Incidências de lesões articulares e posturais na ginástica rítmica: uma revisão da literatura La incidencia de lesiones articulares y posturales en la gimnasia rítmica: una revisión de la literatura Incidences of joint and postural injuries in rhythmic gymnastics: a literature review |
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Universidade do Estado do Rio de Janeiro Centro de Educação e Humanidades Instituto de Educação Física e Desportos Rio de Janeiro – RJ |
Matheus Ramos da Cruz Philip Lawrence Barros Smith (Brasil) |
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Resumo A Ginástica Rítmica (GR) é um desporto que vem ganhando cada vez mais força e popularidade, pois é uma excelente forma de exercício físico, que trabalha o corpo, suas valências físicas e os aspectos psicomotores dos praticantes. Segundo Pereira (2002) os benefícios que a GR pode trazer são: na coordenação motora, na consciência corporal, na postura e nas qualidades físicas, contribuindo assim, para o desenvolvimento do esquema corporal ou o aprimoramento do mesmo. Por ser um desporto de alto rendimento, a sua iniciação começa desde cedo e seus praticantes iniciam sua especialização precocemente. Isso pode acarretar em lesões que podem afetar de forma negativa o desenvolvimento motor dos indivíduos, que futuramente poderão ter problemas posturais e articulares. O presente estudo tem como objetivo apresentar a incidência dessas lesões em praticantes da modalidade da GR. Para tal propósito foi realizado uma revisão bibliográfica em artigos que citam e abordam os temas descritos. Unitermos: Treinamento. Flexibilidade. Lesões. Ginástica rítmica.
Abstract The rhythmic gymnastic (RG) is a sport that is gaining more and more strength and popularity, because it is an excellent form of physical exercise, that it works on the body, their valences physical and psychomotor aspects of the practitioners. According to Pereira (2002) the benefits that the RG can bring are: in motor coordination, body awareness, posture and physical qualities, thus contributing to the development of the body scheme or the improvement of the same. To be a sport of high yield, their initiation starts from early and its practitioners start their early specialization. This can result in injuries that may adversely affect the development of motor individuals, which may in the future have postural and joint problems. The purpose of the present study is to present the incidence of these lesions in enthusiasts of RG. For this purpose was carried out a literature review of articles that cite and discuss the topics described. Because it is a high performance sport, your beginning starts early and its practitioners start their early specialization. This can result in injuries that may negatively affect the motor development of individuals, which may in the future have postural and joint problems. The objective of this study is to report the incidence of these lesions in enthusiasts of RG. For this purpose was carried out a literature review of articles that cite and discuss the themes described. Keywords: Training. Flexibility. Injuries. Rhythmic Gymnastics.
Recepção: 12/06/2015 - Aceitação: 03/10/2015
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 211, Diciembre de 2015. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
A Ginástica Rítmica (GR) é um desporto que vem ganhando cada vez mais força e popularidade, pois é uma excelente forma de exercício físico, que trabalha o corpo, suas valências físicas e os aspectos psicomotores dos praticantes. A GR traz muitos benefícios para os seus praticantes desde que seja trabalhada dentro dos padrões de treinamento, evitando a especialização precoce, segundo Pereira (2002) os benefícios que a GR pode trazer são: na coordenação motora, na consciência corporal, na postura e nas qualidades físicas, contribuindo assim, para o desenvolvimento do esquema corporal ou o aprimoramento do mesmo.
O manuseio dos aparelhos específicos da GR (bola, corda, arco, fita e maça) contribui para o desenvolvimento psicomotor das crianças, pois há diferentes formas de utilizar cada um desses aparelhos. Além dos aparelhos o desenvolvimento do ritmo proporciona o desenvolvimento cognitivo das crianças, que são estimuladas a criar e explorar movimentos advindos da modalidade, vivenciando ao máximo possível os movimentos proporcionados (Fonseca, 2011).
Para Alonso (2004), a GR é um dos esportes privilegiados, que por possuir habilidades motoras bem próximas da cultura corporal encontrada nas brincadeiras e nos jogos infantis, favorece desde os cinco anos de idade a possibilidade de vivências motoras na GR sem que estejamos iniciando precocemente na habilidade. E uma das principais valências dessa modalidade é a flexibilidade, que deve ser exaustivamente trabalhada para que se possa atingir a alta performance.
Shigaki (2013) afirma que a elegância e beleza dos movimentos são desenvolvidas em função do nível de algumas qualidades físicas, como a flexibilidade, que apresenta importante papel no esporte em função da necessidade de realizar os movimentos em uma grande amplitude articular. Segundo Alter (1996), a flexibilidade e uma característica mecânica responsável pela amplitude do movimento de uma determinada articulação ou mais articulações.
A ginástica artística requer um grande grau de flexibilidade na execução de seus movimentos por ser uma prática plástica e artística que exige cada vez mais uma maior performance de suas atletas. Barbanti (1997) afirma que, quanto mais elevada for a exigência de performance, mais atenção deve ser dada à flexibilidade.
O profissionalismo é dado por volta da adolescência da atleta, isso implica que uma atleta deva começar a pratica do esporte na infância, o que é ótimo para o desenvolvimento psicomotor. Porém, os treinos de flexibilidade são muito intensos e podem acabar gerando lesões durante a prática do esporte. Talvez esses treinos também gerem lesões futuras, que irão acompanhar a ex-atleta pela vida inteira, ocorridas de uma especialização precoce. Para Soares (2010), a especialização precoce é entendida ao inserir uma criança em uma determinada modalidade, tendo como alvo a especificação dos movimentos, ou seja, muita dedicação aos treinamentos, sendo que a criança está com uma idade muito inferior a idade ideal para começar a especializar.
Logo, o objetivo do presente estudo é verificar se o treinamento intenso de flexibilidade pode gerar lesões crônicas nas praticantes de Ginástica Rítmica.
Metodologia
Foi feita uma revisão da literatura no período de 20 de Novembro de 2013 até o dia 15 de Janeiro de 2014, os artigos escolhidos para o estudo foram os que tiveram maior proximidade com o tema e com o objetivo.
Os artigos utilizados foram encontrados através de plataformas e bases virtuais e as palavras usadas na pesquisa foram: treinamento de flexibilidade, lesões articulares e ginástica rítmica. Nem todos os artigos encontrados foram utilizados nessa pesquisa.
Resultados
No trabalho de Silva et al. (2008), foram encontradas alguns desvios posturais e hiperflexibilidade nas atletas avaliadas, esse estudo também inclui a fisioterapia como aliada do treinamento de Ginástica Rítmica.
Já o estudo feito por Farinatti (2000) mostrou que o treinamento de flexibilidade não pode ser associado com prevenção de lesões em atletas, que existem diversas variáveis que podem gerar uma lesão e níveis de flexibilidade diferentes para cada desporto.
Nakashima et al. (2008) afirma que dentro do Brasil, os treinamentos realizados em torno da GR, tem pouco referencial teórico, fazendo com que muitas vezes uma equipe escolha uma metodologia de treinamento através de experiências exclusivamente empíricas e modelos já existentes. Essa é uma realidade que não deveria acontecer, já que “este processo (treinamento) deve ser conduzido com base em princípios científicos para garantir modificações orgânicas que influenciarão significativamente na capacidade de rendimento da ginasta” (Laffranchi, 2001, p.11).
Segundo Hoshi (2008), estudos mostram que nessa modalidade as lesões são distribuídas pelos tornozelos, joelhos, ombros e coluna lombar, sendo as entorses as mais registradas. Além do aspecto estrutural descrito, os exercícios no solo são os mais propensos à ocorrência de lesões, devido ao alto impacto exercido sobre os segmentos corporais.
Caine e Nassar (2005) descrevem que, dentre os fatores intrínsecos responsáveis pela ocorrência de lesões mais freqüentes na ginástica, podem ser destacados estatura, peso e idade. Segundo os autores, maiores valores de estatura e peso predispõem à forças resultantes de impacto desfavoráveis à integridade das estruturas corporais, incluindo tendões e articulações.
Hoshi e Bastos (2008) ainda afirmam que a elevada freqüência de lesões pode estar relacionada com a baixa faixa etária dos participantes, pressupondo início precoce no esporte.
Keith et al. (1995) observaram que entorses são comuns entre ginastas, devido às altas cargas de impacto exercidas pelas acrobacias executadas com grande potência, altura e compostas por movimentos rotacionais, como também mencionado por Marshall et al. (2007). Além disso, Forkin et al. (1996) descrevem que a força de reação do solo é da ordem de oito a 18 vezes o peso corporal no momento da aterrissagem. Nesses eventos, como explicado por Souza e Almeida (2006), o impacto sobre estruturas articulares é maior que a capacidade de absorção dos músculos, agredindo o tecido que as compõe.
Lazzareschi (2001) apresenta que a articulação do tornozelo, assim como a do joelho, são as que mais sofrem lesões na ginástica rítmica.
Em seu estudo, Santos (2012) concluiu que atletas de Ginástica Rítmica e Ginástica Artística apresentam uma redução da amplitude de movimento e torque dos flexores plantares.
De acordo com a literatura, GA e GR, apresentam um alto índice de lesões de entrose por inversão, principalmente na chegada ao solo após um salto, sendo este um movimento que necessita de uma alta estabilidade articular (Mphil et al., 1994; Oliveira et al., 2004).
Conclusão
O treinamento de flexibilidade deve ser feito com cautela, principalmente dentro da Ginástica Rítmica, pois a maioria dos atletas é bem jovem. Para Voser (2004), a especialização desportiva é um processo de ensino aprendizagem mediante o qual o indivíduo adquire e desenvolve as técnicas básicas para o desporto. Para trabalhar com a iniciação deve-se ter muito cuidado, apesar de que é na infância a melhor fase para o desenvolvimento dos fundamentos técnicos. As técnicas devem ser trabalhadas com moderação, respeitando as fases do desenvolvimento da criança. Um treinamento muito exaustivo de flexibilidade pode gerar lesões, assim como outros tipos de treinamento que levem o atleta a ultrapassar em muito seus limites, porém, um treinamento bem conduzido por um profissional experiente é muito benéfico para os atletas. É preciso que o treinamento seja sempre bem embasado fisiologicamente e respeite as fases de desenvolvimento dos indivíduos, levando sempre em conta a individualidade biológica.
Reis (2013), afirma que a GR pode ser trabalhada desde a infância sem que haja a especialização precoce.
Sendo assim, a melhor forma de agir em relação a esse problema é respeitar o desenvolvimento motor da criança. Paes (2006) diz que se devem considerar e respeitar o processo natural de crescimento e desenvolvimento da criança, compatibilizando a proposta pedagógica com suas características e sua fase sensível à aquisição das habilidades motoras especificas.
Mais pesquisa dentro da área de Ginástica Rítmica devem ser realizadas no futuro, para uma melhor avaliação de como os treinamentos de flexibilidade são realizados com as atletas.
Bibliografia
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