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Sedentarismo, índice de massa corporal e flexibilidade em crianças e adolescentes de uma escola da rede pública de ensino de Maringá, Paraná

Sedentarismo, índice de masa corporal y flexibilidad en niños y adolescentes
de una escuela de la red pública de enseñanza de Maringá, Paraná

Sedentary lifestyle, body mass index and flexibility in teens
of a network of public school of Maringa, Parana

 

*Fisioterapeuta graduada no Centro Universitário Cesumar (UNICESUMAR).

**Profissional de Educação Física e Fisioterapeuta graduado no Centro Universitário de Maringá (CESUMAR)

Mestre em Promoção da Saúde pelo Centro Universitário Cesumar (UNICESUMAR). Pós-graduação

em Anatomia Funcional pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Pós-graduação em Geriatria

e Gerontologia pela Faculdade de Educação Física e Fisioterapia de Jacrezinho/PR (FAEFIJA/PR)

*** Fisioterapeuta graduada na Universidade do Norte do Paraná (UNOESTE). Mestre em Distúrbios

do Desenvolvimento/Universidade Presbiteriana Mackenzie; Pós-graduada em Acupuntura pelo Instituto

de Estudos Brasil Europa (IBEH). Pós-graduada em Cinesioterapia Neuro-Sensorio-Motora

pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR)

****Fisioterapeuta graduada na Universidade Paranaense; Mestre em Promoção da Saúde pelo UNICESUMAR

Pós-graduada em Fisioterapia em Terapia Manual e Postural pelo CESUMAR. Especialista em Acupuntura

pelo Instituto Brasileiro de Therapias e Ensino (IBRATE); Pós-graduada em Gestão da Vigilância

em Saúde pela Escola de Saúde Pública do Paraná (ESPP)

Vânia Giacomini Carrara*

Daniel Vicentini de Oliveira**

d.vicentini@hotmail.com

Ana Lúcia de Sá Yamazaki***

Ana Paula Serra de Araújo****

anaps_araujo@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O presente estudo tem como objetivo verificar a prevalência de sedentarismo em escolares com idades entre 7 e 13 anos, de uma escola da rede pública de ensino da cidade de Maringá, Paraná, Brasil. Foram avaliadas ao todo 93 escolares de ambos os gêneros, com média de idade de 8,8 anos. Para avaliação dos escolares foi aplicado um questionário compostos por perguntas do tipo: dados pessoais, prática ou não de atividade física, tempo de atividade física durante a semana. Além disso, foi realizado mensuração da flexibilidade dos escolares, mediante realização do teste sentar e alcançar com o Banco de Wells e verificação do Índice de Massa Corpórea (IMC). Como resultado, observou-se prevalência de sedentarismo entre os escolares, de escolares considerados saudáveis de acordo com o IMC e com um nível de flexibilidade acima da faixa considerável. Ao termino do estudo concluiu-se que a prática de atividade física não influenciou nos níveis de IMC e flexibilidade dos escolares avaliados.

          Unitermos: Atividade física; Sedentarismo, ìndice de Massa Corporal. Crianças. Adolescentes.

 

Abstract

          This study aims to determine the prevalence of physical inactivity among schoolchildren aged between 7 and 13 years of public schools in the city of Maringa, Parana, Brazil. We evaluated a total of 93 students from both genders, with a mean age of 8.8 years. For evaluation of school received a questionnaire composed of questions such as: personal data, practice or no physical activity, physical activity time during the week. In addition, the school flexibility measurement was carried out by performing the test sit and reach to the Bank of Wells and verification of the Body Mass Index (BMI). As a result, there was prevalence of physical inactivity among schoolchildren, school considered healthy according to BMI and with a level of flexibility above the range considerate end of the study it was concluded that the physical activity did not influence the levels BMI and flexibility of schoolchildren.

          Keywords: Physical activity. Physical inactivity. Body mass index. Children. Adolescents.

 

Recepção: 19/06/2015 - Aceitação: 29/09/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 210, Noviembre de 2015. http://www.efdeportes.com/

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1.    Introdução

    A associação entre o estilo de vida infantil e o adulto é evidente; uma criança sedentária provavelmente será um adulto sedentário e atualmente o sedentarismo é uma questão de ordem pública, pois as doenças decorrentes do mesmo geram um enorme ônus para a saúde pública do país. Portanto, estimular a prática da atividade física na infância e na adolescência significa redução do sedentarismo na idade adulta e um menor custo socioeconômico para a saúde pública (DAMASCEMO et al., 2005).

    Historicamente sabe-se que os níveis de aptidão física vêm diminuindo especialmente nas últimas décadas. pois as atividades físicas cotidianas e funcionais vêm sendo suprimidas pelos avanços científicos e tecnológicos, que tem feito com que cada vez mais as pessoas fiquem sentadas por um número maior de horas por dia de fronte à televisão e computadores (Betti e Zuliani, 2002; Fonseca et al., 2010), levando-as ao abandono da prática de esportes, da cultura de jogos infantis, favorecendo assim a substituição da experiência de praticar esportes pela de assistir esportes ou jogar online (Betti e Zuliani, 2002).

    A crescente preocupação com o estimulo e a implementação de estilos de vida ativos tem feito com que os níveis de aptidão física das populações jovens sejam encarados como fator fundamental na potencialização das melhorias de saúde (Rodrigues et al., 2007).

    Atualmente há evidências de que os níveis de aptidão física na criança e no jovem estão em declínio. Ao mesmo tempo, verifica-se uma redução acentuada dos tempos e intensidades de atividade física e um aumento de fatores de risco em populações mais jovens, o que sugere a importância da aptidão física na infância como fator protetor desse fenômeno (Rodrigues et al., 2007).

    Neste contexto, o presente estudo tem como objetivo verificar a presença de sedentarismo em escolares de uma escola da rede municipal de ensino de Maringá, Paraná, Brasil, e sua relação com o IMC e a capacidade de flexibilidade.

2.     Metodologia

    Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa do Centro Universitário Cesumar (UNICESUMAR) sob parecer n° 06889312.2.0000.5539.

    Foram selecionadas aleatoriamente 100 crianças e adolescentes de ambos os gêneros na faixa etária de 7 a 13 anos, matriculados em uma escola da rede pública do município de Maringá, Paraná. O local escolhido para a coleta de dados foi escolhido pela Secretaria de Educação de Maringá, Paraná.

    O Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE) foi encaminhado aos responsáveis informando o procedimento e o objetivo do estudo, garantindo a ética de preservação da criança e solicitado autorização para realizá-lo.

    Como critério de inclusão, adotou-se a criança estar na faixa de 7 a 13 anos, devolver o TCLE assinado por um dos pais ou responsável legal e não ter limitação física nos dias das avaliações.

    Foi utilizada uma ficha de identificação contendo os dados pessoais do participante com nome, idade, gênero, peso, altura, e Índice de Massa Corpórea (IMC).

    Para conhecimento sobre a prática de atividade física, assim como o tempo de sua realização durante a semana, aplicou-se um questionário para os participantes. Foi considerado sedentário aquele participante que referiu não praticar qualquer esporte ou exercício físico pelo menos uma vez na semana.

    Para avaliar a flexibilidade, foi utilizado o teste de sentar e alcançar com o Banco de Wells, segundo a padronização do Projeto Esporte Brasil (PROESP – BR), descrito no Manual De Aplicação de Medidas e Testes, Normas e Critérios de Avaliação de autoria de Gaya e Silva (2007) .

    Na realização do teste, o avaliado sentou-se de frente para o aparelho com as pernas completamente estendidas e com ambos os pés descalços e em total contato com o banco. O avaliado estendeu os braços sobre a superfície do banco com as mãos posicionadas uma sobre a outra coincidindo a ponta dos dedos de ambas, inclinou-se lentamente e estendeu os braços e as mãos o mais distante possível. Para efeito do resultado final do teste, foi computada a maior distância alcançada na série de três movimentos.

    Os pontos de corte adotados para a flexibilida­de foram os propostos pelo PROESP-BR, que classifica os resultados em três categorias: abaixo, dentro e acima da zona de saúde e aptidão física (Tabela 1).

Tabela 1. Classificação da Flexibilidade de acordo com a PROESP-BR

Fonte: Gaya e Silva (2007, p.202-2).

    O IMC é traduzido pela relação: IMC= Massa corporal (kg) dividido pela estatura (m) ao quadrado.

    Para classificar o IMC infantil também foi considerado o gênero e a idade do participante. Os dados referentes à altura e o peso de cada participante foi fornecido pelos agentes comunitários de saúde da unidade básica – NIS, zona sul de Maringá. Estes dados foram coletados uma semana antes da aplicação do teste de flexibilidade e do questionário sobre atividade física. Para o calculo do IMC a pesquisadora utilizou o sistema de cálculo do programa Tele saúde Brasil da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS).

    Para análise dos resultados foi realizada a análise estatística mediante a utilização do programa estatístico SPSS, versão 15.0. As variáveis qualitativas foram resumidas em freqüências absolutas e relativas. Para análise da distribuição dos dados, utilizou-se o teste de Kolmogorov-Smirnov. Como os dados não apresentaram distribuição normal, foram utilizados mediana (Md) e quartis (Q1; Q3) para caracterização dos resultados dos dados numéricos. Para a análise comparativa entre as variáveis foi utilizado o Teste “U” de Mann-Whitney e para correlação entre as variáveis foi utilizado o coeficiente de correlação de Spearman. O nível de significância adotado foi 0,05.

3.     Resultados

    Dos 100 (100%) participantes convidados para este estudo, 7 (0,7%) faltaram no dia da aplicação dos testes, portanto foram avaliados 93 (93%) participantes, sendo 48 (51,61%) do sexo masculino e 45(48,38%) do sexo feminino com média de idade de 8,83 anos (± 0,95).

    Em relação ao questionamento sobre a prática de atividade física, 40(43,01%) participantes relataram praticar atividade física e 53 (56,98%) referiram não praticar nenhuma atividade física, sendo estes classificados como sedentários. O tempo médio de atividade física semanal foi de 3 horas.

    Com relação ao IMC, 34% foram considerados dentro dos parâmetros normais de referência, 31% como abaixo do peso, 22% como sobrepeso e 13% como obesos (Figura 1).

    De acordo com a flexibilidade, 4% encontravam-se dentro da faixa considerável, 56% acima da faixa e 40% abaixo da faixa.

    Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre as variáveis IMC e flexibilidade com relação à prática de atividade física (Tabela 2).

Tabela 2. Relação do IMC e flexibilidade com a prática de atividade física

    A correlação entre a quantidade de horas semanais de atividade física e flexibilidade e entre o IMC e flexibilidade também não apresentou diferença estatística significante (Tabela 3).

Tabela 3. Correlação entre a flexibilidade e o IMC e flexibilidade e quantidade de horas semanal de prática de atividade física

4.     Discussão

    Bons níveis de flexibilidade são de suma importância para a realização das atividades cotidianas, pois ações como apanhar um objeto, amarrar os cadarços, levantar-se de uma cadeira, entre outros, dependem do funcionamento uniforme das articulações corporais (WERK et al., 2009).

    Nesse estudo os valores de flexibilidade indicaram que 56% dos indivíduos estão acima da faixa aceitável, no estudo de Tornquist (2011) com 98 indivíduos a maioria dos escolares obteve resultados satisfatórios também; já no estudo realizado por Ferreira e Ledesma (2008) com 30 indivíduos de ambos os gêneros, concluiu-se que os níveis de flexibilidade encontrados foram baixos para a respectiva população.

    Em relação à classificação do IMC desse estudo, a prevalência de sobrepeso encontrada entre os escolares foi de 22% e 13% de obesidade. Sobre estes percentuais, se somados, ultrapassam o percentual de escolares com peso normal para a idade, apresentando dados compatíveis com estudos já publicados como referenciado por Balaban e Silva (2001) em uma escola particular em Recife, houve uma prevalência de sobrepeso de 34,3% e 14,2% de obesidade entre os alunos avaliados. Ronque (2005) avaliou 511 escolares na cidade de Londrina, Paraná e em seu estudo foi encontrado 19% dos alunos com sobrepeso e 14% com prevalência de obesidade. Giugliano e Carneiro (2004) ao avaliarem 452 escolares, apresentaram dados sobre a freqüência do sobrepeso e obesidade, sendo 16,8% classificados com sobrepeso e 5,3% com obesidade.

    Estes estudos demonstram que em diferentes estados do Brasil sempre há índices de sobrepeso e obesidade na população infantil escolar, mesmo que a maioria dos avaliados apresente-se dentro dos valores normais de IMC. Tal fato, por sua vez, evidencia a necessidade de uma atenção maior da saúde pública perante o combate à prevalência de sobrepeso e obesidade na infância, pois a obesidade na infância é um importante fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares não transmissíveis (DCNT) (Oliveira, 2004).

    Sobre a relação entre IMC e flexibilidade, foi possível constatar valores semelhantes entre os resultados encontrados neste estudo quando comparados com outras publicações, afirmando não existir relação entre flexibilidade e composição corporal, ou seja, não há interferência de uma variável sobre a outra. Netz, Lima e Roman (2012) confirmam estas evidências na correlação entre as variáveis IMC e flexibilidade, pois na amostra estudada foi nula, mostrando que o IMC não influencia na flexibilidade.

    Em um estudo realizado por Minatto et al. (2010) com crianças e adolescentes de ambos os sexos na cidade de Cascavel (PR) analisando o IMC e outras variáveis, concluiu-se que algumas das variáveis exercem influência sobre a flexibilidade enquanto outras não. Acredita-se que a concentração de tecido adiposo em torno das articulações pode comprometer negativamente os índices de flexibilidade, mas no estudo citado o IMC é uma variável que não exerceu influência na flexibilidade.

    O tempo médio de atividade física semanal entre os participantes deste estudo foi de 3 horas semanais; isso equivale aproximadamente a 25 minutos por dia. A recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria sobre a atividade física diária mínima de acordo com a faixa etária de 6 a 12 anos é de 60 minutos (Yamamoto; Campos-Junior, 2006), portanto estes participantes apresentam uma tendência ao sedentarismo.

    Campos et al. (2008), em seu estudo evidenciaram que 52,9% dos alunos referem não praticar nenhuma atividade física. Já no estudo de Duarte (2006), a maior porcentagem foi de indivíduos que praticam atividade física (55,3%). Não praticar atividade física faz com que as crianças passem mais tempo em atividades sedentárias.

    A criança e o adolescente tendem a ficar obesos quando sedentários, e a própria obesidade poderá fazê-los ainda mais sedentários, é um ciclo vicioso. Hábitos sedentários contribuem para uma diminuição do gasto calórico diário.

    No presente estudo não houve diferença estatisticamente significante (p0,05) entre a prática de atividade física e o IMC, em contrapartida o estudo de Oliveira et al. (2003) verificou que a obesidade infantil foi inversamente relacionada com a prática da atividade física.

    No estudo Duarte (2006) não foi possível relacionar essas duas variáveis, pois não apresentou nível de significância estatisticamente, porém os indivíduos que praticam atividade física tenderam a apresentar valores de IMC mais próximos da normalidade, em número superior aos que são sedentários.

    Já no estudo de Silva et al. (2012) verificou-se que há uma fraca correlação negativa entre o nível de atividade física e o IMC, quanto maior o IMC, menor o nível de atividade física.

    Segundo Duarte (2006) a atividade física tem importância na regulação fisiológica do peso corporal, influenciando no gasto energético total, no controle dos depósitos de tecido adiposo e no consumo de alimentos.

    Campos et al. (2008) relatam que crianças que praticam mais horas de exercício físico apresentam valores de IMC relativamente mais baixos do que aquelas que praticam menos horas de exercício físico.

    O senso comum poderia sugerir que pessoas com maiores níveis de atividade física obtivessem também níveis mais elevados de flexibilidade.

    As relações entre nível de atividade física e variáveis antropométricas têm sido bastante investigadas. No entanto, até que ponto o nível de atividade física determina a flexibilidade, é uma questão pouco esclarecida. Nesse estudo não foi possível verificar correlação entre a prática de atividade física e a flexibilidade.

4.     Considerações finais

    Conclui-se que a prática de atividade física das crianças e adolescentes avaliados está reduzida, mostrando que há prevalência de sedentarismo em indivíduos nessa faixa etária. Foi observado que essa condição não influenciou o nível de flexibilidade nem o IMC, apesar de que a maior parte da amostra apresentou IMC considerado acima dos parâmetros normais de referência indicando sobrepeso e obesidade e níveis de flexibilidade classificados como acima da zona de saúde e aptidão física.

    Diante dos resultados obtidos, torna-se importante que estratégias de intervenção sejam criadas a fim de estimularem a prática de atividade física na infância e conscientizá-los sobre a importância de manter hábitos de vida mais saudáveis visando uma vida adulta mais saudável.

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