. Differing only in the matter of career plan, and the public school teachers say they are not satisfied, the private already have and are satisfied with such a situation. Noting that both networks have evaluated the quality of working life as good and are satisfied with it. It was concluded that the evaluated teachers of public and private network Sao Desiderio, Bahia considered their quality of working life as good and are satisfied with it, there is the dissatisfaction of public school teachers with various aspects before the exercise of the profession.           Keywords: Life quality. Profession. Teachers.   Recepção: 22/09/2015 - Aceitação: 12/01/2016
	EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 213, Febrero de 2016. http://www.efdeportes.com/

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1.    Introdução

    Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 1998), qualidade de vida é definido como a percepção do indivíduo sobre a sua posição de vida no contexto da cultura e dos sentimentos de valores nas quais ele vive, e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. Nahas (2001) complementa afirmando que o significado de qualidade de vida é diferente de pessoa para pessoa e tende a mudar ao longo da vida de cada um.

    Nessa perspectiva muito vem se discutindo sobre qualidade de vida no trabalho (QVT). O trabalho conforme destaca Roeder (2003), ocupa um espaço muito importante na vida das pessoas, ou seja, quase todo mundo trabalha, e uma grande parte da vida é passada dentro das organizações. Nesse sentido abarca a profissão docente na qual muitas mudanças vêm acontecendo seja pelos avanços tecnológicos, sociais, econômicos e demográficos.

    A pressão do dia-a-dia aliada à longa jornada de trabalho, a necessidade constante de qualificação e a insegurança profissional associada a outros fatores têm acarretado uma série de problemas na saúde física, mental e social desses profissionais. A docência constitui uma das mais antigas profissões, que foi se modificando ao longo dos séculos na tentativa de acompanhar a evolução cultural e tecnológica. No entanto, a exigência dos professores de se adaptarem a esse processo, na maioria das vezes, não foi acompanhada pela melhoria das condições e possibilitadas para o pleno exercício profissional (Lemos & Cruz, 2005).

    Demo (1998) salienta que cabe aos professores a incumbência de ensinar, orientar, estimular, e incentivar as crianças e jovens a descobrir suas potencialidades. Nesse caso, para que a educação atinja seus objetivos, faz-se necessário que seus principais colaboradores estejam altamente motivados e satisfeitos com a sua atividade docente.

    A remuneração dos educadores é proporcionada ao número de aulas do cargo. Assim, cada vez esses profissionais têm assumido grande quantidade de turmas com o objetivo de melhorarem o rendimento e conseqüentemente a qualidade de vida. Mas devido ao grande volume de atividades extraclasse, como correção de provas, reuniões, preparação de aulas e materiais, vida pessoal, esses fatos tem provocado nos docentes desgastes físicos e mentais (Sant’Anna, Costa & Moraes, 2000).

    Nesse sentido o presente estudo justifica-se pela necessidade de buscar conhecimentos sobre a qualidade de vida dos professores na rede pública e privada no município de São Desidério-BA, nas suas condições atuais de trabalho, e principais razões que influenciam a QV em suas vidas. Diante do que foi dito fica claro como a vida docente é de muita importância e vem sendo influenciada por questões sociais, tecnológicas e psicológicas. Enfim, diante desses fatos questiona-se: Como está a qualidade de vida dos professores do ensino público e privado da sede do município de São Desidério-BA?

2.     Metodologia

    O presente estudo caracteriza-se como qualitativo-quantitativo de caráter descritivo. A coleta de dados foi realizada em quatro escolas dentre públicas e privadas, de ensino fundamental I e II, localizadas no centro da cidade de São Desidério, locais onde os professores que compuseram o grupo de estudo exercem a função, cidade situada na região do oeste do estado da Bahia.

    Participaram do presente estudo, selecionados de forma aleatória (aderência) 20 professores da rede pública e 10 professores da rede privada de ensino, sendo os grupos de ambos sexos, totalizando 30 professores, que concordaram voluntariamente em participar da pesquisa, considerando todos os critérios de inclusão e exclusão pré-estabelecidos. A seleção se deu pelo critério de aderência

    Como instrumento de pesquisa para a coleta de dados utilizou-se um questionário contendo 20 questões objetivas adaptadas do Questionário TQWL- 42 de Avaliação da Qualidade de Vida.

    Foram incluídos no presente estudo: atuantes como professor; de ambos os sexos; docentes sem qualquer tipo de licença no período de coleta de dados; atuantes na profissão há no mínimo dois anos e em apenas uma rede de ensino; com idades entre 20 e 65 anos; com diploma de curso superior e aceitaram participar da pesquisa e assinarem o TCLE. Foram excluídos aqueles indivíduos que não apareceram às coletas de dados ou optaram em desistir da pesquisa, apresentaram alguma intercorrência durante a realização da coleta de dados ou não se enquadrou nos critérios inicialmente definidos.

    O estudo cumpriu os princípios éticos para realização de pesquisas com seres humanos previstos na Resolução 466/12 do Ministério da Saúde do Brasil, além do atendimento a legislação vigente com CAEE no Comitê de ética em Pesquisa CEP/FASB 41281114.4.0000.5026.

3.     Resultados e discussão

    O referente estudo teve como objetivo geral avaliar a qualidade de vida dos professores do ensino público e privado da sede do município de São Desidério-Ba, de ambos os sexos, sendo 20 da rede pública com 85% do sexo feminino e 15% do sexo masculino, com idade média de 35,25 anos e atuação média como docentes de 14,2 anos e na rede privada foram avaliados 10 professores sendo 100% do sexo feminino, com idade média de 33,6 anos e de atuação média como docente de 10 anos, totalizando 30 professores avaliados 27 (90%) do sexo feminino e 3 (10%) do sexo masculino.

    O fato da grande maioria dos docentes investigados no presente estudo serem do sexo feminino são similares aos relatados por Delcor et al. (2004), em professores da rede particular de ensino em Vitória da Conquista- Ba, os autores afirmam que tal predominância feminina se deve a expansão do setor educacional no Brasil, no século XX, em que houve a necessidade da incorporação de muitos trabalhadores para o ensino, assim à docência e outras profissões foram consideradas na época, atividades próprias das mulheres por envolver o cuidado dos outros, nesse sentido as mulheres vem ganhando maior espaço e visibilidade e exercendo a função de mãe educadora. Concordando também com os resultados de Silva (2014), avaliando 30 professores da rede pública de ensino da cidade de Angical-Ba e de Rocha e Fernandes (2008), avaliando 91 professores do ensino fundamental da rede municipal de Jequié-BA.

    O Quadro 1 apresenta os resultados referentes a características de cansaço, sono, lazer e capacidade para realização do trabalho docente.

Quadro 1. Resultados referentes a questões sobre cansaço, sono, lazer e capacidade de realizar o trabalho

Questão	Opção de resposta	Freqüência pública	Freqüência privada
1. Com que freqüência você se sente sonolento (a) durante o trabalho?	Nunca	1 (5%)	1 (10%)
	Raramente	5 (25%)	3 (30%)
	Às vezes	13 (65%)	6 (60%)
	Repetidamente	1 (5%)	--
	Sempre	--	--
2. Com que freqüência você se sente incapaz de realizar o seu trabalho?	Nunca	5 (25%)	1 (10%)
	Raramente	11(55%)	8 (80%)
	Às vezes	4 (20%)	1 (10%)
	Repetidamente	--	--
	Sempre	--	--
3. Com que freqüência você se sente cansado (a) durante o trabalho?	Nunca	--	--
	Raramente	1 (5%)	2 (20%)
	Às vezes	15 (75%)	8 (80%)
	Repetidamente	2 (10%)	--
	Sempre	2 (10%)	--
4. Você julga o seu trabalho cansativo e exaustivo?	Nada	--	1(10%)
	Muito pouco	1 (5%)	2 (20%)
	Médio	14 (70%)	5 (50%)
	Muito	5 (25%)	2 (20%)
	Completamente	--	--
5. Com que freqüência você pratica atividades de lazer?	Nunca	--	1(10%)
	Raramente	--	1(10%)
	Às vezes	10 (50%)	6 (60%)
	Repetidamente	2 (10%)	--
	Sempre	8 (40%)	2 (20%)

    Diante dos resultados (Quadro 1) foi constatado que tanto os professores da rede pública quanto os professores da rede privada de ensino sentem-se cansados e às vezes sonolentos durante o trabalho, sendo que afirmam que raramente se sentem incapazes de realizarem sua profissão e não praticam freqüentemente atividades de lazer. Tais resultados estão de acordo com os encontrados por Silva (2014), com os professores da cidade de Angical-Ba, no qual houve grandes índices de cansaço durante a atividade docente, além de ausência de atividades de lazer.

    Segundo Chen et al. (2009), o cansaço e o estresse relacionados ao trabalho ou estresse ocupacional podem acarretar diversos prejuízos à saúde, incluindo a saúde mental, aumento da pressão arterial e alterações de comportamento, o que pode gerar futuramente hipertensão, depressão, lesões, entre outros. Nesse sentido à promoção de práticas de lazer teria uma função importante para amenizar tal situação.

    O Quadro 2 apresenta os resultados dos docentes no que concerne a realização de cursos de aperfeiçoamento, relacionamento e satisfação com os colegas de trabalho e possibilidade de expressão de idéias e opiniões.

Quadro 2. Resultados sobre a realização de cursos de aperfeiçoamento, capacidade de 

expressar a opinião, relações com equipe de trabalho e satisfação com os colegas de trabalho

Questão	Opção de resposta	Freqüência pública	Freqüência privada
6. A empresa em que você trabalha te incentiva/ou libera para fazer cursos e outras atividades relacionadas como seu trabalho?	Nada	2(10%)	--
	Muito pouco	7 (35%)	--
	Médio	9 (45%)	6 (60%)
	Muito	2 (10%)	2 (20%)
	Completamente	--	2 (20%)
7. Na empresa em que você trabalha, você pode expressar a sua opinião sem que isso te prejudique	Nada	--	--
	Muito pouco	2 (10%)	--
	Médio	4 (20%)	1 (10%)
	Muito	7 (35%)	3 (30%)
	Completamente	7(35%)	6 (60%)
8. Com que freqüência você tem desentendimentos com os seus superiores ou colegas de trabalho?	Nunca	9 (45%)	8 (80%)
	Raramente	8 (40%)	2 (20%)
	Às vezes	3 (15%)	--
	Repetidamente	--	--
	Sempre	--	--
9. Quão satisfeito (a) você está com a sua equipe de trabalho?	Muito insatisfeito	--	1 (10%)
	Insatisfeito	1 (5%)	1 (10%)
	Nem satisfeito nem insatisfeito	1 (5%)	--
	Satisfeito	15 (75%)	6 (60%)
	Muito satisfeito	3 (15%)	2 (20%)

    Diante dos resultados obtidos no Quadro 2 foi constatado que os professores da rede pública e privada de ensino avaliados estão satisfeitos com seus colegas de trabalho, bem como não possuem desentendimentos nesse ambiente. Destaca-se ainda que na escola em que atuam como docentes há a liberação e incentivo à realização de cursos e atividades e, também liberdade de expressão. Nesse sentido tais resultados vão ao encontro de Silva (2014), em sua pesquisa com docentes da rede pública de ensino de Angical-Ba verificando que a maioria dos professores está contentes com sua equipe de trabalho e não tem desentendimentos entre os colegas de trabalho, apresentam ainda suas opiniões sem represálias. Destacando que a maioria afirmou ter incentivo e ou liberação para realizar curso ou atividades relacionadas ao trabalho (Quadro 2).

    Tais resultados referentes à expressão de opiniões são reportados na pesquisa de Rosa (2012), avaliando professores da rede pública e privada em Paracatu-MG, na qual foi verificado que 10,80% manifestaram insatisfação, no entanto, 89,20% revelaram que estão satisfeitos com a liberdade de expressão proporcionada em suas instituições.

    O Quadro 3 apresenta os resultados referentes à satisfação salarial, plano de carreira, benefícios e vantagens, jornada e condições de trabalho.

Quadro 3. Apresenta os resultados referentes a questões sobre satisfação salarial, plano de carreira, 

vantagens e benefícios oferecidos pela empresa, jornada de trabalho e condições de trabalho

Questão	Opção de resposta	Freqüência pública	Freqüência privada
10. O seu salário é suficiente para você satisfazer as suas necessidades?	Nada	--	--
	Muito pouco	6 (30%)	2 (20%)
	Médio	13 (65%)	8 (80%)
	Muito	--	--
	Completamente	1 (5%)	--
11. O quanto você está satisfeito (a) com o seu salário?	Muito insatisfeito	5 (25%)	1 (10%)
	Insatisfeito	11 (55%)	8 (80%)
	Nem satisfeito nem insatisfeito	4 (20%)	1 (10%)
	Satisfeito	--	--
	Muito satisfeito	--	--
12. Quanto você está satisfeito (a) com as vantagens e benefícios oferecidos pela empresa em que você trabalha?	Muito insatisfeito	--	--
	Insatisfeito	8 (40%)	--
	Nem satisfeito nem insatisfeito	11 (55%)	6 (60%)
	Satisfeito	1 (5%)	4 (40%)
	Muito satisfeito	--	--
13. O quanto você está satisfeito (a) com a sua jornada de trabalho semanal?	Muito insatisfeito	--	1 (10%)
	Insatisfeito	1 (5%)	2 (20%)
	Nem satisfeito nem insatisfeito	14 (70%)	5 (50%)
	Satisfeito	5 (25%)	2 (20%)
	Muito satisfeito	--	--
14. A empresa em que você trabalha oferece plano de carreira e/ou possibilidades de você ser promovido de cargo?	Nada	2 (10%)	2 (20%)
	Muito pouco	4 (20%)	2 (20%)
	Mais ou menos	14 (70%)	1 (10%)
	Bastante	--	5 (50%)
	Extremamente	--	--
15. O quanto você está satisfeito(a) com o plano de carreira e/ou a possibilidade de promoção de cargo presentes na empresa em que você trabalha?	Muito insatisfeito	--	1 (10%)
	Insatisfeito	5 (25%)	2 (20%)
	Nem satisfeito nem insatisfeito	15 (75%)	2 (20%)
	Satisfeito	--	5 (50%)
	Muito satisfeito	--	--
16. As condições de trabalho (temperatura, luminosidade, barulho, etc.) do seu cargo são adequadas?	Nada	4 (20%)	--
	Muito pouco	4 (20%)	--
	Mais ou menos	6 (30%)	2 (20%)
	Bastante	6 (30%)	6 (60%)
	Extremamente	--	2 (20%)
	Insatisfeito	5 (25%)	--
	Nem satisfeito nem insatisfeito	12 (60%)	1 (10%)
	Satisfeito	3 (15%)	6 (60%)
	Muito satisfeito	--	3 (30%)

    Os resultados do Quadro 3 demonstram que os professores da rede pública e privada de ensino avaliados não estão satisfeitos com sua remuneração, sendo que a mesma não satisfaz suas necessidades, destacaram ainda que não estão nem satisfeitos, nem insatisfeitos com os benefícios proporcionados pela a escola em que trabalham e também há insatisfação diante da jornada de trabalho.

    Nesse sentido diante dos questionamentos, os professores da rede pública disseram que as escolas em que trabalham oferecem em partes um plano de carreira e possibilidades de elevação de cargo, assim demonstraram nem estarem satisfeitos e nem insatisfeitos com tal situação. Quanto às condições de trabalho para exercerem suas funções, houve uma divisão de opiniões, sendo que 30% dos professores disseram mais ou menos e 30% a consideraram adequada na rede pública, já os professores da rede privada de ensino destacaram que a escola oferece plano de carreira e avanço de cargo, bem como condições de trabalho adequadas e estão satisfeitos com tal situação (Quadro 3).

    Esses resultados sobre a insatisfação salarial e a jornada de trabalho estão de acordo com os apontados por Silva (2014), no qual reportou grandes índices de insatisfação com a remuneração recebida e com as condições de trabalho, o que também foi descrito no estudo de Pereira (2008) e Conceição et al. (2014).

    Para Pereira (2008), garantir condições motivadoras assegura a manutenção do estresse em nível adequado ao bom desempenho do docente. Feil (1995) salienta esclarecendo que a manifestação de descontentamento salarial provoca um sentimento de mal-estar profissional conseqüentemente é um determinante ao fechamento à mudança e às possibilidades de inovações gerando a alienação e a frustração, a qual interfere na qualidade de vida e no ensino.

    Diante disso as questões relacionadas à profissão também são consideradas um forte estressor, que remete as longas e excessivas jornadas e condições de trabalho desfavoráveis, desvalorização social e financeira, já que para o bom exercício profissional, requer-se uma atuação de qualidade em todos os campos profissionais, sendo na área da educação uma maior exigência para que se possa oferecer um ensino de qualidade nas escolas, e nessa busca incessante é o professor o mais sobrecarregado (Nova Escola, 2007).

    Conceição et al. (2014), destacam que o volume excessivo de trabalho é um fator diretamente relacionado à grande insatisfação por parte dos docentes da cidade de Barreiras-Ba. Para Salim (2004), salário, tempo de docência, capacitação aos professores e as condições de trabalho (estrutura física e quantidade de alunos), são condições que podem exercer grande influência no estado emocional desses profissionais.

    O Quadro 3 ainda demonstra a insatisfação dos docentes da rede pública de ensino quanto ao plano de carreira, a qual condiz com o reportado por Silva (2014), em pesquisa com professores em Angical-Ba, destacando que há a falta de conhecimento sobre a aplicação do plano de carreira, mas que no município possui o mesmo estruturado em suas diretrizes, porém de acordo com os professores avaliados mostra-se ineficiente na prática, gerando os grandes índices de insatisfação relatados.

    O Quadro 4 apresenta os resultados de avaliação final de percepção de qualidade de vida dos docentes.

Quadro 4. Apresenta os resultados referentes à satisfação com o trabalho e com a 

qualidade de vida no trabalho, bem como avaliação geral sobre a qualidade de vida no trabalho

Questão	Opção de resposta	Freqüência pública	Freqüência privada
18. Como você avalia sua Qualidade de Vida no trabalho?	Muito ruim	--	--
	Ruim	--	--
	Nem ruim nem boa	3 (15%)	--
	Boa	16 (80%)	7 (70%)
	Muito Boa	1 (5%)	3 (30%)
19. O quanto você está satisfeito (a) com o trabalho que você realiza?	Muito insatisfeito	1 (5%)	1 (10%)
	Insatisfeito	--	--
	Nem satisfeito nem insatisfeito	3 (15%)	--
	Satisfeito	15 (75%)	8 (80%)
	Muito satisfeito	1 (5%)	1 (10%)
20. O quanto você está satisfeito(a) com a sua Qualidade de Vida no Trabalho?	Muito insatisfeito	--	1 (10%)
	Insatisfeito	3 (15%)	--
	Nem satisfeito nem insatisfeito	11 (55%)	--
	Satisfeito	6 (30%)	9 (90%)
	Muito satisfeito	--	--

    Diante dos resultados obtidos no Quadro 4, constatou-se que os professores da rede pública e privada então avaliados consideram sua Qualidade de Vida no Trabalho como boa e estão satisfeitos com a mesma, apesar dos vários contrastes e problemas levantados. Quando questionados sobre o trabalho realizado destacaram que estão satisfeitos.

    Nesse sentido os resultados estão de acordo com os de Silva (2014), em que se percebeu que a maioria dos professores avaliados estão satisfeitos com o trabalho que realizam apesar da insatisfação com salário, plano de carreira, jornada de trabalho entre outros fatores reportados e, que de modo geral a maioria deles classifica sua qualidade de vida no trabalho como boa e está satisfeito com a mesma.

    Comparando os resultados sobre a qualidade de vida de professores atuantes da rede pública e privada de ensino do município de São Desidério-Ba, verificou-se que ambas as redes possuem particularidades, constatando o nível de insatisfação quanto à remuneração recebida, cansaço, jornada excessiva e condições de trabalho dentre outros e, satisfação no que diz respeito à equipe de trabalho, liberdade de expressão, liberação e incentivos na realização de cursos e atividades de aperfeiçoamento, relações interpessoais e qualidade de vida no trabalho. Diferindo somente sobre a questão do oferecimento de plano de carreira e possibilidades de elevação de cargo e satisfação quanto a isso e às condições adequadas de trabalho.

    Os fatores que interferem na qualidade de vida no trabalho de docentes de ambas as redes estão principalmente relacionados no que diz respeito à excessiva jornada de trabalho, insatisfação quanto remuneração, sendo que a mesma não supre suas necessidades, cansaço rotineiro, a falta de lazer, insatisfação com os serviços prestados pelas escolas, dentre outros. Enfim percebeu-se que os docentes demonstraram percepção positiva dos fatores que influenciam na QVT, porém encontraram deficiência nas questões relacionadas à saúde e carreira (Quadro 4).

    Tais resultados quanto á satisfação geral na QVT dos professores de ambas as redes de ensino avaliadas estão de acordo com o reportado por Rosa (2012), em sua pesquisa com professores da rede pública e privada considerando o universo total dos avaliados da cidade de Paracatu-MG, constatando que o grupo considerou como satisfeito à qualidade de vida no trabalho correspondendo a 75%, enquanto 25% revelaram insatisfeitos.

4.     Conclusão

    Comparando o nível de satisfação dos professores da rede pública e privada de São Desidério-Ba diante da qualidade de vida no trabalho, constatou-se que ambas as redes estão insatisfeitos quanto à remuneração recebida, cansaço, jornada excessiva, dentre outros e satisfação quanto qualidade de vida no trabalho, liberdade de expressão, liberação e incentivos na realização de cursos e atividades de aperfeiçoamento, à equipe de trabalho e relações interpessoais. Diferindo somente sobre o oferecimento de plano de carreira e possibilidades de elevação de cargo e às condições adequadas de trabalho.

    Nesse sentido foi evidenciado que a maioria do público avaliado são mulheres e que os principais fatores interferente na qualidade de vida no trabalho de docentes estão principalmente relacionados no que diz respeito à excessiva jornada de trabalho, insatisfação quanto remuneração na qual a mesma não supre suas necessidades, cansaço rotineiro, a falta de lazer, insatisfação com os serviços prestados pelas escolas, dentre outros.

    Observou-se também que o volume excessivo de trabalho pode prejudicar a saúde física e mental dos indivíduos, devendo-se, assim, buscar o equilíbrio nas relações de trabalho e vida social. De modo geral constatou-se que os professores avaliados consideram sua qualidade de vida no trabalho como boa e estão satisfeitos com as mesmas apesar das problemáticas mencionadas.

    Enfim, com base no referente estudo e diante dos resultados obtidos sugere-se novas pesquisas com um número maior de variáveis, em que envolvam professores atuantes nas redes de ensino (pública e privada), como forma de obter maior conhecimento do público em questão, podendo contribuir para a melhoria do cenário dos dois centros de ensino e na sustentabilidade das relações e de modo geral obter maior visibilidade dessa categoria e na criação de programas de incentivos e promoção da qualidade de vida no trabalho dos docentes.

Bibliografia

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