efdeportes.com

Análise da política nacional de atenção integral 

à saúde do homem: uma revisão de literatura

Análisis de la política nacional de atención integral a la salud del hombre: una revisión de la literatura

Analysis of the national policy for integral attention to men's health: a literature review

 

*Psicóloga. Pós-Graduada em Saúde Publica pela Faculdade Nobre. Residente

em Saúde da Família pela Secretaria de Saúde do Estado da Bahia. Feira de Santana – Bahia

**Enfermeira. Pós-Graduada em Saúde Publica pela Faculdade Nobre. Feira de Santana – Bahia

***Enfermeira Pós-Graduanda em Enfermagem em Terapia Intensiva pela Atualiza

e Pós-Graduada em Saúde Publica pela Faculdade Nobre. Feira de Santana – Bahia

****Enfermeiro. Especialista em Enfermagem do Trabalho. Mestrando em Enfermagem pela UFBA

*****Fisioterapeuta. Mestre em Saúde Coletiva pela UEFS

Professor Assistente da Universidade do Estado da Bahia

(Brasil)

Amana Bastos de Souza Pardo Casas*

amana@oi.com.br

Criscia Christynne Martins Nery**

crisciag12@hotmail.com

Fernanda de Almeida Moreira**

fernanda_almeidam@hotmail.com

Natalie Oliveira Gonçalves Vilas Boas***

natalie_vilas_boas@hotmail.com

Anderson Reis de Sousa****

son.reis@hotmail.com

Marcio Costa de Souza*****

mcsouzafisio@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Trata-se de uma revisão de literatura que teve como tem por objetivo de fazer uma análise sobre a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem. O levantamento dos dados se deu a partir da busca de fontes com o foco na criação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, realizado nas bases de dados: Scielo, Lilacs e Bireme. Como critérios de inclusão foram utilizados referências nacionais, publicadas nos últimos 10 anos. Nas bases de dados foram encontrados 35 artigos, e destes foram selecionados 22 que atenderam ao objetivo do estudo. Com a análise das produções selecionadas foram elencadas três categorias temáticas de discussão: movimentos políticas e marcos históricos da implantação da PNAISH; contribuições da implantação da PNAISH no Brasil e dificuldades e desarticulações no processo de implementação da Política. Concluímos que é perceptível a necessidade de se aplicar novas estratégias que fortaleçam as ações, tornem expressiva a demanda de saúde dos homens eliminando construções hegemônicas de masculinidades e buscando superar barreiras para o sucesso da atuação da Política no cotidiano.

          Unitermos: Saúde do homem. Atenção básica à saúde. Politicas Públicas.

 

Abstract

          This is a literature review that had as aims to make an analysis of the National Policy for Integral Attention to Men's Health. The survey of data was from the search sources with the focus on creation of the National Policy for Integral Attention to Men's Health, held in databases: Scielo, Lilacs and Bireme. As Inclusion criteria, national references were used, published in the last 10 years. In the databases were found 35 articles, and from these were selected 22 that met the study objective. With the analysis of selected productions were listed three themes for discussion: political movements and landmarks of the implementation of PNAISH; contributions to the implementation of PNAISH in Brazil, difficulties and dislocations in the policy implementation process. We have Concluded that it is perceived the need to apply new strategies to strengthen the actions, that make it become significant the demand of men's health eliminating hegemonic constructions of masculinity and seeking to overcome barriers to successful performance of the politics in everyday life.

          Keywords: Men’s Health. Primary health. Public Policies.

 

Recepção: 14/08/2015 - Aceitação: 20/11/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 211, Diciembre de 2015. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    O Sistema Único de Saúde brasileiro atua para mais de 93 milhões de homens em todo o país, sendo que 52 milhões encontram-se na faixa etária entre 20 e 59 anos, compondo a população alvo de atenção para o desenvolvimento de estratégias e ações (Chakora, 2014).

    Como forma de atender a este contingente, em agosto de 2008, nos marcos dos 20 anos do Sis­tema Único de Saúde (SUS), através da Secretaria de Atenção à Saúde, do Ministério da Saúde, foi criada a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem: princípios e diretrizes (PNAISH) em vigor em todo território nacional (Brasil, 2009).

    Segundo Separavich e Canesqui (2013) a Atenção Básica, porta de entrada preferencial do SUS e referência para a estruturação dos sistemas locais de saúde, objetiva mais que uma oferta de uma clínica especializada para erradicação de doenças. Ao se orientar pelos princípios da universalidade, da acessibilidade, do vínculo, da continuidade do cuidado, da humanização, da equidade e da participação social, a autora descreve que este é um modelo de saúde que entende o sujeito em sua singularidade, em diversos contextos socioculturais e loco-regionais, e é desta maneira que pode ser produzido uma atenção integral.

    Destarte, o Ministério da Saúde apresenta a Política Nacional de Atenção Integral à saúde do Homem objetivando promover ações de saúde voltadas para a população masculina adulta, que compreende 20% da população total do Brasil (Albano, 2010; Brasil, 2008).

    Vale a pena ressaltar que, a vitimização e culpabilização dos homens pelo próprio adoecimento ainda se mostra como uma característica marcante no documento-base (Martins, 2014).

    Além de buscar facilitar o acesso dessa população aos serviços de atendimento integral à saúde na atenção primária, o que confere à política um caráter mais abrangente no cuidado à saúde do homem (Separavich, Canesqui, 2013).

    Em face dessa problemática, surgiu o interesse por este estudo que tem como objetivo geral analisar teoricamente a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem.

Materiais e métodos

    Para obtenção dos objetivos escolhidos, foi utilizado o método de revisão bibliográfica, de caráter descritivo. Lakatos e Marconi (2006) descrevem o estudo descritivo como aquele que faz referência às partes mais importantes dos componentes de um texto.

    De acordo com Gil (2010) a pesquisa bibliográfica é elaborada com base em material já publicado, tornando-se possível obter informações desejadas através de material impresso, como livros, revistas, teses, jornais, dissertações e anais de eventos científicos. Nessa modalidade de pesquisa, se realiza o levantamento teórico de determinado assunto a partir da coleta de informações sobre o que diferentes autores relatam sobre o mesmo.

    Este levantamento bibliográfico foi realizado nas bases de dados: Scielo, Lilacs, Bireme. Como critérios de inclusão foram utilizados referências nacionais, recorte temporal estipulado buscou cobrir o período dos últimos 10 anos. Utilizando os descritores: Saúde do Homem, Atenção Primária à Saúde, Politicas Públicas, onde foram encontrados nas bases de dados foram encontrados 35 artigos, e destes foram selecionados 22 artigos que atenderam ao objetivo do estudo. Os artigos científicos selecionados atenderam aos critérios da seleção, onde foi feita a leitura do material obtido e em seguida iniciada a confecção do artigo.

    Revisão teórica é a parte do artigo que exibe de forma breve a revisão das principais fontes, obras, referências que tratam do tema a ser analisado, pois parte-se do pressuposto de que nenhuma investigação começa da estaca zero.

    Primeiramente foi realizado a pré-análise onde organizamos os materiais e escolhemos os documentos que foram analisados e formulados de acordo com os objetivos gerais e fundamentamos a pesquisa. Em seqüência seguimos com a exploração dos artigos onde escolhemos as que se encaixavam no perfil da pesquisa através de uma leitura minuciosa, a fim de explorar o material e por fim, foi realizado o tratamento dos resultados, dos conteúdos dos documentos classificando os elementos semelhantes e distintos para serem inseridos segundo as características iguais.

Movimentos políticos e marcos históricos da implantação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem

    A temática que envolve discussões sobre a inserção dos homens na formulação das políticas de saúde, bem como os debates de gênero e masculinidades, historicamente vem sendo vista em menor destaque, se considerarmos as ações realizadas à saúde da mulher, conforme aponta Couto e Gomes (2012).

    No Brasil em 1930 já começaram a surgir medidas especiais de saúde para as mulheres centradas na chamada saúde materno-infantil (Carraca et al., 2009). Em 1983, com a criação do PAISM (Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher), representou um grande marco na esfera das políticas públicas voltadas à saúde da mulher, incluindo entre suas ações o planejamento familiar (Knauth et al., 2012).

    Gênero aqui é entendido como um conceito que se refere à construção social do sexo. A palavra sexo remete tanto a caracterização anátomo-fisiológica dos seres humanos como também a atividade sexual propriamente dita, já o conceito de gênero é utilizado para distinguir a dimensão biológica da social. De acordo com Heilborn (1997) o raciocínio que prevalece na cultura ocidental apóia que a distinção baseia-se na idéia de que há machos e fêmeas na espécie humana, mas a qualidade de ser homem e ser mulher é realizada pela cultura.

    Entre as políticas públicas, a saúde do homem não era priorizada, mais aos poucos foi se observando uma maior necessidade de atenção a população masculina e nos últimos anos está sendo uma das prioridades do governo. A partir dos anos 90 do século XX, essa questão foi abordada de uma forma de perspectiva diferenciada buscando a singularidade do ser saudável e a significação da masculinidade para buscar uma saúde mais integral ao homem (Julião e Weigelt, 2011).

    No Brasil, a preocupação com a temática da saú­de da população masculina encontra-se traduzida na Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH), instituída através da Portaria nº 1.994, de 27 de agosto de 2009 (Brasil, 2009).

    A PNAISH surge a partir de uma decisão política e não de uma demanda reconhecida e compartilhada pelos homens, abrindo pouco espaço para parti­cipação nos processos decisórios e deliberativos (Martins, 2013).

    Entende-se que a legitimidade da PNAISH se constrói pelas análises críticas que tomam como objeto o entrelaçamento dos temas saúde do homem, saúde coletiva e políticas públicas, buscando respaldo para pensar e repensar os possíveis caminhos da gestão da política da saúde do homem; e pelo seu diálogo com as políticas que surgem por efeito das lutas dos movimentos sociais, consolidando a relação entre gênero, saúde do homem e agenda política (Separavich e Canesqui, 2013).

    Chakora (2014) confirma que a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH) é o resultado de processos amplos de análise e discussão entre setores da sociedade civil, profissionais de saúde, gestores do Sistema Único de Saúde- SUS, pesquisadores e sociedades científicas.

    Destaca-se ainda que, a doença é considerada como um sinal de fragilidade que os homens não reconhecem como inerentes à sua própria condição biológica. O homem julga-se invulnerável, o que acaba por contribuir para que ele cuide menos de si mesmo e se exponha mais às situações de risco. Tendo dificuldade de reconhecer suas necessidades cultivando o pensamento mágico que rejeita a possibilidade de adoecer (Brasil, 2009).

Contribuições da implantação da PNAISH no Brasil

    A política proposta pelo referido Ministério pretende identificar os elementos psicossociais que acarretam a vulnerabilidade da população masculina à maior exposição de riscos em saúde, assim como, influenciam em seu acesso à Atenção Primária à Saúde (APS) (Brasil, 2009). Tal Programa quer mudar a cultura sobre a prevenção enfatizando, para isso, uma mudança paradigmática da percepção masculina em relação a seus cuidados com a saúde, a compreensão do universo masculino e suas motivações e empecilhos para fazer a prevenção de doenças (Alves et al., 2011).

    Assim, a Saúde da Família se constitui numa importante ferramenta para implantação da PNAISH no Brasil, uma vez que é uma estratégia de reorientação do modelo assistencial de saúde vigente no Brasil, onde a atenção passa do foco curativista e hospitalocêntrico para a atenção primária à saúde, atuando na promoção e prevenção da saúde (Brasil, 2010).

    É possível observar que, de acordo com Gomes et al (2005) as ações voltadas para a população masculina realizadas no campo da saúde ainda têm o foco restrito a assuntos como sexualidade, reprodução, paternidade e violência, o que revela uma carência na abordagem de assuntos relacionados ao processo saúde-doença-cuidado, que são fundamentais para se trabalhar a promoção da saúde e prevenção de doenças por meio de ações educativas em saúde; esses temas são geralmente abordados apenas no contexto acadêmico, carecendo de uma maior abordagem entre as equipes multiprofissionais dos serviços de Atenção Básica à saúde.

Dificuldades e desarticulações no processo de implementação da PNAISH

    As ações realizadas pela PNAISH que estão voltados para os homens brasileiros ainda se apresentam de forma um pouco tímida e escassa de acordo com o que tem sido observado por estudos que mencionam as diferenças existentes entre as condições de saúde da população brasileira segundo o sexo.

    Essa realidade atual mostra a existência de alguns motivos que dificultam a Política a ser implementada; gerando maior vulnerabilidade dos homens especialmente às doenças crônicas e graves, alcoolismo, tabagismo, violência e, conseqüentemente, mortalidade precoce deste grupo, considerando-se a baixa procura da população masculina pelos serviços de saúde um desafio a ser superado, e são justificados pela ausência de tempo para esperar nas longas filas dos serviços, por ocupar uma a posição de trabalho de longa carga horária, ou pelo mito da invulnerabilidade masculina, que é refletido na idéia de que homens fortes, viris e imponentes não necessitariam de cuidados e nem ficariam doentes (Araújo et al., 2012).

    Se tratando da primeira justificativa, o horário de funcionamento da UBS, sem dúvida é um grande obstáculo para a adesão dos homens a procura da atenção primária, pois coincide com o expediente do seu trabalho, fazendo com que eles se sintam ameaçados ao desemprego a todo o momento.

    Alves (2011) registrou a presença de receio/medo sentido pelos homens em comunicar no trabalho seus adoecimentos, devido aos relatos de demissão após a gestão ser informada da enfermidade de um funcionário. Tal fenômeno interfere negativamente sob a conduta masculina quanto à busca por serviços de saúde.

    Levando como prioridade as atividades laborativas e o sustento da família deixando de lado o cuidado a saúde, principalmente sua prevenção e a promoção, procurando o serviço de saúde somente quando a doença já está instalada ou agravada, geralmente em prontos socorros, farmácias e atendimento rápido para reparar os sintomas, ou seja, os homens em suas singularidades produzem suas próprias redes, diferente das preconizadas (Barbosa, 2014; Gomes, Merhy, 2014).

    Com isso Vieira et al (2011) trás que a PNAISH deve considerar a heterogeneidade das possibilidades de ser homem, pois as masculinidades são construídas historicamente e sendo agregadas a valores sócio-culturais. Entretanto, a masculinidade é caracterizada por concepções dominantes de ser homem, tendo em destaque a força e a virilidade. Figueiredo e Schraiber (2011) destacam a masculinidade como uma configuração prática em torno da posição dos homens nas relações de gênero, que serve de modelo e é construída nas relações de homens e mulheres.

    Constatou-se que as práticas preventivas, sejam elas de ordem estrutural e/ou cultural, não fazem parte do cotidiano da população masculina. Também, antes não sendo o público masculino o interesse da prática da atuação das equipes de saúde, a menor procura pode ter sido ocasionada por serem os homens "invisíveis", no que tange à assistência nos serviços de saúde (Alves, 2011).

Considerações finais

    É perceptível a necessidade de se aplicar novas estratégias que visam aumentar a demanda do homem ao serviço de saúde eliminando preocupações e procurando quebrar barreiras para o sucesso da atuação da Política do dia-dia, como a educação em saúde através de informações e comunicação acerca da sensibilização dos homens e seus familiares, a procura da expansão do sistema ou atenção á saúde com o objetivo de fortalecer os serviços de Atenção Básica, qualificar os profissionais voltando-se para a saúde do homem através da realização de estudos e pesquisas contribuindo para a melhora da Política.

    Procurou-se analisar na bibliografia as produções sobre a saúde do homem e a política referente ao mesmo e para que ocorra realmente a plena concretização da Política de Atenção a Saúde do Homem é imprescindível haver além das mudanças organizacionais dos serviços, o desenvolvimento de ações integradas entre o setor saúde e a educação, para que a conscientização da importância de promoção da saúde e prevenção da doença seja algo próprio do homem, assim como atualmente é de grande parte das mulheres.

Bibliografia

Outros artigos em Portugués

www.efdeportes.com/

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 20 · N° 211 | Buenos Aires, Diciembre de 2015
Lecturas: Educación Física y Deportes - ISSN 1514-3465 - © 1997-2015 Derechos reservados