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Fatores que contribuem para o quadro de 

violência existente dentro do ambiente escolar

Los factores que contribuyen al contexto actual de violencia dentro del ámbito escolar

Factors contributing to the existing context violence within the school environment

 

Graduando do Curso de Educação Física e Desportos

da Universidade do Estado do Rio de Janeiro - Licenciatura
Membro do LISACEL - Laboratório do Imaginário Social

sobre as Atividades Corporais e Lúdicas

Matheus Ramos da Cruz

matheusramoss013@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Este trabalho tem como objetivo analisar e demonstrar o quadro existente de violência presente no dia a dia de professores e alunos dentro do ambiente escolar e entre as suas relações interpessoais. Para o objetivo proposto foi realizada uma revisão de literatura acerca do tema. Como resultados do estudo, pode se ver que o os atos de violência praticados pelos alunos tem uma influência ativa do mundo externo, da sua cultura e do convívio com seus pais e responsáveis. Um fator que também se mostra como um poderoso influenciador da violência é a organização e o controle disciplinar exercido pela escola sobre os alunos. As pressões psicológicas e os métodos de avaliação da aprendizagem mostram-se como uma forma de violência indireta. Para que o quadro possa apresentar uma mudança, aconselha-se que haja uma constante comunicação entre professores, comissão pedagógica da escola e pais ou responsáveis dos alunos para que se criem intervenções pedagógicas para minimizar o quadro existente de violência no ambiente escolar.

          Unitermos: Violência escolar. Relações. Professor. Alunos.

 

Abstract
         
his work aims to analyze and demonstrate the existing framework of this violence on the day of teachers and students within the school environment and among their interpersonal relationships. For the proposed objective was conducted a literature review on the topic. As the study results, it can be seen that the acts of violence committed by students have an active influence of the external world, its culture and living with their parents and guardians. A factor that also shows how a powerful influencer of violence is the organization and disciplinary control exercised by the school on students. The psychological pressures and the assessment methods of learning, there are shown as a form of indirect violence. To ensure that it can justify a change, advice that there is constant communication between teachers, pedagogical school committee and parents or guardians of students in order to create educational interventions to minimize the existing framework of violence in the school environment.

          Keywords: School violence. Relationships. Teacher. Students.

 

Recepção: 08/09/2015 - Aceitação: 19/10/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 210, Noviembre de 2015. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Atos de violência dentro da escola entre alunos são muito comuns hoje em dia. O que pode se ver é que muitas vezes a relação “aluno-aluno”, “professor-aluno”, se torna muito conturbada dentro do universo escolar.

    A violência vem assumindo dimensões diferenciadas e contextualizadas, por ser um fenômeno complexo e resultante de múltiplas determinações. De modo geral, pode ser definida como qualquer ato ou ação de um indivíduo ou grupo cujo fim é ferir ou ofender um indivíduo empenhado em evitar tal tratamento (Baron, 1977). Dentro do ambiente escolar o que se pode ver são atos de violência física, verbal e psicológica.

    A criança e o adolescente são mais suscetíveis a situações violentas com as quais convivem em seu meio quer seja ele social, familiar ou escolar. Levisky (1997) admite que existe violência da criança e do adolescente contra o meio ambiente, mas também da sociedade, da escola e da família contra eles. A violência contra a criança e o adolescente, embora repudiada socialmente por imprimir dano ao desenvolvimento socioafetivo, pode ser considerada, ainda hoje, fato cotidiano, como afirma Marques (1997). (Anser et al. apud Levisky, 1997; Marques, 1997).

    Essas situações, por vivermos hoje em dia numa sociedade bastante violenta, acabam sendo corriqueiras. Situações banais de violência muitas vezes passam de forma desapercebida e a conscientização sobre esse quadro, muitas vezes influencia os mais novos a ver esses fatos como uma prática normal.

    O que nos parece bastante grave, além da violência em si, é o fato de que as várias formas de violência, produzidas no cotidiano da sociedade, parecem não mais indignar a população brasileira. É como se ela fosse "aceita" por todos, a ponto de a população conviver com esta realidade sem maiores traumas, ou seja, a própria vida parece não ter maior significado, chegando a ser banalizada. Matar ou morrer não faz maior diferença. (Silva, 2011).

    Esses tipos de quadros, principalmente dentro do ambiente escolar podem ser advindos de uma grande influência da sociedade existente, fazendo com que os fatos ocorridos fora da escola, influenciem os atos trazidos para dentro da escola. Isso pode ser muito prejudicial, pois os alunos do presente serão os cidadãos do futuro. É preciso que haja sempre um trabalho de conscientização entre alunos, professores e coordenação das escolas, utilizando de práticas pedagógicas e iniciativas que possam minimizar este quadro existente.

Metodologia

    Foi realizada uma revisão da literatura no período de 18 de junho de 2015 até o dia 29 de Julho de 2015, os artigos escolhidos para o estudo foram os que tiveram maior proximidade com o tema e com o objetivo. Os artigos utilizados foram encontrados através de plataformas e bases virtuais e as palavras utilizadas na pesquisa foram: violência; escola; relações; professor; alunos. Nem todos os artigos encontrados foram utilizados nessa pesquisa.

Discussão e resultados

    A violência no ambiente escolar é um problema complexo e sua resolução requer a participação efetiva de todos os envolvidos: professores, alunos, gestores, comunidades escolares, família e sociedade. Na atualidade a terminologia violência tem repercutido no meio midiático com freqüência e soado como atitude normal. (Rosa, 2010).

    Abromovay (2002, p. 69) define violência como sendo: “Violência: golpes, ferimentos, violência sexual, roubos, crimes, vandalismo. - incivilidades: humilhações, palavras grosseiras, falta de respeito; - violência simbólica ou institucional: compreendida como a falta de sentido de permanecer na escola por tantos anos; o ensino como um desprazer, que obriga o jovem a aprender matérias e conteúdos alheios aos seus interesses; as imposições de uma sociedade que não sabe acolher os seus jovens no mercado de trabalho; a violência das relações de poder entre professores e alunos. Também o é a negação da identidade e satisfação profissional aos professores, a sua obrigação de suportar o absenteísmo e a indiferença dos alunos.

    Santos (2014) afirma que dentro do ambiente escolar, destaca-se a importância de se considerar que a violência não são somente os atos que causam problemas físicos, psicológicos e sociais para vítimas, pois a própria ameaça de agressão já e uma violência. Através desta colocação, vê- se que o indivíduo quando se sente ameaçado de alguma forma, toma isso como um ato de violência.

    Muitas vezes, esse tipo de ato também pode ter influência do meio onde o indivíduo vive. A influência dos pais sobre as crianças, muitas vezes aparece como fator primordial.

    Assim entendemos que estes são as maiores influências para os filhos, que são um retrato de quem os educa e com quem convivem e aprendem, e muitas das vezes acabam repetindo as mesmas frustrações e opressões que sofreram em casa com os colegas em sala de aula, alguns, até com professores (Oliveira & Campos, 2011).

    Segundo Costa (1997) a origem da violência humana tem sido estudada por muitos sociólogos e historiadores, que vêem na escassez de bens e fonte maior de conflito entre os homens. Para esses estudiosos, entre os quais está Hobbes, Rousseau, Marx e Engels, a origem dos conflitos e da violência, remonta às organizações humanas mais primitivas. (Rosa, 2010)

    Acontece que, na maioria das vezes, a violência dos alunos dentro e fora das escolas, é um reflexo do que vivem no dia a dia na rua e até mesmo dentro de casa, onde se pode constatar que muitos casos de agressão na escola se originam na violência doméstica, ou seja, violência de pais para com os filhos, e até mesmo entre os próprios pais. (Oliveira & Campos, 2011).

    É reconhecido e noticiado pela mídia que a escola, de modo concomitante e paradoxal, além de se instituir como instância de aprendizagem de conhecimento e de valores, bem como de exercício da ética e da razão, tem-se configurado como um espaço de proliferação de violências, incluindo, brigas, invasões, depredações e até mortes. É um espaço em que os alunos, em plena fase de desenvolvimento, se deparam com a violência escolar, constroem e elaboram experiências de violência. Freqüentemente, a vulnerabilidade social refletida na vivência escolar reduz a força socializadora da escola, interferindo no ambiente relacional e permitindo que os alunos construam a violência como uma forma habitual de experiência escolar (Camacho, 2000). 

    No ambiente do ensino público, este quadro pode ser visto com grande freqüência. A violência existente nas escolas não parte só das relações aluno- aluno, professor- aluno, mas também da forma como a educação é imposta aos alunos. As provas, as pressões sociais e afetivas, e até mesmo a obrigação de decorar conteúdos para progredir na vida escolar e posteriormente na vida acadêmica, também constituem um tipo de violência indireta. Essa disciplina que se tenta impor aos alunos, principalmente em relação ao estudo e a sua própria organização espacial dentro da sala de aula, gera uma grande repressão aos mesmos.

    No livro “Vigiar e Punir”, de Michel Foucault, o autor retrata bem esse quadro, mostrando que muitas vezes, tentando reprimir essa mesma violência através de uma disciplina firme, a escola de certa forma, “violenta” os alunos, o Autor diz: “Não são apenas os prisioneiros que são tratados como crianças, mas as crianças como prisioneiras. As crianças sofrem uma infantilização que não é delas. Nesse sentido, é verdade que as escolas se parecem um pouco com as prisões.” (Foucault, 1985, p. 73).

    Nas escolas, assim como diversas outras instituições, o controle disciplinar é mantido e exercitado. O estudo de Foucault nos permite analisar a escola como um espaço de produção de disciplina e saber, onde esse é instaurado e aceito. Podemos dizer que na escola “ser disciplinado” compensa, pois nessa instituição, fica claro o jogo de recompensas e honras. Esse jogo de premiações ao bom aluno disciplinado tem dois efeitos, que são distribuir os estudantes conforme suas habilidades e seu comportamento e exercer sobre os alunos o mesmo modelo, para que todos sejam dóceis e úteis. Na escola, todos têm que se parecer.
(Cruz & Freitas, 2011).

    Dos sistemas utilizados pela educação para sistematicamente organizar os alunos, as provas e os exames, se mostram como um tipo de violência, onde o aluno é obrigado a aprender um conteúdo para prosseguir adiante. Essa pressão psicológica, que muitas vezes pode ser imposta por professores, pais, e até mesmo pelos próprios alunos, de ter que decorar os conteúdos, se mostra como um tipo de violência.

    O exame proporciona a possibilidade de consolidar o estudante como objeto descritível, segundo seus saberes formais, de conteúdos disciplinares, mantendo toda a sua evolução escolar, de domínio de conteúdos/ assuntos científicos específicos sobre um saber e olhar permanente e permite a formação de descrição de grupos, por meio de um sistema comparativo. A aplicação de exames não garante que o aluno tenha de fato aprendido, já que na sociedade disciplinar, o “acerto” é digno de recompensa, neste sistema de troca e recompensa ininterrupto, nota-se que o aluno, sujeito da avaliação, busca por diversas vezes, aprender para obter essa gratificação, encontrada na escola como nota. O fim do aprendizado torna-se, então, a nota e não o conhecimento de fato. (Cruz & Freitas, 2011).

    A escola muitas vezes acaba buscando a imposição de conteúdos e não a criação da autonomia e da própria criação dos alunos. A opressão via exploração da força de trabalho humano, propiciada pela necessidade da sobrevivência, característica inerente ao modo de produção desenvolvido pelo sistema capitalista, conforme muito bem observado por Paulo Freire, termina por converter o homem em coisa/objeto, em ser acrítico e não pensante, desumanizando-o. Assim, conforme o próprio Freire caberia à educação problematizadora um importante papel: o de esclarecer e auxiliar na libertação da consciência humana, para que sujeito tenha condições de assumir sua condição ontológica e social de modo a contribuir para a transformação da realidade. (Fochezatto & Conceição, 2012).

    Freire (1980), afirma que: “[...] esta falsa concepção de educação, que se baseia no depósito de informes nos educandos, constitui, no fundo, um obstáculo à transformação. Por isto mesmo, é uma concepção antihistórica de educação. [...].”.

    Pode-se relacionar a violência social a fatores geradores e à forma como se conduzem determinados segmentos da sociedade os quais podem ser exemplificados pela indisciplina no trânsito, transgressões, roubos, assaltos, assassinatos, contrabandos, exploração do trabalho infantil, dentre outros que afetam o homem direta e indiretamente (Sposito, 1998).

    No momento atual, a violência é um fenômeno que se observa com freqüência crescente em todos os domínios da vida social. Esse fenômeno também ocorre na escola, onde professores e alunos vivenciam no seu cotidiano diferentes formas de violência (Carvalhosa, Lima, Matos, 2001; Blank, Liberal, 2005).

    A escola, como instituição que faz parte da sociedade, sofre os reflexos dos fatores de violência externos que têm gerado conflitos manifestados dentro da sala de aula, comprometendo o aprendizado e as relações interpessoais (Anser; Joly e Vendramini, 2003).

Conclusão

    O que se pode ver é que a violência trazida do mundo externo está muito presente dentro do ambiente escolar, sendo ela apresentada como física, verbal e psicológica. A escola pública, principalmente por conta de sua organização, também se mostra como um fator opressor aos alunos, principalmente como opressora psicológica.

    Ferreira e Schramm (2000) apontam como conseqüências de violência física não somente danos físicos e de desenvolvimento (social e cognitivo), mas também psicológicos (baixa auto-estima e desordens psíquicas) e comportamentais (desde dificuldades de relacionamento até atos suicidas e criminosos).

    Oliveira e Campos (2011) afirmam que os maus exemplos praticados por pais e responsáveis são assimilados pelos filhos e a escola, parte da vida da criança e do adolescente, é o ambiente que expressam esses ensinamentos vivenciados.

    A educação escolar é uma instituição importantíssima para o desenvolvimento da sociedade, mas infelizmente, tem sido alvo de indisciplina e violência, as quais são consideradas como obstáculos para que haja uma educação de qualidade para todos. Os diversos tipos de violência que hoje, fazem parte da sociedade, atingem tantos espaços privados quanto espaços públicos e os efeitos desta violência acabam por afetar principalmente as escolas. A violência escolar vem preocupado a todos porque além de ocorrerem em escolas de cidades grandes, tem ocorrido também em escolas de pequenas e médias cidades, além de perceber-se que as pessoas mais jovens estão cada vez mais envolvidas. Infelizmente a violência de jovens se encontra em uma dimensão preocupante, o que a torna um problema de grande relevância social. O fato é que seja qual for o tipo de violência, ela afeta o indivíduo tanto no plano físico, quanto no psíquico, moral e também no sócio-cultural (Santos, 2014).

    É preciso sempre que a escola compreenda o ambiente onde os alunos estão envolvidos e busque intervenções que tragam a conscientização e a socialização dos mesmos, minimizando assim a violência escolar. Cada aluno tem que ser visto com um indivíduo único com dificuldades e características pessoais e interpessoais únicas. Para isso é sempre importante que a coordenação da escola, os professores e os pais ou responsáveis dos alunos estejam sempre em comunicação, para que as carências possam ser entendidas e assim, supridas da melhor forma. O trabalho apresenta algumas limitações de acordo com o método utilizado, sendo necessárias mais pesquisas dentro da área, para uma melhor avaliação do quadro existente.

Bibliografia

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Lecturas: Educación Física y Deportes - ISSN 1514-3465 - © 1997-2015 Derechos reservados