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Freqüência cardíaca de repouso em estudantes de Educação 

Física praticantes e não praticantes de atividade física

Frecuencia cardíaca en reposo en los estudiantes de Educación Física practicantes y no practicantes de actividad física

Resting heart rate in Physical Education students practitioners and not physically active

 

*Graduando do curso de licenciatura em Educação Física

Instituto Superior de Educação da Serra – Rede de Ensino Doctum - Serra

***Bacharel e Licenciado em Educação Física pela Universidade Federal de Viçosa

Mestrando pelo programa EDUCIMAT - Educação em Ciências pelo IFES

(Brasil)

Michel Ranmerson Moraes de Carvalho*

Patricia Quaresma da Silva*

Rodolfo Moura Pereira**

rodolfoefi@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo dessa pesquisa é verificar as alterações na freqüência cardíaca de repouso em estudantes de educação física, praticantes e não praticantes de atividades físicas. A freqüência cardíaca é utilizada como uma das referências para avaliação do condicionamento físico, servindo também como mais um mecanismo de controle do treinamento. Nesta pesquisa, a mensuração da freqüência cardíaca foi realizada em repouso durante três dias consecutivos, sem o uso de bebidas alcoólicas, mínimo de oito horas de sono e ter um levantar suave ao despertar do sono e em posição de decúbito dorsal. A amostra foi selecionada por 6 indivíduos com faixa etária de 21 entre 35 anos, sendo divididos em dois grupos, praticantes e não praticantes de atividade física. Portanto, concluímos que a idéia de que estudantes de educação física possuem um condicionamento em nível de atletas não se fundamenta em evidências científicas.

          Unitermos: Freqüência cardíaca de repouso. Sedentários.

 

Abstract

          The purpose of this research is to verify the changes in resting heart rate in physical education students, practitioners and non-practitioners of physical activities. The heart rate is used as one of the references for evaluating the fitness, also serving as an additional training control mechanism. In this research, the measurement of the heart rate at rest was held for three consecutive days without the use of alcohol, a minimum of eight hours of sleep and have a smooth rise to waking from sleep and supine position. The sample was selected by 6 individuals aged between 21 to 35 years, were divided into two groups, practitioners and not physically active. We therefore conclude that the idea that physical education students have a level athletes in conditioning is not based on scientific evidence

          Keywords: Heart rate at rest. Sedentary lifestyle.

 

Recepção: 04/07/2015 - Aceitação: 07/11/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 212, Enero de 2016. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Atualmente, houve uma queda no número de mortes, mas as doenças coronarianas e a pressão alta ainda afetam milhares de pessoas, inclusive jovens. O sedentarismo é um fator influente neste contexto. As pessoas trocam as atividades físicas pelo celular, pelo computador... As crianças trocam legumes, frutas e sucos, por refrigerantes. O acúmulo de hábitos inadequados como estes direcionam as pessoas a toda diversidade acometimentos do sistema cardiovascular como a hipertensão arterial.

    A freqüência cardíaca é utilizada como uma das referencias para avaliação do condicionamento físico e do preparo do individuo que pratica atividade física, e principalmente para saber quantas vezes o coração bate por minuto, servindo também como mais um mecanismo de controle do treinamento.

    Durante o transcorrer de nossas vidas cotidianas, somos obrigados constantemente a nos lembrar do importante papel exercido pela freqüência do coração no desempenho cardíaco. As pancadas que sentimos no nosso tórax que sentimos ao comprimir com força o freio do carro, ou batimento rápido ou a agitação que sentimos quando esperamos por uma entrevista importante de emprego representam apenas poucos de muitos exemplos. Como poderia supor no coração intacto as modificações na freqüência influenciam acentuadamente o desempenho cardíaco. Em repouso, a freqüência cardíaca é regulada pelo sistema nervoso parassimpático. (Foss & Keteyian, 2009, p.208).

    Em repouso a freqüência cardíaca varia entre 60 a 100 batimentos cardíacos por minuto, porém, pode sofrer variações em função da prática de atividade física, da idade ou do surgimento de doenças cardíacas.

    A mensuração da freqüência cardíaca envolve simplesmente tomar o pulso do individuo, geralmente pela artéria radial ou pela artéria carótida. A freqüência cardíaca reflete a quantidade de trabalho que o coração deve realizar para satisfazer as demandas aumentadas do corpo durante uma atividade, para compreender isso, devemos comparar a freqüência cardíaca em repouso e durante o exercício. (Wilmore & Costill, 2001, p.223).

    O coração humano de fato é o órgão mais importante e funciona como uma bomba, pois determina a distribuição de sangue para o organismo do indivíduo, e aferindo a freqüência cardíaca é mais fácil saber como anda o funcionamento do coração, tanto do indivíduo que pratica atividade física e de um indivíduo sedentário, pois indivíduos que praticam atividade física regularmente apresentam a freqüência cardíaca de repouso baixa, ao contrário dos não praticantes, onde estarão sempre com a freqüência cardíaca alta.

    A compreensão da especificidade do treinamento pode trazer informações relevantes sobre o conhecimento das adaptações cardiovasculares decorrentes de exercícios físicos com demandas energéticas específicas, em que através desses resultados é possível obter informações relevantes ao perceber modificações fisiológicas no corpo humano, diante disso prevendo futuras doenças e ao mesmo tempo se precavendo para que antes mesmo, que venha aparecer em algumas pessoas que já tenham pré-disposição para patologias e, consigam reverter o quadro.

    A hipótese deste estudo se funda em algumas evidências de que os indivíduos treinados possuem menor freqüência cardíaca em repouso do que os indivíduos não treinados. Em nosso caso, a hipótese se complementa pela idéia de que os estudantes de educação física podem possuir uma FC de repouso baixa em decorrência da prática de atividades físicas durante o curso. Portanto, nosso objetivo é analisar as alterações na freqüência cardíaca de repouso em estudantes de educação física praticantes e não praticantes de atividades físicas.

Funcionamento do Sistema Cardiovascular

    O sistema cardiovascular é formado por uma estrutura onde compõe: O sangue, o coração, vasos sanguíneos, sistema arterial e sistema nervoso, onde sua função é levar oxigênio e nutrientes para as células do corpo humano, não há comunicação externa com esse sistema, pois é um sistema fechado constituído por vasos sanguíneos e pelo coração onde leva o sangue por todo o corpo, e pode ser dividido em grande e pequena circulação sanguínea.

    A grande circulação tem a função de enviar nutrientes para todo corpo, onde carrega o oxigênio e outros compostos de muita importância para as células. Já a pequena circulação tem a importância de levar o sangue do coração para os pulmões e trazer de volta ao coração.

    O coração é constituído por duas bombas musculares que se fundem em uma única bomba: o coração esquerdo, que bombeia sangue para os tecidos corporais (circulação sistêmica) e o coração direito que bombeia sangue para os pulmões (sistema pulmonar). (Foss & Keteyian, 2009, p.197).

Freqüência Cardíaca e problemas relacionados ao Sistema Cardiovascular

    Há vários fatores que podem influenciar no aumento da freqüência cardíaca, alguns desses fatores ocorrem no nosso dia a dia, onde nem percebemos, como a raiva, a dor, inspiração, excitação, adrenalina entre outros fatores que também influenciam quando estamos doentes, como a febre, queda de pressão arterial.

    São várias as complicações que a freqüência cardíaca alta pode levar para o organismo, complicações essas causadoras de muitas mortes no Brasil, causadas por doenças cardiovasculares, ligação direta, com a freqüência cardíaca elevada. Podemos citar algumas como a doença que mais mata gente no mundo por ano, o AVC (acidente vascular cerebral), infarto do miocárdio e insuficiência cardíaca. Os riscos maiores estão, normalmente, na classe pobre, que tem como base de sua alimentação a farinha e o biscoito, além da famosa “cervejinha do final de semana”, o álcool tem o mesmo número de calorias que a gordura. Esses tipos de alimentos em excesso podem levar a obstrução coronariana.

    É amplamente aceito que o treinamento físico regular é cardioprotetor. De fato, muitos estudos epidemiológicos forneceram evidencias de que o exercício regular pode reduzir a incidência de infarto do miocárdio e que a taxa de sobrevivência de vitimas dessa patologia é maior entre as pessoas ativas que entre as sedentárias. (Powers & Howley, 2005. p. 168).

    Podemos diminuir em pouco as complicações causadoras das doenças cardiovasculares, como já foi citado nesse trabalho, como por exemplo, o simples relaxamento, pois uma simples emoção como a ansiedade pode ser um agravante, onde a liberação de radicais livres no organismo influencia o aumento de problemas cardíacos, piorando certas doenças inflamatórias e causando envelhecimento precoce. Alguns fatores de risco que também aumentam as complicações cardiovasculares são a hipertensão arterial, colesterol elevado, diabetes, obesidade, tabagismo e sedentarismo, idade e predisposição genética.

    Manter o colesterol equilibrado é muito importante já que o colesterol elevado esta ligado direto com as doenças do coração.

    As alterações da freqüência cárdica e da pressão arterial que ocorrem durante o exercício refletem o tipo e a intensidade do exercício realizado, de sua duração e das condições ambientais sobre os quais o trabalho foi realizado. (Powers & Howley, 2005, p.184).

Freqüência Cardíaca em Repouso

    A freqüência cardíaca ela pode variar em media de 60 a 80 batimentos por minuto, isso em repouso. Em pessoas que praticam atividade física a mesma freqüência cardíaca em repouso pode chegar de 28 batimentos a 40 batimentos cardíacos por minuto, enquanto em pessoas que não praticam atividade física pode ultrapassar a 100 batimentos cardíacos por minuto em repouso.

    O músculo cardíaco é privilegiado, por possuir a capacidade de manter seu próprio ritmo. A freqüência cardíaca pode variar na dependência das condições fisiológicas existentes, ou seja, repouso, exercício físico, posição corporal, estado de vigília e de sono, condicionamento físico e condições patológicas. Esta variação nos batimentos cardíacos, também chamada de variabilidade da freqüência cardíaca, está relacionada à modulação do sistema nervoso simpático e parassimpático (McArdle, Katch & Katch, 2001).

    A freqüência cárdica em repouso ela pode sofrer alterações com fatores ambientais como aumento da temperatura e aumento da altitude, e ela também pode sofrer diminuição devido à idade.

    Antes do inicio do exercício, a sua freqüência cardíaca pré-exercicio geralmente aumenta bem acima do valor de repouso normal. Isso é denominado resposta antecipatória. Essa resposta é mediada através da liberação do neurotransmissor e noradrenalina pelo seu sistema nervoso simpático e pelo hormônio adrenalina pelas glândulas adrenais. O tônus vagal provavelmente também diminui. Como a freqüência cardíaca pré-exercicio é elevada, estimativas confiáveis à freqüência cardíaca de repouso real somente deve ser realizadas sob condições de relaxamento total, como no inicio da manha, antes de se levantar, após uma noite repousante de sono. A freqüência cardíaca pré-exercicio não deve ser utilizada como uma estimativa da freqüência cárdica de repouso. (Wilmore & Costill, 2001, p.223).

    Com a freqüência cárdica podemos verificar o controle da atividade física praticado por um indivíduo, onde podemos ver a intensidade e o esforço e também controlar a recuperação nos intervalos e após finalizar a atividade física. Assim podemos controlar a forma do treino e saber como utilizar a freqüência cardíaca. Como indicador cardíaco a freqüência cárdica indica o numero de batimentos cardíacos por minuto, assim é possível verificar a freqüência cardíaca em repouso, em recuperação e também após os exercícios.

    À medida que a intensidade do exercício aumenta a freqüência cardíaca também aumenta. O volume de ejeção (quantidade de sangue ejetado a cada contração) também aumenta, e aumentos da freqüência cardíaca e do volume de ejeção fazem aumentar o debito cardíaco. Por isso, mais sangue é forçado para fora do coração durante o exercício do que durante o repouso e a circulação acelera. Isso assegura que o suprimento adequado dos materiais necessários, oxigênio e nutrientes, atinjam os tecidos e que os produtos de degradação, os quais aumentam mais rapidamente durante o exercício, sejam rapidamente eliminados. (Wilmore & Costill, 2001, p.230).

Funcionamento do debito cardíaco durante o exercício

    O que é debito cardíaco? É quando o coração consegue bombear um volume de sangue por um minuto.

    O aumento do debito cardíaco esta relacionado intimamente ao VO2 (e, portanto, à carga de trabalho). Em repouso, existe pouca diferença no debito cardíaco entre indivíduos treinados e destreinados, com valores médios oscilando entre 5 e 6 L/min. Os débitos cardíacos de indivíduos destreinados podem ser ligeiramente mais altos. O debito cardíaco em homens treinados podem alcançar valores acima de 30 L/min. Representa um aumento de cinco a seis vezes em relação aos valores de repouso. Já em homens destreinados que possuem capacidades aeróbicas mais baixas exibem também debito cardíacos mais baixos (aproximadamente 20 a 25 l/min). Quanto mais alto for o debito cardíaco máximo, mais alto será a potencia aeróbica máxima (VO2max). (Foss & Keteyian, 2000, p.209).

    É de suma importância para o melhor desempenho cardíaco a relação do volume de ejeção e a freqüência cardíaca, onde tanto o volume de ejeção quanto a freqüência cardíaca precisa trabalhar juntos para otimizar o desempenho ventricular.

Metodologia

    Esta pesquisa se qualifica como transversal quantitativa, onde foram analisados, e relacionados os fatos, sem alterá-los, analisando a diferença da freqüência cardíaca de repouso em estudantes de educação física praticantes e não praticantes de atividades física.

    A pesquisa foi realizada em dois grupos, com quantidade de três (03) praticantes de atividade física e três (03) não praticantes de atividade física, dando um total de seis (06) indivíduos, abrangendo ambos os sexos, com faixa etária de 21 anos ate 32 anos, onde os praticantes de atividade física têm pelo menos 06 meses no mínimo de prática de atividades física como a corrida.

    O local escolhido foi à residência de cada amostra, que foi solicitada aos dois grupos que ao aferir a freqüência cárdica em repouso em casa à amostra não pode ingerir bebida alcoólica, nenhum tipo de droga ilícita, não levantar para ir ao banheiro, ter dormido oito horas de sono no mínimo, além de um despertar de forma suave para que não haja alteração dos resultados. A forma correta de aferir após acordar de um sono tranquilo é aferir a freqüência cardíaca em repouso, através do pulso carotídeo e cronometrando 15 segundos, e durante esse tempo é feita a contagem de quantas pulsações foram executadas, utilizando esse resultado e multiplicando por quatro, realizando estas mensurações por três dias consecutivos.

Análise de dados

    O estudo foi dividido em dois grupos: Praticantes de atividade física e não praticante de atividade física.

    Os indivíduos foram escolhidos abrangendo ambos os sexos, com faixa etária de 21 anos a 32 anos, sendo que a amostra 01 compete faixa etária de 26 a 32 anos e a amostra 2 compete faixa etária de 21 a 24 anos, onde foi mensurada a freqüência cardíaca em repouso durante 3 dias seguidos, ao acordar naturalmente.

    Para análise estatística utilizamos o teste t de Student. Observamos nos resultados obtidos uma diferença a favor do grupo ativo. Esta diferença foi estatisticamente significativa analisada com nível de significância de P=0,01. Destacamos ainda que o resultado permanece significativo apesar da diferença de idade dos grupos, é evidente a existência de uma diferença de nível do condicionamento.

Tabela 1. Mostra os valores das medias e desvio padrão dos grupos praticantes e não praticantes

Gráfico 1. Mostra de dados dos indivíduos

    Percebemos pelo gráfico 1, uma nítida diferença na FC de repouso entre praticantes e não praticantes de atividade física, onde a diferença do fator idade fica clara no gráfico, em que a idade dos praticantes de atividade física possui a media maior se comparado com o grupo de não praticantes.

    Percebemos também que mesmo as pessoas com fator idade mais avançadas, obteve nível de FC de repouso menor devido ao seu nível de condicionamento elevado, fator esse diferencial para compensar a diferença de idade se comparada ao nível de FC de repouso dos não praticantes.

    Por fim, os dados demonstram que a prática de atividades físicas realizadas durante a graduação não são suficientes para provocarem alterações do condicionamento físico do sistema cardiovascular dos estudantes.

Conclusão

    Observamos que existe uma diferença significativa na FC de repouso em relação ao nível de condicionamento físico dos estudantes de educação física. Esta diferença se manifesta com um FC de repouso menor no grupo dos estudantes ativos. Portanto, concluímos que a idéia de que estudantes de educação física possuem um condicionamento em nível de atletas não se fundamenta em evidências científicas.

Bibliografia

  • Foss, M.L. & Keteyian, S.J. (2010). Fox bases fisiológicas do exercício e do esporte. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.

  • McArdle, W.D., Katch, F.I. & Katch, V.L. (2001). Fisiologia do exercício. 5ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara.

  • Powers, S.K. & Howley, E.T. (2004). Fisiologia do exercício. 5ª edição. São Paulo: Manole.

  • Wilmore, J.H. & Costill, D.L. (2001). Fisiologia do esporte e do exercício. 2ª edição. São Paulo: Manole.

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