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Treinamento funcional: influência na aptidão física de 

adolescentes praticantes de voleibol da cidade de Braço do Norte, SC

El entrenamiento funcional: Influencia sobre la aptitud física de adolescentes practicantes de la ciudad de Braço do Norte, SC

 

Bacharel em Educação Física

Universidade do Sul de Santa Catarina, UNISUL

(Brasil)

Vicente Volpato Knaben
vicentevknaben@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O treinamento funcional tem como proposta fazer com que os alunos produzam movimentos eficientes, melhorem o desempenho e evitem lesões. O objetivo deste estudo foi verificar a influência desta metodologia na aptidão física de adolescentes praticantes de voleibol. Participaram deste estudo 14 adolescentes do sexo masculino divididos em dois grupos: treinamento funcional (GTF) e controle (GC). Entre os grupos, a diferença foi significante nos testes de agilidade (p – valor = 0.002), salto vertical (p – valor = 0.035) e resistência anaeróbica alática (p – valor = 0.014). Intra grupo, após 16 semanas de intervenção, foram observadas modificações nos aspectos agilidade (p – valor 0.024), velocidade (p – valor = <0.001) e resistência anaeróbica alática (p – valor = 0.015) no GTF. Já o GC teve resultados positivamente significativos nos testes de agilidade (p – valor = <0.001) e velocidade (p – valor = <0.001). A idade, o nível de aptidão física, a prática do treinamento funcional pelo GTF e das atividades lúdicas pelo GC parecem ter relação com os resultados encontrados.

          Unitermos: Aptidão física. Treinamento funcional. Voleibol.

 

Resumen

          El entrenamiento funcional les propone a los practicantes conseguir producir movimiento eficiente, mejorar el rendimiento y evitar lesiones. El objetivo de este estudio fue investigar la influencia de esta metodología en la condición física de los adolescentes practicantes de voleibol. El estudio incluyó a 14 adolescentes varones divididos en dos grupos: entrenamiento funcional (GTF) y control (GC). Entre los grupos, la diferencia fue significativa en la agilidad (p - valor = 0,002), salto vertical (p - valor = 0,035) y resistencia anaeróbica aláctica (p - valor = 0,014). Intra grupo después de 16 semanas de intervención, se observaron cambios en aspectos agilidad (p - valor de 0,024), la velocidad (p - valor = <0,001) y resistencia anaeróbica aláctica (p - valor = 0,015) en el GTF. El CG tuvo resultados positivos significativos en la agilidad (p - valor = <0,001) y la velocidad (p - valor = <0,001). La edad, el nivel de condición física, la práctica de entrenamiento funcional para las actividades GTF y el juego por GC parecen estar relacionadas con los resultados.

          Palabras clave: Condición física. Entrenamiento funcional. Voleibol.

 

Recepção: 08/09/2015 - Aceitação: 05/12/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 211, Diciembre de 2015. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Segundo D’Elia (2013), treinamento funcional é fazer de seu corpo uma ferramenta que produza movimentos mais eficientes, em um processo de aprendizado, desafio e evolução constante. O que determina a dinâmica de tudo que é feito são os objetivos, necessidade reais e o potencial de cada aluno, seja ele um atleta ou um indivíduo sedentário. Tendo como base este conceito, considera-se que o treinamento funcional é um seguimento com boa aplicabilidade para o treinamento esportivo, inclusive para crianças e jovens, embora poucos estudos sobre o tema tenham sido feitos até o momento.

    D’Elia (2013) cita que no treinamento funcional existem oito pilares que são os elementos básicos de construção da sessão de treino e são a “caixa de ferramentas” do treinador, sendo eles: Preparação de movimento, Agilidade e velocidade, Preparo muscular, Potência, Treinamento do core, Desenvolvimento dos sistemas energéticos, Tarefas de transferência e Regeneração e prevenção de lesão

Método

    A população foi composta por 14 indivíduos divididos em dois grupos: um com o treinamento físico periodizado com utilização da metodologia do treinamento funcional (GTF) e um grupo controle (GC) sem treinamento físico periodizado, que teve a prática de atividades lúdicas que focaram na aquisição de coordenação e agilidade. Em comum, ambos os grupos tinham a prática da modalidade de voleibol.

    O treinamento físico do GTF foi dividido em 4 blocos (A, B, C e D), sendo o bloco A pertencente à etapa geral do período preparatório, o bloco B pertencente à etapa específica do período preparatório, o bloco C pertencente ao período competitivo e o bloco D pertencente ao período de transição. A periodização foi montada de acordo com os oito pilares do treinamento funcional, propostos por D’Elia (2013).

    O treinamento físico do GC apenas consistiu na prática de atividades lúdicas que focassem na melhora da coordenação e da agilidade, realizadas sempre como aquecimento no início das sessões sem nenhuma periodização.

    Devido ao longo tempo de duração do macrociclo montado, para este estudo, foram apenas analisados os resultados obtidos entre as primeiras 16 semanas, que faziam parte dos blocos A e B.

    Foram avaliados os itens propostos por Pitanga (2005) para avaliação para atletas de voleibol, com exceção das capacidades anaeróbicas lática e total, devido aos achados de Smith et al. (1992 apud NUNES 2000), mostrando que estes metabolismos não têm influência para o voleibol. Além disto, foram acrescidos os testes de velocidade, força explosiva de membros inferiores e força explosiva de membros superiores do PROESP, por serem parte de uma bateria de testes específicas para crianças e adolescentes.

Resultados e discussão

    Levando em consideração idade, peso, altura, índice de massa corporal (IMC) e freqüência dos dois grupos, apenas a idade teve diferença significativa, conforme Tabela 2.

Tabela 1. Caracterização da amostra

Características

Total (n=14)

Média (DP)

GTF (n=6)

Média (DP)

GC (n=8)

Média (DP)

P – valor

Idade

13.29 (0.72)

14 (0)

12.75 (0.46)

<0,001*

Peso

55.90 (10.6)

57.20 (12.1)

55 (10.2)

0.718

Altura

1.67 (0.08)

1.70 (0.07)

1.64 (0.07)

0.138

IMC

19.94 (3.05)

19.41 (2.42)

20.33 (3.56)

0.596

Freqüência

87.17 (8.55)

91.02 (7.38)

84.29 (10.01)

0.191

Fonte: Elaboração do autor, 2014

    Os resultados obtidos pelos grupos antes da intervenção do treinamento, podem ser verificados na Tabela 2.

Tabela 2. Comparação entre GTF e GC no primeiro momento de avaliação

Teste

1ª Avaliação GTF

1ª Avaliação GC

P – valor

Composição corporal (%G)

11.72 (5.84)

17.16 (9.55)

0.243

Sentar e alcançar (cm)

27 (2.97)

23 (7.65)

0.251

Abdominal 1 minuto (rep)

33.50 (9.22)

29.75 (11.35)

0.521

Arremesso de medicine ball (m)

4.32 (0.51)

3.74 (0.67)

0.103

Salto horizontal (m)

1.90 (0.09)

1.65 (0.18)

0.009*

Salto vertical (cm)

42.83 (4.35)

36.30 (6.50)

0.055

Teste do quadrado (seg)

5.46 (0.41)

6.05 (0.40)

0.019*

Corrida 20 metros (seg)

3.71 (0.22)

4.39 (0.36)

0.001*

Teste de Margaria – (kgm/seg)

184.72 (47.02)

149.45 (65.56)

0.286

Caminhada / corrida 6 minutos (m)

1317.83 (284.97)

907.25 (274.87)

0.018*

Fonte: Elaboração do autor, 2014

* P – valor <0.05

    Corroborando com estes achados, Silva (2006) cita que existe evolução constante no nível de aptidão física entre meninos comparando as diferentes faixas etárias. Em um estudo realizado por Krebs e Macedo (2005) foi encontrado que o nível de aptidão física de meninos foi crescente dos 7 aos 16 anos de idade nas variáveis de agilidade e potência. Já na variável de velocidade as melhoras aconteceram dos 7 aos 14 anos, tendo uma estagnação dos resultados até os 16 anos, diferente dos achados de Barbanti (1989, apud Krebs; Macedo, 2005) que mostram desenvolvimento da velocidade entre meninos dos 10 até os 16 anos.

    Guedes e Barbanti (1995 apud Krebs; Macedo, 2005) avaliaram o desempenho da potência de crianças e adolescentes, através do teste de salto horizontal e verificaram que meninos têm um aumento gradativo na capacidade de salto, com grande significância dos 11 anos até os 17 anos de idade.

    Um estudo realizado por Matsudo e Perez (1986 apud Tourinho Filho; Tourinho, 1998) mostrou a melhora significativa da potência anaeróbica máxima de escolares ao decorrer dos anos, não tendo influência o peso corporal e a estatura. Tourinho Filho e Tourinho (1998) indicaram que a potência máxima, e conseqüentemente o desempenho anaeróbico, progride em relação à idade, o que provavelmente explica os achados no presente estudo em relação às variáveis de agilidade, velocidade e força explosiva de membros inferiores, tendo em vista que a diferença de idade entre os grupos foi significativa.

    Em relação à capacidade aeróbica, Mirwald et al. (1981 apud Tourinho Filho; Tourinho, 1998) citam que existe evolução constante nesta capacidade nos rapazes até os 18 anos de idade. Em relação ao desempenho em testes de corrida de média e longa duração, constatou-se que indivíduos do sexo masculino têm resultados continuamente superiores dos 7 aos 20 anos. (Guedes, 1994 apud Tourinho Filho; Tourinho, 1998; Tanaka, 1986, apud Tourinho Filho; Tourinho, 1998).

    Estas proposições provavelmente explicam a diferença significativa entre os grupos no teste de caminhada / corrida 6 minutos, tendo em vista a diferença significativa de idade entre os grupos citada anteriormente.

    Após a intervenção, conforme Tabela 3, o GTF continuou mantendo diferença significativa em relação ao GC no teste de quadrado, porém não mais nos testes de salto horizontal, corrida 20 metros e caminhada / corrida 6 minutos como na primeira bateria de testes. Em contrapartida passou a apresentar resultados significantes nos testes de salto vertical e Margaria.

Tabela 3. Comparação entre GTF e GC após 16 semanas de intervenção

Teste

2ª Avaliação GTF

2ª Avaliação GC

P – valor

Composição corporal (%G)

11.48 (4.72)

16.89 (10.79)

0.268

Sentar e alcançar (cm)

26.50 (3.39)

23.30 (5.79)

0.253

Abdominal 1 minuto (rep)

44 (11.10)

35.50 (10.06)

0.159

Arremesso de medicine ball (m)

4.79 (0.53)

4.20 (0.61)

0.080

Salto horizontal (m)

1.97 (0.12)

1.76 (0.23)

0.065

Salto vertical (cm)

45.50 (5.01)

37.60 (6.90)

0.035*

Teste do quadrado (seg)

4.95 (0.23)

5.39 (0.19)

0.002*

Corrida 20 metros (seg)

3.02 (0.19)

3.32 (0.33)

0.070

Teste de Margaria – (kgm/seg)

270.84 (55.27)

190.13 (49.58)

0.014*

Caminhada / corrida 6 minutos (m)

1513 (406.65)

1132.63 (267.46)

0.055

Fonte: Elaboração do autor, 2014

* P – valor <0.05

    Percebe-se maior evolução do GC em relação ao GTF nos testes de salto horizontal, corrida 20 metros e caminhada/corrida 6 minutos, pois conseguiu reduzir a diferença significante apresentada anteriormente, apesar do GTF continuar mantendo melhores marcas. Estes resultados podem estar relacionados ao princípio da treinabilidade, citado por Andrean (2013), que aponta que quanto maior for a experiência do praticante, menos suscetível ao aperfeiçoamento ele será, e vice-versa.

    Colaborando com os pressupostos citados acima, e considerando a variável de velocidade, Mitra e Mogos (1982 apud VIEIRA, 1989) afirmam que quanto menor a idade maior a probabilidade de ganhos de velocidade, justificando, provavelmente, os achados destes resultados. Porém, os mesmos autores citam que quanto maior a idade, mais significantes são os ganhos em relação à força e resistência, não justificando a maior evolução do GC nos testes de salto horizontal e corrida / caminhada 6 minutos.

    Desta forma, os resultados encontrados em relação aos testes de salto horizontal, corrida/caminhada 6 minutos e corrida 20 metros parecem estar mais relacionados com o princípio da treinabilidade, sendo a citação de Mitra e Mogos (1982 apud VIEIRA, 1989) apenas válida para a variável de velocidade.

    Em relação aos testes de agilidade, resistência anaeróbica alática e salto vertical, para os quais o GTF teve melhora significante em comparação com o GC, a prática do treinamento funcional pareceu ter boa aplicabilidade.

    Para estes resultados os pressupostos de Mitra e Mogos (1982 apud VIEIRA, 1989) parecem ter maior significância, já que o GTF melhorou seus resultados no teste de Margaria (resistência anaeróbica alática) e salto vertical (força explosiva de membros inferiores). Entretanto, o resultado para o teste de agilidade não confirma o citado pelos autores, já que a agilidade está intimamente ligada com a velocidade.

    Tanto a agilidade quanto a resistência anaeróbica alática foram trabalhadas diretamente ao longo das 16 semanas de intervenção, o que provavelmente explica os resultados apresentados e comprova a efetividade da aplicação do treinamento funcional para a melhora destas capacidades. Já a força explosiva não foi trabalhada diretamente, tendo sido realizados apenas exercícios para o aumento da resistência muscular localizada e da hipertrofia muscular.

    Para Hakkinen (1989 apud Marques Junior, 2005) cita que para aumentar o salto vertical do atleta de voleibol são imprescindíveis o treinamento da força máxima e da força explosiva. Todavia, a força máxima também pode ser beneficiada pelo treinamento da força hipertrófica. Bonganha et al. (2010) relataram o aumento da força máxima de membros inferiores e superiores em mulheres na pós-menopausa após 32 semanas de treinamento de força hipertrófica. Segundo McCharthy et al. (2002 apud Bonganha, 2010) isto pode acontecer devido ao aumento do recrutamento e sincronização de unidades motoras, da melhoria da coordenação dos grupos musculares antagonistas e do aumento da freqüência de estimulação, fatores que podem ter influência sob os níveis de força muscular no início do treinamento. Especula-se, portanto, que o trabalho de força hipertrófica, nos momentos iniciais do treinamento, pode ter influência positiva no nível de força máxima e, conseqüentemente, no resultado do teste de salto vertical de atletas de voleibol.

    Sobral (1988 apud Tourinho Filho; Tourinho, 1998) cita que a melhora do recrutamento das unidades motoras pode melhorar o desempenho da potência anaeróbica na criança e no adolescente, mostrando que o treino de força também é eficiente para a melhora da capacidade anaeróbica e da agilidade, o que também poderia ter contribuído com os resultados encontrados.

Tabela 4. Resultados do GTF após 16 semanas de intervenção

Teste

1ª Avaliação

2ª Avaliação

P – valor

Composição corporal (%G)

11.72 (5.84)

11.48 (4.72)

0.939

Sentar e alcançar (cm)

27 (2.97)

26.5 (3.39)

0.791

Abdominal 1 minuto (rep)

33.50 (9.22)

44 (11.10)

0.105

Arremesso de medicine ball (m)

4.32 (0.51)

4.79 (0.53)

0.148

Salto horizontal (m)

1.90 (0.09)

1.97 (0.12)

0.279

Salto vertical (cm)

42.83 (4.35)

45.5 (5.01)

0.347

Teste do quadrado (seg)

5.46 (0.41)

4.95 (0.23)

0.024*

Corrida 20 metros (seg)

3.71 (0.22)

3.02 (0.19)

<0.001*

Teste de Margaria – (kgm/seg)

184.72 (47.02)

270.84 (55.27)

0.015*

Caminhada / corrida 6 minutos (m)

1317.83 (284.97)

1513 (406.65)

0.358

Fonte: Elaboração do autor, 2014

* P – valor <0.05

    De acordo com os resultados obtidos pelo GTF antes e depois das 16 semanas de intervenção, nota-se que foram significativos apenas aqueles obtidos nos testes do quadrado, corrida 20 metros e Margaria, de acordo com a Tabela 4.

    Considerando o período em que os testes foram aplicados, que incluiu toda a fase básica e o início da fase específica do período preparatório do macrociclo, onde foram priorizados nas primeiras 16 semanas os treinamentos de agilidade, velocidade, resistência muscular localizada, força hipertrófica, flexibilidade, resistência anaeróbica alática e resistência aeróbica, pode-se concluir que apenas foram estatisticamente eficazes os treinamentos voltados para agilidade, velocidade e resistência anaeróbica alática.

    Apesar destes resultados, é importante salientar que no teste de resistência aeróbica (caminhada/corrida 6 minutos) todos os indivíduos melhoraram suas marcas comparando os períodos pré e pós intervenção, mesmo os resultados não tendo sido significativos.

    Assim como no teste de resistência aeróbica, todos os indivíduos do GTF melhoraram suas marcas nos testes de força explosiva (arremesso de medicine ball, impulsão horizontal e impulsão vertical) mesmo sem essa capacidade física ter sido trabalhada durante o período estudado, provavelmente afirmando o pressuposto de McCharthy et al. (2002 apud BONGANHA, 2010), que cita que o aumento do recrutamento das unidades motoras, proveniente do treino de força hipertrófica, pode influenciar no aumento da força máxima.

    Na tabela 5 podemos notar que para o GC houve diferença significativa apenas nos teste do quadrado e no teste da corrida 20 metros.

Tabela 5. Resultados do GC após 16 semanas de intervenção

Teste

1ª Avaliação

2ª Avaliação

P – valor

Composição corporal (%G)

17.16 (9.55)

16.89 (10.79)

0.958

Sentar e alcançar (cm)

23 (7.65)

23.30 (5.79)

0.940

Abdominal 1 minuto (rep)

29.75 (11.35)

35.50 (10.06)

0.301

Arremesso de medicine ball (m)

3.74 (0.67)

4.20 (0.61)

0.173

Salto horizontal (m)

1.65 (0.18)

1.76 (0.23)

0.304

Salto vertical (cm)

36.30 (6.50)

37.60 (6.90)

0.725

Teste do quadrado (seg)

6.05 (0.40)

5.39 (0.19)

<0.001*

Corrida 20 metros (seg)

4.39 (0.36)

3.32 (0.33)

<0.001*

Teste de Margaria – (kgm/seg)

149.45 (65.56)

190.13 (49.58)

0.183

Caminhada / corrida 6 minutos (m)

907.25 (274.87)

1132.63 (267.46)

0.118

Fonte: Elaboração do autor, 2014

    Segundo Bompa (2002) a velocidade é uma capacidade que é determinada pela genética, porém pode ser melhorada quando realizada com um alto grau de coordenação, o que pode explicar a melhora significante no teste de velocidade para o GC, que não realizou nenhum treino específico para a melhora desta capacidade, mas sim, atividades lúdicas com foco em agilidade e coordenação.

    Já os resultados encontrados no teste de agilidade mostra a efetividade da prática de atividades lúdicas para a melhora desta capacidade.

    Corroborando com alguns destes achados, um estudo realizado por Manich (2010) demonstrou que a prática de atividades lúdicas pode influenciar significativamente na melhora de flexibilidade, resistência muscular localizada, força explosiva, agilidade, velocidade e resistência aeróbia de escolares, mostrando a efetividade deste tipo de atividade para a melhora da aptidão física.

    Apesar de não ter sido estatisticamente significativo, todos os indivíduos do GC melhoraram também suas marcas nos testes de Margaria (resistência anaeróbica alática) e caminhada / corrida 6 minutos (resistência aeróbica).

    Para o desenvolvimento do sistema anaeróbico alático, Bompa (2002) cita que devem ser realizadas atividades com duração entre 1 e 15 segundos, com intensidade elevada. Para melhorar a capacidade anaeróbica lática, as atividade devem durar entre 15 segundos a 1 minuto, também com intensidade alta. Já para o desenvolvimento da capacidade aeróbica, atividades com duração superior a 1 minuto são ideais, com intensidades baixas, médias ou submáximas, dependendo da duração do exercício.

    Levando isso em consideração, pode-se concluir que atividades lúdicas com foco na agilidade, realizadas com duração máxima de 15 segundos e em altas intensidades podem melhorar a resistência anaeróbica alática dos praticantes, da mesma forma que atividades, também lúdicas, com maior duração (> 1 minuto) e com intensidades um pouco mais baixas podem contribuir para a melhora do condicionamento aeróbico, o que, provavelmente, explica a melhora de todos os indivíduos do GC nos testes de resistência anaeróbica alática e resistência aeróbica.

Conclusão

    No primeiro momento de avaliação podemos perceber que o GTF teve valores significativamente melhores que o GC nos testes de salto horizontal, velocidade, agilidade e resistência aeróbia. Estes resultados supostamente apareceram devido à idade do GTF, que era significativamente maior que a de GC.

    Após as 16 semanas de intervenção o GTF manteve superioridade significante em relação ao GC no teste de agilidade e passou a ter resultados significantes no teste de salto vertical e no de resistência anaeróbica alática, mostrando que o treinamento funcional parece ser eficaz para a melhora destas capacidades físicas. Os resultados também parecem estar relacionados à maior idade do grupo, bem como aos treinamentos de força, agilidade e resistência realizados.

    Para estes achados, conclui-se que o grupo que praticou o treinamento funcional teve melhora significativa em relação às variáveis de agilidade, salto vertical e resistência anaeróbica alática, parecendo este tipo de metodologia ideal para quem busca o maior rendimento nestas capacidades.

    O GC após a intervenção reduziu os resultados significantes em relação ao GTF nos testes de salto horizontal, velocidade e resistência aeróbica apresentados na primeira avaliação. Estes resultados foram relacionados com o princípio da treinabilidade, para todas as capacidades citadas. Para a velocidade também se relacionou este resultado com a idade do grupo.

    Comparando os resultados pré e pós intervenção, o GTF melhorou significativamente os seus resultados apenas nos testes de agilidade, velocidade e resistência anaeróbica alática. Um estudo mais longo deveria ser realizado para verificar se o treinamento funcional teria influência significativa nas demais variáveis analisadas neste estudo.

    Em relação à primeira avaliação o GC melhorou seus resultados com significância nos testes de agilidade e velocidade. Todos estes resultados foram relacionados à prática de atividades lúdicas que envolveram agilidade e coordenação.

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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 20 · N° 211 | Buenos Aires, Diciembre de 2015
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