Trajetória do currículo universitário da Educação Física. Da Grécia à atualidade via Bolonha Trayectoria del currículo universitario de Educación Física. Desde Grecia hasta la actualidad pasando por Bolonia |
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Programa de Mestrado em Docência Universitária Universidade Tecnológica Nacional - Faculdade Regional Buenos Aires (Brasil) |
Edimar Francisco Nunes |
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Resumo Ao tomar o curriculum universitário da Educação Física a partir da década de 80 nos países componentes do MERCOSUL como objeto de estudo, deve-se de antemão tecer um olhar muito mais amplo, holístico e longitudinal, ou seja, um olhar histórico global. O presente estudo de revisão bibliográfica assume para si um objetivo oxímoro visando recortar ampliando, ou melhor, ao mesmo tempo em que se recorta um objeto específico, num dado lugar e tempo (curriculum universitário da Educação Física – nos países do MERCOSUL – após a década de 80) busca ampliar a perspectiva sobre o mesmo objeto (ou a idéia que se tinha desse objeto) ao longo da história, trata-se, portanto de um recorrido histórico que toma como ponto de partida a nossa realidade ocidental. A pesquisa segue delineando esse objeto de estudo ao longo dos momentos históricos levando em consideração o surgimento das primeiras universidades medievais, e por fim busca ancorar na pós-modernidade e enfim nos dias atuais. A partir do presente recorrido histórico, pode-se concluir que, por mais que o instrumento pedagógico curriculum universitário, nos cursos de Educação Física em nível superior, principalmente no Brasil, tenha sido um fenômeno bem recente, localizado já na modernidade/pós-modernidade, várias modificações históricas (durante vários séculos) foram necessárias para que houvesse um aporte tanto no campo da educação quanto fora dele, capaz de levar a construção, estabelecimento e utilização do curriculum universitário da Educação Física, nas suas mais diversas facetas nos países pertencentes ao MERCOSUL. Unitermos: Curriculum. Recorrido Histórico. Educação Física.
Resumen A pensar el curriculum universitario de la Educación Física desde la década de 80 en los países del MERCOSUR como obyecto de estudio, es importante hacer una mirada mucho más amplia, holística y longitudinal, o sea, una mirada histórica global. El presente estudio bibliográfico tiene un objetivo que es en la verdad un oxímoron una vez que hace un recorte amplio, o mejor, al mismo tiempo en que recorta un obyecto específico, en espacio y tiempo (Curriculum Universitario de la Educación Física – en los Países del MERCOSUR – después de la década de 80), intenta ampliar la perspectiva de lo mismo obyecto (o por lo menos la idea que si tuve de eso obyecto) a largo de la historia, es por lo tanto un recurrido histórico que tiene como punto de partido nuestra realidad occidental. La investigación sigue delineando eso obyecto a largo de los momentos históricos considerando el surgimiento de las primeras universidades medievales, y por fin si apoya en la pos modernidad y en los días actuales. Desde eso presente recurrido histórico, si concluye que, por más que el instrumento pedagógico curriculum universitario, en los cursos de Educación Física en el nivel superior, principalmente en Brasil, tenga una conformación bien reciente, desde la modernidad/pos modernidad, muchos cambios históricos (por varios años) fueron necesarios para que tuviese un aporte tanto en el campo de la educación, cuanto fuera de ello, para que hubiese la construcción, estabelecimiento y utilización del curriculum universitario de la Educación Física, en sus más variadas formas, en los países del MERCOSUR. Palabras clave: Curriculum. Recurrido Histórico. Educación Física.
Recepção: 22/10/2015 - Aceitação: 26/11/2015
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 211, Diciembre de 2015. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Ao tomar o curriculum universitário da Educação Física a partir da década de 80 nos países componentes do MERCOSUL como objeto de estudo, deve-se de antemão tecer um olhar muito mais amplo, holístico e longitudinal, ou seja, um olhar histórico global, pois, se o curriculum universitário da Educação Física enquanto instrumento pedagógico é um fenômeno moderno e recente, a idéia desse curriculum é muito longínqua, haja vista que, se confunde com o surgimento e desenvolvimento de fenômenos que possuem maior amplitude, como a atividade física, o esporte, os jogos olímpicos, dente outros, assim sendo, essa idéia de curriculum vem sendo construído paulatinamente ao longo da história, com base em outros fenômenos e, enquanto objeto surge como consequência de tais fatos.
O presente estudo de revisão bibliográfica assume para si um objetivo oxímoro visando recortar ampliando, ou melhor, ao mesmo tempo em que se recorta um objeto específico, num dado lugar e tempo (curriculum universitário da Educação Física – nos países do MERCOSUL – após a década de 80) busca ampliar a perspectiva sobre o mesmo objeto (ou a idéia que se tinha desse objeto) ao longo da história, trata-se, portanto de um recorrido histórico que toma como ponto de partida a nossa realidade ocidental e por isso só poderia iniciar com a experiência de povos dos primórdios da existência humana e civilizações clássicas principalmente a grega. A pesquisa segue delineando esse objeto de estudo ao longo dos momentos históricos levando em consideração o surgimento das primeiras universidades medievais no ocidente, com ênfase para a Universidade de Bolonha e por fim busca ancorar na pós-modernidade e enfim nos dias atuais.
Desenvolvimento
Se analisarmos desde os primórdios da humanidade, podemos dizer que desde a pré-história o homem dependia de usa resistência, força e velocidade para sobreviver, além do mais, suas constantes migrações o faziam caminhar longas distâncias, lutar contra predadores, correr, saltar e lançar, ou seja, era um ser tipicamente ativo e se valia para tanto das atividades físicas e das expressões corporais de movimento.
Mais tarde, na Grécia, a atividade física começa a ser desenvolvida de outra forma, ganha uma conformação mais normatizada, e assim, é chamada de ginástica, que significa “a arte do corpo nu”. Essas e outras atividades eram desenvolvidas como expressão artística pela Grécia e com fins Bélicos pelos espartanos (treinamento para guerra), mais tarde Roma se vale de tais premissas em sua preparação de gladiadores.
Entretanto, parece existir um abismo entre a utilização do exercício físico enquanto fenômeno espontâneo dentro de um contexto sócio-cultural e sua utilização dentro de uma lógica mais educacional, tal abismo parece aumentar ainda mais se pensarmos nessa lógica educacional dentro de sistemas formais abrigados em espaços universais, ou seja, as universidades e escolas.
Prosseguindo com essa análise histórica do curriculum universitário da Educação Física é preciso então localizar ao longo do tempo o surgimento da universidade e da escola, é importante ressaltar que não se tem a pretensão de analisar o surgimento da educação, pois como se sabe, a educação é um fenômeno muito mais amplo e que por muito tempo ocorreu sem a existência de instituições formais, mas sim, pontuar sobre o ensino nas universidades e escolas para que então se faça um recorte do curriculum, mais precisamente o universitário da Educação Física.
Em sua obra “O que é Educação”, o autor Carlos Rodrigues Brandão explicita que quando falamos em educação, a primeira imagem que temos é da escola (seja ela básica ou universitária), no entanto, estudiosos identificam processos sociais de aprendizagem onde não existe ainda nenhuma situação propriamente escolar de transferência de saber. Na mesma obra o autor declara: Então surge a escola. Mas quais são os aspectos mais marcantes desse surgimento? Principalmente o fato de surgir em função da necessidade de se dividir tarefas, hierarquizar os saberes e, com isso sistematizar as diferentes formas de trabalho.
Um bom ponto de partida para a nossa cultura ocidental (nesse ponto é importante determinar o caminho a seguir, haja vista que recorrer a uma cultura mais global, envolvendo os asiáticos e todo o oriente médio seria uma tarefa demasiadamente ampla) são os séculos III e IV, nesse momento, o império romano entra em crise, trata-se do princípio do fim, a partir desse contexto, existe a troca de um império panteísta e pagão, para um império exclusivamente católico. No século V ocorrem as invasões germânicas (bárbaras), invasões empreendidas por povos guerreiros e nômades, ou seja, não católicos, com isso surge a figura do monastério, local distanciado e escondido com o intuito de preservar a cultura latina e os preceitos da igreja.
Vale lembrar que tudo isso conforma uma idade média que vai do século IX até o século XIV aproximadamente, sabe-se que no início não havia monarquias, isso fazia com que todo o cotidiano estivesse impregnado pela igreja (catolicismo), ou seja, obtinha todo o controle espiritual, político, econômico, social e cultural; dessa forma, apenas no final dessa época é que começa a ocorrer uma mudança do monopólio educativo, onde a igreja até então detentora deve passar tal poder para o estado.
Dos séculos IX ao XI existia a idéia de que o primogênito deveria cuidar da herança, portanto, sobrava para os mais novos o ofício de ir para o monastério ou para a guerra, mediante tal fato, os mais jovens eram educados no monastério ou na cavalaria, e os mais velhos, principalmente no século XI seriam educados nas escolas municipais e universidades, ou no caso dos artesãos, nos grêmios medievais. Para os camponeses pobres, não existe acesso a educação (99% não tem direito), isso faz com que a família se torne a instituição educativa prioritária.
Até o século XI e XII o espaço mais importante é o monastério, um espaço reservado e misterioso, onde o poder do conhecimento estava confinado e restrito a poucos, somente depois desse período surgem as catedrais, locais centralizados (localizados em praças e com espaços educativos acoplados) que tem por finalidade agora mostrar sua imponência e grandeza, uma característica marcante é a presença da arte gótica. É importante ressaltar que, no século XI ocorrem as cruzadas e a necessidade de frear o Islã e outras religiões, com isso, o monastério perdia sua importância e as catedrais agora tentam “marcar território”.
Entre os séculos XI e XII com as revoluções cultural e comercial surgem as cidades, surge nesse contexto não só o comércio, mas sim a figura do artesão, com isso, aparece os grêmios medievais e a sociedade passa a ser conformada em corporações. Com tudo isso, a cidade não tem apenas a função econômica (com os mercadores), mas também a função produtiva, nesse momento, se configura a primeira universidade e os mercadores formam as escolas municipais, isso faz com que a cidade tenha também a função cultural.
Nesse momento as instituições sociais são classificadas entre as ligadas a igreja (monastério, catedrais e paróquias) e as laicas (cavalaria, escola municipal, família e grêmios medievais). As universidades medievais possuem elementos eclesiásticos e laicos, no entanto, uma característica marcante é a presença de professores clérigos, é nesse panorama que se tem a primeira idéia de curriculum universitário, conformado por saberes do tipo: cultura e lógica grega (Aristotélica), estudos sobre Virgílio, estudos sobre o Islã, estudo das Sagradas Escrituras e, estudo da cultura Indo-europeia (matemáticos). O método utilizado nas universidades era a escolástica baseado no latim e na lógica aristotélica, ou seja, a razão e a lógica serviam para compreender melhor as sagradas escrituras, a universidade era “para todos”, mas vale lembrar que só os oriundos das famílias de classe alta ingressavam nas universidades, os demais, estavam nos grêmios medievais. Outra característica importante da universidade medieval é a ausência de um espaço físico delimitado, com isso, era vista como uma corporação, haja vista que para existir só necessitava de um grupo de pessoas (professores e alunos), além do mais não existia uma divisão de tempo, ou seja, o discípulo vivia com o mestre.
No século XIII, no final da idade média, os clérigos/professores tentam se auto-contratar e outorgar títulos surge então o direito de greve e também a figura a avaliação. Vale lembrar que desde essa época já existia uma idéia de título docente, avaliação, curriculum e carreira. É nessa época que surgem as primeiras universidades, a Universidade de Bolonha (primeira) e a Universidade de Paris.
Uma idéia de organização curricular diferente daquela das universidades medievais surge na Universidade de Bolonha e na Universidade de Paris, assim, algo que parece estar mais próximo das novas ideias que vão levar a idade moderna se faz presente. A cidade é agora uma oficina urbana, existem as corporações e com isso os ofícios, os grêmios ensinam as técnicas e a prática, já as escolas municipais e a universidade o verbal/teórico. A universidade é dividida em 4 faculdades (Faculdade de Arte, Faculdade de Direito, Faculdade de Medicina e Faculdade de Teologia).
A faculdade de artes é obrigatória, inicia-se com 12 anos de idade aproximadamente, funciona como um ensino médio ou quase que um pré-vestibular (realidade brasileira atual, porém com idades mais precoces), passar por essa faculdade era obrigatório, os conteúdos eram divididos em trívium (lógica, gramática, retórica) e quatrívium (álgebra, astronomia, aritmética, música).
Na faculdade de direito era estudado o direito romano (civil) e o direito canônico (divino). Na faculdade de medicina se valiam dos conhecimentos de Galeno e Hipócrates, existia ainda uma idéia do corpo estático de Ptolomeu o Grego, o corpo era considerado profano e surge também a idéia de alquimia e boticária. Em função do forte poder da igreja, a faculdade de teologia era a que tinha mais prestígio, no entanto, a de artes era a mais importante, pois todos os alunos passavam por ela, normalmente o reitor da faculdade de artes governava toda a universidade.
O século XIV, alguns eventos anunciam uma futura ruptura entre a era medieval e a moderna, dentre eles: a crise no feudalismo e na idade média, a concentração do poder político (Maquiavel escreve “O Príncipe”), transição ao capitalismo. Nos séculos XV-XVI algumas mudanças nesse panorama começam a acontecer como o surgimento dos humanistas e dos jesuítas, o renascimento (Homem Vitrúvio – Da Vinci – 1509), no entanto, é no século XVI (1519) que um evento cria um verdadeiro divisor de águas, tal evento é a reforma protestante liderada por Lutero, anos mais tarde (1543) aparece à contra-reforma e a inquisição, eventos que ao invés de suprimir a reforma acaba ampliando a força do movimento protestante.
Entre os séculos XV e XVII surgem as monarquias e a concentração do poder político agora se detém nas mãos dos reis, enquanto que o poder religioso está sob a tutela da igreja. Alguns fenômenos ocorrem para legitimar a concentração do poder político, dentre eles, a união de dinastias através de casamentos de reis e rainhas de países diferentes, a existência de um governo total da população, bem diferente do governo parcial dos senhores feudais, surge a idéia de território, o monopólio da violência nas guerras (o exército do rei), se instala sistemas tributários e, por fim, surge o sistema burocrático de funcionários para o reino (ex: policiais e juristas).
Nesse momento surgem os tipos de trabalho, a divisão entre o artesanato e a venda, surgem os intermediários e a monetarização dos bens e serviços, eventos como a expansão atlântica, as guerras dinásticas e a crise da igreja católica (reforma e contra-reforma) levam a necessidade de uma nova “ordem social”, assim, a idéia de educação deve atender a esse ideal. O protestantismo utiliza uma estratégia alfabetizadora que supera o catolicismo, porém amparado na leitura e não na escrita.
Do século XV ao XVIII a função da escola é a formação de uma nova ordem moral, nesse momento a educação infantil e da fase adulta se separam, e no século XIX surge à educação voltada para a instrução. Mais precisamente, entre os séculos XV e XVII, se destaca na seguinte ordem: O pensamento humanista (reformadores e moralistas) com a figura presente de Erasmo de Roterdã; a contrarreforma (Jesuítas); Comênio; e por fim a revolução científica entre os anos de 1473 e 1642 aproximadamente com Copérnico, Kepler, Galileu, G. Bruno e Bacon.
Copérnico supera a teoria geocêntrica com a heliocêntrica, começa a olhar o universo, Giordano Bruno promove eventos apropriados por Galileu, Galileu então ao usar o telescópio, de maneira metafórica “vê o céu”, esse é o primeiro momento em que o conhecimento se liga a observação (sensório-empírico), assim, enquanto a escolástica se preocupa apenas em recapitular, agora se estabelece métodos de estudo e investigação.
Séculos XVII e XVIII: Giordano Bruno começa a diferenciação entre fé e ciência; Decartes com a idéia de “tábua rasa”; Kant defende a idéia da razão transcendental, e a revolução francesa põe fim inquisição com liberdade ao culto. Agora, com a razão de Kant, o conhecimento não leva mais a inquisição e sim ao futuro, inicia-se uma nova ordem social com o apogeu da burguesia capitalista, a partir desse momento histórico surgem com grande força os filósofos ilustrados ou iluministas (Voltaire, Montesquieu, Condorcet).
Para essa nova ordem social deve-se acabar com o totalitarismo da monarquia, nobreza e igreja, para isso deve-se ter a educação na mão do estado e não da igreja, portanto laico. Entre os séculos XVIII e XXI a escola pensa em formar um cidadão, com isso o curriculum trata de conhecimentos divididos em disciplinas ou áreas do conhecimento bem definidas como: História, geografia, idioma nacional, atos pátrios e educação física.
Mais precisamente entre os séculos XVIII e XIX ocorre a revolução industrial na Inglaterra (1760-1780) e mais tarde na França (1830-1850), isso faz com que a educação do século XVIII possa sofrer adequações até o surgimento dos sistemas educativos nacionais (1860-1880). Agora na modernidade, com o surgimento do nacionalismo (conformação dos estados nacionais), o único que tem o direito e obrigação de ensinar é o “professor” que então são formados e pagos pelo estado, perpetuando a ideologia do próprio.
A profissionalização docente foi condição essencial para os sistemas educativos nacionais (institutos de formação docente) que tornavam o ensino obrigatório e gratuito para todo o povo mais precisamente no século XIX. A Alemanha é o primeiro país a conformar o seu sistema educativo nacional que se dá em 1800 aproximadamente, depois, a Inglaterra em 1880 e a França em 1882. É importante enfatizar que ainda no século XVIII se tem o surgimento do sujeito político (burguesia em 1789) e no século XIX se tem o sujeito obreiro (manifesto comunista em 1848-1850).
O período acima citado, ou seja, início da modernidade até a pós-modernidade é um momento histórico muito conturbado, com fenômenos marcantes e que condicionam a nossa forma de viver e pensar a educação até os dias atuais. Citando alguns eventos em uma linha do tempo se tem:
1492: Revolução Científica e Humanista com Galileu em destaque, divisão da razão e fé, e rompimento com a igreja.
1789: O sujeito político burguês, a Revolução Francesa.
1848/1850: O sujeito obreiro e o manifesto comunista.
1860/1880: Conformação dos sistemas educativos nacionais.
1871: A comunidade de Paris.
1848/1870: Segunda revolução industrial (Taylorismo) e invenção do telégrafo.
1880/1914: “A bela época” com a política da democracia e sufrágio.
1914/1918: Primeira Guerra Mundial
1917: Revolução Russa.
1924: Morte de Lenin.
1928/1954: Era do Stalinismo (capitalismo de estado).
1933: Alemanha de Hitler (Juventude Hitleriana-Nacional Socialismo).
1939/1945: Segunda Guerra Mundial.
1989: Reformas compressivas (Queda do muro de Berlim e Perestróica).
No início do século XX a educação é para a elite, na segunda metade do século a educação está mais popularizada atingindo a classe média. No final do século XX, década de 90, ocorre o surgimento e fortalecimento das políticas neoliberais na educação em todos os níveis, especialmente na América do Sul pós-ditaduras da década de 80, tais mudanças conformam em grande parte a educação contemporânea.
Ao falarmos da história das universidades no mundo, deve-se dividir em mundo oriental e ocidental. No espaço oriental as primeiras universidades do mundo surgem na China, Japão e Índia, no entanto existem relatos de universidades para os povos Árabes e Egípcios cerca de 2.500 anos A.C, depois com os Gregos. Os Gregos são os primeiros a tentar organizar sistematicamente a universidade (museu/biblioteca de Alexandria – Egito). No caso específico do ensino superior sul-americano, temos a Universidade de San Marcos em Lima no Perú como a primeira universidade da América do Sul em 1514, a Universidade de Córdoba foi a segunda universidade sul-americana. Já no caso do Brasil, a primeira universidade foi a Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1920 apenas, e a primeira privada foi a Pontifícia Universidade Católica do RJ (PUC-RJ).
A utilização da atividade física em contexto escolar, amparada na forma de jogos, dança, ginástica e esporte é um evento muito recente, surgindo na Europa do século XIX, e a partir desse momento surgem diversas metodologias de exercícios físicos descritos por vários autores. No Brasil, a utilização de uma Educação Física específica nas escolas é um fenômeno ainda mais recente, contextualizada a partir do século XX, assim, no início do século, a Educação Física nas escolas tinha um caráter higiênico/médico, ou seja, com vistas a ideais de saúde, mais tarde na década de 40 passa para uma forte tendência militarista, entre as décadas de 40 e 50, se insere no contexto da pedagogia, já na década de 70, movida por resultados desportivos internacionais, principalmente com o futebol, a Educação Física assume um tendência desportivizante, e, atualmente assume um rótulo de Educação Física popular.
O primeiro curso de Educação Física no Brasil desenvolveu-se na Escola Nacional de Educação Física no Rio de Janeiro em 1945, no caso da Argentina, a Universidad Nacional de La Plata é pioneira na formação de Professores de Educação Física, no caso do Uruguai foi com a Universidad de La República, e no caso do Paraguai provavelmente com a Universidad Nacional de Assunção, um fator que diferencia o Brasil dos demais países é que a Educação Física demorou a ser assumida como uma área acadêmica, no entanto isso ocorreu direto em nível superior, nos demais países a formação de profissionais em Educação Física começou como nível terciário, nos institutos de professorado, e só depois ingressou como curso nas universidades (é sabido em alguns casos se conformou ao mesmo tempo em que esse nível terciário uma formação de licenciatura em universidades).
Atualmente, alguns dos principais autores que tem como objeto de estudo o Curriculum Universitário da Educação Física nos países do MERCOSUL são:
Fernanda Paiva, Nelson Figueiredo e Zenólia Figueiredo: Professores do Centro de Educação Física e Desportos (CEFD) da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e integrantes da Comissão de Reestruturação Curricular. Autores do Artigo: Formação Inicial e Currículo no CEFD/UFES. Publicado em 2006. Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória ES-Brasil.
Victor Andrade de Melo. Autor do Artigo: Arquivos da Escola Nacional de Educação Física e Desportos: O perfil de uma Revista (1945-1972). Publicado em 1998, EFDeportes.com, Buenos Aires-Argentina.
Analía Rosales: Ministerio de Cultura y Educacíon, Provincia de Buenos Aires, Consejo General de Cultura y Educacíon, Comissión Curricular, Formación Docente, Área: Educación Física. Artículo: Estructura Curricular para la Formación Docente en el Area de Educación Física. EFDeportes.com, 1998.
Rodolfo Rozengardt: La Capacitación y la Formación en Educación Física. Texto de la disertación ofrecida en el V Congreso Nacional de la Comisión Permanente de Instituciones Formadoras en Educación Física La Rioja, Argentina, setiembre 1998.
Conclusão
A partir do presente recorrido histórico, pode-se concluir que, por mais que o instrumento pedagógico curriculum universitário, nos cursos de Educação Física em nível superior, principalmente no Brasil, tenha sido um fenômeno bem recente, localizado já na modernidade/pós-modernidade, várias modificações históricas (durante vários séculos) foram necessárias para que houvesse um aporte tanto no campo da educação quanto fora dele, capaz de levar a construção, estabelecimento e utilização do curriculum universitário da Educação Física, nas suas mais diversas facetas nos países pertencentes ao MERCOSUL. Com isso, é possível perceber o quanto é importante para profissionais da Educação Física, tanto para os que atuam na formação docente em nível superior, como para aqueles que passam pela universidade e pretendem atuar em outros campos profissionais, conhecer e refletir sobre sua formação e prática docente contextualizando-a com os ajustes históricos que ocorreram e foram necessários para que os mesmos existissem atualmente como produto desse fazer histórico-educativo.
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