Perfil físico de futebolistas em posições táticas  com diferentes ações: uma revisão bibliográfica Caracterísicas físicas de futbolistas en posiciones tácticas diferentes con diferentes acciones: una revisión bibliográficas Physical profile in soccer players in tactical positions with different actions: a literature review
	Graduado em Licenciatura e Bacharelado em Educação Física pela ESC-CRUZEIRO Pós-Graduado em Treinamento Desportivo pela UGF e Pós-Graduando em Musculação e Treinamento de Força – CEFIT – Centro de Estudos de Fisiologia do Exercício e Treinamento – São Paulo-SP	Augusto José Rédua Nunes da Costa Elcio de Almeida Leite Jr augustoredua@gmail.com (Brasil)
	Resumo           O futebol é um esporte dinâmico, que requer elevado grau de habilidade técnica, alto nível de aptidão atlética e apurada disciplina tática. O estudo possui relevância ao ser constado por uma ampla literatura, com a necessidade de esclarecimento do nível de ações em diferentes posições táticas, para uma prescrição de treinamento específico e direcionado para devida posição tática. São objetivos específicos apresentar e analisar o nível de diferentes ações (andar, trotar, correr e sprint) em futebolistas de diferentes posições (defensores, meio-campistas e atacantes). O estudo caracteriza-se como bibliográfico, realizado por meio de artigos e livros publicados no período de 1982 a 2009, que apresentaram informações referentes à questão em pauta; busca eletrônica por meio de identificação dos estudos incluindo as bases de dados Scopus, Scielo, Pubmed e outros. Constatou-se no presente estudo que houve diferenças no nível de ações físicas (andar, trotar, correr e sprint) em futebolistas de diferentes posições (defensores, meio-campistas e atacantes) e referente aos esquemas táticos, ficando evidente que uma prescrição de treinamento específico terá que ser direcionado para devida posição tática.           Unitermos: Futebol. Defensores. Meio-campistas. Atacantes.   Abstract           Soccer is a dynamic sport that requires high degree of technical skill, high-level athletic and accurate tactical discipline fitness. The study is relevant to be featured in a wide literature on the need for clarification of the level of stocks in different tactical positions, for a specific training prescription and directed to proper tactical position. The specific objectives to present and analyze the level of different actions (walk, trot, run and sprint) players in different positions (defenders, midfielders and attackers). The study is characterized as literature, conducted through articles and books published from 1982 to 2009, who presented information regarding the issue at hand; electronic search through identification of studies including Scopus databases, Scielo, Pubmed and others. It was found in this study that there were differences in the level of physical actions (walk, trot, run and sprint) in soccer players of different positions (defenders, midfielders and attackers) and referring to the tactical schemes, getting clear that a training prescription particular will have to be directed to proper tactical position.           Keywords: Soccer. Defender. Midfielder. Attacker.   Recepção: 26/09/2015 - Aceitação: 14/01/2016
	EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 213, Febrero de 2016. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

1.    Introdução

    O futebol é um esporte dinâmico, que requer elevado grau de habilidade técnica, alto nível de aptidão atlética e apura da disciplina tática. A essência desse esporte é a mesma em todo o mundo.

    Do ponto de vista físico, o futebol é considerado uma modalidade esportiva intermitente que intercala períodos de alta e baixa intensidade, variando entre os dois tempos de jogo, onde as variáveis mais estudadas atualmente são: distância percorrida, duração, freqüência, intensidade das diferentes ações realizadas e relação entre tempo de atividade e pausa (Arruda e Hespanhol, 2009).

    Para Cunha (2001), o futebol se demonstra como esporte de alta intensidade e essencialmente intervalado com aspectos e impactos que devem ser respeitados no planejamento do treinamento, para isso é necessário conhecimentos com alto grau de precisão das exigências físicas e fisiológicas que norteiam a modalidade.

    Pode-se perceber a tática no futebol pela organização espacial dos jogadores no campo face às circunstâncias da partida referente às movimentações da bola e às alternativas de ações, tanto dos companheiros, como dos adversários, essa forma de compreensão da tática confere um destaque para as movimentações e posicionamento no campo deixando perceber a capacidade do jogador para ocupar ou criar espaços livres em função dos princípios táticos adequados para o momento. (Duprat, 2007)

    A inquietação do autor é saber, por meio da literatura específica, se existem diferenças significativas no nível de ações em posições táticas de futebolistas.

    O estudo possui relevância ao ser constado por uma ampla literatura, com a necessidade de esclarecimento do nível de ações em diferentes posições táticas, para uma prescrição de treinamento específico e direcionado para devida posição tática.

    O presente estudo tem a finalidade de comparar o nível de diferentes ações em posições táticas de futebolistas. São objetivos específicos apresentar e analisar o nível de diferentes ações (andar, trotar, correr e sprint) em futebolistas de diferentes posições (defensores, meio-campistas e atacantes).

    O estudo caracteriza-se como bibliográfico, realizado por meio de artigos e livros publicados no período de 1982 a 2009, que apresentaram informações referentes à questão em pauta; busca eletrônica por meio de identificação dos estudos incluindo as bases de dados Scopus, Scielo, Pubmed e outros. A busca foi realizada nas línguas inglesa e portuguesa e somente estudos passíveis de serem obtidos em sua íntegra foram analisados. Para isso, foram utilizadas as seguintes palavras-chave por lógica booleana (palavras combinadas por “AND”): futebol (footbal), zagueiro (defenders), meio-campista (midfielderes), atacante (attacker).

2.     Desenvolvimento

2.1.     Futebol e seu perfil físico

    O futebol com as características atuais surgiu por volta de 1860. A Federation International of Football Association (FIFA), entidade que governa esse esporte, foi fundada em 1904 e congrega a filiação de mais de 150 países. Trata-se de um esporte universal e dinâmico que requer elevado grau de habilidade técnica, alto nível de aptidão física e apurada disciplina tática. (Ananias et al., 1998).

    As diferenças nas necessidades físicas da época presente, comparadas ao passado, são evidentes, existindo controvérsias sobre os requerimentos fisiológicos, nível ótimo de treinamento e os métodos de condicionamento físico utilizados no futebol.

    A evolução do futebol caracteriza-se por alta exigência física, técnica e psicológica, além do aspecto tático que se constitui em fator decisivo para obtenção de sucesso da equipe (Cunha; Binotto e Barros, 2001).

    O futebol, do ponto de vista físico, é considerado modalidade esportiva intermitente que intercala períodos de alta e baixa intensidade, variando entre os dois tempos de jogo (Arruda e Hespanhol, 2009).

    Ao longo das duas últimas décadas, tem havido um interesse crescente em compreender as análises do futebol, tendo como, a carga fisiológica imposta ao jogador de acordo com sua posição tática, onde a análise se torna um fator de desempenho do jogador, sendo um dado importante para ajudar o treinador e devida prescrição de treino. (Di Salvo et al., 2007).

    Aos jogadores de futebol, são impostas exigências físicas, não apenas relacionadas com a posição de jogo, mas também ao seu papel tático específico em campo (Bangsbo; Mohr e Krustrup, 2006).

    A evolução do futebol caracteriza-se por alta exigência física, técnica e psicológica, além do aspecto tático que se constitui em fator decisivo para obtenção de sucesso da equipe. (Cunha; Binotto e Barros, 2001).

2.2.     Posições táticas no futebol

    Define-se princípios táticos como um conjunto de normas sobre o jogo que proporcionam aos jogadores a possibilidade de atingirem rapidamente soluções táticas para os problemas advindos da situação que defrontam (Garganta e Pinto, 1994).Onde no jogo de futebol se divide em: defesa, meio e ataque.

2.2.1.     Defensores

    Vários estudos foram realizados com atletas profissionais do futebol, considerados jogadores de elite, com intuito de verificar a distância percorrida pelos mesmos durante uma partida do esporte. Para a constatação desses resultados, os estúdios recorreram a filmagem dos jogos por meio de câmeras e GPS individual.

    Na Austrália verificou-se que os futebolistas defensores percorreram uma distância total de 10.169 metros (Withers et al., 1982); na Suécia, 9.100 metros (Ekblom, 1986); na Dinamarca, 10.100 metros (Bangsbo, 1991); no Brasil, 9.600 metros (Barros e Guerra, 2004).

    Rienzi et al. (2000) verificaram a distância média percorrida por futebolistas sul-americanos de elite é de 8.696 metros.

    Conforme Arruda e Hespanhol (2009), as ações físicas dos defensores no tempo regulamentar de uma partida de futebol podem ser representadas em números percentis assim: andar (23,7%), trotar (45%), correr (14,5%) e fazer uso de sprints (7,9%).

2.2.2.     Meio-campistas

    Estudos foram realizados com jogadores de futebol, sendo caracterizados como jogadores de elite, com o objetivo de verificar a distância percorrida dos mesmos durante uma partida de futebol. Para a constatação dos resultados, foi usada a metodologia de filmagens com câmeras e GPS individual.

    Na Austrália verificou-se que os futebolistas meio-campistas percorreram uma distância total de 12.194 metros (Withers et al., 1982); na Suécia, 10.200 metros (Ekblom, 1986); na Dinamarca, 11.400 metros (Bangsbo, 1991); no Brasil, 11.110 metros (Barros e Guerra, 2004); jogadores sul-americanos 9.805 metros (Rienzi et al., 2000).

    Em um estudo realizado por Mohr et al. (2003), jogadores de futebol da elite italiana e dinamarquesa foram impostos a realizar o Yoyo-teste e através de câmeras ficou evidente a distância de 11.000 metros percorridas por meio-campitas.

    Conforme Arruda e Hespanhol (2009) os meio-campitas andam em uma partida de futebol 21,9%, executam o trote 49,9%, correm 15,1% e fazem o uso de sprints 5,3%.

2.2.3.     Atacantes

    Os atacantes são os futebolistas que compõe o sistema ofensivo, estando sempre oprimindo seu adversário em busca de gols. Vários estudos foram realizados com atletas profissionais do futebol, considerados jogadores de elite, com intuito de verificar a distância percorrida pelos mesmos durante uma partida do esporte. Para a constatação desses resultados, os estúdios recorreram a filmagem dos jogos por meio de câmeras e GPS individual.

    Na Austrália verificou-se que os futebolistas atacantes percorreram uma distância total de 11.766 metros (Withers et al., 1982); na Suécia, 9.800 metros (Ekblom, 1986); na Dinamarca, 10.500 metros (Bangsbo, 1991); no Brasil, 10.600 metros (Barros e Guerra, 2004); jogadores sul-americanos 8.397 metros (Rienzi et al. 2000).

    Em um estudo realizado por Mohr et al. (2003), jogadores de futebol da elite italiana e dinamarquesa foram impostos a realizar o Yoyo-teste e através de câmeras ficou evidente a distância de 10.480 metros percorridas por atacantes.

    Di Salvo et al (2007), em estudo realizado com jogadores de futebol espanhóis da Liga dos Campeões entre os anos de 2003 e 2004, através de câmeras e GPS, constatou que os atacantes percorreram uma distância total de 11.254 metros.

    Conforme Arruda e Hespanhol (2009), os atacantes andam em uma partida de futebol 29,8%, executam o trote 44,4%, correm 10% e fazem o uso de sprints 5,8%.

3.     Metodologia

    A pesquisa foi realizada com artigos e livros publicados em datas compreendidas de 1982 a 2009, que apresentaram informações referentes à discussão em questão; feito uma busca eletrônica por meio de identificação dos estudos: incluindo as bases de dados Scopus, Scielo, Pubmed e outros. A busca foi realizada nas línguas inglesa e portuguesa, somente estudos passíveis de serem obtidos em sua íntegra foram analisados. Para isso, foram utilizadas as seguintes palavras-chave por lógica booleana (palavras combinadas por “AND”): futebol (footbal), zagueiros (center defenders), meio-campista (midfielderes), atacante (forward).

4.     Considerações finais

    Pela análise da literatura científica pode-se notar que os defensores realizam a ação de sprints acima do percentual dos meio-campitas e atacantes, sendo o total de 7,9% de todas as ações desempenhadas em jogo , onde os meio-campistas realizam 5,3% e os atacantes 5,8%, os meio-campistas na ação de correr com 15,1% e trotar 49,9% são os que mais exercem tais ações físicas, onde os defensores correm 14,5% e trotam 45% e os atacantes corem 10% e trotam 44,4%, já os atacantes são os que mais desempenham a ação física de andar com 29,8%, tendo os defensores com 23,7% e os meio-campistas com 21,9%.

    Em estudo com equipes que competiram na Copa América de Futebol de 1995 realizados por Rienzi et al (2000), notaram que jogos internacionais, envolvendo equipes de diferentes países da América do Sul, a distância total percorrida era menor que os dados encontrados na literatura. Os autores observaram que os esquemas táticos, em tais jogos, exigiam uma maior posse de bola e que movimentos rápidos e decisivos fossem realizados somente nos momentos oportunos. Tais, restrições táticas reduzem a necessidade do jogador em realizar vários esforços tentando retomar a posse de bola e desta forma pode reduzir a distância total percorrida. Portanto, o estudo apontou diferenças de ações físicas entre as posições táticas e referente aos esquemas táticos, ficando evidente que uma prescrição de treinamento específico terá que ser direcionado para devida posição tática.

Bibliografia

• Ananias, G. E. O.; Kokunbun, E.; Molina, R.; Silva, Paulo R. S.; Cordeiro, J. R. et al. (1998). Capacidade funcional, desempenho e solicitação metabólica em futebolistas profissionais durante situação real de jogo monitorados por análise cinematográfica. Revista Brasileira Medicina do Esporte. São Paulo: vol.4,1998,n°3, maio/junho.

• Arruda, M. de e Hespanhol, J. E. (2009). Treinamento de força em futebolistas. São Paulo: Ed. Phorte.

• Bangsbo, J.; Norregaard, L.; Thorsoe, F. (1991). Active profile of competition soccer. Canadian Journal of Sports Sciences. Downsview: v.24, p.110-116, junho.

• Bangsbo, J.; Mohr, M.; Krustrup, P. (2006). Physical and metabolic demands of training and match-play in the elite football player. Journal of Sports Sciences. Dinamarca: v. 24, n° 7, p. 665-674, julho.

• Barros, T.L. e Guerra, I. (2004). Ciência do futebol. Barueri: Ed. Manole.

• Cunha, S. A.; Binotto, M. R. e Barros, R. M. L. (2001).Análise da variabilidade na medição de posicionamento tático no futebol. Revista Paulista de Educação Física. São Paulo: vol.15, n°2, p.111-116, julho/dezembro.

• Di Salvo, V.; Baron, R.; Tschan, H.; Calderon, M. F.J.; Bach, P. F. et al. (2007). Performance characteristics according to playing position in elite soccer. Int J Sports Med. Nova York: vol.28, p. 222-227, outubro.

• Duprat, E. (2007). Enseigner le football en milieu scolaire (collèges, lycées) et au club. Paris: Editions Action.

• Ekblom, B. (1994). Football (Soccer). Oxford: Blackwell Scientific Publications.

• Garganta, J. e Pinto, J. (1994). O ensino do futebol. In: A. Graça e J. Oliveira (Ed.). O ensino dos jogos desportivos. Rainho & Neves Lda. Portugal: v.1, p.95-136.

• Mohr, M.; Krustrup, P.; Bangsbo, J.M. (2003). Performance of hight-standard soccer players with special reference to development of fatigue. Journal Sports Science, v.21, n°7, p.519-528.

• Rienzi, E.; Drust, B.; Reilly T. et al. (2000). Investigation of anthropometric and work-rate profiles of elite South American International soccer players. Journal of Sports Medicine and Physical Fitness. v.40, n°2, p.162-169.

Outros artigos em Portugués

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 20 · N° 213 | Buenos Aires, Febrero de 2016 Lecturas: Educación Física y Deportes - ISSN 1514-3465 - © 1997-2016 Derechos reservados