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Introdução

    A atividade física é definida como qualquer movimento corporal com gasto energético acima dos níveis de repouso (Araújo e Araújo, 2000). A tecnologia e incentivos econômicos tendem a desmotivar a atividade, visto que a tecnologia pode reduzir o gasto energético necessário para as atividades diárias da vida, aumentando o número de indivíduos sedentários (Haskell et al., 2007). Ou seja, todos querem qualidade de vida e prazer em viver, e a atividade física, em suas várias formas de expressão, tem um importante papel dentro dessa temática (Carvalho e Madruga, 2011). Com isso, a atividade física vem ganhando espaço fundamental na prevenção, na conservação e na melhoria dos padrões psicológicos do ser humano (Weinberg e Gould, 2006).

    A adoção de um estilo de vida ativo é muito importante para uma vida duradoura e com qualidade, principalmente pelos potenciais benefícios amplamente relatados na literatura, provenientes de sua prática sistemática (Ribeiro et al., 2014; Sousa et al., 2009). A atividade física regular está associada com menor risco de mortalidade e demonstrado melhorar uma série de fatores de risco como aptidão cardiorrespiratória, controle ponderal, colesterolemia, insulina em jejum (Martin et al., 2009), doenças cardiovasculares, derrames tromboembólicos, hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus tipo II, osteoporose, obesidade, câncer do cólon, câncer de mama (Sousa et al., 2009; Søltoft, Hammer e Kragh, 2009), além da redução dos níveis de ansiedade, estresse e depressão, melhoras no humor, aumento do bem-estar físico e psicológico, e disposição física e mental aumentada (Cheik et al., 2003; Ribeiro et al., 2014).

    Legnani et al. (2011) identificaram o prazer como um dos fatores motivacionais associados à prática de atividade física em estudantes universitários. Segundo os autores, os aspectos motivacionais devem ser considerados em intervenções direcionadas à promoção da prática de exercício físico. Os efeitos positivos sobre os aspectos psicológicos originam-se do prazer obtido na atividade realizada e posterior bem-estar, os quais resultam da satisfação das necessidades ou do sucesso no desempenho das habilidades em desafio (Tahara, Schwartz e Silva, 2003).

    Em um estudo transversal realizado por Marcondelli, Costa e Schmitz (2008) com 281 estudantes da área da saúde, observou-se alto nível de sedentarismo entre os voluntários, exceto nos alunos do curso Educação Física, que praticam atividade física como parte da própria grade curricular. No estudo realizado por Silva et al. (2007) com estudantes da área da saúde verificou-se que no grupo de estudantes de Educação Física, 92% eram classificados como muito ativos ou ativos.

    A atividade física está diretamente ligada às facetas do bem-estar mental, sugerindo a necessidade da inclusão de programas de atividade física regular para a promoção de um estilo de vida saudável e, consequentemente, maior qualidade de vida (Bittar et al., 2013; Coelho et al, 2011). Desta forma, o presente estudo tem como objetivo verificar os motivos que levam estudantes de Educação Física à adesão da prática regular de atividade física.

Métodos

Amostra

    A amostra do presente estudo foi composta por mulheres adultas com idades de 18 a 35 anos, matriculadas no curso de Educação Física de uma universidade particular de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.

Instrumentos

    Para esta pesquisa foi utilizado o Inventário de Motivação a Prática Regular de Atividade Física (IMPRAF-54) proposto por Balbinotti e Barbosa (2006). O questionário consiste em 54 possíveis motivos que podem levar o voluntário a prática de atividade física, classificados em uma escala tipo Likert onde (1) = isto me motiva pouquíssimo, (2) = isto me motiva pouco, (3) = mais ou menos, não sei dizer, tenho dúvidas, (4) = isto me motiva muito e (5) = isto me motiva muitíssimo. Os fatores motivacionais são divididos em: controle de estresse, saúde, sociabilidade, competitividade, estética e prazer.

Procedimentos

    Todos os procedimentos seguiram as normas estabelecidas pelo Conselho Nacional de Saúde (Res. CNS 196/96) para pesquisas com seres humanos. Foi realizado o contato prévio com as voluntárias para explicação dos procedimentos de coleta e objetivos do estudo. Todas as voluntárias assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A identidade dos voluntários foi preservada e todas as informações se mantiveram em sigilo, onde apenas os pesquisadores tinham acesso às respostas. Durante as coletas, os voluntários gozaram de total liberdade para abandonar a pesquisa, sem qualquer prejuízo ou inconveniência.

    As coletas foram realizadas em uma universidade particular da cidade de Belo Horizonte, estado de Minas Gerais, Brasil, nos períodos matutino e noturno. Os questionários foram aplicados em uma sala de aula propícia, onde estavam presentes apenas as voluntárias e o pesquisador responsável, conforme agendamento e autorização dos professores e da coordenação do curso de Educação Física. Todas as instruções foram padronizadas e iniciava-se a coleta quando não houvesse nenhuma dúvida acerca dos procedimentos adotados. A duração média das coletas foi de 5 a 10 minutos.

Análise dos dados

    Os dados foram analisados utilizando o programa Microsoft Office Excel 2010. Utilizaram-se dados descritivos das somas das respostas de cada motivo obtidas no questionário e transformadas em percentuais.

Resultados

    A Tabela 1 apresenta os resultados em percentuais obtidos pelas voluntárias em cada um dos seis fatores motivacionais propostos pelo Inventário de Motivação a Prática Regular de Atividade Física (IMPRAF-54).

Tabela 1. Percentuais obtidos pelas voluntárias nos seis fatores motivacionais do IMPRAF-54

Fatores motivacionais	Percentual total
Prazer	27,95%
Saúde	27,63%
Estética	23,90%
Controle de stress	7,82%
Competitividade	7,15%
Sociabilidade	5,55%

    Observa-se com os resultados apresentados pela Figura 1 que o fator motivacional que mais leva à prática de atividade física regular pelas universitárias é o prazer (27,95%) e o menor é a sociabilidade (5,55%).

Discussão

    A atividade física vêm sendo amplamente estudada na comunidade científica devido à seus diversos resultados positivos para a saúde física e mental de seus praticantes (Haskell et al., 2007; Martin et al., 2009; Søltoft, Hammer e Kragh, 2009; Weinberg e Gould, 2006). Para promover e manter a saúde, todos os adultos saudáveis entre 18 e 65 anos precisam de atividade física aeróbica de intensidade moderada (equivalente a uma caminhada rápida, visivelmente acelerando o ritmo cardíaco) por um período mínimo de 30 minutos (que podem ser acumulados por períodos curtos de no mínimo dez minutos) durante cinco dias por semana. Ou ainda, em intensidade vigorosa (equivalente a corrida, promovendo um aumento substancial da frequência e amplitude respiratórias, bem como da frequência cardíaca) em no mínimo 20 minutos, três dias por semana. Combinações de atividades, de intensidade moderada a vigorosa, podem ser realizadas para atender a essa recomendação. Além disso, cada adulto deve realizar atividades como o treinamento resistido, que mantenham ou aumentem a força muscular e a resistência, em um mínimo de dois dias por semana (Haskell et al., 2007).

    De acordo com Araújo et al. (2012), o fator mais relevante à prática de atividade física regular foi a estética. Este fator também corrobora com o estudo de Hainzenreder et al. (2010) e Alchieri (2010). No trabalho de Deschamps et al. (2009), encontrou-se a saúde como fator motivacional em estudantes universitários utilizando o questionário IMPRAF-54. Já no estudo de Salve (2007) observou-se que o que mais motivou os universitários a aderência de atividades físicas foi o controle do estresse.

    Uma das alternativas e um grande facilitador que a vida moderna tem trazido para a prática regular de atividades físicas partem de dois âmbitos: a iniciativa privada com a criação de diversas academias equipadas com aparelhos modernos e localizadas em locais de fácil acesso trazendo conforto e consequentemente aderência dos praticantes de atividade física. Outra iniciativa se dá através de políticas publicas com a criação e aproveitamento do espaço urbano com a criação de academias ao ar livre com custos zero a população; uma iniciativa muito importante percebida por nós tendo-se em vista a relação custo benefício e disponibilidade financeira da população brasileira.

Conclusão

    A partir desta pesquisa concluí-se que, apesar do conhecimento cientifico de que um dos fatores mais importantes que deveriam levar as estudantes universitárias de Educação Física à prática de atividades físicas ser a saúde, este não é o espelho da realidade. Diversos fatores distintos levam as pessoas à prática de atividades físicas através de seus conhecimentos empíricos.

    Em síntese este estudo conclui que, apesar das voluntárias da pesquisa passar grande parte de seus dias sentados, elas são classificadas muito ativas, pois as mesmas praticam alguma atividade vigorosa todos os dias com duração de trinta minutos na maioria delas. E tem como fator motivacional principal o prazer, sendo que os mesmos deveriam estar imbuídos da principal relevância da regular e correta prática de atividades físicas é a saúde trazendo por consequência o prazer, a estética, a sociabilidade, o controle do stress e a competitividade.

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