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Atividade física como agente motivador em um grupo de 

idosos pertencentes a um clube esportivo de Porto Alegre

La actividad física como agente motivador en un grupo de personas mayores que asisten a un club deportivo de Porto Alegre

Physical activity as a motivating at a group of older persons belonging to an agent of sporting club of Porto Alegre

 

*Especialista Geriatria e Gerontologia Interdisciplinar. Bacharel em Educação Física

pelo Centro Universitário Metodista-IPA e Professora do Clube Grêmio União Porto Alegre

**Professor e Mestre em Reabilitação e Inclusão pelo Centro Universitário Metodista-IPA

***Professor e Mestre em Biociências e Reabilitação pelo Centro Universitário Metodista-IPA

****Professor/Pesquisador do Programa de Especialização em Geriatria

e Gerontologia Interdisciplinar. Programa de Pós Graduação em Biociências

e Reabilitação do Centro Universitário Metodista-IPA

Solange Dias dos Santos*

Deninson Nunes Ferenci**

Jean Mauhs***

Marcello Mascarenhas****

marcello.mascarenhas@metodistadosul.edu.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          A população idosa vem aumentando a cada ano, por isso os profissionais devem se instrumentalizar para melhor atender os idosos. O objetivo deste trabalho foi identificar os fatores que motivaram um grupo de idosos, pertencentes a um clube esportivo de Porto Alegre, a praticar atividade física. O presente estudo, de caráter transversal, realizado no clube esportivo Porto Alegre, RS. A amostra compreendeu 40 idosos, que responderam os seguintes questionários: IPAQ, SF36, ISSL e entrevista semi-estruturada sobre o tempo de prática de atividade física. Concluiu-se ao final do estudo que, em relação à qualidade de vida, são fatores motivacionais a prática de atividade física, a saúde, a socialização e o prazer.

          Unitermos: Atividade física. Motivação. Qualidade de vida.

 

Abstract

          The elderly population is increasing every year, so professionals should provide tools to better serve the elderly. The objective of this study was to identify the factors that motivated a group of seniors belonging to a sports club in Porto Alegre, to practice physical activity. This study, of transversal nature, is a quantitative, exploratory and descriptive, held at the sports club Porto Alegre, RS. The sample included 40 elderly participants and answered the following questionnaires: IPAQ, SF36, ISSL and Inventory motivation to assess motivation to practice activity and semi-structured interview about the physical activity practice time. It was concluded at the end of the study that compared the quality of life, are motivational factors to physical activity, health, socializing and pleasure.

          Keywords: Physical activity. Motivation. Quality of life.

 

Recepção: 09/08/2015 - Aceitação: 29/11/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 212, Enero de 2016. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O envelhecimento é baseado em processos típicos que envolvem o ser humano, como o declínio das funções cognitivas, fisiológicas e comportamentais, mesmo na ausência de patologias (Mello et al., 2010). O envelhecer é um processo de regressão natural a todos os seres vivos e compostos por uma série de mudanças no corpo. Segundo Ferreira e colaboradores (2012) tais modificações podem determinar a perda progressiva das capacidades de adaptação ao meio ambiente, maior vulnerabilidade e independência do indivíduo, decorrentes de alterações físicas e mentais. Devido a tais processos, o envelhecimento tem sido foco de atenção e preocupação, tornando-se um desafio para a saúde pública (Orlando et al., 2013).

    Costa et al. (2011) apontam para a importância da atividade física no envelhecimento, sendo um aspecto importante para a manutenção da capacidade física, uma vez que promove melhorias no equilíbrio e força muscular. Com o avanço da idade, o nível de atividade física diminui, aumentando o número de idosos inativos e sedentários. Grande parte dessa população é aposentada e dispõe de tempo livre, portanto a atividade física torna-se um papel importante neste indicador (Giehl et al., 2012).

    A qualidade de vida do idoso está relacionada aos aspectos físicos, psicológicos, sociais e ambientais. Segundo Orlando et al. (2013) a qualidade de vida é definida como a percepção das pessoas em relação à sua posição, cultura e sistema de valores em que vivem, tendo em conta os seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. Além disso, é necessário considerar também a motivação o qual se caracteriza como um fator interno que aciona o comportamento da pessoa em determinada situação ou circunstância (Balbinot, 2013). A motivação para a prática de atividade física pode ter uma relação com fatores pessoais (intrínsecos) e fatores ambientais (extrínsecos).

    Sendo assim, é um complexo de fatores que determinam a atividade persistente e dirigida para uma recompensa, ou seja, algo que lhe proporcionará prazer. Sendo assim, este estudo tem como objetivo identificar os fatores que motivaram um grupo de idosos, pertencentes a um clube esportivo de Porto Alegre, a praticar atividade física.

Metodologia

    O presente estudo, de caráter transversal, é uma pesquisa quantitativa, do tipo exploratório descritivo, realizada no clube esportivo Grêmio Náutico União, localizado na cidade de Porto Alegre/RS, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário Metodista-IPA (CAAE 24494413.7.0000.5308).

    O público atendido nessa unidade compreende principalmente a região metropolitana e central de Porto Alegre. A amostra compreendeu 40 idosos. Os idosos responderam os seguintes questionários: International Physical Activity Questionnaire (IPAQ) para avaliação do nível de atividade física; Versão Brasileira do Questionário de Qualidade de Vida (SF36) para avaliação da qualidade de vida; Inventário de sintomas de estresse para adultos de Lipp (ISSL) para avaliação do estresse; inventário para avaliar a motivação na prática de atividade física, além de entrevista semi-estruturada sobre o tempo desta prática. Os critérios de inclusão foram pessoas com idade acima de 60 anos, sócios e não sócios do clube.

    As variáveis quantitativas foram descritas por média e desvio padrão ou mediana e amplitude interquartílica. A distribuição das variáveis foi avaliada pelo teste de Shapiro-Wilk. As variáveis categóricas foram descritas por freqüências absolutas e relativas. Para avaliar a associação entre as escalas, os coeficientes de correlação de Pearson ou Spearman foram aplicados sendo considerado significativo p<0,05.

Resultados

    A amostra foi constituída por 40 idosos com média de idade de 71,4 (± 6,4) variando de 60 a 85 anos. A preponderância foi do sexo feminino (90%). As atividades físicas mais preferidas pelos idosos foram, respectivamente, alongamento (85%), caminhada (45%) e dança (40%). As atividades físicas mais praticadas no momento foram, respectivamente, alongamento (100%), caminhada (27,5%) e dança (20%).

    A distribuição da amostra quanto ao inventário de sintomas de estresse e autoavaliação de saúde estão descritas na Tabela 1. A grande maioria dos idosos (80%) não possuía sintomas de estresse, 17,5% estão na fase de resistência e 2,5% na fase de alerta. Também mais da metade da amostra (57,5%) disse que a sua saúde era quase a mesma de antes.

Tabela 1. Distribuição da amostra quanto ao Teste de Lipp-ISS (Inventário de Sintomas de Stress) e Autoavaliação de saúde

    Os dados referentes à qualidade de vida estão descritos na Tabela 2. É possível observar que os domínios com escores mais baixos de qualidade de vida são estado geral de saúde e vitalidade e os com escores mais elevados são, limitação por aspectos físicos e aspectos emocionais.

Tabela 2. Dados sobre a qualidade de vida através do SF-36

    Em relação ao nível de atividade física, 20% dos idosos foram classificados em muito ativos, 45% ativose35% irregularmente ativos (Tabela 3). Quanto ao inventário de motivação à prática regular de atividade física, os domínios mais motivadores para os idosos foram saúde, socialização e prazer, enquanto os menos motivadores foram performance, estética e estresse.

Tabela 3. Análise do nível de atividade física (IPAQ) e do inventário de motivação à prática regular de atividade física da amostra em estudo

    As associações significativas entre as escalas estão apresentadas na Tabela 4. Com o nível de atividade física, avaliado pelo IPAQ, houve associação significativa inversa com o domínio de estética do inventário de motivação à prática de atividade física. Assim, de acordo com os resultados, os idosos mais ativos se motivam menos por estética para a prática de atividade física. Com os domínios de aspectos físicos e emocionais do SF-36, a associação foi direta, ou seja, sujeitos mais ativos apresentaram escores mais elevados de qualidade de vida nesses domínios.

Tabela 4. Associações da atividade física, qualidade de vida e motivação na prática de atividade física

    Também houve associação positiva do domínio de capacidade funcional com os motivos de desempenho e estresse do Inventário de motivação à prática de atividade física, sendo que idosos mais motivados por esses dois domínios apresentaram escores mais elevados de qualidade de vida quanto à capacidade funcional. Além disso, idosos com maior motivação pela socialização também apresentaram maiores escores de qualidade de vida no domínio dor. Sujeitos mais motivados em geral e também por estética apresentaram melhores escores de qualidade de vida no domínio estado geral de saúde. Por fim, quanto maior o nível de estresse dos idosos, menor o escores de qualidade de vida no domínio de saúde mental.

Discussão

    A população de idosos apresenta um crescimento a cada ano, a população mundial entre 2000 e 2050 idosos com mais de 60 anos vai dobrar cerca de 11 a 22% o número absoluto de pessoas com 60 anos ou mais terá um aumento de 605 a 2.000 milhões no mesmo período Organização Mundial de Saúde (OMS, 2013). O presente estudo buscou investigar atividade física como agente motivador em um grupo de idosos em um clube esportivo que foi encontrado a idade entre 70 a 79 anos sendo a maioria do sexo feminino. Para Zaitune e cols. (2010) maior prevalência de ativos globalmente entre os idosos do sexo feminino, com idades de 60-79 anos, sabe-se que a procura pela atividade é a maioria pelas mulheres, por cuidarem mais da saúde e ter programas específicos da saúde da mulher.

    Na amostra em relação ao nível de atividade física a maioria dos idosos é fisicamente ativa, por realizar atividades suficientes, para melhor qualidade de vida. E também foi identificado nesta amostra, que há idosos irregularmente ativo aquele que realiza atividade física, porém, de forma insuficiente para ser classificado como ativo, pois não cumpre as recomendações quanto à freqüência ou duração.

    Segundo Leal et al. (2009) as alterações proporcionadas pelo treinamento funcional no controle motor teve uma melhora nas capacidades funcionais, melhorando a qualidade de vida. Campos e Neto perceberam que o exercício funcional melhora a eficiência de um dos componentes da aptidão físicas mais importantes no envelhecimento: o equilíbrio através da estimulação do sistema de controle motor que favorece os ganhos de força muscular, a diminuição dos desequilíbrios musculares causadores de desvios posturais e uma maior sinergia entre os músculos durante o movimento (Campos e Neto, 2004).

    O treinamento funcional tem como objetivo melhorar a capacidade funcional do indivíduo. Segundo Matsudo e cols. (2001) mostram que a atividade física aeróbica de baixo impacto como caminhada, natação, hidroginástica também salienta que a caminhada seja atividade ideal para os indivíduos idosos por ter efeitos benéficos à saúde, sustenta o peso corporal e de baixo impacto e pode ser feita com diferentes velocidades, envolvendo grades grupos musculares. O nosso estudo a atividade física identificada em maior número foi à caminhada. De acordo com Nunes et al. (2009) o ato de caminhar é uma das atividades físicas mais naturais, por ser uma atividade simples, facilmente controlável, e pode ser praticada por qualquer pessoa e principalmente por permitir que através da marcha da caminhada é o momento em que os pés deixam de ter contacto com o solo.

    O grupo em estudo faz parte de um grupo de dança o que vai ao encontro do Ueno et al. (2012) descreve que a dança exige movimentos com rápida mudança de direção e/ou de altura do centro de gravidade, estimulando assim a agilidade e o equilíbrio dinâmico. O mesmo retratado por Leal e cols. (2006), a dança proporciona melhoras na coordenação, equilíbrio, ritmo, lateralidade, consciência corporal, resistência e na memorização, tendo influência positiva em aspectos físicos e aspectos sociais.

    A freqüência de atividade física realizada pelo nosso grupo em torno de duas vezes por semana e outras cinco vezes por semana. Segundo Oliveira et al. (2010) a atividade física realizada duas vezes por semana, melhoram significativamente aspectos relacionados à vitalidade, saúde mental, percepção geral da saúde e percepção de dor corporal.

    Quando analisado o convívio, ou seja, a companhia de colegas na realização de atividade física, demonstrando que é um dos grandes momentos. De acordo com Lins et al. (2007) no seu estudo observou a importância da convivência e amizade de ter alguém como companhia foi um dos fatores mais citados. Os grupos de convivência podem representar uma estratégia eficaz de política pública de promoção de um estilo de vida e social ativo. Também Toscano e cols. (2009) descreve que para ser fisicamente ativo necessita do convívio social e a integração em grupos são um forte indicador para a permanência na prática de atividade física. As relações sociais, nesta faixa etária acabam se tornando essencial para uma boa qualidade de vida, o convívio em grupo torna-se mais agradável e motivador no processo do envelhecimento.

    Segundo Freitas et al. (2007) em seu estudo destaca que, as reflexões sobre os motivos para a adesão à prática de atividade física, implicam uma recolocação do pensar em saúde, abandonando o impasse entre a construção teórica e sua efetivação nas práticas do cotidiano. No mesmo estudo cita que os idosos se motivam a praticar atividade física, por relacionar às forças, intrínsecas ou extrínsecas, que dirigem o comportamento das pessoas para a procura da melhor modalidade de exercícios a ser praticado, conforme a sua escolha e/ou utilidade.Tais achados corroboram com nossos achados e também com Mazo et al. (2006) e Loureiro (2010) , apresentam que os fatores motivacionais dos idosos para a prática de atividade física estão relacionados à saúde e ao bem-estar, sendo uma recomendação médica e melhorando a qualidade de vida do idoso.

    Nossos resultados sobre o inventário de motivação mostram que os idosos se motivam pela saúde, prazer e socialização dando menos importância a estética e performance, assim procurando hábitos saudáveis em busca de melhor qualidade de vida como foi evidenciado que e atividade física regular diminui o nível do estresse no idoso. De acordo com Batista e Dantas (2002), a atividade física possui uma ação antidepressiva, quanto maior a duração do programa, melhor são os resultados, à medida que os indivíduos e adapta ao aumento da freqüência cardíaca, pressão arterial e estresse, que ocorrem durante o exercício.

    Um estudo tem mostrando que atividade física regular melhora todos os domínios de qualidade de vida, quanto mais ativo o idoso maior a sua satisfação com a vida, conseqüentemente melhor os seus escores de qualidade de vida (Pimenta e Navarro, 2009). Segundo Santos e Knijnik (2006) demonstraram o padrão estético que o indivíduo está associado a um corpo de magro, e isto é visto como belo por grande parte da população, após a atividade física o corpo fica mais bonito e elegante. As maiorias das pessoas procuram atividade física por estética, para ter um corpo bonito e saudável.

    No estudo de Pires (2010) mostra que há uma correlação entre o nível de atividade física e o indicador de aspectos físicos é positiva, forte e significativa, ou seja, quanto maior o nível de prática atividade física do indivíduo, maior seu escore de aspectos físicos, atividade física pode contribuir para a melhoria da qualidade de vida em termos de aspectos físicos. Também em relação à atividade física e aspectos emocionais teve correlação fraca e significativa que colabora com os achados Freitas et al (2014) que demonstram que praticantes de atividade física regular apresentam maior pontuação em aspectos emocionais levando a menor presença de depressão, e quanto mais ativo fisicamente, melhores serão as limitações por aspectos físicos na sua qualidade de vida.

    Segundo Pereira et al. (2006) ressaltam que a importância da capacidade funcional como fator chave na qualidade de vida, proporcionando um novo paradigma no envelhecimento saudável sendo visto como uma interação multidimensional entre, saúde física e mental, independência e integração social, a desempenho melhora em indivíduos praticantes de atividade física, com isso as associações são relevantes. E quando o estresse a capacidade funcional também se identifica uma correlação fraca e significativa. Cheik et al. (2003) identificou na sua amostra que a atividade física regular diminuiu ainda mais os escores indicativos para ansiedade e passaram da classificação de levemente deprimidos a não deprimidos.

Conclusão

    O estudo identificou que a atividade física é importante na saúde, quando avaliado o estresse, qualidade de vida, atividade física e motivação no idoso. Foi possível observar que os idosos têm preocupação sobre a importância do exercício físico como uma opção de estimular maior qualidade de vida, bem estar e não somente por estética e desempenho. Por meio das associações no qual todos foram significativos, foi possível perceber que todos os fatores do estudo atividade física, qualidade de vida, estresse e motivação, se relacionam e influenciam na saúde física e mental dos idosos.

Bibliografia

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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 20 · N° 212 | Buenos Aires, Enero de 2016
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