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Introdução

    A Terceira Idade representa uma nova etapa da vida, constituindo maior tempo disponível, muita experiência, vivência, anos de vida, doenças crônicas, perdas de familiares e amigos, porém passará por muitos preconceitos da sociedade, onde é considerada uma pessoa incapaz, inútil, ou seja, acabam esquecendo de que este indivíduo continua sendo a mesma pessoa que era antes de ser velho, pois se foi batalhador, vai continuar sendo batalhador; se foi alegre, vai continuar sendo alegre; entre outras qualidades ou defeitos que cada um possui (Zimerman, 2000).

    No Brasil são considerados indivíduos da Terceira Idade, pessoas com mais de 60 anos de idade, enquanto que nos países desenvolvidos, esse termo menciona às pessoas com mais de 65 anos de idade (Mazo, Lopes e Benedetti, 2001). No último levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2011), no Brasil a nova expectativa de vida para a população da Terceira Idade é de 73,1 anos de idade, ou seja, aumentou a expectativa de vida da população e a população dessa faixa etária também, pois segundo os dados da mesma pesquisa no Brasil existem 11,3% de indivíduos dessa faixa.

    A velhice é caracterizada pelas modificações que ocorrem no corpo, ou seja, a aparência, como o aparecimento de rugas, dos cabelos brancos, de manchas escuras na pele, as bochechas se enrugam, os olhos ficam mais úmidos, o tronco mais curto e extremidades mais longas, os ombros mais arredondados, o crânio com diâmetro maior, o crescimento do nariz e das orelhas, tornando-os mais longas, a pele perde o tônus, tornando-se mais flácida, as veias destacam-se mais sob a pele dos membros, bem como o andar mais lento e o uso de bengalas, devido à perda de capacidade de realizar atividades do dia-a-dia (Lopes et al., 2006).

    Além das alterações físicas com o envelhecimento podemos verificar modificações psicológicas e sociais, pois conforme o indivíduo vai envelhecendo, iniciam-se as perdas e separações, a solidão, o isolamento e a marginalização social (Souza et al., 1998 apud Cardoso, 2009). O aspecto psicológico é um processo dinâmico e admiravelmente complexo, que consiste por fatores individuais iniciando com um declínio lento e cada vez mais se acentuam as habilidades que os indivíduos desenvolviam anteriormente (Meirelles, 2000). Ocorre também a aceitação ou a rejeição da situação do velho; a aceitação ou não pelo meio; a perda da vontade, das aspirações e da atenção; o enfraquecimento da consciência; o apego ao tradicionalismo; a redução da memória; a desconfiança, a irritabilidade, a indocilidade e o estreitamento da afetividade.

    Em relação aos aspectos sociais, os indivíduos da Terceira Idade são vítimas de normas pré-estabelecidas pela sociedade, pois se sentem isolados, muitas vezes devido à situação econômica ser crítica, devido à insegurança pessoal, a condição de saúde insatisfatória, a ruptura com a vida profissional, a perda concomitante do desempenho e do status social; a falta de alternativa para o indivíduo poder escolher ou rejeitar o lazer e a falta de opção em optar por uma aposentadoria ativa ou passiva (Meirelles, 2000). Percebe-se que a idade cronológica, faz com que os indivíduos tornem-se menos ativos, pois suas capacidades físicas diminuem. Além disso, sofrem também alterações psicológicas e sociais que, facilitam ainda mais a aparição de doenças crônicas, prejudicando mais o processo de envelhecimento (Matsudo et al., 2000 apud Schveitzer; Claudino, 2010).

    Por tanto, para que nesta idade tenha uma boa qualidade de vida á prática de Atividade Física regular e orientada seria o ideal, por trazer benefícios fisiológicos (diminuição das capacidades funcionais, bem como da massa óssea e muscular, das articulações, da circulação, do sistema imunológico, do sistema respiratório, entre outros), e benefícios psicológicos (melhora da autonomia, redução de ansiedade e depressão, bem estar, independência, esperança, vontade de viver, auto-estima, etc.), principalmente quando realizada em grupo, com pessoas da mesma faixa etária, devido seus costumes serem iguais, tornando-se pessoas mais saudáveis, sociáveis e felizes (Ribeiro et al., 2002; Takahashi; Tumelero, 2004).

Metodologia

    O presente estudo foi composto por nove mulheres da Terceira Idade com faixa etária a partir de 60 anos de idade, residentes da cidade de Erechim/RS, que freqüentavam o grupo de ginástica para a Terceira Idade da academia por no mínimo seis meses, realizando atividades de fortalecimento muscular, relaxamento, alongamento e atividades de recreação.

    Todas foram informadas sobre a proposta do estudo, os procedimentos a serem realizados e assinaram termo de consentimento livre e esclarecido conforme a Resolução do Ministério da Saúde nº 196/96.196. O parecer favorável do CEP foi concedido em fevereiro e 2012.

    O questionário foi construído pelas pesquisadoras com base em outros estudos, tendo como fontes: Balestra, 2002; Carvalho, 2003; Rolim, 2005; Panizza, 2008; Carvalho, 2010; Reffati, 2010. O questionário sobre o Bem Estar Psicológico e Social com a Prática de Atividade Física em Grupo na Terceira Idade destinou-se a identificar as percepções que os indivíduos têm sobre seu bem estar psicológico e social, sendo constituído por quatro quesitos. Em cada quesito haviam itens (1 Não sou; 2 Sou às vezes; 3 Sou sempre), onde era necessário assinalar somente um. Estes itens estavam relacionados ao antes e ao depois da prática Atividade Física em grupo.

    O questionário sócio demográfico continha algumas perguntas objetivas e outras descritivas, para assim conhecermos melhor a realidade das participantes de acordo com os objetivos da pesquisa.

Procedimentos

1. Foi apresentado os objetivos da pesquisa e convidados a participarem da mesma. Ao concordarem assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

2. O participante foi encaminhado a um local bem iluminado e silencioso, que lhe facilitou a concentração, onde recebeu apoio para escrever (mesa, prancheta). Já no local, recebeu o instrumento e uma caneta.

3. A seguir o aplicador, solicitou que respondessem o questionário sócio demográfico, e em seguida assinalasse a resposta mais correta, em relação de como se sentia antes de iniciar a Atividade Física em grupo na academia, e após a prática dos seis meses ou mais.

4. A folha com as respostas foi recolhida logo após de completada para que o participante não tivesse acesso as suas respostas em momentos posteriores.

Resultados

    Com base nos dados coletados, a faixa etária das mulheres entrevistadas varia entre 66 á 78 anos, tendo média de 72 ± 3,74 anos de idade. Sabe-se também que 89% das mulheres eram casadas, onde 78% delas possuem três filhos, 11% seis filhos e 11% dois filhos e todas são de etnia branca.

    Analisamos também que 78% dessas mulheres moram somente com o esposo, 11% delas moram com o esposo e filho (a) e 11% sozinhas. Complementando em relação á família compreendemos através dos dados coletados que 22% delas constituem-se por esposo (a)/ marido/ companheiro, 19% constituem-se por filhos (as)/ genros/ noras, 19% são netos e 40% das famílias são constituídas por irmãos (ã), tios (as), sobrinhos (as) e cunhados (as). Podemos descrever ainda, que a maior parte das mulheres entrevistadas possui ensino superior completo (57%), 15% delas somente o primário, 14% delas possuem pós-graduação e 14% o primeiro grau completo. Sabemos também que 37% das mulheres participantes da Atividade Física em grupo são mulheres aposentadas por idade, 38% delas são professoras aposentadas e 25% são do lar.

    Através dos dados coletados em relação às devidas profissões, tivemos conhecimento da renda mensal das mesmas, onde 34% delas sobrevivem com uma renda de R$ 622,00, 33% delas possuem sua renda de R$ 2 000,00 e 11% de R$ 1 200,00 e ainda tivemos 22% das mulheres que não quiseram responder. Compreendemos também que esta renda mensal das mulheres da Terceira Idade mencionada acima está relacionada á aposentadoria por idade (46%), 36% dar-se por aposentadoria por tempo livre e ajuda de familiares e 18% por aluguéis entre outros.

    Conforme os dados obtidos com a coleta, podemos entender que a grande maioria das mulheres da Terceira Idade freqüenta a academia por dois anos (78%), 11 % delas freqüentam por um ano e 11% um ano e seis meses.

Figura 1. Motivos que levam as mulheres da Terceira Idade a participar da Atividade Física em grupo

    Os motivos que levaram a busca das mulheres da Terceira Idade freqüentadoras de uma academia da cidade de Erechim/ RS, à prática de Atividade Física em grupo foram: qualidade de vida (37%); bem-estar (26%); necessidade de estar em grupo a sociabilidade (26%) e a alegria de estar em grupo (12%).

Figura 2. Modificações na vida diária das mulheres da Terceira Idade após a prática de Atividade Física em grupo na academia

    Após a prática de Atividade Física em grupo na Terceira Idade, as mulheres começaram a perceber modificações na sua vida diária, onde compartilharam conosco que obtiveram uma maior agilidade (29%), 17% delas pronunciaram que aumentou a disposição no dia-a-dia; 24% nos emitiram que apresentaram maior flexibilidade e segurança e 30% descreveram que se sentiram mais livres; adquiriram mais destreza no dia-a-dia, sentiram-se mais seguras nas atividades realizadas em geral, obtiveram maior firmeza no caminhar, bem como a alegria e a melhora da “cabeça”.

Figura 3. Analisando a segurança pessoal, a confiança em si mesmo, e os traços que facilitam 

ou dificultam o relacionamento social antes da prática de atividade física em grupo na Terceira Idade

 

Figura 4. Analisando a segurança pessoal, confiança em si mesmo e os traços que facilitaram 

ou dificultaram o relacionamento social das mulheres da Terceira Idade após a prática de atividade física em grupo

    Com a prática de Atividade Física em grupo, as mulheres da Terceira Idade tornaram-se menos solitárias, o humor demonstrou melhoras, bem como a depressão, tornando-as satisfeitas com sua vida, por se perceberem mais independentes, melhorando sua autoestima e sua qualidade de vida.

Discussão

    Atualmente a Terceira Idade, está mais disposta a viver com saúde, em busca da qualidade de vida e bem-estar, sendo assim cada dia mais aceita a prática de Atividade Física, pois proporciona benefícios a curto, médico e longo prazo, além de reduzir a morbidade e mortalidade, proporcionando melhora nos aspectos físicos, psicológicos e sociais (Nascimento et al., 2009).

    Neste estudo, as participantes relatam os motivos que levaram a busca da prática de Atividade Física em grupo sendo: qualidade de vida; bem-estar; sociabilidade e a alegria de estar em grupo, sendo assim a pesquisa da (OMS, 2006 apud Maciel, 2010), corrobora afirmando que a Atividade Física é um componente importante para a adoção de um estilo de vida saudável e uma melhor qualidade de vida das pessoas. Ribeiro et al. (2002), complementam argumentando que é de grande importância o desenvolvimento da prática de Atividade Física em grupo, principalmente com pessoas da mesma faixa etária, tendo uma ótima convivência social, melhorando a autoestima e conseqüentemente sua qualidade de vida.

    Os programas de Atividade Física em grupo promovem sociabilização dos indivíduos da Terceira Idade, gerando uma identidade física e social. Essa identidade faz com que se tenham compromissos com o grupo, viva o sentimento de confiança, sintam-se estimulados a competir, tenham a oportunidade de desenvolver amizades, ser companheiro e dar e receber apoio, em outras palavras levá-lo para a convivência social, para que possam conversar, trocar experiências, praticar Atividades Físicas e minimizar o isolamento social (Freitas et al., 2002 apud y 2008). Isso pôde ser observado nas respostas que afirmam que com a prática de Atividade Física em grupo, é possível diminuir a depressão, o isolamento social, aumentando sua autoestima.

    A maioria dos indivíduos da Terceira Idade sofre preconceitos, são tratados com desprezo, tornam-se pessoas dependentes, inúteis, acarretando o isolamento, porém os estudos de (Balestra, 2002; Moreira 2001 apud y, 2008) afirmam que com a prática de Atividade Física, principalmente em grupo, essas pessoas se tornam mais ativas, onde possuem um convívio social maior, sentindo-se envolvidas na sociedade, conseqüentemente melhorando sua qualidade de vida, sendo notadas essas diferenças nas respostas das entrevistadas.

    A necessidade de auxílio, seja físico, afetivo ou financeiro, faz com que muitos indivíduos da Terceira Idade deixem de viver de forma independente para irem morar com suas famílias, sendo uma necessidade do que propriamente uma escolha. Sendo assim o estudo de (Camargo; Machado e Rodrigues, 2007), comprova que com a prática de Atividade Física em grupo, é possível melhorar as capacidades físicas, conseqüentemente tendo acessibilidade dos afazeres no dia-a-dia, ir passear, tomar banho, etc., o que confirma nossas respostas, em que as mulheres dizem que após a prática de Atividade Física em grupo, tornaram-se mais dependentes para realizarem suas tarefas.

    Os efeitos associados à inatividade e a má adaptabilidade são sérios, podendo acarretar uma redução no desempenho das atividades diárias, na habilidade motora, na capacidade de concentração, de reação e de coordenação, gerando processos de autodesvalorização, apatia, insegurança, perda da motivação, isolamento social e a solidão (Pires et al., 2002), sendo que cada vez mais está comprovado que quanto mais ativa é uma pessoa menos limitações físicas ela possuíra, ou seja, é necessário ter um estilo de vida ativo, para preservar a saúde e manter sua capacidade funcional (ACSM, 1998; Koslowsky, 2004; Franchi; Montenegro Junior, 2005), comprovando nossas respostas obtidas, em que as mulheres da Terceira Idade afirmam que após a prática de Atividade Física, sentiram-se mais ativas.

    A Atividade Física também causa mudanças corporais, alterando a imagem que o indivíduo da Terceira Idade tem de si mesmo, como conseqüência melhora o humor, assim como as respostas fisiológicas ao estresse, em função disso, evolui o autoconceito e a afetividade, tendo uma satisfação maior com a vida (Kritzsilverstein; Barret-Connor; Corbeau, 2001; Freitas et al., 2002 apud Panizza, 2008), confirmado através das respostas obtidas, onde referem que após a prática de Atividade Física em grupo, sentiram-se mais lindas e satisfeitas com a vida.

Considerações finais

    Diante da revisão de literatura e dos resultados obtidos, pode-se considerar que as mulheres praticantes de Atividade Física em grupo, em uma academia de Erechim, RS, obtiveram resultados que corroboram com a literatura existente da temática, pois além da prática influenciar nos componentes de aspecto físico, na melhora ou manutenção das capacidades funcionais, influência também na percepção de sentir-se útil, independente, com esperança e vontade de viver, com autoestima, com vitalidade e disposição, tornando-se seres saudáveis, sociáveis e conseqüentemente mais felizes consigo mesmo.

    Nos quesitos em ser uma pessoa agradável, cuidadosa, tranquila, divertida, e que tem vergonha da sua própria aparência o resultado não correspondeu com a literatura, acredita-se que seja devido ao número de participante ser muito pequeno, onde a maioria das mulheres moram com seus esposos e possuem uma renda mensal acessível, podendo manter-se independente, e gozando da companhia do marido e familiares, contrário aos estudos citados na literatura em que na sua grande maioria foi realizado com viúvas, onde um dos objetivos da Atividade Física seria a companhia, amizade e convívio social.

    Outro fator importante de ressaltar é que acreditamos que principalmente, no questionário em que se avaliava o bem estar psicológico e social, elas não responderam com clareza, por talvez não terem entendido o questionário, em que solicitava para avaliar aspectos decorrentes antes da prática da Atividade Física em grupo e após a prática continuada, mesmo ocorrendo à explicação, e o aplicador estando presente para esclarecer suas dúvidas.

    Após a análise dos dados observou-se também que foi deixado de questionar um fator importante para compreendermos melhor este grupo e a implicação da Atividade Física no seu bem estar, que foram os motivos que as levaram a buscar a Atividade Física regular e o porquê da escolha da Atividade Física em grupo, sugestões estas, para um próximo estudo.

Bibliografia

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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 20 · N° 213 | Buenos Aires, Febrero de 2016 Lecturas: Educación Física y Deportes - ISSN 1514-3465 - © 1997-2016 Derechos reservados