Introdução
O câncer tem sido uma problemática relevante a ser discutia na atualidade e
segundo dados dos IARC, International Agency for Research on Cancer da
Organização Mundial de Saúde (OMS) houveram 14,1 milhões de casos novos de
câncer, ocasionando o total de 8,2 milhões de mortes no mundo no ano de 2012.
Prever-se que em 2030 a carga global será de 21,4 milhões de novos casos
levando a óbito cerca de 13,2 milhões de pessoas (FERLAY,
2012).
No Brasil a estimativa apresentada para o ano de 2014 e validada também para o
ano de 2015 revela a ocorrência de aproximadamente 576 mil novos casos de
câncer, tendo como tipo de câncer mais incidente o de pele do tipo não
melanoma com 182 mil casos novos, os tumores da próstata com 69 mil novos
casos, mama feminina com 57 mil novos casos, e os cânceres de cólon e reto,
pulmão, estômago e colo do útero, não aparecendo o câncer de mama masculino
nesta estimativa (INCA, 2014).
O câncer de mama em homens é uma patologia pouco comum, atinge um homem para
cada mil mulheres, o que representa 1% de todos os casos de cânceres entre os
homens no EUA, responsabilizando por cerca de 0,1% da mortalidade masculina
(Landis, Murray, Bolden, 1999; Ravandi-Kashani, Hayes, 1998; Riesgo et al.,
2009).
O câncer de mama tem se configurado em um dos principais problemas da saúde
pública, que conforme aponta o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer
de mama masculino equivale a 1% de todos os casos de câncer e menos de 1,5% das
ocorrências de neoplasias malignas no sexo masculino, números poucos
expressivos, mas evidenciam que a doença também afeta os homens,
principalmente depois dos 50 anos (Brasil, 2008). Este agravo à saúde
ocasionou a morte de 120 homens em 2011 de acordo com os dados do Sistema de
Informação de Mortalidade (SIM) (Brasil, 2014).
Como este público não costumam pensar no assunto, não é raro que o tumor,
quando diagnosticado, já se encontre em seu estado avançado. O câncer de mama
é um problema que não faz classificação de desenvolvimento do país,
atingindo tanto os países desenvolvidos quanto aqueles em desenvolvimento.
O agravante no homem é o fato da mama não ser desenvolvida, o que facilita a
propagação do câncer. O principal sintoma da doença nos homens é o
aparecimento de nódulo indolor na região aureolar, onde o tecido mamário se
concentra, e em geral é percebido pela própria pessoa. O seu desenvolvimento
prejudica o sexo masculino, haja vista que a ocorrência dessa neoplasia pode
alterar a qualidade de vida das pessoas e da dificuldade em diagnosticar o tumor
em sua fase inicial.
A incidência do câncer em homens chama a atenção, pois, diferentemente das
mulheres, eles ainda não se conscientizaram da importância de se prevenir
contra a doença, e também não vem sendo desenvolvidas ações que fortaleçam
a prevenção deste agravo. O autoexame e consulta periódicos com especialistas
podem evitar problemas, principalmente se há a detecção de alguma anomalia.
Como conseqüência da redução nos casos de câncer de mama em homens a
reprodução bibliográfica sobre o tema tornou-se esquecida, sendo carente e
frágil no fornecimento de dados que reforcem os achados científicos para que
sejam definidos novas abordagens, condutas individualizadas, protocolos de
atendimento e estratégias de promoção da saúde e prevenção do câncer de
mama masculino.
Frente a este contexto, este estudo teve como objetivo: analisar o impacto do
câncer da mama na vida afetiva, através da literatura publicada.
Métodos
A opção metodológica utilizada foi a pesquisa de revisão bibliográfica, com
a pretensão de atender aos objetivos propostos, o que possibilita maior contato
com o tema. A pesquisa científico-literária é desenvolvida a partir de
material já elaborado, constituído principalmente de revistas, livros, artigos
científicos, monografias e teses, mediante a busca dos conhecimentos que estão
disponíveis e a utilização criteriosa de métodos, técnicas e demais
procedimentos científicos (Andrade, 2001).
Foram revisitados artigos científicos publicados no Scielo, Lilcas, Bireme,
teses, trabalhos publicados em anais de revista e livros da área como forma de
sustentar teoricamente esta revisão bibliográfica.
Já Marconi e Lakatos (2001) referem que a pesquisa bibliográfica consiste no
levantamento de toda a bibliografia publicada nos livros, revistas e outras
publicações com a finalidade de promover o contato direto do pesquisador com
todo o material escrito sobre determinado tema.
Resultados
e discussão
Nesta sessão levantaremos os achados bibliográficos que abordam os possíveis
impactos gerados pelo câncer de mama masculino e os fatores a serem
considerados na condução da assistência à saúde. Sendo assim, leva-se em
consideração os fatores de riscos relacionados a vida destes homens tais como
uso de substâncias químicas, exposição à irradiação, contaminação por
vírus, alterações hormônios, condições imunológicas suprimidas as
mutações genéticas e a idade, considerando que homens acima dos 50 anos são
os mais acometidos (Silva, Toscan e Graudenz, 2009)
O Quadro clínico deste tipo de câncer aparece de forma insidiosa, em função
destas mamas masculinas serem uma área pouco acessada pelos homens e quase
nunca serem examinadas ou tidas como uma área corporal de preocupação,
levando a um diagnóstico tardio. O aparecimento da doença manifesta sinais e
sintomas tais como o espessamento do tecido glandular mamário, retração da
pele, presença de nodulação com aspecto sólido, secreção papilar
sanguinolenta e em fase posterior o aparecimento da úlcera (Leme e Souza, 2006;
Leme, 2005; Bushatsky e Barros, 2011).
Estudo realizado por Araújo (2003), Bonfim (2013) e Lopes et al. (2011)
evidenciaram que os homens com câncer de mama levam em torno de 12 meses para
diagnosticar a doença, desde o início dos sintomas até a constatação dos
achados comprobatórios.
O diagnóstico da neoplasia mamária em homens tem sido conduzida pela
utilização de imagiologia como a mamografia, ecografia e radiografia, e outras
técnicas como a biopsia. Alguns estudos tem chamado a atenção de que a
mamografia tem utilidade diagnóstica limitada, devido a condição anatômica
da mama masculina, o que impossibilita a visualização de um campo de imagem
preciso (Leme, 2005, Riesgo, 2009).
Devem ser considerados o diagnóstico diferencial para estes pacientes,
incluindo nesta análise a presença de doenças inflamatórias da mama,
ginecomastia, neoplasias da parede torácica e metástases na mama e neoplasias
benignas.
Fatores de risco tem chamado a atenção para a ocorrência do câncer de mama,
como o uso de anabolizantes, hormônios e a obesidade, que podem elevar os
níveis de estrogênio, provocando o risco de desenvolver o câncer de mama
masculino.
Para a tratamento deste tipo de câncer não tem sido desenvolvidos protocolos
específicos e diferenciados, por falta de empenho e estudos na área, passando
a seguir as mesmas condutas do câncer de mama feminino, compreendendo
tratamento cirúrgico, radioterapia quando indicada, quimioterapia e
hormonioterapia.
Como forma de cuidados a estes homens com câncer implica em conhecer a sua
patologia e saber lidar com os sentimentos e emoções perante a doença, com ou
sem possibilidade de cura, o que exige dos profissionais conhecimento sobre a
evolução, tratamento e também sobre as alterações emocionais que a
condição do doente impõe, não só para a pessoa, mas também à família e
os profissionais da saúde envolvidos na assistência ao enfermo, observando que
estes impactos não se reduzem apenas aos doentes, mas afetam a família e a
equipe cuidadora (Leme, 2005).
O enfermeiro deve estar pronto para dar apoio ao paciente e sua família durante
a diversidade de crises físicas, emocionais, sociais, culturais e espirituais.
O alcance dos objetivos almejados envolve oferecer apoio realista aos doentes
submetidos ao tratamento, utilizando dos modelos assistenciais e o processo de
enfermagem como base desse tratamento (Horta, 1979).
Em cada uma dessas etapas referidas, com as quais o paciente lida, o papel do
enfermeiro deve se fazer presente.
Pauli e Bousso (2003) afirmam a importância de salientar que a humanização da
assistência, bem como o cuidado centrado no paciente e na família, são vistos
como filosofia ideal para o cuidado do paciente; no entanto, métodos para a sua
implantação ainda não estão bem desenvolvidos.
Desse modo, o atendimento de enfermagem ao paciente oncológico mamário merece
atenção pela ciência, no sentido de seu melhoramento, que só é possível
por meio de estudos que desenvolvam a humanização no atendimento em
enfermagem.
Homens também têm glândula mamária, mas atrofiada. Quando ocorre um tumor, a
glândula cresce, provocando inchaço. Esse inchaço é resultante do tumor,
porém não deve ser confundido com ginecomastia – o crescimento da mama
masculina pelo acúmulo de gordura.
Com referência aos efeitos psicológicos desencadeados pela doença, o
surgimento do câncer de mama na vida da mulher acarreta efeitos traumáticos,
para além da própria enfermidade, ao ter que se deparar com a iminência da
perda de um órgão altamente investido de representações. A primeira reação
de uma mulher, ao receber o diagnóstico de câncer de mama e da iminência da
perda do seio, é uma tentativa, mesmo que nula, de salvação deste órgão
adoecido (Breneli e Shinzato, 1994; Kapçan, Sadock e Grebb, 1997).
Quando se trata de reações psicológicas dos pacientes que descobrem terem
câncer é possível observar: medo de abandono e da perturbação nos
relacionamentos, perda do funcionamento de papel (pai, provedor, trabalhador,
entre outros) e da independência, problemas financeiros, negação, ansiedade,
raiva, culpa, entre outros (Imedio, 1998).
Os cuidados paliativos são considerados a quarta diretriz estabelecida pela OMS
para o tratamento do câncer, depois da prevenção, diagnóstico e tratamento.
São programas de tratamento ativo, destinado a manter e melhorar as condições
de vida de seus pacientes, cujas enfermidades não respondem ao tratamento
curativo (Riesgo et al., 2001)
Estes resultados confirmam a importância do conhecimento e da utilização, por
parte da enfermagem, no tratamento da dor, que não são medicamentosas, mas
úteis. O relaxamento pode favorecer a diminuição do estresse físico e
mental. Estimular o paciente a realizar tarefas simples como se espreguiçar,
bocejar e imaginar situações agradáveis pode contribuir para alívio da
tensão. Ainda respirar lentamente ouvir música suave, praticar a leitura,
assistir a um filme, contar histórias etc. fazem com que mantenha a mente
ocupada, contribuindo para a diminuição da dor.
Massagens, aplicação de calor e frio no local, também podem ser utilizadas
como forma de relaxamento muscular e estimulação da circulação sanguínea.
Ainda vale lembrar dos efeitos benéficos da musicoterapia, ludoterapia,
acupuntura e humor.
É fundamental que a enfermagem fique atenta para a orientação nutricional
(dieta equilibrada de acordo com a alteração), controle da freqüência e
quantidade eliminada e ingerida, cuidados com alimentação enteral e
parenteral, uso de medicações específicas para a alteração, cuidados com a
higiene e hidratação tópica, ingestão hídrica adequada (Bonfim e
Nascimento, 2013; Hass, Costa e Souza, 2014).
Neste contexto torna-se imprescindível detectar precocemente o câncer para que
tratamentos mais agressivos sejam evitados e seus impactos sejam diminuídos,
contribuindo para a melhoria da qualidade de vida e redução da mortalidade
masculina.
Sob este aspecto os profissionais de saúde, e os de enfermagem devem promover
campanhas de sensibilização masculina para o autocuidado, bem como da
existente desta patologia entre eles e das formas de detecção precoce, acesso
ao diagnóstico e tratamento adequado (Lemos e Conde, 2012)
Tem sido visto que os homens têm procurado os especialistas numa proporção um
pouco maior e em conseqüência disto podem ser diagnosticado casos desta
doença mais previamente (Leme e Souza, 2006)
Com a criação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem,
temáticas que envolvem a saúde deste público tem sido mais evidentes, o que
serve de incentivo para que discussões sejam amplamente debatidas no âmbito da
clínica e na saúde coletiva, como forma de fortalecer a consolidação das
políticas de saúde direcionadas a este campo (Brasil, 2008)
Considerações
finais
Na revisão de literatura sobre o tema verificou-se a escassez de estudos a
respeito do impacto que o câncer de mama provoca na vida afetiva, familiar e
laboral do homem e os cuidados a serem prestados.
Este estudo revelou que a importância do cuidado holístico é compreendida e
observada pelos enfermeiros, a partir do momento em que se considera que a
assistência terapêutica não é viável se realizada visando apenas o corpo
biológico e as funções anátomo-fisiológicas, sem haver consideração aos
aspectos bio-psico-socioespirituais e emocionais do paciente.
Acredita-se que a falta de conscientização e preconceito, por parte dos
homens, sobre a importância da realização dos exames para detecção do
câncer de mama, tem sido considerada uma das principais causas da ocorrência
de óbitos por esta neoplasia. A busca do diagnóstico do câncer de mama em
fases iniciais juntamente à incorporação e adoção de condutas terapêuticas
sempre atualizadas, poderá acelerar o passo no Brasil, no sentido de aumentar e
melhorar a sobrevida dos homens com câncer de mama.
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Febrero de 2016
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