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O atletismo na escola. Uma perspectiva pedagógica na Educação Física

El atletismo en la escuela. Una perspectiva pedagógica en la Educación Física

Athletics in school. A pedagogical perspective in Physical Education

 

Licenciatura Plena e Bacharel em Educação Física – Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

Aperfeiçoamento em Proposta Curricular e Metodologias na 

Educação Integral – Universidade Federal de Viçosa (UFV)

Pós-Graduação em Treinamento Desportivo – Universidade Federal de Viçosa (UFV)

Pós-Graduação em Atividades Motoras para Promoção da Saúde e 

Qualidade de Vida – Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

Pós-Graduação em Atividade Física e Saúde – Universidade Federal

do Paraná (UFPR); Mestrado em Ciências da Educação Física

do Esporte e do Lazer – Universidade de Matanzas (UCCFD)

Rodrigo Mendes Costa

rodrigo.m.c10@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O presente trabalho visa relatar uma prática pedagógica sobre o atletismo, com ênfase nos aspectos lúdicos e educativos, na Escola Estadual Maria Augusta Silva Araújo, da cidade de Muriaé - MG, particularmente desenvolvido com os alunos do 6° ao 9°ano do Ensino Fundamental, do Projeto de Educação em Tempo Integral, entre os meses de março e dezembro de 2013. O objetivo foi identificar as principais características do atletismo e, especificamente distinguir os conceitos, citar e vivenciar as provas existentes, estabelecer uma prática de acordo com a realidade escolar e reconhecer o papel do esporte na atualidade.

          Unitermos: Esporte. Atletismo. Educação Física Escolar.

 

Abstract

          This paper describes a pedagogical practice of athletics, with emphasis on recreational and educational activities in the State School Maria Augusta Silva Araújo, in the city of Muriaé, MG, Brazil, developed with students from the 6th to the 9th year of elementary school from the Full Time Education Project (Projeto de Educação em Tempo Integral), during the months of March and December, 2013. The objective was to identify the main features of athletics and, specifically, to distinguish the concepts, state and experience the existing types, to establish a practice in accordance with the school reality and recognize the role of sport today.

          Keywords: Sports. Athletics. School Physical education.

 

          Trabalho desenvolvido na oficina de esportes do Projeto de Educação em Tempo Integral.

 

Recepção: 23/10/2015 - Aceitação: 08/12/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 211, Diciembre de 2015. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O atletismo é uma das primeiras modalidades esportivas que se pratica, pois se baseia em movimentos naturais como saltar, correr e arremessar. Conhecido desde tempos que remontam ao início de nossa civilização, o atletismo originou-se da necessidade de treinar guerreiros. A palavra atletismo deriva da raiz grega athlon, que significa combate. O atletismo ganhou fama na Grécia Antiga na época dos Jogos Olímpicos (Teixeira, 2013; Awad, 2010; Moreira, 2006;).

    Segundo Darido (2011) e Awad (2010), o atletismo conta a história esportiva do homem no planeta. É chamado de esporte-base porque sua prática corresponde a movimentos naturais do ser humano: correr, saltar, lançar. Não por acaso, a primeira competição esportiva de que se tem notícia foi uma corrida, nos Jogos de 776 a. C. na cidade de Olympia, na Grécia, que deu origem aos Jogos Olímpicos. A prova, chamada pelos gregos de stadium, tinha cerca de duzentos metros, e o vencedor Coroebus é considerado o primeiro campeão olímpico da história.

    Os estádios foram criados para que neles realizasse as corridas a pé, o mais antigo esporte praticado na Grécia. O interesse que despertou outras provas atléticas, além das corridas, fez os helenos desdobrarem a primitiva finalidade dos estádios para a realização de provas como o arremesso do peso, o lançamento do disco e os saltos (Darido, 2011).

    Porém, durante o período em que a Grécia caiu sob dominação do Império Romano, os Jogos Olímpicos tornaram-se cruéis e sanguinários até que, no ano 394 a. C., o imperador Teodósio II aboliu as competições em todo o território do Império. Depois disso, o atletismo foi quase abandonado (Teixeira, 2013).

    Em 1790, os ingleses organizaram as primeiras competições atléticas para amadores, estabelecendo, também, as primeiras regras para esse desporto (Awad, 2010). Da Inglaterra, o gosto pelo atletismo foi se tornando popular por toda a Europa. E, assim, chegou até os Estados Unidos, Onde surgiu a Associação Atlética de Nova York, em 1865 (Teixeira, 2013).

    De acordo com Teixeira (2013), o atletismo desembarcou no Brasil por volta de 1910, tendo a Confederação Brasileira de Desportos filiando-se a Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF) em 1914. A partir dos anos 1920, vários estados começaram a criar suas federações. Em 1977, foi criada a Confederação Brasileira de Atletismo, a CBAt, para unificar os esforços pelo desenvolvimento do atletismo no país.

    A CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo) é responsável pelo esporte no país. No plano mundial, a direção é da IAAF - Associação das Federações de Atletismo (Darido, 2011).

    A evolução do atletismo até os dias de hoje foi profundamente influenciada pelo avanço do conhecimento sobre a fisiologia do corpo humano, pelo alcance dos treinos e pela tecnologia (Teixeira, 2013).

    Conforme Teixeira (2013), atualmente, o atletismo é praticado em todo o mundo. Em 2010, a Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF) criou a Liga de Diamante do Atletismo, para estimular a prática das diversas modalidades pelo mundo, substituindo a Liga Ouro, que tinha função semelhante, porém restrita à Europa. As principais provas atléticas são a corrida, o salto e o arremesso.

    Na Educação Física, o atletismo pela sua variedade é considerado a base de todo o esporte. Ele é uma modalidade esportiva que compreende habilidades motoras mais básicas e primitivas do ser humano, como correr, saltar, arremessar e lançar. Na moderna definição, o atletismo é um esporte com provas de pista (corridas: velocidade, meio-fundo, fundo, revezamentos, com barreiras e com obstáculos), provas de campo (arremesso do peso, saltos e lançamentos), provas combinadas, como decatlo e heptatlo (que reúnem provas de pista e de campo), pedestrianismo (corridas de rua), corridas em campo (cross-country), corridas em montanha e marcha atlética (Darido, 2011).

    Para Darido (2011), apesar de serem consideradas básicas, pois são requisitadas em outros esportes, as provas do atletismo possuem elevadas exigências técnicas, tais como a corrida com barreiras, o salto com vara, os revezamentos e outras mais.

    Segundo Moreira (2006), essa modalidade envolve os movimentos básicos: andar, correr, saltar, saltitar, lançar, arremessar, os quais são inerentes ao homem. Se entendermos que essas ações vêm facilitar a própria coordenação, lateralidade, esquema corporal e percepção do próprio corpo, os mesmos deveriam ser abordados e aplicados desde a pré-escola e séries iniciais do ensino fundamental.

    A criança e o adolescente demonstram interesse nas ações utilizadas na prática do próprio Atletismo, em função de despertar, estimular e incentivar a melhoria de cada aluno, pois geram desafios ao próprio praticante, até quando se percebe a necessidade humana de gostar e se motivar diante de novos desafios (Moreira, 2006).

    As evidencias já observadas no atletismo constituem uma inegável vantagem em termos educacionais em relação a outras modalidades e não tem tido a devida correspondência em termos de peso curricular nas aulas de Educação Física que são efetivamente dadas (Awad, 2010).

    Como parte integrante da cultura corporal de movimento, o atletismo encontra-se no bloco de conteúdos dos esportes. Apesar de alguns esportes serem conteúdos demasiadamente transmitidos em aulas de Educação Física, outros, muitas vezes, são deixados de lado com a justificativa de falta de espaço, carências de materiais e resistência dos alunos. O professor pode diversificar os temas de suas aulas, procurando, inclusive, oferecer o atletismo de maneira alternativa, não precisando utilizar os materiais oficiais, muito menos uma pista ou caixa de areia. O despertar do interesse do aluno pela modalidade muitas vezes pode ser alcançado com jogos de arremessos, atividades de corridas, saltos e lançamentos na própria quadra, no pátio ou no terreno da escola. A experiência de superar as próprias marcas como diminuir o tempo em um pequeno tiro de velocidade, pode ser um grande atrativo para os alunos (Darido, 2011).

    Nesse sentido, o presente trabalho visa relatar uma prática de atletismo na escola, em uma perspectiva pedagógica lúdica e educativa.

Objetivo geral

  • Identificar as características do desporto atletismo.

Objetivos específicos

  • Distinguir os conceitos das diferentes provas do atletismo;

  • Citar e vivenciar as diversas provas do atletismo;

  • Estabelecer uma prática desportiva que atenda a educação física da escola e os interesses dos alunos.

  • Reconhecer criticamente o papel do esporte na sociedade.

Desenvolvimento

    As atividades foram desenvolvidas entre os meses de março e dezembro de 2013, na oficina de atletismo, na Escola Estadual Maria Augusta Silva Araújo, da cidade de Muriaé - MG, com os alunos do Projeto de Educação em Tempo Integral 6° a 9° ano, de ambos os sexos, com idades entre 11 e 14 anos, e seguindo os seguintes procedimentos metodológicos:

    1° - Apresentação teórica sobre a definição, história, origem, evolução, objetivos, fundamentos, regras, a pista, tipos de provas, equipamentos, linguagem (termos), inclusão, contexto social, características do esporte na escola e no clube, semelhanças, diferenças, imagens e vídeos sobre as provas de atletismo.

    Atividade teórica interdisciplinar para o aluno determinar o ponto de saída de cada uma das provas de corridas do atletismo (velocidade, meio fundo, fundo e revezamento), logicamente sabendo que, as chegadas das provas são num mesmo ponto. Ainda, se possível, indicar o número de voltas nas provas de meio fundo e fundo, na pista de 400m. Ex: Corridas de 100m, 200m, 400m, 800m, 1500, 3000m, 5000m, 10.000m, 100m com barreiras, 110m com barreiras, 400m com barreiras, revezamento 4x100m e revezamento 4x400.

    2° - Realização prática de diferentes tipos de provas individuais e coletivas (corridas, saltos, arremessos e lançamentos), Ex: Corridas de 100m, 200m, 400m, 800m, 1500m, 3000m, 100m com barreiras, 110m com barreiras, 400m com barreiras, revezamento 4x100m e revezamento 4x400.

    3° - Organização de competições individuais e coletivas (corridas), tendo como princípio os aspectos motivacionais e a questão do Fair Play (Jogo Limpo); Exceção: Dentre as provas de atletismo citados na literatura, os saltos, os arremessos e os lançamentos foram apresentados no plano teórico e desenvolvidos na prática sobre a forma de testes do Programa Esporte Brasil (PROESP-BR) – Corrida de agilidade (quadrado de 4m), corrida de velocidade 20m, corrida de resistência 6 minutos, salto horizontal (distância) e arremesso de medicine-ball (adaptado com bolas dentre de leite).

    Durante todas as etapas, utilizamos os seguintes instrumentos: Notebook, data-show, caixa de som, tela, slides, vídeos, imagens, DVD, textos, folhas A4, papel, bolas, cones, colchonetes, coletes e tampas plásticas.

    Já o processo avaliativo foi pautado em princípios que evidenciaram claramente a elevação dos níveis de conhecimento, de habilidades motoras e de convivência durante as aulas teóricas e práticas das diferentes provas do atletismo.

    Em relação à avaliação escolar do aluno, a mesma deve contribuir para o autoconhecimento e análise das etapas já vencidas, no sentido de alcançar objetivos previamente traçados, num processo contínuo. A participação dos alunos no processo de definição dos critérios implica decisões conjuntas, cada qual assumindo sua responsabilidade no processo, sendo que, os professores devem informar aos alunos sobre suas dificuldades; além disso, destacam que os alunos podem ser avaliados de forma sistemática, por meio de observações das situações de vivência, de perguntas e respostas formuladas durante as aulas, e de forma específica, em provas, pesquisas, relatórios e apresentações. Todavia, a avaliação deverá levar em conta as dimensões conceituais, atitudinais e procedimentais (Darido e Rangel, 2005; Darido e De Souza, 2009).

Considerações finais

    Esta prática pedagógica não teve como objetivo ensinar como dar aulas sobre atletismos, e sim demonstrar uma das possibilidades de se trabalhar dentro do contexto da Educação Física, ao relatar a temática de forma lúdica e educativa, identificando suas características, distinguindo seus conceitos, citando e vivenciando as provas existentes, estabelecendo uma prática de acordo com os interesses dos alunos e a realidade da escola e reconhecendo criticamente a função do esporte na sociedade.

    Durante toda a oficina, os alunos tiveram a oportunidade de vivenciar distintas formas de habilidades motoras e locomotoras, através de corridas, saltos arremessos e lançamentos, bem como, interpretar os principais pontos referentes à diferença entre o esporte de treinamento e o esporte de participação, esporte rendimento/recreação, esporte escola/clube, professor/treinador e o papel do esporte na sociedade.

    Com a conclusão desse trabalho, percebemos que conseguimos trazer novas aprendizagens e vivências para os alunos a respeito do atletismo. Além disso, a participação dos alunos nas aulas teóricas e práticas contribuíram de certa forma com reflexões no início e no final das aulas, com discussões, com debates e com o reconhecimento do valor do esporte na sociedade.

Bibliografia

  • Boaventura, E. (2011). Atletismo. In: S. C. Darido. Educação física escolar: compartilhando experiências. São Paulo: Phorte, (10) 247-263.

  • Darido, S. C. e de Souza Júnior, O. M. (2009). Atletismo. In: S. C. Darido e O. M. De Souza Júnior, Para ensinar educação física: possibilidades de intervenção na escola. 3ª ed. Campinas, SP: Papirus, (5) 115-135.

  • Darido, S. C. e Rangel, I. C. A. (2005). Educação física na escola: implicações para a prática pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.

  • Dorst, L. M. e Bourscheid, D. G. (2010). Atletismo na escola. In: H. Awad. Educação Física escolar: múltiplos caminhos. 1ª ed. Jundiaí, SP: Fontoura.

  • Nascimento, A. C. S. L. (2006). O atletismo e a prática nas escolas – uma realidade possível? In: E. C. Moreira. Educação física escolar: propostas e desafios 2. Jundiaí, SP: Fontoura.

  • Teixeira, H. V. (2013). Unidade 2 - Atletismo. In: H. V. Teixeira. Educação física e desportos: técnicas, táticas, regras e penalidades. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, (1, 2, 3 e 4) 62 – 101.

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