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Comparação de níveis de aptidão musculoesquelética 

de praticantes de parkour do estado da Bahia e Paraná

Comparación de los niveles de aptitud musculoesquelética de practicantes de parkour los estados de Bahía y Paraná

Comparison of musculoskeletal fitness levels parkour practitioners of Bahia and Paraná State

 

Graduanda/o em Licenciatura em Educação Física

Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

(Brasil)

Geovani Alves dos Santos

Adriana Santos

Najara Alves dos Santos

geovani.tbrs@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Devido a pouca publicação cientifica sobre aptidões físicas em especial aptidão musculoesquelética com praticantes de lê parkour o objetivo de nosso estudo foi avaliar e comparar a aptidão musculoesquelética de sujeitos praticantes de parkour do estado da Bahia com os praticantes do estado do Paraná que participaram do estudo de Leite et al (2011). Participaram da pesquisa 13 sujeitos, todos do sexo masculino média de 19 anos praticantes de lê parkour, selecionados de forma aleatória durante o I encontro Amargosense de Parkour (Amargosa – Ba). Foram realizados os testes de massa corporal, %G, IMC, estatura, para caracterização dos voluntários, para avaliar aptidão músculo esquelética foram realizados teste abdominal de 1 minuto, flexão/extensão de braço e salto horizontal. Nos testes realizados no segmento superior os praticantes baianos tiveram um melhor desempenho, contudo no teste de segmento inferior os paranaenses obtiveram melhor resultado. Concluímos que um maior período de prática do parkour pode influenciar positivamente nos níveis de aptidão Musculoesquelética. Os valores apontados no estudo servem como referências para a classificação do perfil de praticantes de parkour não competitivos com idade média de 19 anos.

          Unitermos: Lê Parkour. Aptidão física. Aptidão musculoquelética.

 

Abstract

          Due to little scientific publication on physical skills in special aptitude Musculoskeletal with practitioners of parkour reads the aim of our study was to evaluate and compare the musculoskeletal fitness subjects of Bahia state parkour practitioners with the state of Paraná practitioners who participated in the Study Leite et al (2011). The participants were 13 subjects, all male sex average of 19 years practitioners to read parkour, selected at random during the meeting I Parkour Amargosense (Amargosa - Ba). The body mass tests were performed, % F, BMI, height, to characterize the volunteers evaluated skeletal muscle fitness were conducted test abdominal 1 minute, flexion/extension arm and horizontal jump. In tests carried out in the upper segment Bahian practitioners performed better, but at the low end of the test Paraná obtained better results. We conclude that greater parkour practice period can positively influence the levels of musculoskeletal fitness. The amounts stated in the study serve as references for the classification of profile uncompetitive parkour practitioners with an average age of 19 years.

          Keywords: Le Parkour. Physical fitness. Musculoquelética fitness.

 

Recepção: 27/10/2015 - Aceitação: 22/12/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 212, Enero de 2016. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    A prática do Parkour segundo Thomson (2008) é constituída pela máxima do “seguir em frente”, sendo uma transgressão a linha tênue do estado de equilíbrio, a intersecção entre o movimento humano e o das estruturas das cidades. Esta prática deriva de um método de treinamento surgido no século 20, criado por um oficial da marinha francesa chamado de George Hébert que nomeou seu método como “Hébertism” utilizando-o na preparação física dos oficiais em treinamento militar, surge daí as influências na formação do soldado Raymond Belle, que veio a ser pai de David Belle a quem ensinou o método natural de exercitar-se, sendo propulsor da criação do Parkour, desenvolvido na década de 80 por seu filho (Atkinson, 2009).

    O parkour vem se difundido pelo mundo, a prática de transpor obstáculos e deslocar o corpo de forma mais eficiente entre um ponto e outro, também é realizada no Brasil (Leite, 2011). Caracterizada pela necessidade de utilização do corpo, logo para um melhor desempenho na modalidade é necessário dispor de aptidão física para realização de tais movimentos, a exemplo, saltos e giros. Pitanga (2010) caracteriza a relação entre a saúde e a aptidão física como as possibilidades de desenvolver as atividades do cotidiano com um desempenho satisfatório. Uma vez voltando o olhar ao esporte esta característica esta de acordo com a manutenção das aptidões necessárias para a modalidade.

    Leite (2011) expõe que a prática do Parkour surge também como alternativa de manutenção da saúde, uma vez que as cidades crescem juntamente com o sedentarismo. Nieman (1999) defende a prática de exercício físico para a prevenção de doenças, logo com estas características pode ser justificada a expansão e massificação dessa modalidade nos dias atuais, devido à estrutura de conformação de nossa sociedade.

    A aptidão musculoesquelética, onde observamos a flexibilidade, força muscular e resistência muscular, também levando em consideração a composição corporal do individuo, é fator de interferência no rendimento desta prática. (Nieman, 1999; Nahas 2001 apud Verardi et al). Outras modalidades esportivas detêm estudos de delimitações de caracterização de cargas de intensidade, fontes de produção de energia, e dados sobre ações desenvolvidas durante sua prática, como exemplo, o futebol (Arruda et al., 2013).

    Há na literatura cientifica apenas um trabalho que é apontado nas bases de dados Pubmed, Lilacs e Scielo sobre o perfil dos praticantes da modalidade de Parkour, o estudo delimita características importantes para o desempenho na modalidade, como a aptidão musculoesquelética, avaliando praticantes da modalidade e apresentando valores de referência em praticantes não competitivos. O objetivo de nosso estudo é avaliar e comparar a aptidão musculoesquelética de sujeitos praticantes de parkour do estado da Bahia com os praticantes do estado do Paraná.

2.     Metodologia

2.1.     Participantes

    Participaram da pesquisa 13 sujeitos, todos do sexo masculino (média de idade) praticantes de parkour, selecionados de forma aleatória durante o I Encontro Amargosense de Parkour, realizado na cidade de Amargosa no estado da Bahia.

    Foram incluídos na pesquisa os sujeitos que após exposição dos objetivos da pesquisa aceitaram sua participação em caráter voluntário. Todos os participantes leram e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido.

2.2.     Procedimentos

    Foram realizados os testes de caracterização do voluntário, estatura, massa corporal e percentual de gordura corporal. Para avaliação da potência muscular foi realizado o teste de salto horizontal, resistência muscular abdominal e de membro superior, respectivamente o teste de abdominal de um minuto e flexão e extensão de braço. Para avaliação dos níveis de flexibilidade foi realizado o teste de sentar e alcançar no banco de Wells.

    A mensuração da massa corporal foi através de uma balança digital, com capacidade para 150kg, os voluntários ficaram de pé, estando com os pés ligeiramente afastados lateralmente com a balança posicionada entre eles, em seguida colocaram um pé por vez com cuidado ao centro da plataforma. Ficaram em posição ereta tendo os pés afastados na largura dos quadris, fazendo com que a massa corporal fosse distribuída nos dois membros inferiores (Gordon; Chumlea e Roche, 1988).

    Para verificação da estatura foi utilizado um estadiômetro fixado numa parede de superfície plana tendo escala gradual de 0,1 cm. No momento da avaliação os voluntários ficaram em posição ereta com os calcanhares unidos e com afastamento de aproximadamente 60º entre as pontas dos pés, os mesmos mantiveram o contato das superfícies posteriores dos calcanhares, cintura pélvica e escapular e região occipital na parede. Com os membros superiores estando lateralmente ao longo do corpo e a cabeça orientada pelo plano de Frankfurt paralela ao solo. Durante a definição da medida os participantes estiveram em apnéia inspiratória. Foi instruído também a distribuir igualmente a massa corporal entre os membros inferiores (Gordon; Chumlea e Roche, 1988).

    O percentual de gordura corporal foi avaliado seguindo a proposição de Faulkner (1988) a partir das medidas das dobras cutâneas tricipital, subescapular, supra-ilíaca e abdominal.

    Para avaliação da força/resistência abdominal foi utilizado o teste abdominal de 1 minuto. No qual os voluntários estiveram em decúbito dorsal com os joelhos flexionados e planta dos pés em contato com o solo, mantendo uma posição de conforto para eles, cerca de 30 a 45 cm de afastamento da região glútea aos calcanhares. Os braços estiveram cruzados sobre a frente do tórax, com a palma das mãos voltada para o tórax na altura dos ombros opostos e com o terceiro dedo em direção ao acrômio, para realização do movimento os voluntários elevaram o tronco até uma posição de contado entre a face posterior do antebraço com as coxas, e retornou a posição inicial. Nesse teste foi registrado o maior número de repetições durante um minuto.

    O teste de força/resistência de membros superiores consistiu na realização do maior número de repetições de flexão e extensão de braços sem limite de tempo. Os sujeitos estiveram em posição de decúbito ventral com afastamento entre 10 a 20 cm da linha do ombro, com os dedos voltados para frente.

    A flexibilidade dos músculos da porção posterior da coxa e tronco foi avaliada pelo teste de sentar-e-alcançar no banco de Wells. Os avaliados iniciaram o teste na posição sentada com os joelhos estendidos, flexão de ombro a 90º e mão direita apoiada sobre a esquerda (palmas da mão para baixo). Os avaliadores seguravam os joelhos dos voluntários para evitar que o houvesse flexão. Aqui também foi registrado o maior valor entre três medidas após o movimento de flexão do tronco tentando alcançar a maior amplitude possível.

2.3.     Análise dos dados

    Os dados foram organizados em média do grupo e comparados com os valores de referência do estudo realizado por Leite et al. (2011) com praticantes de parkour não competidores na cidade do estado do Paraná.

3.    Resultados

    As características antropométricas dos voluntários são apresentadas na primeira tabela. A média de idade foi de 19 ± 1. O IMC apresentou valores normais para idade. O %G demonstra que o nível de gordura corporal esta adequado aos valores de referência apresentado por (Anjos, Veiga e Castro, 1998).

Tabela 1. Características antropométricas dos voluntários

    Os valores encontrados na avaliação da aptidão musculoesquelética são expostos na segunda tabela. O teste de resistência abdominal apresentou uma média de 41,69 repetições, dentre os 13 voluntários 93,31% foram classificados como tendo aptidão adequada, e 7,69 como baixa aptidão. Para flexibilidade os valores encontrados apontam que 46,15% estavam na faixa recomendável (acima de 29 cm) e 53,85% foram classificados com baixa aptidão. A força/resistência de membro superior obteve 92,31% classificados por estarem na faixa recomendável. Nos valores de salto horizontal, 69,23% foram classificados com baixa aptidão e 30,77 na faixa recomendável.

Tabela 2. Resultados da avaliação de aptidão musculoesquelética

    A tabela três apresenta os dados antropométricos encontrados neste estudo com o de Leite et al. (2011). O perfil dos participantes de ambas as pesquisas são aproximados.

Tabela 3. Características antropométricas de praticantes de parkour (Leite et al., 2011)

    A tabela 4 apresenta os resultados de característica da aptidão musculoesquelética dos praticantes de parkour nos dois estudos. Os valores expostos para o teste abdominal de 1 minuto demonstraram uma média por grupo maior nos praticantes de parkour da Bahia. Também para flexibilidade foram apontados valores superiores 28,31cm dos praticantes baianos e 23,54 dos praticantes Paranaenses. A força/resistência muscular foram maiores entre os praticantes da Bahia 42 repetições, e 28,54 entre os praticantes do Paraná. Para força/resistência dos membros inferiores o teste de saltos horizontais indicou que os atletas do Paraná saltaram 2,53 m em média, enquanto a média do grupo da Bahia foi de 2,44 m.

Tabela 4. Característica de Aptidão Musculoesquelética em Praticantes de Parkour (Leite et al., 2011)

4.     Discussão

    Os resultados dos dados antropométricos apresentam uma tendência no perfil de praticantes de parkour com média de idade de 19 anos, em ambos os estudos realizados os resultados apontam quanto estatura, massa corporal e IMC não apresentaram uma grande variação. Devido aos grupos de amostragem ter média de 19 anos, os resultados encontrados no estudo de Anjos, Veiga e Castro (1998) demonstra que nesta faixa etária os valores do índice de massa corporal tendem a ter uma menor diferença entre os sujeitos de da mesma faixa de amostragem, demonstrando que por volta dos 19 a 22 anos há uma estabilização entre o IMC nestes indivíduos. O Parkour como outras modalidades detêm especificidades como para um melhor rendimento nas atividades executadas, por sua vez a prática de um exercício físico pode delimitar as características da composição corporal dos praticantes (Nieman, 1999).

    Nossa pesquisa apresenta apenas como valor de referência o percentual de gordura corporal dos praticantes de parkour do estado da Bahia. No estudo elaborado por Leite et al. (2011) não há presença desta informação, por tanto não há dados para comparação com seu estudo. Em outras modalidades com alto nível de recrutamento muscular pela necessidade de força explosiva, resistência muscular, como a exemplo o judô, os valores percentuais para composição de gordura corporal são de 12% para atletas masculinos. Para a modalidade do Karatê foram encontrados valores para uma média de 7,7 anos de prática de 10% de composição corporal de massa gorda (Rossi e Tirapegui, 2007).

    Os valores do teste de abdominal de um minuto demonstraram que os praticantes Baianos executaram por média de grupo 41,69 abdominais, enquanto os Paranaenses apenas 35,92. Os valores indicam que, um maior tempo de treinamento pode gerar um maior desempenho nas valências físicas trabalhadas, uma vez que há um processo de adaptações continuas com as cargas de treinos impostas durante os exercícios (Powers, 2005), porém não podemos afirmar qual a carga de treino semanal para cada grupo o que não nos favorece avaliar, por exemplo, o efeito do intervalo entre as sessões de treinamento que podem ter influências positivas no ganho de desempenho neuromuscular através do treinamento de força (Lopes et al. 2014). Entretanto os valores apontam uma tendência de um maior ganho de aptidão de força/resistência muscular com o maior período de treinamento na modalidade de parkour.

    O nível de flexibilidade no banco de Wells também foi superior nos praticantes do estado da Bahia. Não dispomos de dados quanto à caracterização de treino dos avaliados, uma vez que também são de localidades distintas, o treinamento do grupo não é realizado de forma homogênea. Em nosso estudo uma média de 46,15% estava na faixa de baixa aptidão, alcançaram marcas inferiores a 28 cm no teste de flexibilidade, na pesquisa de Leite et al. (2011) é apontado que 69,23% dos participantes foram classificados com baixa aptidão. Os dados apresentados demonstram que os praticantes do estado da Bahia estão em um melhor nível e aptidão de força/resistência abdominal.

    MchHgh e Cosgrave (2010) apontam a estratégia de 5 séries com duração de 60 segundos podem aumentar significativamente a flexibilidade em um menor intervalo de tempo que outras estratégias como as de uma repetição de 30 segundos e 5 de 30 segundos.

    Os valores obtidos no teste de flexão/extensão de braços demonstram uma diferença expressiva entre os grupos, 42 repetições praticantes baianos e 28,54 praticantes paranaenses. O resultado também pode esta atribuído a composição corporal dos participantes, em nosso estudo identificamos o percentual de gordura corporal dos praticantes com um índice de 12%, no estudo de Leite et al. (2011) esta avaliação foi desconsiderada entre sua caracterização dos voluntários. O nível de %G apresentado pelos praticantes demonstram que estão próximos a valores de atletas de rendimento de outras modalidades (Franchini e Vecchio, 2007; Rossi e Tirapegui, 2007). Assim como Powers (2005) sugere apontamos que um maior índice de massa magra proporciona ao sujeito uma maior produção de força, pois a massa de gordura corporal não é capaz de produzir força. Outro fator de interferência pode ser o acréscimo de treinamento resistido na rotina destes participantes, pois o treinamento resistido pode contribuir tanto para o aumento de força/resistência muscular quanto nos níveis de flexibilidade das articulações (Cyrino et al., 2004).

    O resultado da avaliação de força de membros inferiores apontou uma diferença entre os grupos, os praticantes do estado do Paraná saltaram uma média de 2,53m e os baianos 2,44. Diferentemente dos resultados anteriores que atribuíram maior rendimento ao grupo de voluntários com maior tempo de treinamento, os resultados apontam um maior desempenho dos praticantes com menos tempo de prática. Há variância nos estilos dentro da modalidade, características principais como a utilização de saltos e giros mais predominantemente por alguns participantes, outro estilo de prática é o de não utilizar com freqüência os giros após saltos. Desta forma um dos fatores que podem influenciar neste resultado é a diferença de estilo na própria prática do parkour. Não podemos afirmar que este fator realmente esta presente na relação entre o resultado dos grupos.

    Nosso estudo teve como limitações a apresentação de dados relacionados com a rotina de treinamento dos voluntários, como também o estilo de prática da modalidade.

5.     Conclusão

    Concluímos que um maior período de prática do parkour pode influenciar positivamente nos níveis de aptidão musculoesquelética. Os valores apontados no estudo servem como referências para a classificação do perfil de praticantes de parkour não competitivos com idade média de 19 anos.

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