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Níveis de estresse e de fadiga em fisioterapeutas de um hospital privado

Nível de estrés y fatiga em fisioterapeutas de um hospital privado

Stress and fatigue levels in physical therapists in a private hospital

 

*Fisioterapeuta. Docente do curso de Fisioterapia da Faculdade Independente do Nordeste (FAINOR)

e do curso de Fisioterapia da Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC). Mestranda em Tecnologias

em Saúde (EBMSP); Especialista em Dermato-funcional (Universidade Gama Filho)

**Fisioterapeuta. Docente do curso de Fisioterapia da Faculdade Independente do Nordeste (FAINOR)

Mestranda em Saúde Pública (FIOCRUZ); Especialista em Saúde Coletiva com ênfase em PSF (FAINOR)

e Especialista em Fisioterapia Traumato-Ortopédica e Reumatológica (FAINOR)

***Fisioterapeuta. Docente do curso de Fisioterapia da Faculdade Independente do Nordeste (FAINOR)

e do curso de Fisioterapia da Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC)

Especialista em Terapia Manual e Postural (CESUMAR)

****Psicóloga. Mestranda em Tecnologias em Saúde (EBMSP); Pós-graduanda em Psicologia

do Trânsito pela UNIGRAD. Especialista em Psicologia Junguiana pela APPJ

Especialista em Gestão de Pessoas nas Organizações – UNIC

***** Graduando do curso de Fisioterapia da Faculdade Independente do Nordeste (FAINOR)

Juliana Barros Ferreira*

julibarros78@hotmail.com

Karla Cavalcante Silva de Morais**

karlinhakau@hotmail.com

Rosana Porto Cirqueira***

porto_rosana@yahoo.com.br

Zâmia Aline Barros Ferreira****

zamiaaline@hotmail.com

Claudio Ricardo Narici Junior*****

claudioricardonaricijunior@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Os fisioterapeutas no seu ambiente de trabalho são suscetíveis em estados de tensão excessiva: freqüentes situações de emergência, inúmeras condições de risco e circunstâncias que propiciam a necessidade constante do acerto são alguns dos fatores que justificam a grande probabilidade de estresse e de fadiga no trabalho, e são alguns dos fatores que indicam a condição de trabalho de saúde dos trabalhadores e que seu excesso pode causar danos à saúde. Objetivo: Avaliar os níveis de fadiga e estresse presentes na função/cargo de fisioterapeuta em um hospital privado de Vitória da Conquista/BA. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal descritivo, de base populacional, quantitativa e observacional. O estudo foi realizado com todos os oito Fisioterapeutas que compõem o quadro de funcionários e que atuam na função a mais de seis meses. Utilizou-se para medir a fadiga, o Questionário Bipolar de Avaliação da Fadiga, e o Questionário para Avaliação do nível de estresse ocupacional Couto (2006). A variável quantitativa foi exposta em média, desvio padrão, tabelas e gráficos. Onde foi feita uma análise descritiva para caracterização da amostra e uma análise de freqüência (porcentagem). Resultados: Foram entrevistados oito Fisioterapeutas, sendo seis do gênero feminino (75%) e dois (25%) do gênero masculino. A interpretação dos dados de acordo com Questionário Bipolar de Fadiga apresentou que no início da jornada do trabalho 100% dos fisioterapeutas apresentaram ausência de fadiga, já no meio da jornada do trabalho 75% continuaram com ausência de fadiga, e 25% apresentaram fadiga leve à moderada, e no final da jornada 12,5% continuaram com ausência de fadiga, 50% apresentando fadiga leve a moderada e 37,5% com fadiga intensa. A interpretação da média geral do Questionário de Avaliação de Nível de Estresse foi 2,50 que diagnosticou como estresse leve/moderado e com 0,41 como desvio padrão. Quanto aos sintomas de estresse identificados foram: ansiedade, fadiga, dor nos músculos o pescoço e ombros, nervosismo. Conclusão: No início da jornada de trabalho, nenhum fisioterapeuta apresentou fadiga, enquanto que no meio da jornada 25% destes profissionais apresentaram fadiga leve a moderada, Já no fim 50% apresentaram fadiga leve a moderada e 37,5% fadiga intensa. No estudo apontou como resultado que há presença de estresse leve/moderado em todos os fisioterapeutas que atuam no ambiente hospitalar. Quanto aos sintomas subclínicos indicativos de estresse observados que tiveram maior média foram: ansiedade, nervosismo, dor no pescoço e, ombros, e fadiga. Este estudo nos permite recomendar aos profissionais fisioterapeutas a adoção de medidas preventivas e mecanismos de enfrentamento e a inclusão de atividades de desenvolvimento profissional com o intuito de melhorar realização de suas atividades e com isso minimizando o estresse e a fadiga, para melhoria da qualidade de vida, sugerindo a realização de trabalhos futuros com direcionamento ao enfretamento dessas condições expostas.

          Unitermos: Fisioterapia. Saúde do trabalhador. Estresse profissional.

 

Abstract

          Physiotherapists in their work environment are susceptible to excessive stress states: frequent emergencies, numerous risk conditions and circumstances that provide the constant need of adjustment, are some of the factors that justify the high probability of stress and fatigue on work and are some of the factors that indicate the health of condition of the workers and that its excess can cause damage to health. Objective: To evaluate the levels of fatigue and stress present in the function/role of physiotherapist in a private hospital in Vitória da Conquista / BA. Methodology: This is a descriptive cross-sectional study, a population-based, quantitative and observational. Was conducted with 8 physiotherapists who make up the workforce and working in function over six months. Was used to measure fatigue, Bipolar Fatigue Assessment Questionnaire and the Questionnaire for Evaluation of occupational stress level, Couto (2006). Quantitative variable was exposed on average, standard deviation, tables and graphs, where it was made a descriptive analysis to characterize the sample and a frequency analysis (percentage). Results: At the beginning of the working day, no physiotherapist presented fatigue, while in the middle of the journey 25 % of these professionals had mild to moderate fatigue, toward the end 50 % had mild to moderate fatigue and 37.5 % severe fatigue. The interpretation of the general average Stress Level Assessment Questionnaire was 2.50 who diagnosed as mild/moderate stress and ± 0.41 as standard deviation. For symptoms of stress identified were: anxiety, fatigue, muscle pain the neck and shoulders, nervously. Conclusion: The data collected found that physiotherapists at the beginning of the day remained with no fatigue, but in the middle of the day there was the emergence of fatigue in 25% of physiotherapists with mild to moderate level, at the end of the day only 12.5 % maintained absence of fatigue, since 50% had mild to moderate fatigue, 37.5% with severe fatigue. The study found as result, the presence of mild/moderate stress in all physiotherapists who work in the hospital. As for indicative subclinical symptoms of stress observed that had the greatest average were: anxiety, nervousness, pain in the neck and shoulders and fatigue. This study allows us to recommend to physiotherapists to adopt preventive measures and coping mechanisms in addition to the inclusion of professional development activities in order to improve performance of its activities, minimizing stress and fatigue, to improve the quality of life and suggests the direction of future work with the coping of these exposed conditions.

          Keywords: Physiotherapy. Occupational health. Professional stress

 

Recepção: 19/06/2015 - Aceitação: 03/10/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 210, Noviembre de 2015. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    O fisioterapeuta é profissional de Saúde, com formação acadêmica Superior, habilitado à construção do diagnóstico dos distúrbios cinéticos funcionais, à prescrição das condutas fisioterapêuticas, à sua ordenação e indução no paciente, bem como o acompanhamento da evolução do quadro clínico funcional e as condições para alta do serviço (COFFITO, 2014).

    Os fisioterapeutas estão entre os profissionais da área de saúde que mais apresentam distúrbios posturais, pois as atividades laborativas destes implicam em exigências do sistema osteomusculoesquelético, com movimentos repetitivos de membros superiores, manutenção de posturas estáticas e dinâmicas por tempo prolongado e, principalmente, movimentos de sobrecarga para a coluna vertebral (Salermo, 2000).

    A fisioterapia pode ser considerada uma ocupação estressante em se tratando da presença de fatores relacionados à dor lombar, membros inferiores, mãos, punhos e polegar (Pavani e Quelhas, 2006). Com o passar do tempo, o profissional acentua o desgaste emocional e surge o estresse (Formighieri, 2003).

    Atualmente a fadiga e o estresse em seu momento de exagero pode provocar sérios problemas de ordem física e mental, resultando numa insatisfação do trabalhador, comprometendo a atividade do indivíduo e o sucesso no trabalho, além disso, o surgimento da fadiga vem em decorrência da sobrecarga de trabalho diante o papel profissional (Couto; Vieira e Lima, 2007).

    A explicação para a ocorrência do estado de estresse é biológica e diz respeito à necessidade de adaptação ou ajustamento do organismo frente às pressões do meio com os quais este se depara, e essa adaptação manifesta-se em três fases: a reação de alarme diante de um agente agressor, a resistência e a exaustão (Rivach, 2010). É comum a todo ser humano passar pelas fases de alarme e de adaptação ao longo da vida, pela demanda constante de ajuste às atividades e necessidade de resistência aos infortúnios da existência (Zanelli; Borges-Andrade e Bastos, 2004).

    Dentre vários sintomas ocasionados pelo estresse, um dos principais é a fadiga, que se refere às conseqüências de estar em um ambiente sobrecarregado de fatores estressantes (Bawa, 1997).

    Dentre as causas da fadiga, estão as seguintes: os fatores fisiológicos, relacionados com a intensidade e a duração do trabalho físico e intelectual; os fatores psicológicos, que estão ligados à monotonia e à falta de motivação; e, por fim, os fatores ambientais e sociais, como a iluminação, o ruído, a temperatura e o relacionamento com a chefia e com os colegas de trabalho (Grandjean, 1998).

    Diante de tais constatações, percebe-se a importância de estudos que se destinem a analisar os níveis do estresse e da fadiga no seu ambiente de trabalho, no sentido de modificá-las ou de minimizar os seus efeitos negativos.

    Portanto este trabalho terá como objetivo geral analisar. Avaliar o nível de estresse e fadiga presente na função/cargo de fisioterapeuta do hospital privado situado no município de Vitória da Conquista – BA. Este será atingido a partir dos seguintes objetivos específicos:

    Este trabalho terá como objetivo geral analisar: Avaliar o nível de estresse e fadiga presente na função/cargo de fisioterapeuta do hospital privado situado no município de Vitória da Conquista – BA. Este será atingido a partir dos seguintes objetivos específicos:

  • Conhecer os fatores predisponentes que favorecem o surgimento do estresse e da fadiga do profissional fisioterapeuta;

  • Avaliar através da escala, o nível de estresse que os fisioterapeutas estão passando no momento;

2.     Metodologia

2.1.     Tipo de estudo

    A pesquisa com base em seus objetivos foi do tipo estudo transversal descritivo, de base populacional, quantitativa e observacional.

    O estudo de abordagem transversal na descrição entre variáveis, onde definem os principais fatores de pesquisa principalmente em relação a fatores constitucionais como a idade, sexo ou grupo étnico uma vez que estes não são alterados por outras variáveis e são, assim, geralmente, variáveis independentes (Rouquayrol, 1994).

    Quantitativo, segundo Gil (2002), significa uma análise de alguns fatores como a natureza dos dados coletados, os instrumentos da pesquisa, a extensão da amostra e os pressupostos que norteiam a investigação quantitativa, pois os passos da pesquisa são desenvolvidos de maneira relativamente simples, que permitem uma análise estatística.

2.2.     Local do estudo e sujeitos da pesquisa

    Quanto ao local do estudo, foi entregue Carta de apresentação do discente para Pesquisa com o consentimento da Coordenação do curso de Fisioterapia da Faculdade Independente do Nordeste-FAINOR para a realização da pesquisa, ao Instituto Brandão de Reabilitação (IBR) de Vitória da Conquista onde foi solicitada autorização Institucional para coleta de dados para Superintendente Fátima Valéria Grama Tupy após aprovação do referido projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade Independente do Nordeste (CEP/FAINOR) CAAE: 43253415.40000.5578

    A pesquisa é composta por uma população de n = 8 Fisioterapeutas, dispostos em 6 do gênero feminino, representando 75% e 2 do gênero masculino ocupando 25%, A população do estudo foi obtida como não probabilística (por conveniência), constituída por todos os oito fisioterapeutas que compõe o quadro de funcionários de ambos os sexos que atuam na UTI, e no setor de internamento hospitalar do referido hospital privado, nos turnos matutino, vespertino e noturno.

    Assim, foi entregue o instrumento de coleta de dados para cada um da amostra, em seu próprio local de trabalho, Os questionários foram acompanhados pelo termo de consentimento livre e esclarecido, onde foram devidamente assinados. Esse termo autoriza o uso das informações para fins de redação e de publicação de artigos científicos estando o sujeito da pesquisa ciente da idoneidade do trabalho científico e dos dados que serão tratados de forma confidencial, sem que seja submetido(a) a qualquer penalização, onde garante o anonimato, bem como a imagem e identidade protegidas.

2.3.     Instrumento de coleta de dados

    Foram utilizados dois questionários semiestruturados, validados para o Brasil, com questões objetivas aplicadas aos fisioterapeutas, os quais foram esclarecidos sobre o objetivo do estudo.

    Para medir a fadiga, foi usado o Questionário Bipolar de Avaliação da Fadiga, adaptado de (Couto, 1996), considerado uma técnica simples de avaliação da fadiga e baseado em testes cognitivos.

    O questionário compreende três formulários que foram aplicados em três momentos: primeiro, quando o trabalhador inicia a jornada; segundo, quando o estiver saindo para o almoço; terceiro, ao final da jornada laboral. É constituído de 14 (quatorze) perguntas com dois extremos em cada pergunta, onde no seu conteúdo estão os números de 1 (um) a 7 (sete) para quantificação da situação. Para facilitar a interpretação dos colaboradores foi explicado que no inicio e fim de cada linha do formulário existem 2 (duas) sensações. Ele deverá optar por um número de 1 (um) a 7 (sete) de acordo com sua percepção quanto as mesmas. Se estiver se sentido mais próximo da caracterização que está a esquerda (sensação no inicio da linha), marque 1 (um);s ele estiver se sentido totalmente à (sensação no fim da linha), marque 7 (sete); se for mais ou menos, marque 4 (quatro); mais para o lado da caracterização no início, 3 (três) ou 2 (dois); mais para o lado da caracterização no fim, marcar 5 (cinco) ou 6 (seis).Os dados foram consolidados gerando três questionários (antes, durante e ao final da jornada de trabalho) com as médias das respostas para caracterização. A interpretação do questionário para avaliação do nível de fadiga considera os seguintes critérios, tomando como base o questionário do final da jornada de trabalho: Ausência de fadiga- até 3 (três) em cada uma das caracterizações; Moderada – 4 (quatro) ou 5 (cinco) em alguma das caracterizações (sendo que a pontuação inicial era menor que 3 (três); Intensa – 6 (seis) ou 7 (sete) em alguma das caracterizações;

    Para estimar o estresse nos últimos seis meses utilizou-se o Questionário de Avaliação do Nível de estresse (Couto 2006) que é um instrumento que tem como objetivo a avaliação da existência de sintomas de estresse que possui 26 itens. A soma dos itens 1 a 14 faz a média dividi por 14 multiplicar por 2 resultado da Média (A), soma os pontos das questões 15 a 26 faz a média dividi por 12 resultado da Média (B). A média (A) soma com a Média (B) dividi por 2, sai o resultado da Média (C), que interpretará os participantes com diagnóstico de: Ausência de estresse (1,0 a 2,0), Estresse Leve e Moderado (2,1 a 3,5), Estresse Intenso, Estresse Muito Intenso (4,6 a 5,0).

2.4.     Vantagens e limitações

    O estudo possibilitará conhecer os fatores predisponentes que favorecem o surgimento do estresse e da fadiga nos fisioterapeutas e verificar se os fatores são relacionados como decorrências relativas a conseqüências da sobrecarga de trabalho ou fatores fisiológicos ou psicológicos e se podem interferir na realização de suas atividades e na qualidade de vida dos mesmos. Para elaboração do estudo, dificuldades são sendo encontradas no que diz respeito à obtenção de referências que constem maiores informações sobre o Estresse e a fadiga nos Fisioterapeutas.

2.5.     Aspectos éticos

    Todos os sujeitos da pesquisa participaram em caráter voluntário, sendo utilizados os questionários que foram respondidos individualmente por cada Fisioterapeuta. Foi assinado pelos participantes o termo de consentimento livre e esclarecido de acordo com a resolução 466/12 do CNS. O projeto foi apresentado e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Faculdade Independente do Nordeste FAINOR, conforme protocolo CAAE: 43253415.4.0000.5578 e Número do Parecer: 1.064.743 Foi realizado um estudo de campo onde foram respeitadas as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

3.     Resultados

    A Tabela 1 mostra a distribuição da população de acordo com gênero e idade média. Nos questionários analisados, encontramos predominância do sexo feminino 75% (6) e 25% (2) do sexo masculino. Quanto à distribuição da idade média da população de 100% (8) é de 31,4 anos (Tabela 1).

Tabela 1. Distribuição do perfil sócio-demográfico da população. Vitória da Conquista, 2015

Fonte: Dados da pesquisa (2015)

    A interpretação dos dados de acordo com o Questionário Bipolar de Avaliação de Fadiga Couto (1996), demonstrou que (100%) dos fisioterapeutas no início da jornada tiveram ausência de fadiga, já no meio da jornada (75%) dos fisioterapeutas apresentou ausência de fadiga, e (25%) com fadiga moderada, já no final da jornada (12,5%) apresentaram ausência de fadiga e (50%) com fadiga moderada e (37,5%) com fadiga intensa. (Gráfico I).

Gráfico 1. Níveis de fadiga de acordo com o período da jornada. Vitória da Conquista, 2015

Fonte: Dados da pesquisa (2015)

 

Gráfico 2. Fatores subclínicos indicativos de estresse

Fonte: Dados da pesquisa (2015)

    De acordo com o instrumento os sintomas subclínicos indicativos de estresse observados que obtiveram pontuação acima da média foram nervosismo, fadiga, ansiedade, dor no pescoço e ombros.

4.     Discussão

    Dentre os oito fisioterapeutas participantes da pesquisa, houve predominância do gênero feminino, corroborando com os estudos de Formighieri (2003) e Trelha et al (2004), já que esta profissão é estritamente relacionada com o ato de cuidar do outro, característica mais ligada ao sexo feminino em nossa sociedade.

    De acordo com Araujo (2004), a participação da mulher na força de trabalho brasileira vem aumentando de forma crescente e nos mais variados setores, especialmente na prestação de serviços.

    Resultados similares foram obtidos por Metzker (2012), que realizou um estudo com 38 fisioterapeutas no hospital filantrópico de Belo Horizonte, sendo que sua amostra constituiu (97,4%) por profissionais do sexo feminino e a maioria com faixa etária entre 30 e 40 anos.

    Os resultados relacionados à faixa etária obtidos no presente estudo estão de acordo com os estudos de Nogueira (2007), que verificaram média de 31 anos. Já Vechi (2013) realizou um estudo com oito fisioterapeutas no Hospital Universitário da Universidade de Juiz de Fora, em que a faixa etária variou entre 24 a 42 anos, sendo que 62% dos profissionais eram do gênero feminino.

    A faixa etária pode ser explicada, devido ao fato da Fisioterapia no Brasil ser uma profissão nova, reconhecida e regulamentada há 34 anos e que apresentou expansão no número de profissionais nos últimos 10 anos, com crescimento da oferta de cursos nas universidades neste período (Formighieri, 2003).

    De acordo com Vechi (2013), os melhores instrumentos para mensurar a fadiga são os questionários já que estão relacionados às respostas individuais de forma que possa perceber o que cada pessoa sente.

    Rivach (2010) diz que uma ocasião de desequilíbrio motivado pelo ambiente de trabalho é caracterizada como fadiga física, e que os sintomas gerados pela fadiga mental e física em conjunto são expressas como cansaço geral. O autor reforça que o cansaço leva à fadiga crônica, permanente, e que a fadiga está relacionada ao desinteresse, à alienação, à falta de motivação para o trabalho e ao baixo rendimento.

    Os significados expostos sobre a fadiga mostra que a mesma pode ser detectada em diversas situações na execução das atividades, e quando identificada devem ser analisadas e resolvidas, pois este fator é um dos que mais contribuem na redução de produtividade, tendendo a aceitar menores padrões de precisão e segurança simplificando a tarefa e eliminando tudo o que não é essencial, de modo a diminuir a força, a velocidade, os movimentos e a precisão (Formighieri, 2003).

    No que se refere ao diagnóstico de estresse nos fisioterapeutas, esse resultado vai ao encontro das constatações das últimas pesquisas realizadas pela Associação Internacional de Gerenciamento e Controle do Estresse (International Stress Management Association) que confirma a existência de estresse em grande parcela dos trabalhadores brasileiros de diversos setores (Isma, 2003).

    No ambiente hospitalar o trabalho do fisioterapeuta destaca-se por ser desgastante e exaustivo por ser contínuo, sendo desenvolvido a partir de uma relação interpessoal muito próxima com o paciente que está sob seus cuidados e dos demais profissionais de saúde (Silva, 2006). Esse contato, muitas vezes por períodos prolongados, pode levar à absorção do sofrimento emocional transmitido pelo próprio enfermo, que, segundo Messias (1999), pode ser somado em razão do número de pacientes atendidos em um dia inteiro de trabalho.

    Contudo, quando os estímulos forem excessivos e mantidos por longos períodos, a capacidade do organismo de se adaptar pode ser extrapolada. Quando isso ocorre, o estresse aumentado leva a uma série de reações fisiológicas e bioquímicas que acabam por desencadear condições patológicas (Coronetti, 2006).

    Os sintomas verificados no grupo com diagnóstico de estresse coincidem com alguns registrados. Nos estudos de Metzker (2011) o nervosismo, ansiedade, fadiga, dor no pescoço e ombros são indicados como sintomas presentes em indivíduos estressados.

    Vechi (2013), em estudo realizado no Hospital Universitário de Santa Catarina, com oito fisioterapeutas, através do questionário pôde identificar alguns sintomas que coincidem com a pesquisa atual como: nervosismo, dor de cabeça por tensão, fadiga, ansiedade, falta ou excesso de apetite. Zille (2005) menciona que ao estudar 550 gerentes de empresas de setores diversos, constatou como principais sintomas: ansiedade, fadiga, dores nos músculos do pescoço e ombros e insônia.

5.     Considerações finais

    Foi possível concluir que os sintomas de estresse identificados nos fisioterapeutas com a freqüência acima da média foram: ansiedade, fadiga, dor nos músculos do pescoço e ombros e nervosismo. Este estudo nos permite recomendar aos profissionais fisioterapeutas a adoção de medidas preventivas e mecanismos de enfrentamento considerando a inclusão de atividades de desenvolvimento profissional no espaço de trabalho com o intuito de melhorar realização de suas atividades e com isso minimizando o estresse e a fadiga, para melhoria da qualidade de vida, sugerindo a realização de trabalhos futuros com direcionamento ao enfretamento dessas condições expostas caso necessário.

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