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Possibilidades pedagógicas para o uso da clepsidra no 

ensino fundamental: uma proposta à luz do pensamento 

complexo para as aulas de ciências, história e matemática

Posibilidades pedagógicas para el uso del reloj de agua en la educación primaria: una propuesta 

a la luz del pensamiento complejo para las clases de ciencias, historia y matemáticas

Pedagogical possibilities for the use of water clock in primary education: a proposal 

in the light of complex thinking for classes in science, history and mathematics

 

Mestrandos do programa EDUCIMAT

Instituto Federal do Espírito Santo

(Brasil)

Alvarito Mendes Filho

Antônio Lopes de Souza Neto

Larissa Merizio de Carvalho

Rodolfo Moura Pereira

Rurdiney da Silva

rodolfom.ifes@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O ensino numa perspectiva interdisciplinar tem sido foco de pesquisa na educação com especial atenção na última década. Contribuindo com este cenário, alguns pensadores contemporâneos como Edgar Morin argumentam a favor do olhar integrado de várias disciplinas propondo um novo olhar sobre a ciência. Além disso, a grade curricular de alguns níveis de educação como o ensino médio já incorporam modelos interdisciplinares e transdisciplinares no trato do conhecimento. Neste artigo trazemos uma possibilidade de montagem do relógio de água e propomos um olhar através da teoria da complexidade de Morin (2011) para a abordagem científica da clepsidra em um ambiente de ensino fundamental.

          Unitermos: Clepsidra. Complexidade. Edgar Morin.

 

Abstract

          Teaching an interdisciplinary perspective has been the focus of research in education with special attention in the last decade. Contributing to this scenario, some contemporary thinkers such as Edgar Morin argues for the integrated look of various disciplines proposing a new looks at the science. In addition, the curriculum of some levels of education as high school already incorporate interdisciplinary and transdisciplinary models in dealing knowledge. In this article we present a possibility of mounting the water clock and suggest a look through the theory of complexity of Morin (2011) to the scientific approach of the hourglass in an environment of elementary school.

          Keywords: Clepsidra. Complexity. Edgar Morin.

Recepção: 30/08/2015 - Aceitação: 21/11/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 211, Diciembre de 2015. http://www.efdeportes.com/

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Mensurando o tempo com água

    A clepsidra ou relógio de água foi um dos primeiros sistemas criados pelo homem para medir o tempo, assim como o relógio de sol e a ampulheta. A clepsidra pode ter diferentes formatos e marca a passagem do tempo por meio da movimentação da água, em função da gravidade. Seu sistema é bem semelhante à ampulheta, mas com a água se locomovendo entre os recipientes ao invés da areia.

    No geral, a clepsidra consiste em dois recipientes, colocados em níveis diferentes. Um deles deve ser colocado na parte superior contendo o líquido, e o outro, na parte inferior, com uma escala de níveis interna, inicialmente vazio. Através de uma abertura parcialmente controlada no recipiente superior, o liquido passa para o inferior, observando-se o tempo decorrido pela escala. Com isso, é possível marcar alguns intervalos de tempo.

    Ao longo da história, a clepsidra foi utilizada para medir períodos curtos, tais como:

    É importante destacar que há vários fatores que influenciam na duração do fluxo de água, dificultando a exatidão de algumas clepsidras. Alguns desses fatores são: a variação da pressão atmosférica; as impurezas da água e a temperatura da água. A seguir, trazemos um relato de experiência, no qual montamos uma clepsidra com material alternativo.

Metodologia

    A clepsidra pode ser construída facilmente com materiais alternativos. Os materiais utilizados foram:

Tabela 1. Materiais necessários para produção da CLEPSIDRA

Materiais para construção da clepsidra

  • Garrafa PET e um recipiente coletor (pode ser outra garrafa PET)

  • Tampas de garrafas PET

  • Agulhas (ou outros objetos pontiagudos)

  • Água colorida com anilina

  • Escala milimétrica

  • Tesoura ou estilete

  • Cola ou fita adesiva

  • Cronômetro

  • Folha de Dados

    Os procedimentos de montagem da clepsidra foram:

1.     Corte o fundo de uma garrafa PET

2.     Faça um pequeno furo na tapa da garrafa

    Dicas:

a. Aquecendo levemente o objeto pontiagudo a perfuração ficará mais fácil.

b. O tamanho do furo definirá a vazão com que a água escoará determinando a escala de tempo que seu relógio será capaz de medir.

3.     Fixe a escala no recipiente coletor do relógio

4.     Utilize a anilina para colorir a agua a ser utilizada

5.     Calibrando o relógio

    Antes de colocar água na clepsidra estabeleça um critério para o registro do tempo. Em nosso caso, optamos por fazer registros em segundos a cada centímetro de água que era adicionado no recipiente receptor. Feito isso, adicione água, dispare o cronômetro e inicie os registros.

6.     Dados da calibração

Tabela 2. Calibração

    Destacamos que estes valores são peculiares ao nosso experimento, uma vez que a vazão (quantidade de água por unidade de tempo) é influenciada por variáveis como: adição de alguma substância (anilina), quantidade inicial de água, tamanho do furo, entre outras. Portanto, sem padronizações destas variáveis, cada clepsidra terá a sua própria vazão.

Proposta de trabalho

    O uso da clepsidra pode ser utilizado por professores como uma proposta de atividade multidisciplinar, integrando as disciplinas de Ciências, Matemática e História no Ensino Fundamental. Essa proposta dialoga com a teoria da Complexidade de Morin.

    Edgar Morin - filósofo francês - é considerado um dos maiores pensadores ainda em atividade. Dentre algumas idéias que este teórico nos traz, a chamada “Teoria da complexidade” pressupõe um pensamento transdisciplinar a fim de se superar as lacunas deixadas pelo pensamento cartesiano através da simplificação dos saberes e sua conseqüente fragmentação.

    Tratar da teoria conhecida como “Teoria da complexidade” pode inicialmente se mostrar uma tarefa temerosa dado a conotação atribuída ao termo “complexo”. No entanto, uma análise etimológica nos revela que o presente termo se origina do latim complexus que quer dizer “tecido em conjunto”. Assim a referida teoria nos conduz ao consenso de que o conhecimento deve ser tratado de maneira não fragmentada, pois, no campo das ideias a soma das partes nunca corresponderá ao todo (Morin, 2011).

    Para este autor pensar a complexidade é o maior desafio contemporâneo, já que esta atitude implica em uma reforma no nosso modo de pensar. A tarefa do pensamento complexo é, fundamentalmente, tratar com incerteza tudo aquilo que é capaz de conceber organização. É o pensamento capaz de reunir, contextualizar e globalizar, mas ao mesmo tempo, ser capaz de reconhecer o singular, o individual e o concreto (Morin, 2011).

    Na educação, fala-se em transdiciplinaridade, interdisciplinaridade, multidisciplinaridade, etc., entretanto, a aplicabilidade do pensamento de Edgar Morin à educação é mais ampla que estes conceitos. Morin propõe uma ruptura com as fronteiras das disciplinas (Peixoto & Azevedo, 2010). Um exemplo incipiente da manifestação de sua teoria já esta sendo conduzido por algumas redes de ensino que procuraram agrupar as disciplinas em grandes áreas que possuem um diálogo epistemológico. Assim, não temos que destruir disciplinas, mas sim integrá-las reuni-las em uma ciência em prol da melhor compreensão de um fenômeno específico.

    Desde 2009 o governo federal adotou um novo modelo educacional que agrupa as disciplinas clássicas em quatro grandes áreas, a saber: ciências humanas e suas tecnologias; linguagens, códigos e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias e por fim, matemática e suas tecnologias. É claro que esta tentativa de superar a disjunção entre o conhecimento não é e nunca será um modelo perfeito. Por hora, podemos apenas destacar que, este modelo ainda causa uma fragmentação do saber, porém constitui-se a melhor aproximação que possuímos atualmente do pensamento complexo de Morin.

    Na tentativa de estabelecer uma linha complexa de pensamento, este artigo propõe um diálogo entre as disciplinas de ciências, história e matemática, por hora, pertencentes a áreas diferentes segundo a visão adotada pelo MEC ao tratar os conteúdos no ensino médio. Nosso objetivo é trazer o pensamento complexo para o ensino fundamental. Esta proposta materializa-se através da exploração das possibilidades de ensino proporcionadas pelo experimento de construção de uma clepsidra (ou relógio d’água).

    Portanto, a clepsidra proporciona uma oportunidade de extrapolar as fronteiras do saber entre as disciplinas supracitadas. Neste sentido, a matemática se faz necessária aos cálculos de vazão e conversões. As ciências se fazem presentes ao considerarmos algumas variáveis que podem influenciar no funcionamento da clepsidra como a pressão atmosférica, gravidade, influências de diferentes solutos, temperatura e pressão. A história se faz necessária para compreender o histórico de construção e uso da clepsidra.

    Neste caso, o diálogo premente entre as disciplinas da chamada áreas de “ciências da natureza e suas tecnologias (física e química), “ciências humanas e suas tecnologias” e ainda, ”matemática e suas tecnologias”, tratadas na dimensão do ensino fundamental, devem mostrar que a esta união bem sucedida é de grande relevância nos aspectos educacionais destas áreas de conhecimento, notadamente, ao tratarmos dos conteúdos necessários à maior compreensão dos conhecimentos relacionados à clepsidra.

Considerações finais

    Inserir a proposta da complexidade na escola é um dos grandes desafios da educação em nosso século. Nessa direção, alguns esforços têm sido empregados a fim de se proporcionar uma visão mais holística da ciência. Entendemos que é possível e necessário o trato dos conteúdos numa visão transdisciplinar para realmente conceber ideias mais precisas sobre a natureza dos fenômenos parcialmente compreendidos pelo homem. O tempo desperta muitas indagações de origem filosófica e científica que mereceriam um tratamento complexo para uma maior aproximação de sua compreensão. Neste emaranhado epistemológico, este artigo propõe um ponto de partida para as reflexões sobre o tempo, especialmente ao considerar a natureza da Clepsidra.

Bibliografia

  • Clepsidra. (2014). Retrieved June 15, 2014, from https://pt.wikipedia.org/wiki/Clepsidra

  • Morin, E. (2011). Introdução ao pensamento complexo (4a ed.). Porto Alegre: Sulina.

  • Peixoto, M. C. dos S., & Azevedo, L. C. S. S. (2010). Edgar Morin e a construção de um sujeito múltiplo para uma educação complexa: breves apontamentos. Interscience Place, 3(14), 1–16.

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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 20 · N° 211 | Buenos Aires, Diciembre de 2015
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