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Prática da fisioterapia na unidade de terapia intensiva do 

Hospital Regional do Baixo Amazonas do Oeste do Pará, Brasil

La práctica de fisioterapia en la unidad de cuidados intensivos del Hospital Regional del Amazonas Inferior del Oeste del Pará, Brasil

The practice of physical therapy in the intensive care unit of Regional Hospital the Lower Amazon the West of Pará, Brazil

 

*Fisioterapeuta, UEPA, Santarém, Pará.

**Fisioterapeuta, UNIFOR, Fortaleza-Ce. Especialista

em UTI neonatal, Faculdade Redentor, RJ

***Fisioterapeuta, UEPA. Especialista em traumato ortopedia

Faculdade Inspirar, Curitiba-PR

(Brasil)

Patrícia de Alcântara Oliveira**

patydealcantara@hotmail.com

Maria Gilvânia Dantas Soares*

giltrissa@hotmail.com

João Oliveira e Silva Filho***

joaokc@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Objetivo: Investigar a prática da fisioterapia na UTI do Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA) do Oeste do Pará, Brasil. Metodologia: pesquisa quantitativa, descritiva, levantamento e transversal, realizada, em 2013, nas UTIs (adulto, pediátrica e neonatal) do HRBA de Santarém, Pará. Participaram do estudo 15 fisioterapeutas, de ambos os sexos, adultos (entre 20 e 50 anos). Para a coleta de dados foi utilizado um questionário autoaplicável constituído por questões objetivas. Os dados foram processados através de recursos da estatística descritiva (Excel, Microsoft para Windows – 2010) e inferencial (Bioestat® 5.3, com significância de p<0,05). Resultados e conclusão: a prática da Fisioterapia no HRBA é possibilitada por 18 horas diárias, com jornada semanal de 30 horas de trabalho, cuja prescrição do tratamento é autônoma e variada, baseada na troca de informações multiprofissional. O fisioterapeuta participa da elaboração de protocolos fisioterapêuticos da UTI e se considera bem remunerado e realizado com o seu desempenho profissional.

          Unitermos: Fisioterapia. Unidade de Terapia Intensiva. Prática profissional.

 

Abstract

          Objective: To investigate the practice of physical therapy in the ICU of the Lower Amazon Regional Hospital (HRBA) of Western Pará, Brazil. Methodology: quantitative, descriptive, cross-sectional survey, conducted in 2013, in ICUs (adult, pediatric and neonatal) of HRBA Santarém, Pará. Fifteen physical therapists participated in the study, of both sexes, adults (between 20 and 50 years). For data collection, a self-administered questionnaire consisting of objective questions was used. The data were processed using descriptive statistical (Excel, Microsoft for Windows - 2010) and inferential (Bioestat® 5.3, with a significance of p <0.05). Results and conclusion: Physical Therapy practice in HRBA is enabled for 18 hours daily, with weekly hours from 30 hours of work, the prescription treatment is autonomous and varied, based on the exchange of multidisciplinary information. The Physiotherapists involved in the production of physical therapy protocols in the ICU and consider themselves well paid and performed with his professional performance.

          Keywords: Physiotherapy. Intensive Care Unit. Professional practice.

 

Recepção: 10/09/2015 - Aceitação: 20/12/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 213, Febrero de 2016. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O fisioterapeuta desempenha um papel chave em qualquer programa de reabilitação pulmonar, pois é ele quem está apto para orientar e supervisionar os exercícios de treino de força muscular respiratória, aplicar as técnicas de respiração, atuar na assistência ventilatória invasiva e não invasiva, monitorando os parâmetros do ventilador mecânico, assim como no desmame do ventilador, realizar manobras de higiene brônquica antes da aspiração, manobras motoras intensivas com cinesioterapia global, avaliando a força e a condição muscular global, analisar e interpretar exames complementares de rotina das Unidades de Terapia Intensiva - UTIs (Ferrari, 2007).

    Desde 1980, esse profissional atuante na área de terapia intensiva tem se tornado um especialista no cuidado do paciente crítico. Devido a isso, houve grandes evoluções, e a atuação do fisioterapeuta que se estendia a aplicação de técnicas fisioterápicas, incorporou a reabilitação de cuidados com a via aérea artificial e ao manuseio da assistência ventilatória mecânica invasiva e não invasiva (SOBRAFIR, 2006).

    Com relação à importância do fisioterapeuta nas UTIs, a fisioterapia respiratória tem sido cada vez mais solicitada e sua atuação cada vez mais freqüente (Yamaguti et al., 2005). O fisioterapeuta pode dar uma contribuição valiosa ao tratamento global do paciente (Hammon, 2003).

    O benefício a ser buscado pelo fisioterapeuta na UTI é preservar a vida, melhorando a qualidade e aliviando os sintomas físicos do paciente, dando oportunidade, sempre que possível, para a independência funcional do mesmo (Lopes; Brito, 2009).

    Conforme o exposto, o objetivo deste estudo foi investigar a prática da fisioterapia na UTI do hospital regional do baixo amazonas do oeste do Pará, Brasil.

Metodologia

    Pesquisa quantitativa, descritiva, levantamento e transversal (Marconi; Lakatos, 2005), realizada, em 2013, nas UTIs (adulto, pediátrica e neonatal) do Hospital Regional do Baixo Amazonas do Oeste do Pará Dr. Waldemar Penna (HRBA), que é público e está localizado em Santarém, Pará, prestando serviços especializados de média e alta complexidade para toda região do Oeste do Pará.

    A UTI conta com uma equipe multiprofissional nos turnos, matutino, vespertino e noturno, sendo composta por técnicos de enfermagem; enfermeiro; médico; fisioterapeuta; fonoaudiólogo, nutricionista, psicólogo, terapeuta ocupacional e assistente social.

    Constituíram a amostra do estudo 15 fisioterapeutas, de ambos os sexos, adultos (entre 20 e 50 anos), que atuam nas UTIs do HRBA. Todos assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, conforme as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos da Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012, do Conselho Nacional de Saúde. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Estado do Pará, Campus Santarém, protocolo nº. 14272513.3.0000.5168.

    Os dados foram obtidos mediante auto aplicação de um questionário formado por questões objetivas, com fundamentação em Braz, Martins e Vieira Junior (2009) e Nozawa et al. (2008).

    Os dados foram processados através de recursos da estatística descritiva mediante utilização do programa Excel (Microsoft para Windows – 2010). Posteriormente, os dados analisados por meio do aplicativo Bioestat® 5.3, para análise da distribuição de probabilidade através do teste Qui-quadrado, com significância de p<0,05.

Resultados e discussão

    Na tabela 1, o atendimento fisioterapêutico não é oferecido por 24 horas diárias e sim por 18 horas diárias. Além disso, os fisioterapeutas trabalham com uma jornada semanal de 30 horas.

    Sobre a prescrição do tratamento Fisioterapêutico, todos os participantes afirmaram que o tratamento é prescrito além de relatarem que existe liberdade do fisioterapeuta em indicar para um paciente a assistência, assim como evoluir a alta fisioterapêutica. Todos também afirmaram que há troca de informações sobre o serviço e a assistência ao paciente com outros profissionais da saúde. As rotinas e práticas realizadas pela Fisioterapia no HRBA são variadas (tabela 1).

Tabela 1. Atuação da fisioterapia na Unidade de Terapia Intensiva do HRBA. Santarém, Pará, Brasil, 2013

    De acordo com os dados da tabela 2, as práticas realizadas pela fisioterapia nas UTIs do HRBA levam em consideração a gasometria para a adequação dos parâmetros ventilatórios. Quando questionados sobre a existência de protocolos nas UTIs, 73,3% dos participantes afirmaram que há protocolos de recrutamento alveolar, 80% afirmaram existir os devidos protocolos de desmame com e 66,7% afirmaram que há protocolo para realização de ventilação não invasiva. Dentre os profissionais, 86,7% certificaram que o fisioterapeuta participa da elaboração de protocolos fisioterapêuticos da UTI. Quando questionados sobre a ventilação não invasiva ser de caráter de urgência, 86,7% afirmaram realizar como caráter de urgência (tabela 2).

    Quanto aos quesitos que demandavam opiniões pessoais, todos os fisioterapeutas consideraram-se com autonomia suficiente para atuar na UTI do HRBA, consideraram satisfatória a remuneração recebida e se sentem profissionalmente realizados com o desempenho da sua atuação na UTI. Dentre os mesmos, 80,0% se sentem valorizados no dia-dia do seu trabalho (tabela 2).

Tabela 2. Práticas da fisioterapia na Unidade de Terapia Intensiva

    Quando questionado sobre a modalidade ventilatória mais utilizada, todos os pesquisados referiram utilizar a modalidade a pressão e tempo na UTI do HRBA. Com relação à conduta do Fisioterapeuta mediante a indicação de um paciente à extubação, 53,3% responderam que acionam o médico e sugerem extubação, enquanto que 46,7% chamam o médico e solicita autorização para extubar o paciente. Sobre a autonomia do fisioterapeuta para atuar na UTI, todos responderam ter total autonomia para atuar. Quando questionado sobre a autonomia do fisioterapeuta para ajustes dos parametros de ventilação mecânica em um paciente crítico da UTI, 53,3% dos pesquisados responderam que convocam o médico e sugerem que sejam alterados os parâmetros e argumenta o porquê, e 46,7% responderam que alteram os parâmetros e após informa o médico sobre a necessidade de mudança. Quando questionados se realizam outra forma de exercício da fisioterapia, 53,3% responderam que realizam prática assistencial, 33,4% não exercem outra forma de exercício da Fisioterapia e 13,3% responderam que desempenham a docência.

Discussão

    No presente estudo verificou-se que os fisioterapeutas estudados aplicam vários recursos terapêuticos em suas práticas. Sakuma, (2007) relata que todos os recursos utilizados por esses profissionais contribuem para a redução da taxa de mortalidade, da taxa de infecção, do tempo de permanência na UTI e no hospital e do índice de complicações do paciente.

    Segundo Lopes e Brito (2009) a fisioterapia possui um arsenal abrangente de técnicas que complementam os cuidados a pacientes graves. Entre as principais indicações estão: a melhora da função pulmonar, a terapia para alivio da dor e dos sintomas psicofísicos e a atuação na prevenção e reabilitação de complicações osteomioarticulares, cardiovasculares e neurológicas.

    A intervenção do fisioterapeuta se firma a partir de uma avaliação global do paciente, atuando, principalmente, sobre as funções motora, cardiovascular e respiratória (Kumar; Maiya; Pereira, 2007). No entanto, concebe o indivíduo de forma holística, não permitindo que o aperfeiçoamento tecnológico e científico subestime outros aspectos relevantes ao bem-estar do ser humano, como os princípios bioéticos, a interação com familiares e a humanização da assistência (Sousa Pinto et al., 2008).

    O fisioterapeuta realiza avaliação das funções gerais e respiratórias traçando um plano de cuidados individuais. Ele estabelece as medidas para o suporte ventilatório instalando os equipamentos de oxigenoterapia ou ventilação mecânica. O fisioterapeuta deve estar atento aos parâmetros do ventilador para manter adequada a ventilação do paciente, sendo iniciado o processo de desmame ventilatório logo após a resolução do evento que indicou o processo de ventilação mecânica (Sepúlveda et al., 1997).

    Associada aos recursos ventilatórios, são utilizadas técnicas fisioterápicas que incluem: manobras de higiene brônquica, mobilização geral do paciente, exercícios respiratórios, treinamento muscular respiratório e readaptação progressiva do paciente aos esforços. Essas técnicas objetivam prevenir complicações pela incapacidade da eliminação das secreções respiratórias, preservar o volume pulmonar, diminuir o trabalho respiratório e prevenir alterações conseqüentes à imobilidade no leito (David, 2001).

    Quando o fisioterapeuta se sente pertencente à equipe, com relações de confiança e compartilhamento de trabalho com os médicos e enfermeiros, tende a ter maior autonomia no processo de tomada de decisão da assistência. Nestes casos, o fisioterapeuta não se limita ao controle sobre suas técnicas fisioterapêuticas, mas participa ativamente no plano de tratamento do paciente internado na UTI juntamente aos demais profissionais. Como resultado desta realidade, os fisioterapeutas têm construído protocolos assistenciais de forma coletiva com os demais profissionais da equipe básica da UTI (Ghisleni, 2010). No presente estudo notou-se que os fisioterapeutas, em sua maioria, participam da elaboração de protocolos fisioterapêuticos da UTI e atuam com autonomia.

    É evidente a complexidade do trabalho do fisioterapeuta diante da cobrança pela efetividade de suas condutas e da necessidade de controlar os riscos ao paciente. Deste modo, é imperativo a correta habilitação desse profissional, para sua plena inserção junto à equipe multiprofissional atuante nas UTI (Yamaguti et al., 2005).

Conclusão

    A prática da Fisioterapia no HRBA é possibilitada por no mínimo 18 horas diárias, com jornada semanal de 30 horas de trabalho, seguindo as normas da regulamentação RDC07-2010. E cuja prescrição do tratamento é autônoma e variada, baseada na troca de informações multiprofissional. O fisioterapeuta participa da elaboração de protocolos fisioterapêuticos da UTI e se considera bem remunerado e realizado com o desempenho da sua atuação. Evidenciando a importância do fisioterapeuta na UTI, quanto a sua pratica de atuação profissional junto à equipe multiprofissional.

Bibliografia

  • Braz, P. R. P.; Martins, J. O. S. O. L. e Vieira Junior, G. (2009). Atuação dos fisioterapeutas nas unidades de terapia intensiva da cidade de Anápolis, Goiás. Anuário da produção acadêmica docente, v. 3, n. 4, p. 119-129.

  • David, C. M. (2001). Ventilação mecânica: da fisiologia à prática clínica. 1ª ed. Rio de Janeiro: Revinter.

  • Ferrari, D. (2007). Fisioterapia intensiva: nova especialidade e modelo educacional. Disponível em: http://www.sobrati.com.br. Acesso em: 23 nov 2013.

  • Ghisleni, A. P. (2010). A contribuição da identidade no trabalho na construção da identidade profissional: uma análise de fisioterapeutas atuantes em Unidades de Terapia Intensiva. Dissertação (Doutorado). Porto Alegre: Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

  • Hammon, W. E. (2003). Fisioterapia no paciente em quadro agudo na unidade de terapia intensiva respiratória. 3ª ed. São Paulo: Manole.

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  • Lopes, F. M. e Brito, E. S. (2009). Humanização da assistência de fisioterapia: estudo com pacientes no período pós-internação em unidade de terapia intensiva. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, v. 21, n. 3, p. 283-291.

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  • Nozawa, E. et al. (2008). O perfil dos fisioterapeutas que atuam nas unidades de terapia intensiva no Brasil. São Paulo: ASSOBRAFIR, v. 15, n. 2, p. 177-182.

  • Sousa Pinto, J. M. S. et al. (2008). A humanização da assistência na unidade de terapia intensiva na visão dos usuários. Revista Brasileira em Promoção da Saúde, v. 21, n. 2, p. 27-121.

  • Sakuma, S. A. O. (2007). Atuação do fisioterapeuta no contexto hospitalar. Disponível em: http://www.neuropediatria.com.br. Acesso em: 23 nov 2013.

  • Sepulveda et al. (1997). Fisioterapia respiratória na UTI. In: E. Knobel, Condutas no paciente grave. São Paulo: Atheneu.

  • Sociedade Brasileira de Fisioterapia Respiratória e Terapia Intensiva (SOBRAFIR) (2006). Atuação da fisioterapia em Unidade de Terapia Intensiva. CEFIR Online. Disponível em: http://www.cefir.com.br/artigos/um-adulto/aplicada/94.doc. Acesso em: 23 nov 2013.

  • Yamaguti, W. P. S. et al.(2005). Fisioterapia respiratória em UTI: efetividade e habilitação profissional. Jornal Brasileiro de Pneumologia, v. 31, n 1, p. 89-90.

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