efdeportes.com

Conhecimento e práticas maternas
em relação à alimentação complementar

Conocimientos y prácticas maternas en relación con la alimentación complementaria

Knowledge and maternal practices regarding complementary feeding

 

*Graduada em Nutrição pelo Centro Universitário Estácio FIC

**Docente da Faculdade Integrada da Grande Fortaleza. Mestrando em Ciências

do desporto pela Universidade Trás dos Montes e Alto Douro – UTAD, Portugal

***Graduando em Educação Física no Centro Universitário Estácio do Ceará

****Doutorando em Ciências Médicas pela Universidade Federal do Ceará

*****Graduada em Fisioterapia- UNIFOR

******Doutora em Farmacologia. Departamento de Biomedicina

Campus Porangabuçu, Universidade Federal do Ceará

(Brasil)

Ariane Teixeira dos Santos*

ariane_teixeira@ymail.com

Francisco Nataniel Macedo Uchoa* **

nataniel4@hotmail.com

Myréia Silva Lima*

myreialima16@gmail.com

Romário Pinheiro Lustosa***

romario-lustosa@hotmail.com

Thiago Medeiros da Costa Daniele****

danielethiago@yahoo.com.br

Natália Macedo Uchôa*****

nataliamacedouchoa@hotmail.com

Danielle Abreu Foschetti******

danifoschetti@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O desmame precoce é um problema de saúde pública e pode estar relacionado à falta de conhecimento das mães sobre o aleitamento materno e sua importância. Para que essas mulheres consigam amamentar da forma correta, a abordagem sobre amamentação deve ser iniciada ainda na gestação, durante o pré-natal, continuar a amamentação na primeira hora e após o nascimento do bebê. Com o conhecimento das nutrizes sobre aleitamento isso pode interferir nos índices de desmame precoce. Objetivos: Avaliar os conhecimentos e as práticas das mães em relação à introdução da alimentação complementar, investigando a duração do aleitamento materno, a idade da introdução da alimentação complementar e as razões/motivos, as características da alimentação complementar e o conhecimento das mães acerca da introdução de novos alimentos e relacionar com as suas características socioeconômicas. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal de caráter descritivo e analítico, realizado em setembro e outubro de 2014 em um posto de saúde na cidade de Fortaleza-CE/Brasil. A coleta de dados foi realizada por meio de um formulário, incluindo questões sobre os conhecimentos e práticas em relação à introdução da alimentação complementar do lactente após a amamentação. A autorização para utilização dos dados deu-se por meio do termo de anuência, concedida pela responsável e pelo serviço. Resultados: Com relação às características socioeconômicas, 58% eram casadas, onde 45% disseram ter ensino médio completo com renda mensal de 1.198,48$. Todas realizaram pré-natal onde a maioria freqüentou de 4-8 consultas, a maioria dos bebês nasceu com peso normal, na semana gestacional correta, recebendo orientação sobre aleitamento materno, sendo o médico o profissional responsável em 70% dos casos. A grande maioria das mães (90%) não passou por um nutricionista durante o pré-natal e após o nascimento do bebê 52% receberam aleitamento materno exclusivo até os 6 meses. Em grande parte dos casos o aleitamento materno era mantido junto com a alimentação complementar. Sobre os motivos do desmame precoce, a maioria das mães citou: que achava seu leite fraco, oferecendo como alimentação complementar sopas e papas de frutas oferecendo de 2 a 3 vezes por dia. Quanto à consistência, introduziam na maioria dos relatos alimentos líquidos, grande parte utilizando temperos prontos e açúcar nas preparações, alimentando a criança de 3 em 3 horas. Quando perguntadas sobre como seria melhor apresentar a comida para a criança, grande parte disse que era bem amassada com o garfo, contudo a maioria usava a mamadeira como utensílio. Para os alimentos que deveriam ser oferecidos inicialmente para os bebês, grande parte das mães disse que eram legumes e frutas, seguidos de chás e frutas. Na faixa dos 6 meses a 1 ano de idade, grande parte das mães respondeu que a sopa é o melhor alimento a ser oferecido, seguido de frutas, verduras e feijão. Em relação ao cardápio para o almoço da criança no final dos 6 meses a maioria disse que era composto por sopa de macarrão, cenoura, chuchu e batata, seguido de arroz, feijão, carne moída e cenoura cozida e beterraba cozida, batata cozida e arroz. Quando perguntada sobre a duração do aleitamento materno exclusivo que o Ministério da Saúde recomenda que as crianças sejam amamentadas, a maioria (77%) respondeu que era até os 6 meses de idade Conclusão: Sugere-se que as nutrizes em geral recebam mais informações vindas dos profissionais da saúde, em exclusivo o nutricionista a respeito dos benefícios e importância do aleitamento materno e alimentação complementar correta.

          Unitermos: Alimentação complementar. Aleitamento materno. Desmame precoce. Conhecimento de mães sobre alimentação da criança.

 

Abstract

          Early weaning is a public health problem and may be related to lack of knowledge of mothers on breastfeeding and its importance. So that these women are able to breastfeed correctly, the approach to breastfeeding should be initiated even during pregnancy, during prenatal care, continue to breastfeed in the first hour after birth. With the knowledge of the nursing mothers about breastfeeding that can interfere with early weaning rates. Objectives: To evaluate the knowledge and practices of mothers regarding the introduction of complementary feeding, investigating the duration of breastfeeding, the age of introduction of complementary feeding and the reasons / grounds, complementary feeding characteristics and the mothers' knowledge about the introduction of new foods and relate to their socioeconomic characteristics. Methodology: This is a cross-sectional study of descriptive and analytical character, held in September and October 2014 in a clinic in the city of Fortaleza-CE / Brazil. Data collection was performed by means of a form, including questions about the knowledge and practices regarding the introduction of complementary feeding of infants after breastfeeding. The authorization for use of data occurred through the statement of consent, granted by the responsible and service. Results: With respect to socioeconomic characteristics, 58% were married, where 45% said they had completed high school with a monthly income of $ 1,198.48. All prenatal care where most attended of 4-8 consultations, most babies born with normal weight, in the correct gestational weeks, receiving guidance on breastfeeding, and the medical professional responsible in 70% of cases. The vast majority of mothers (90%) did not pass by a nutritionist during the prenatal and after birth the baby 52% were exclusively breastfed until 6 months. In most cases breastfeeding was kept along with complementary feeding. On the grounds of early weaning, most mothers cited: he thought his weak milk, offering as complementary feeding soups and porridge fruit offering 2-3 times a day. As for consistency, introduced in most liquid food accounts in large part using spices and sugar in the ready preparations, feeding the child 3 in 3 hours. When asked about how much better present the food to the child, most said it was well mashed with a fork, yet most used the bottle as utensil. For foods that should be offered initially for babies, most of the mothers said they were vegetables and fruits, followed by tea and fruit. In the range of 6 months to 1 year of age, most of the mothers said that soup is the best food to be offered, followed by fruits, vegetables and beans. Regarding the menu for the child's lunch at the end of six months the majority said it was composed of noodle soup, carrot, chayote and potato, followed by rice, beans, ground beef and cooked carrots and cooked beets, cooked potatoes and rice. When asked about the duration of exclusive breastfeeding the Ministry of Health recommends that children be breastfed, most (77%) replied that it was up to 6 months old Conclusion: It is suggested that nursing mothers usually receive more information coming health professionals, exclusively nutritionist about the benefits and importance of breastfeeding and proper complementary feeding.

          Keywords: Complementary feeding. Breastfeeding and early weaning. Knowledge of mothers about child feeding.

 

Recepção: 10/08/2015 - Aceitação: 17/12/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 213, Febrero de 2016. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    A saúde de uma população está intimamente relacionada com sua alimentação. A formação de hábitos alimentares saudáveis deve ser iniciada nos primeiros anos de vida da criança. Alimentação complementar é adotada pelo Ministério da Saúde como quaisquer alimentos nutritivos sólidos ou líquidos, oferecidos à criança, em adição ao leite materno a partir dos seis meses de idade. A alimentação, conforme sua denominação tem a função de complementar a energia e micronutrientes necessários para o crescimento saudável e completo desenvolvimento das crianças (Santos et al, 2010).

    A alimentação complementar deve compreender quantidades de água, energia, proteínas, gorduras, vitaminas e minerais, por meio de alimentos culturalmente aceitos, economicamente acessíveis, que sejam agradáveis à criança e que sejam isentos de germes patogênicos, toxinas ou produtos químicos prejudiciais, sem muito sal ou condimentos, de fácil consumo e que sejam fáceis de preparar a partir dos alimentos da família (Brasil, 2009). A ingestão prematura de alimentos pode estar associada ao aumento da morbimortalidade infantil, devido ao risco de higienização inadequada dos alimentos, à ocorrência de reações alérgicas, a pouca absorção de nutrientes, à ausência de ingestão dos fatores de proteção do leite materno, além da possibilidade de redução do crescimento infantil e, conseqüentemente, do aumento de desnutrição e deficiência de alguns micronutrientes, particularmente ferro, zinco e vitamina A (Alves et al, 2012).

    Portanto, os malefícios da ingestão de alimentos complementares antes dos seis meses excedem, em muito, qualquer benefício em potencial desta prática. Esse consumo precoce tem sido associado com o desenvolvimento de doenças atípicas. O aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de idade reduz o risco de asma, e esse efeito protetor parece persistir pelo menos durante a primeira década de vida, sendo particularmente evidente em crianças com história familiar de doenças atípicas (Brasil, 2002; Odjik et al, 2003).

    São muitos os benefícios da amamentação exclusiva até os 6 meses. No campo populacional, conclui-se que crianças amamentadas exclusivamente até os 6 meses adoecem menos de diarréia e não apresentam déficits de crescimento, tanto em países desenvolvidos quanto em países em desenvolvimento. No entanto, quando iniciado tardiamente, diminui o crescimento da criança, e o risco de desnutrição e deficiência de micronutrientes aumenta (Brasil, 2002; Marques, 2012).

    Nesse sentido ações educativas dirigidas ao primeiro ano de vida da criança devem merecer atenção especial, para promover e manter o estado nutricional adequado, o que certamente reflete sobre sua saúde (Brasil, 2002; Oliveira, 2005).

    É comum observar a prática de uma dieta láctea, acrescida de grande quantidade de farinhas, por um longo período durante os primeiros anos de vida da criança (Barros e Seyffarth, 2008). Desta maneira, é justificável um levantamento junto às mães, a respeito da prática do aleitamento materno exclusivo até o sexto mês e da introdução da alimentação complementar no primeiro ano de vida, no sentido de melhorar as condições de saúde e nutrição das crianças, pois é provável a carência de conhecimento das mães quanto à alimentação complementar. O presente trabalho tem como objetivo avaliar os conhecimentos e as práticas das mães em relação à introdução da alimentação complementar.

Materiais e métodos

    Foi realizado estudo transversal de caráter descritivo, em setembro e outubro de 2014, em um Centro de Saúde da Família, localizada em Fortaleza - Ceará.

    A coleta de dados foi realizada após autorização fornecida pela responsável do serviço por meio do termo de anuência e a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido pelas mulheres entrevistadas. Foram coletados e registrados em um formulário semiestruturado dados sobre os conhecimentos e práticas em relação à introdução da alimentação complementar do bebê após a amamentação.

    Os dados fornecidos foram tabulados através do software Microsoft Office Excel versão 2007 e analisados em médias e desvio-padrão. Os resultados foram expressos em percentuais, na forma de gráficos e/ou tabelas.

Resultados

    Foram avaliadas 31 mães com idade média de 27 anos, cujos filhos possuíam idade média de 13 meses (1 ano e 1 mês). Com relação às características socioeconômicas, 58% (n= 18) das mães eram casadas e sobre o grau de escolaridade; 45% (n= 14) relataram ter o ensino médio completo, 42% (n= 13) o ensino fundamental incompleto, 10% (n= 3) o ensino fundamental completo e 3% (n=1) o ensino superior completo. A renda mensal média das famílias foi de R$ 1.198,48. Quando perguntadas se realizaram pré-natal, 100% disseram que sim, das quais 68% (n= 21) realizaram de 4-8 consultas, 26% (n= 8) realizaram 8 consultas ou mais e 6% (n=2) de 1-4 consultas. 94% (n=29) das mães relataram que o bebê nasceu com peso normal e na semana gestacional adequada. Das que realizaram o pré-natal, 61% (n=19) relataram ter recebido orientação de profissionais da saúde sobre amamentação e sobre alimentação complementar, sendo o médico o profissional responsável por essa orientação em 70% (n=12) dos casos, seguidos pela enfermeira, em 30% (n=5). Das mães 90% (n=28) não teve consulta com um nutricionista durante o pré-natal ou após o nascimento do bebê.

    Quando questionadas se o bebê recebeu aleitamento materno exclusivo até os 6 meses, 52% (n=16) disse que sim, ao passo que 48% (n=15) recebeu aleitamento materno até os 4 meses de vida. Em 61% (n=19) dos casos o aleitamento materno era mantido junto com a alimentação complementar, sendo que as crianças começaram a receber alimentação complementar na idade média de 5 meses. Na investigação sobre os motivos do desmame precoce, 29% (n=9) das mães achavam seu leite fraco (Gráfico 1).

Gráfico 1. Motivos relacionados para a introdução precoce de alimentação complementar. Fortaleza, 2014

    Quando se iniciava a alimentação complementar, sopas e papas de frutas foram oferecidos por 52% (n=16) das entrevistadas, de 2 a 3 vezes por dia (Gráfico 2). Quanto à consistência, 77% (n=24) introduziram alimentos líquidos, 61% (n=19) pastosos e 22% (n=7) sólidos. Quando perguntado se as mães usavam temperos prontos, 84% (n=26) disseram que sim, e 61% (n=19) disseram colocar açúcar nas preparações. Por fim, quando questionadas sobre os horários das refeições, 68% (n=21) referiram alimentar a criança de 3 em 3 horas, 22% (n=7) quando a criança chorava e 10% (n=3) citaram outros motivos.

Gráfico 2. Alimentos oferecidos no início da alimentação complementar. Fortaleza, 2014

    De acordo com o questionário para avaliar o nível de conhecimento das mães adaptado de Barros, Seyffarth (2008) verificou-se que: quando perguntadas sobre como seria melhor apresentar a comida para a criança de início, 55% (n=17) disseram que era bem amassada com o garfo, 26% (n=8) disseram que eram batidas no liquidificador e 19% (n=6) disseram que era passada na peneira. Quanto ao utensílio que deve ser usado para se oferecer alimentos para uma criança de 6 meses de idade, 55% (n=17) citou a mamadeira, 26% (n=8) o copo e 19% o garfo (n=6). Para os alimentos que deveriam ser oferecidos inicialmente para os bebês, 61% (n=19) das mães disseram que era legumes e frutas e 39% (n=12) chás e frutas. Na faixa dos 6 meses a 1 ano de idade, 52% (n=16) responderam a sopa e 48% frutas, verduras e feijão. Em seguida foi perguntado qual o melhor cardápio para o almoço da criança no final dos 6 meses, 55% (n=17) disseram que era sopa de macarrão, cenoura, chuchu e batata, 32% (n= 10) arroz, feijão, carne moída e cenoura cozida e 13% (n=4) beterraba cozida, batata cozida e arroz (Gráfico 3). Por fim, perguntou-se até qual idade o Ministério da Saúde recomenda que as crianças sejam amamentadas, 77% (n=24) responderam que era até os 6 meses de idade e 23% (n=7) até os 2 anos de idade ou mais.

Gráfico 3. No final dos 6 meses de idade, qual o melhor cardápio para almoço da criança. Fortaleza, 2014

Discussão

    Um estudo realizado por Fonseca et al (2011), com em sua grande parte maiores de 18 anos, casadas, com renda média de um salário mínimo e com ensino fundamental incompleto, disseram ter recebido orientações sobre aleitamento materno durante sua gestação e pré-natal, sendo que da maioria foi orientada por uma enfermeira, referiram que seu bebê se alimentava na maioria das vezes de 3 em 3 horas. No presente estudo, a maioria também relatou receber orientação de profissionais da saúde sobre amamentação e sobre alimentação complementar, sendo o médico o profissional responsável por essa orientação na maioria dos relatos. As orientações sobre aleitamento materno que as gestantes recebem durante o pré-natal complementam seus níveis de conhecimento em relação ao tema, especialmente se esta orientação for realizada por um profissional capacitado (Cicone et al, 2004).

    De acordo com o estudo de Vasconcelos et al (2006) mães que realizaram seis ou mais consultas no pré-natal apresentaram duração mediana do aleitamento materno (129 dias), maior que as mães com um número inferior a seis consultas (115 dias) e aquelas que não fizeram o pré-natal (91 dias). No presente estudo, das mães que realizaram de 6 a 8 consultas (68%), a maioria (52%) manteve seu filho em aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de vida.

    Uma pesquisa realizada por Alves et al (2012) demonstrou que 90,7% das mães receberam orientações sobre aleitamento materno, ingestão de alimentos e alimentação complementar durante as consultas do pré-natal, no entanto apenas 15,3% das mães mantiveram aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida. Naquelas em aleitamento materno complementado, a duração mediana do aleitamento materno exclusivo foram de quatro meses. No presente estudo 48% disseram não ter amamentado exclusivamente o bebê até os 6 meses, apesar de 61% afirmassem ter recebido orientações sobre amamentação exclusiva. Tais resultados devem ser valorizados pelos gestores em saúde, apesar de bastante divulgadas as vantagens do aleitamento e de existir um consenso mundial de que a sua prática exclusiva é a melhor maneira de alimentar as crianças até aos 6 meses de vida.

    Uma pesquisa qualitativa feita por Araújo et al (2008) relacionada aos fatores que levam ao desmame precoce, encontrou que a maioria declarava que desmamou seus filhos por conta de enfermidades e medicamentos utilizados. O trabalho fora de casa e o oferecimento por parte das avós de outro tipo de alimento para o lactante também foram relatados. No presente estudo os autores também apontam como relevantes. Para justificativa do desmame precoce, os problemas relacionados à “falta de leite”, “leite fraco”, problemas mamários e a recusa do bebê em pegar o peito.

    No presente estudo, 29% afirmou que o fator que mais causou o desmame precoce foi o “leite fraco”, 10% disseram ter sido por orientação de outras pessoas e 6% porque tiveram que voltar ao mercado de trabalho. Comparando com outro estudo, Escobar et al (2002) observou-se que 17,8% das mães responderam que "o leite era fraco" ou "não sustentava", 14,7%. Essas razões podem ser explicadas pelo fato da mulher atual ter uma vivência mais ansiosa e tensa e, possivelmente, à falta de um suporte cultural que havia nas sociedades tradicionais, nas quais as avós transmitiam às mães informações e um treinamento das mesmas em relação ao aleitamento.

    Caetano et al (2012) buscando avaliar as práticas e o consumo alimentar de lactentes menores de um ano de três metrópoles do Brasil, observou que a mediana de idade para a introdução da alimentação complementar foi de 4 meses e para a alimentação da família 5,5 meses, encontrando elevada freqüência uso de açúcar, temperos completos, cereais e achocolatado nas preparações, mesmo em crianças menores de 6 meses, que utilizavam também fórmulas infantis em substituição ao leite materno. A análise da freqüência de ingestão semanal evidenciou elevado percentual de consumo de alimentos industrializados, refrigerantes e sucos artificiais entre as crianças avaliadas.

    Comparando os resultados obtidos no presente estudo com o estudo de Barros e Seyffarth (2008) acerca do nível de conhecimento das mães, quando perguntado quais alimentos devem ser oferecidos primeiro, a grande maioria citou legumes e frutas (67%), quanto aos alimentos que deveriam ser oferecidos primeiro a criança, grande parte (61%) referiu serem legumes ou frutas. Sobre os melhores alimentos para crianças entre 6 meses e um ano de idade, 65% acertaram e no presente estudo 48% acertaram, sendo frutas, verduras e feijão os melhores alimentos, onde, de acordo com a Guia alimentar para crianças menores de 2 anos (Brasil, 2003), a inclusão de papas de frutas e refeições salgadas deve começar entre 6 meses, se estendendo até um ano, variando na quantidade oferecida de acordo com a idade.

    A comida da criança no início de acordo com o presente estudo teve 55% de acertos e na pesquisa de Barros e Seyffarth (2008) teve um percentual de 60% de acertos, devendo ser dada bem amassada com o garfo em pedaços pequenos e quando questionadas sobre o que deve ser usado para oferecer alimentos para uma criança de 6 meses de idade (Barros e Seyffarth, 2008), 87% citaram corretamente e no presente estudo 26% acertaram. Também no Guia alimentar para crianças menores de 2 anos (Brasil, 2003) a alimentação complementar deve ser espessa desde o início e oferecida de colher, amassando os alimentos com garfo no prato sem necessidade de passar pela peneira e nem bater no liquidificador chegando a uma consistência pastosa e ir gradativamente aumentando até chegar à alimentação da família, evitando o uso da mamadeira, deve-se garantir uma oferta adequada tanto no aspecto quantitativo como qualitativo, com ênfase no fornecimento apropriado de micronutrientes. Quando perguntadas qual o melhor cardápio para o almoço da criança (Barros e Seyffarth, 2008) 34% dos entrevistados acertaram e 32% do presente estudo acertaram, demonstrando uma maior dificuldade dos participantes em identificar grupos alimentares para compor o cardápio das crianças.

    Quando questionadas até que idade o Ministério da Saúde recomenda que as crianças sejam amamentadas, o percentual de acertos de acordo com o estudo de Barros e Seyffarth (2008) foi de 49%, enquanto no presente estudo foi de 77% de acertos, ou seja, houve aumento mais significativo da compreensão a respeito da idade recomendada pelo Ministério da Saúde para o aleitamento materno. Pesquisas (Passos et al, 2000) apontam o efeito protetor conferido ao aleitamento materno, principalmente o exclusivo, contra doenças diarréicas, do aparelho respiratório e desordens do sistema imune. Recomenda que a introdução de outros alimentos tenha início somente depois dos 6 meses, idade em que a criança já necessita de suplementação e está fisiologicamente preparada. A amamentação complementada deve ser mantida até os 2 anos de vida ou mais.

Conclusão

    As mães presentes no estudo possuem algum conhecimento sobre práticas em relação à introdução da alimentação complementar, porém, ainda se pode observar que uma grande parte ainda possui dúvidas no modo de preparo, consistência, forma de apresentação, e utensílios que devem ser usados para se oferecer alimentos para os bebês.

    O desmame precoce ainda é bastante observado como prática dessas mães, onde o principal motivo para o desmame é a crença que seu leite é “fraco”, considerando também fatores de influência familiar.

    No presente estudo, mães e cuidadores de crianças em torno de 6 meses de idade apresentavam dúvidas sob vários aspectos sobre o aleitamento materno exclusivo alimentação complementar. Sugerindo então que as nutrizes em geral devem receber mais informações vindas dos profissionais da saúde, em exclusivo o nutricionista a respeito dos benefícios e importância do aleitamento materno e alimentação complementar correta, visando a promoção do crescimento e o desenvolvimento saudável na infância, evitando deficiências ou excessos de nutrientes que podem trazer prejuízos para a saúde física e mental da criança

Bibliografia

  • Alves CRL, Santos LC, Goulart LMHF, Castro. (2012). Alimentação complementar em crianças no segundo ano de vida. Rev Paul Pediatr; 30(4): 499-506.

  • Araújo OD, Cunha AL, Lustosa LR, Nery IS, Mendonça RCM, Campelo SMA. (2008). Aleitamento materno: fatores que levam ao desmame precoce. Rev Bras Enferm, Brasília, jul-ago; 61(4): 488-92.

  • Barros RMM, Seyffarth AS. (2008). Conhecimentos maternos sobre alimentação complementar – impacto de uma atividade educativa. Com. Ciências Saúde; 19(3): 225-231.

  • Brasil. Ministério da Saúde. (2003). Dez passos para uma alimentação saudável: guia alimentar para crianças menores de 2 anos: álbum seriado / Ministério da Saúde– Brasília: Ministério da Saúde.

  • Brasil/Ministério da Saúde/OPS. (2002). Guia alimentar para crianças menores de 2 anos. Série A. Normas e manuais técnicos no 107. Brasília, DF: Ministério da Saúde.

  • Brasil. Ministério da Saúde. (2009). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança: nutrição infantil: aleitamento materno e alimentação complementar. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde.

  • Caetano MC, Ortiz TTO, Silva SGL, Souza FIS, Sarni ROS. (2012). Alimentação complementar: práticas inadequadas em lactentes. Archivos de Pediatría del Uruguay; 83(3).

  • Ciconi RCV, Venancio SI, Escuder MML. (2004). Avaliação dos conhecimentos de equipes do Programa de Saúde da Família sobre o manejo do aleitamento materno em um município da região metropolitana de São Paulo. Rev Bras Saude Mater Infant. 4(2): 193-202

  • Escobar AMU, Ogawa AR, Hiratsuka M, Kawashita MY, Teruya PY, Grisi S, Tomikawa SO. (2002). Aleitamento materno e condições socioeconômico-culturais: fatores que levam ao desmame precoce. Rev. bras. saúde matern. infant., Recife, 2 (3): 253-261, set. - dez.

  • Fonseca MO, Parreira BDM, Douglas MC, Machado ARM. (2011). Aleitamento materno: conhecimento de mães admitidas no alojamento conjunto de um hospital universitário. Cienc Cuid Saude. Jan/Mar; 10(1):141-149.

  • Marques ES, Cotta RMM, Priore, S E. (2011). Mitos e crenças sobre o aleitamento materno. Ciência & Saúde Coletiva, 16(5):2461-2468.

  • Odjik JV, Kull I, Borres MP, Brandtzaeg P, Edberg U, Hanson LA, Høst A, Kiutunen, Olsen SF, Skerfving, Sundell J, Wille S. (2003). Breastfeeding and allergic disease: a multidisciplinary review of the literature (1966- 2001) on the mode of early feeding and its impact on later atopic manifestations. Allergy, v.58, n.9, p.833-843, set.

  • Oliveira LPM, Assis AMO, Pinheiro SMC, Prado MS, Barreto ML. (2005). Alimentação complementar nos primeiros dois anos de vida. Revista de Nutrição, Campinas, 18(4):459-469, jul./ago.

  • Passos MC, Lamounier JA, Silva CAM, Freitas SN, Baudson MFR. (2000). Práticas de amamentação no município de Ouro Preto, MG, Brasil. Rev Saúde Pública; 34(6):617-22.

  • Santos CS, Coriolano MWL, Sette GCS, Lima LS. (2010). Alimentação complementar do lactente: Subsídios para a consulta de enfermagem em puericultura. Cogitare Enferm. Jul/Set; 15(3):536-41.

  • Vasconcelos MGL, Lira PIC, Lima, MC. (2006). Duração e fatores associados ao aleitamento materno em crianças menores de 24 meses de idade no estado de Pernambuco. Rev. Bras. Saúde Matern. Infant. Recife, 6 (1): 99-105, jan. / mar.

Outros artigos em Portugués

www.efdeportes.com/

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 20 · N° 213 | Buenos Aires, Febrero de 2016
Lecturas: Educación Física y Deportes - ISSN 1514-3465 - © 1997-2016 Derechos reservados