O supino reto no powerlifting El supino recto en el powerlifting The powerlifting in bench press |
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*Profissional de Educação Física, atleta de Powerlifting e Personal Trainer **Profissional de Educação Física, atleta e técnico da equipe brasileira de Powerlifting ***Profissional de Educação Física, pesquisador e membro do PROASE – USP (Brasil) |
Profa. Keitty Carvalho* Prof. Eumenes Souza Júnior** Prof. Dr. José Eduardo Costa de Oliveira*** |
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Resumo O presente artigo intenciona realizar uma breve análise, envolvendo alguns parâmetros históricos, anatômicos, biomecânicos e cinesiológicos do movimento da musculação tradicional, mas, também um dos componentes avaliados nas competições de Levantamento Básico - o supino. O levantamento de peso básico ou levantamento de potência - Powerlifting - em inglês - é um esporte de força, consistente em três modalidades: o agachamento; o supino; e o levantamento terra. Cinesiologicamente, o supino trata-se de um movimento biarticular de ombros, que aduzem/abduzem no plano horizontal de movimento, e de cotovelos que estendem/flexionam-se; onde o músculo motor primário é o peitoral maior, auxiliado secundariamente pelo tríceps braquial e pelo deltóide, onde este último contribui com o movimento com sua porção clavicular auxiliando no processo de adução escápulo umeral e com o restante do músculo (porções acromial e escapular) atuando de forma a estabilizar a articulação, viabilizando o movimento. Anatomicamente, o peitoral maior origina-se no segundo terço médio da clavícula, no externo e nas seis primeiras cartilagens costais, na aponeurose do músculo oblíquo externo e do abdômen, e, insere-se na crista do tubérculo maior do úmero. Biomecanicamente, o sistema de alavancas envolvidas é a de terceira classe ou a interpotente, e cadeia cinética de movimento a do tipo mista. Por fim, nota-se que os atletas do Powerlifting utilizam-se de técnicas específicas para realizarem o supino, a exemplo da “técnica da ponte”, que se trata de um recurso utilizado pelos powerlifters, objetivando levantar mais carga, e, para tanto, descola-se a região lombar do banco, durante a execução do supino, mas, sempre mantendo-se o trapézio, as escápulas e os glúteos em contato com o banco, pois, o simple fato da curvatura da referida região da coluna vertebral acentuar-se, resulta em uma diminuição da distância, a partir da extensão total dos braços e o ponto no qual a barra toca o corpo do atleta, favorecendo assim, o movimento, bem como o recrutamento adicional de unidades motoras dos peitorais inferiores, aumentando o torque de força na execução. Unitermos: Cinesiologia. Biomecânica. Anatomia. Supino. Levantamento básico.
Resumen Este artículo pretende hacer un breve análisis incluyendo algunos parámetros históricos, anatómicos, biomecánicos y kinesiológicos del movimiento de musculación tradicional, así uno de los componentes evaluados en competiciones de Powerlifting: el supino recto. El levantamiento de pesas o Powerlifting es un deporte de fuerza, que consta de tres modalidades: la posición en cuclillas, el supino recto y el peso muerto. Kinesiológicamente el supino recto se trata de un encogimiento de hombros biarticular que aducen/abducen en el plano horizontal de movimiento y los codos que se extienden/ flexionan; donde el músculo motor primario es el pectoral mayor, ayudado secundariamente por tríceps y el deltoides, en donde este último contribuye al movimiento con su porción clavicular colaborando en el proceso de la aducción de la escápula humeral y el resto del músculo (porciones acromial y escapular) actuando con el fin de estabilizar la articulación, permitiendo el movimiento. Anatómicamente el pectoral mayor se origina en el segundo tercio medio de la clavícula, el exterior y los primeros seis cartílagos costales, la aponeurosis del músculo oblicuo externo y el abdomen, y es parte de la cresta del tubérculo mayor del húmero. Biomecánicamente, en el sistema de palancas involucradas, es la de tercer género o interponente, y la cadena cinética del movimiento de tipo mixto. Por último, observamos que los atletas de Powerlifting utilizan técnicas específicas para hacer el ejercicio del supino recto, tales como la "técnica del puente" que es una característica utilizada por los levantadores de potencia, con el objetivo de acumular más de carga, y con este fin, frente a la parte trasera inferior del banco, mientras se realiza el supino recto, pero siempre manteniendo el trapecio, los hombros y los glúteos en contacto con el banco, por el simple hecho de que se acentúa la curvatura de esa región de la columna vertebral si resulta en una disminución de la distancia de la longitud total de los brazos y el punto en el que la barra toca el cuerpo del atleta, favoreciendo así el movimiento, así como el reclutamiento adicional de las unidades motoras de la parte inferior del pecho, aumentando fuerza de torsión en la ejecución. Palabras clave: Kinesiología. Biomecánica. Anatomía. Supino recto. Powerlifting.
Abstract This article intends to conduct a brief analysis involving some historical parameters, anatomical, biomechanical and kinesiological the traditional bodybuilding movement, but also one of the components evaluated in Powerlifting competitions - the bench press. The powerlifting is a strength sport, consisting of three modes: the squat; the bench press; and the dead lift. In kinesiology the bench press is a two joints motion shoulders, which adduct/abducting movement in the horizontal plane, and extending/flex elbows; where the primary motor muscle is the big breastplate, aided by secondary triceps and the deltoid, where the latter contributes to the movement with his portion of clavicle assisting in the process of scapular humeral adduction and the rest of the muscle (acromial and scapular portions) acting in order to stabilize the joint, enabling the movement. In anatomy the big breastplate originates in the second middle third of the clavicle, the outer and the first six costal cartilages, the aponeurosis of the external oblique muscle and abdomen, and is part of the crest of the greater tubercle of the humerus. In Biomechanic the system of levers involved is the third class or inter-potent, and kinetic chain of the mixed type movement. Finally, we note that the Powerlifting athletes are used specific techniques to do the bench press, such as the "bridge technique" that it is a feature used by powerlifters, aiming to raise more cargo, and to this end off to the lower back of the bench, while performing the bench press, but always keeping the trapeze, the shoulder blades and buttocks in contact with the bench, for the simple fact of curvature of that region of the spine accent If, results in a decrease of the distance from the total length of the arms and the point at which the rod touches the athlete's body, thus favoring the movement as well as the additional recruitment of motor units of the lower chest, increasing strength of torque in execution. Keywords: Kinesiology. Biomechanics. Anatomy. Bench press. Powerlifting.
Recepção: 09/08/2015 - Aceitação: 24/11/2015
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 212, Enero de 2016. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O presente artigo intenciona realizar uma breve análise, envolvendo alguns parâmetros histórico, anatômicos, biomecânicos e cinesiológicos do movimento da musculação tradicional, mas, também um dos componentes avaliados nas competições de Levantamento Básico - o supino.
O Levantamento de Peso Básico ou levantamento de potência, ou Powerlifting em inglês, é um esporte de força, consistente em três modalidades: o agachamento; o supino; e o levantamento terra.
O Supino e o Powerlifting
O Powerlifting surgiu nos Estados Unidos da América, em meados das décadas de 1950 e 1960, a partir de antigos exercícios praticados por levantadores de peso olímpico e fisiculturistas, sendo que a partir do final dos anos 60, esses atletas começaram a se organizar em competições regionais, o que resultou em novembro de 1972, no surgimento da primeira federação que regulamentou o esporte, conhecida como IPF - International Powerlifting Federation - ou Federação Internacional de Levantamento Básico na língua portuguesa. O primeiro campeonato mundial, oficial, foi realizado em novembro de 1973 (FPP, 2015).
As competições seguem rígidas especificações, onde os implementos são: uma barra (em aço) que deve medir 2,20 m de comprimento e pesar 20 Kg; discos ou anilhas confeccionadas em metal, pesando: 0.250 g; 0.5 Kg; 1.25; 2.5; 5; 10; 15; 20; 25 e 50 Kg; e presilhas para fixar os discos nas barras. No caso de quebra de recordes, anilhas mais leves podem ser usadas para se conseguir um peso de no mínimo 0.5 Kg, superior ao recorde existente. As presilhas devem pesar 2.5 Kg cada.
A ordem nas competições é a seguinte: o agachamento, o supino e o levantamento terra.
No agachamento, o levantador põe a barra na altura dos ombros (por cima dos deltóides), com ou sem ajuda de um auxiliar central, e abaixa-se até formar um ângulo de 90° nos joelhos; devendo então levantá-la de volta à posição inicial.
No levantamento terra, uma barra com pesos é colocada no solo, onde o atleta abaixa-se, agarra-a e a eleva até que os joelhos e tronco estejam retos e na posição vertical. A barra é então devolvida ao solo de uma forma controlada.
No Supino - objeto do presente artigo - o levantador, deitado em um banco, retira a barra de um suporte, também, com ou sem ajuda de um auxiliar central, desce-a até bem próximo aos músculos do peitoral, e, em seguida, a levanta novamente até a extensão dos cotovelos; retornando-a ao suporte (FPP, 2015).
Os atletas podem fazer até três tentativas em cada prova, na intenção de levantar a maior carga possível, sendo que aquele que tiver a maior somatória no total é declarado vencedor.
Ressalta-se que também há campeonatos específicos para o supino, onde em caso de empate, a vitória cabe ao atleta mais leve. Se mesmo assim o empate persistir, ganha aquele que tiver realizado o levantamento primeiro.
Na IPF os atletas competem divididos por sexo, categorias de peso e idade, sendo que até o ano de 2010, a IPF reconhecia nove classes de peso femininas, outras dez em competições para juniores e subjuniores, e dez masculinas, sendo mais 11 em competições para juniores e subjuniores, que eram: masculino: até 52 Kg (somente sub-júnior/júnior), 56 kg; 60; 67.5; 75; 82.5; 90; 100; 110; 125 e acima de 125 Kg. Feminino: até 44 Kg (somente sub-júnior/júnior), 48; 52; 56; 60; 67.5; 75; 82.5; 90 e acima de 90 Kg.
No entanto, em 1º de janeiro de 2011, as categorias foram reestruturadas, sendo reduzidas, ficando nove, em competições para juniores e subjuniores e nove categorias masculinas; dez em competições para juniores e sub-juniores, que são: masculino até 53 Kg (somente sub-júnior/júnior), 59; 66; 74; 83; 93; 105; 120 e acima de 120 Kg. Feminino até 43 (somente sub-júnior/júnior), 47; 52; 57; 63; 72; 84 e acima de 84 Kg.
A IPF reconhece, ainda, as seguintes faixas etárias para homens e mulheres: aberto (acima de 14 anos, sem mais restrições), pré-juvenil/sub-júnior (14 a 18 anos), juvenil/júnior (19 a 23 anos), máster I (40 a 49 anos), máster II (50 a 59 anos), máster III (60 a 69 anos), máster IV (acima de 70 anos), onde os recordes são reconhecidos para cada categoria de peso e faixa etária (FPP, 2015).
As análises
Cinesiologicamente, o supino trata-se de um movimento biarticular de ombros, que aduzem/abduzem-se no plano horizontal de movimento, e de cotovelos que estendem/flexionam-se; onde o músculo motor primário é o peitoral maior, auxiliado secundariamente pelo tríceps braquial e pelo deltóide, onde este último contribui com o movimento com sua porção clavicular auxiliando no supracitado movimento de adução escápulo umeral, e com o restante do músculo (porções acromial e escapular) atuando de forma a estabilizar a articulação, viabilizando o movimento (Enoka, 2001).
A posição inicial do movimento (e não do supino nas competições) se dá quando os ombros estão abduzidos no plano horizontal e os cotovelos fletidos, vide figura 1; e a posição final quando ombros estão aduzidos horizontalmente e os cotovelos estendidos, vide figura 2 (Amadio e Duarte, 1996).
Anatomicamente, o peitoral maior origina-se no segundo terço médio da clavícula, no externo e nas seis primeiras cartilagens costais, na aponeurose do músculo oblíquo externo e do abdômen, e, insere-se na crista do tubérculo maior do úmero (Rasche e Burke, 1987).
Biomecanicamente, o sistema de alavancas envolvidas é a de terceira classe ou a interpotente (Eixo – Braço de Força – Braço de Resistência) e cadeia cinética de movimento a do tipo mista (Hall, 2000).
Considerações finais
Por fim, nota-se que os atletas do Powerlifting utilizam-se de recursos específicos para realizarem o supino, a exemplo da - técnica da ponte - que trata-se de uma metodologia onde os basistas ou powerlifters objetivam levantar mais carga no supino, e, para tanto, descolam a região lombar do banco durante a execução do supino, mas, sempre mantendo-se o trapézio, as escápulas e os glúteos em contato com o mesmo, pois, o simples fato da curvatura da referida região da coluna vertebral acentuar-se, resulta em uma diminuição da distância, a partir da extensão total dos cotovelos e o ponto no qual a barra toca o corpo do atleta, favorecendo assim, o movimento, bem como o recrutamento adicional de unidades motoras dos peitorais inferiores, aumentando o torque de força na execução (vide Figura 1, círculo em vermelho).
Outra técnica complementar é alusiva à abertura dos pés sobre o solo, dando maior base de sustentação de membros inferiores, evitando que os glúteos saiam do banco, bem como a retração ou adução das escápulas, que também contribui com a supracitada diminuição do curso da barra, e, por conseqüência, da distância para que a mesma toque o peito do executante. Manobras que são permitidas pelas regras da IPF.
Adenda-se que estas técnicas somente devem ser realizadas por atletas treinados e condicionados para tal, não devendo serem aplicadas na execução do supino tradicional, fora do escopo do Powerlifting, pois, se executada sem critérios (orientação profissional, objetivos específicos e preparação prévia), pode aumentar o risco de lesões em executantes amadores ou recreativos.
Bibliografia
Amadio, A. C. e Duarte, M. (1996). Fundamentos biomecânicos para a análise do movimento humano. São Paulo: Laboratório de Biomecânica/EEFUSP. 162p.
FPF (Federação Paulista de Powerlifting) (2014). O PowerLifting. Intere Comunicação e Marketing. Disponível em http://powerlifting-sp.com.br. Acesso em 06/08/2015.
Enoka, R. M. (2001). Bases Neuromecânicas da cinesiologia. São Paulo: Manole.
Hall, S. (2000). Biomecânica básica. 3a ed. São Paulo: Guanabara Koogan.
Rasche, P. e Burke, R. (1987). Cinesiologia e Anatomia Aplicada. 5ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.
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