Amor que ensina. O afeto como fundamento primordial na educação de crianças e jovens de comunidades carentes. Entrevista a Marcelo Bittencourt Jardim Amor que enseña. El afecto como fundamento primordial en la educación de niños y jóvenes de comunidades carenciadas. Entrevista a Marcelo Bittencourt Jardim |
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Aluna do curso de graduação Comunicação Social, habilitação em Jornalismo 4º semestre, disciplina Escritório de jornalismo II, ministrada pela professora Alexandra de Araújo Nunes, pela Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO) campus de Niterói, RJ |
Raquel Martins Ribeiro (Brasil) |
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Resumo Entrevista sobre o trabalho social e profissional de Educação Física e Psicomotricidade Relacional á Crianças e adolescentes com idade entre, cinco a dezoito anos. Foram atendidas seis comunidades carentes de Niterói e São Gonçalo do Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Comunidades atendidas: Morro da Maminha, Morro da Hortinha, Morro do Castro, Morro da Cova da Onça, Morro da Nova Brasília, Morro do Marítimo. Unitermos: Afeto. Comunidade carente. Educador físico.
Resumen Entrevista sobre el trabajo social y profesional de la Educación Física y Psicomotricidad Relacional será Niños y adolescentes de cinco a dieciocho años de edad. Fueron asistidas seis comunidades carenciadas en Niteroi y Sao Gonçalo do Río de Janeiro, Brasil. Comunidades atendidas: Morro Maminha, Morro da Hortinha, Morro do Castro, Morro da Cova da Onça, Morro da Nova Brasília, Morro do Marítimo. Palabra clave: Afecto. Comunidad carenciada. Educador físico.
Marcelo Bittencourt Jardim foi coordenador de Educação Físicado Programa "Segundo tempo" do Ministério do Esporte do Governo Federal do RJ. Educador Físico – UNIPLI Especialista em Psicomotricidade – IBMR
Trabalho publicado nas Instituições Brasileiras: Conselho Federal de Educação Física, Associação Brasileira de Psicomotricidade e Revista Educação Pública do Rio de Janeiro.
Recepção: 27/10/2015 - Aceitação: 02/12/2015
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 211, Diciembre de 2015. http://www.efdeportes.com/ |
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O Afeto
Como funciona o Programa Social a qual você fez parte como educador e coordenador?
Marcelo: Atuei em 6 comunidades socialmente desfavoráveis (comunidades carentes) do RJ e no meu trabalho de atuação eu vinculo a questão afetiva, um modo de afetar a criança e o jovem não apenas na questão do toque, como também "afetá-los" mostrando um bom caminho a eles, com disciplina e que confrontam o seu modo de viver.
Nunca morei em comunidade carente, mas a minha atuação de trabalho sempre foi em comunidade carente, então eu sei que é uma cultura diferente. Eles lidam com várias questões, que nós que vivemos na sociedade e temos um pouco mais de instrução, temos um pré-conceito em relação a isso. Eu exercia essa função com uma estagiária, que veio a ser formada por mim e hoje trabalha em programas sociais.
Foi de uma grande valia pra minha vida, uma experiência ímpar, porque eu gosto muito de estar junto dessas pessoas que precisam de fato dessa questão afetiva como é o meu trabalho.
Aula ministrada de Muay Thai e Boxe (lutas)
Explique como foi o trabalho de psicomotricidade que você desenvolveu com essas crianças e jovens?
Marcelo: O trabalho é desenvolvido com crianças na faixa de 5 a 18 anos de idade. Muitas delas, infelizmente, têm um ensino precário em relação à escola (baixo rendimento acadêmico) e muitas delas não sabem nem ler e escrever. Eu tento desenvolver atividades voltadas pra matemático e português, para ajudar as crianças no seu desenvolvimento cognitivo e escolar.
Mural do plano de aula: atividades ministradas durante a semana
No aspecto da psicomotricidade eu abordo a questão afetiva e a questão do movimento. As crianças num modo geral estão cada vez mais sedentárias, pois as atividades nas escolas estão sendo banidas. O estado e o município não estão querendo investir na educação de fato e estão mascarando o ensino público. Eu vivo esse trabalho na comunidade e vejo isso de perto.
Local do núcleo de atividades coletivas e culturais
Qual o objetivo do seu trabalho como educador físico desenvolvido através desse Programa Social?
Marcelo: Na minha prática profissional eu procuro dar atenção a essas crianças e jovens que precisam de carinho e amor que são abandonadas pela família e até pelo Estado. Agrego valor a elas objetivando aumentar a sua autoestima, seu reconhecimento de potencial e sua crença de futuro, partindo do ensino morais e éticos, como respeito ao próximo e honrar as suas famílias.
Como era a rotina de trabalho com as crianças e jovens participantes desse Programa Social?
Marcelo: Eram em média 100 crianças dividias em dois grupos de 50 crianças: A e B. Em determinados horários esses grupos trocavam. Eu ministrava aulas de cultura, recreação e lazer e minha estagiária de futsal. Eles saíam de uma atividade e entravam em outra com a troca de grupo. Dessa forma os alunos tinham uma educação integral que significa tirar o tempo ócio (tempo livre). No final das atividades os alunos ganhavam um lanche. Com as brincadeiras recreativas e as atividades em geral que eram desenvolvidas como vôlei, basquete, futebol, era vinculado à questão social, a socialização dos alunos com o professor e coordenador, entre eles e também com crianças deficientes.
Os grupos de crianças e jovens
Como era o relacionamento com essas crianças e jovens?
Marcelo: Era ótimo. Eu tive grandes oportunidades de tirar algumas crianças do tráfico. A minha relação com eles era muito boa.
Decoração da sala com os trabalhos dos discentes
Qual o maior desafio enfrentado como educador físico para realizar esse trabalho social em comunidades carentes?
Marcelo: A maior dificuldade que eu tinha era de expor a verdade para os órgãos públicos como o Ministério do Esporte, o órgão de Brasília, pois eles têm o apoio, tem verbas e eu não conseguia acreditar o porquê que essas crianças ainda passam por essas dificuldades (como lanche precário, por exemplo). O meu prazer no programa social era ajudá-los. Como cristão e como educador físico eu tentava mostrar para eles que ainda existe uma saída além do tráfico de drogas ou o desejo em ser jogador de futebol. E através do meu trabalho eu mostrava que existe um caminho proporcionado pelo estudo.
Mural do plano de aula com os trabalhos dos discentes
Como você avalia a educação hoje no nosso país?
Marcelo: Falida. O Estado, o país em si, está preocupado em pagar trinta mil para um deputado ou vereador que não sabe ler e nem escrever, do que investir num programa social e investir nos profissionais que estão capacitados para lidar com essa realidade.
Sala de materiais (trabalhos das crianças) e reuniões
Quais os resultados observados nesse Programa Social que você realizou?
Marcelo: Nesse programa social que eu fui coordenador eu tive um ganho muito grande. Muitas crianças saíram do tráfico de drogas, crianças com problemas emocionais e deficientes sofreram melhoras expressivas. No meu ver, o programa social quando chega na comunidade ele precisa mudar de alguma forma a realidade dessas pessoas ou mesmo dar uma perspectiva de vida a elas.
O afeto demonstrado na prática pelos discentes ao término do Programa Social em festa de encerramento
Qual a sua expectativa para o futuro dessas crianças e jovens beneficiados desse Programa Social?
Marcelo: A minha expectativa é que esse programa venha para mudar a realidade dessas crianças trazendo benefícios a ela, não só benefícios físicos ou meramente rápidos só de semanas, mas que isso venha a estar entranhado neles e eles verem que há uma mudança, que há um caminho, há um plano na vida deles. E com esse projeto e com meu trabalho eu tento mostrá-los a realidade, não a que a mídia vende, que ascensão financeira é de fama, música, futebol, mas pra eles darem valor principalmente a família e principalmente ao estudo.
Dedicatória afetiva dos discentes no final de seus trabalhos ao coordenador: Marcelo Bittencourt e a professora Thais Filomena
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EFDeportes.com, Revista
Digital · Año 20 · N° 211 | Buenos Aires,
Diciembre de 2015 |