Educação Física no Ensino Médio de escolas públicas na região da QNL em Taguatinga Norte, DF: como é tratada pelo professor? La Educación Física en la
Escuela Media en escuelas públicas de la región Physical Education in High School
in the public schools |
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*Discente do curso de Licenciatura em Educação Física da Faculdade Mauá de Brasília **Graduada em Educação Física pela Universidade Católica de Brasília – UCB, Brasília ***Mestre em Educação Física e Docente do Curso Licenciatura em Educação Física da Faculdade Mauá de Brasília – Mauá Brasília (Brasil) |
Thiago Santos da Silva*** professorthiagosilva1@gmail.com Patrícia Lopes Bezerra* Ketiussa de Lima Marques* Érica Vieira de Souza* Thais Santana de Mesquita** thaissantanademesquita@gmail.com Wesley Salazar de Almeida*** |
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Resumo O objetivo desse estudo é verificar a Educação física no Ensino médio dessas escolas: Como é tratada pelo professor. Métodos: Foi realizada uma pesquisa do tipo descritiva, através de questionário composto por 23 questões que verifica a forma que o professor trata a educação física no ensino médio, aplicados em duas escolas de ensino médio da QNL de Taguatinga norte, com 9 professores atuantes da disciplina de Educação física. Resultados e discussão: O presente estudo investigou a área de atuação e dificuldades encontradas na execução da profissão na I.E que aponta uma falta de atualização do professor, comodismo devido à estabilidade do trabalho. Em relação à atuação do professor na escola, a visão do mesmo sobre as aulas, mostrando que o professor tem uma visão de sua disciplina, porém não aplica a mesma para seus alunos, devido ao descaso do professor e do aluno. Em relação à instituição, se fornece o suporte necessário para desempenhar um bom trabalho, mostrando descaso com o professor e o aluno, não reconhece a legitimidade da Educação Física no projeto pedagógico da escola, distanciando o docente da direção, dificultando o trabalho e interação entre as áreas. Conclusão: Conclui-se que os professores das escolas pesquisadas, tem uma visão da educação física, porém não se aplica a essa visão, mostrando o descaso dos mesmos com a Instituição de ensino e o descaso da instituição de ensino para com os mesmos. Untermos: Educação Física escolar. Ensino médio. Professor.
Abstract The objective of this study is to verify the physical education in junior high schools: how she is treated by professor. Methods: a descriptive research, through a questionnaire composed of 23 issues that check the form that the teacher treats the physical education in high school, applied to two high schools of the North, QNL Taguatinga, with 9 active teachers of physical education. Results and discussion: the present study investigated the area and difficulties encountered in the execution of the job on I and that points a lack of teacher's update, convenience due to the stability of the work. In relation to the role of the teacher in the school, the vision of the same about classes, showing that the professor has a vision of their discipline, but does not apply the same to his students, due to the disregard of the teacher and the student. In relation to the institution, if it provides the support necessary to carry out a good work, showing disregard to the teacher and the student does not recognize the legitimacy of Physical education in the pedagogical project of the school, the Faculty of direction, making the work and interaction between the areas. Conclusion: it is concluded that the teachers of the schools surveyed, have a vision of physical education, but does not apply to this vision, showing the neglect of the same with the educational institution and the neglect of the education institution with the same. Keywords: School Physical Education. High school. Teacher.
Recepção: 26/08/2015 - Aceitação: 18/10/2015
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 210, Noviembre de 2015. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
A escola pública, ao longo de sua trajetória até os dias atuais, tem apresentado problemas de difíceis soluções e, portanto, não tem conseguido obter sucesso em sua função. Com isso, não lhe são dados o respeito, o reconhecimento e a credibilidade que poderia merecer. Há um descompromisso por parte dos governantes, responsáveis diretos pela sua função e, até mesmo, da própria sociedade, impedindo que a escola pública possa oferecer aos seus alunos, melhores oportunidades, como um nível educacional mais qualificado, visando maiores chances de emprego e colocação no mercado de trabalho.
As pesquisas sobre a escola pública têm demonstrado, muitas vezes, um tom de culpabilidade atribuído ora ao sistema de ensino, ora ao professor, à direção, ora ao próprio aluno e, muitas vezes, ao Estado.
De acordo com o pensamento de Gonçalves (1997), a escola é:
Uma instituição social e, como tal, se encontra numa relação dialética com a sociedade em que se insere. Ao mesmo tempo em que reproduz as estruturas de dominação existentes na sociedade, constitui-se em um espaço onde se pode lutar pelas transformações sociais. As práticas sociais trazem a marca da cultura e do sistema dominante, que nelas imprimem as relações sociais que caracterizam a moderna sociedade capitalista (p. 32)
Segundo Molina Neto (1996), as escolas públicas têm como principais características a gratuidade do ensino, desfrutando de maior autonomia pedagógica, com uma relação de poder institucional menos evidente, mas que permite uma liberdade de ação docente. Na verdade, isso não se faz presente em todas as escolas, pois são inúmeras as situações que impedem um professor de desenvolver propostas diferenciadas em suas aulas, bem como de elaborar projetos extra-curriculares.
O ensino médio passa a fazer parte da educação básica através LDB (Lei de Diretrizes e Bases) com a Lei n. 9394/96 que declara que o ensino médio “tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores” (Art. 22).
A LDB explicita ainda que o ensino médio é a “etapa final da educação básica” (Art. 36), o que concorre para a construção de sua identidade. O ensino médio passa a ter a função de terminalidade, o que significa assegurar a todos os cidadãos a oportunidade de consolidar e aprofundar os conhecimentos adquiridos no ensino fundamental; aprimorar o educando como pessoa humana; possibilitar o prosseguimento dos estudos; garantir a preparação básica para o trabalho e a cidadania; dotar o educando dos instrumentos que o permitam “continuar aprendendo”, tendo em vista o desenvolvimento da compreensão dos “fundamentos científicos e tecnológicos dos processos produtivos” (Art. 35, incisos I a IV). Mais nessa disciplina ocorre uma repetição do que acontece no ensino fundamental, voltada, quase que na sua totalidade, às práticas das modalidades esportivas, em geral desenvolvidas por meio de competições. A Educação Física está lutando para ser compreendida como parte integrante da cultura escolar, isto é, como um componente que desenvolve atividades expressivas dos alunos através dos jogos, das ginásticas, das danças, do esporte, das brincadeiras, e das lutas, enfim, como um componente que se destaque pela produção de cultura do educando. Desta forma, a Educação Física tem a sua colaboração na construção do ser humano em desenvolvimento.
Correia (1996) defende a idéia que o ensino médio deve partir de um planejamento participativo, considerando algumas vantagens, como a participação dos próprios alunos e suas motivações nas atividades, a própria valorização da Educação Física e o envolvimento de outros alunos na forma de participar na elaboração da proposta. O autor considera que as principais vantagens são: os níveis de participação e motivação dos alunos nas atividades propostas; a valorização da disciplina pelos alunos; a repercussão da proposta perante outros grupos não engajados e menor despersonalização dos educandos, face ao caráter participativo da proposta. (p.47)
Porém, para que isso venha a ocorrer, se faz necessário um planejamento bem elaborado, envolvente e coerente, já que o maior desafio é estimular esse adolescente para as aulas de Educação Física que freqüenta no ensino médio.
São vários os problemas que permeiam a Educação Física escolar, e um deles diz respeito ao papel do professor, mais especificamente daquele que atua na escola pública. As suas condições de trabalho no espaço escolar somadas ao seu comprometimento com o ato de educar é que podem transformar a prática pedagógica oferecida nas aulas de Educação Física. Este aspecto refere-se também ao tipo de formação profissional recebida por esse professor, além da formação continuada ao longo de sua trajetória.
Segundo as pesquisas de Darido (1997), o motivo que leva os professores a optarem por estas modalidades pode ser variado: as justificativas não se pautam apenas nos locais, por serem mais apropriados, mas podem variar em função da influência da mídia, ou mesmo porque os professores têm maior experiência com aquela prática esportiva. Segundo esses estudos, há enorme influência tanto da formação profissional quanto da trajetória esportiva vivida por muitos desses professores inseridos na rede pública. Eles têm grande dificuldade em romper com tradicionais paradigmas de trabalho, deixando de buscar diferentes ações que promovam o desenvolvimento integral do ser humano, considerando sua complexidade, individualidade e carências.
Em razão de encontrar um conhecimento limitado do esporte na educação física do ensino médio em escolas públicas na região da QNL em Taguatinga norte, o objetivo dessa pesquisa é verificar a Educação física no Ensino médio dessas escolas: Como é tratada pelo professor, a fim de estudar essa questão e os motivos que os levam a conduzir essas aulas limitadas.
Materiais e métodos
Para a melhor compreensão da problemática investigada, optou-se pela pesquisa qualitativa, do tipo descritiva, no qual os dados coletados foram através de questionário composto por 23 questões que verifica a forma que o professor trata a educação física no ensino médio, foram aplicados nas duas escolas de ensino médio da QNL de Taguatinga norte, com 9 professores atuantes da disciplina no Centro educacional 05 de Taguatinga e no Centro educacional 06 de Taguatinga, no período de 6 a 8 de outubro de 2009, nas próprias instituições, nas salas dos professores. Convém ressaltar que os critérios de inclusão dos participantes na pesquisa foram: a atuação no Ensino Médio em escolas públicas de Ensino médio da QNL em Taguatinga e o aceite do professor em participar espontaneamente deste estudo a partir da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Resultados e discussão
O questionário aplicado foi dividido em três diferentes títulos.
Em relação à titulação, área de atuação e dificuldades encontradas na execução da profissão na I.E.
Foi perguntado aos professores em qual ano do ensino médio eles estavam atuando e verificou-se que 7 professores atuam no 1º ano, 7 atuam no 2º ano e 6 atuam no 3º ano do segundo grau, sendo que foram 9 professores que responderam esse questionário, então todos atuam em mais de uma serie dentro do ensino médio, 8 professores responderam também que não sentem dificuldades de ministrar aulas para esses alunos enquanto que 1 professor sente essa dificuldade, o que espantou nesse questionário foi a relevância da educação física no ensino médio, quando 6 professores julgam importante a educação física no ensino médio, mais 3 professores responderam que a educação física no ensino médio não tem importância. Ao responderem que acham importante, foi perguntado a esses professores, em que aspecto eles julgaram importante a EF no ensino médio, e os mesmos destacaram mais de um aspecto, 4 professores responderam que é importante no aspecto social, 6 julgam importante o aspecto motor e 4 o aspecto afetivo, ressaltando que cada professor respondeu mais de um item, perguntamos se esses professores gostam do que fazem, se gostam de dar aulas, espantosamente, verificou-se que 5 professores gostam sim de dar aula para o ensino médio, mais 4 professores atuantes nessa rede não gostam de dar aulas, fazendo com que questionemos então porque estão lá, então foi perguntado o por que estão nessa área de atuação, todos os professores responderam mais de um item, 2 professores afirmaram que se identificam com a área, 6 relataram que escolheram pois passaram no concurso, 5 pela estabilidade financeira, 4 disseram que é provisório, 1 disse que não teve escolha, daí levantou-se a seguinte questão, quanto tempo que o professor está ministrando aulas para esses alunos do ensino médio, 1 professor respondeu que tem até dois anos de experiência atuante nessa área, 4 relataram que estão dando aulas entre 2 a 5 anos, um está atuante entre 5 e 10 anos e 3 estão dando aulas a mais de 10 anos no ensino médio, questionamos então qual é a situação do professor na escola, 2 professores trabalham de contrato especial, enquanto 7 são concursados, daí, surgiu a duvida em relação a titulação do professor, já que grande parte são concursados, quando 4 responderam que tem apenas a graduação e 5 fizeram pós graduação, mais se existe esse numero grande de concursados, será que acomodaram na profissão, ou fazem algum tipo de especialização continuada, 7 deles fazem uma pós graduação a mais, 1 professor está fazendo o mestrado e 1 professor não faz nada, quando fomos olhar o professor que está fazendo o mestrado, vimos que não é o professor concursado e sim o que trabalha de contrato especial, fazendo surgir inúmeras dúvidas quanto a reciclagem do conteúdo para ministrar aulas, questionamos também se fazem algo fora da escola, até para saber ou traçar uma linha de questionamentos caso desse nos resultados, o descaso, por parte dos professores, então vimos que 2 professores trabalham em escolas particulares, 2 professores em academias, 4 professores tem trabalhos informais, não relacionados a área de formação acadêmica, e 3 responderam que não fazem nada.
Terminada a primeira parte do questionário, vimos pelas questões respondidas, à desmotivação ou até mesmo a falta de comprometimento desses professores com a escola, mais será que o problema é do professor? Fomos então para a segunda parte do questionário, que se trata da forma de atuação do professor na escola, a visão que ele tem.
Em relação à atuação do professor na escola, a visão do mesmo sobre as aulas
Foi perguntado ao professor se ele seguia algum roteiro de aula como o plano de aula, baseados em referenciais teóricos, com espanto vimos que 2 tem sim o plano de aula para seguir, 4 disseram não seguir nada, 3 disseram seguir um referencial quando passaram trabalhos manuscritos para os alunos, daí surgiu uma duvida, a forma de avaliação da disciplina, daí 2 disseram que passam provas escritas, 3 disseram que passam somente provas práticas e 4 disseram aplicar os dois tipos de prova, levantou-se a questão, você acompanha o desenvolvimento dos seus alunos no decorrer de suas aulas? Apenas 2 professores responderam que sim, 1 disse que não e 6 disseram que as vezes acompanham, para os que responderam que sim e as vezes, perguntamos como era feito esse acompanhamento, 3 disseram que observam, corrige quando necessário, ou seja corrige apenas o movimento, 1 disse que através da auto avaliação, 2 disseram que ensina o movimento todas as aulas, assim os alunos assimilam devido a repetição, 2 professores não quiseram responder, avaliando assim, que a educação física é trabalhada apenas como movimento esportivo. Segundo Betti & Betti (1996), esse tipo de formação é caracterizada como tradicional-esportivo:
O currículo tradicional - esportivo enfatiza as chamadas disciplinas “práticas” (especialmente esportivas). O conceito de prática está baseado na execução e demonstração, por parte do graduando, de habilidades técnicas e capacidades físicas (um exemplo são as provas “práticas”, em que o aluno deve obter um desempenho físico-técnico mínimo). Há separação entre teoria e prática. Teoria é conteúdo apresentado na sala de aula (qualquer que seja ele), prática é a atividade na piscina, quadra, pista, etc. A ênfase teórica se dá nas disciplinas da área biológica/psicológica [...]. Este modelo iniciou-se ao final da década de 60 e consolidou-se na década de 70, acompanhando a expansão dos cursos superiores de Educação Física no Brasil e a “esportivização” da Educação Física [...] (p. 10).
Deu-se continuidade ao questionário perguntando quais tipos de esportes esse professor ministra ou direciona os alunos, podendo o professor responder mais de um item, obteve os seguintes resultados: 7 disseram passar handebol para seus alunos, 8 responderam futebol, 8 voleibol, 7 basquetebol, 2 marcaram queimada, 1 disse desenvolver ginástica rítmica e/ou artística e 3 disseram que os alunos escolhem, geralmente entrega a bola e deixa a aula livre, nenhum marcou a opção de outros, discursiva, onde poderiam apontar o que mais é trabalhado nas aulas, foi perguntado também como era a participação dos alunos na E.F, 2 professores disseram ser regular, 6 disseram ser bom, 1 muito bom, nenhum marcou excelente e nenhum marcou fraco, então foi perguntado para o professor o que ele faz pela escola que trabalha, por própria iniciativa, até como forma de motivação para a prática da educação física, 2 professores disseram não fazer nada, 3 responderam que eles não precisam, já são muito motivados, adoram a educação física e 4 disseram que fazem sim, passeios, torneios interclasses, depois questionamos a quem o professor atribui a responsabilidade da participação dos alunos na disciplina, 2 professores disseram que a responsabilidade são deles mesmos, 4 professores atribuíram a responsabilidade ao aluno, com a justificativa deles já saberem o que querem e 3 responderam que não se importam com essa questão. Foi perguntado se o professor realiza algum evento na escola, 6 disseram que sim que realizam, 3 disseram que não, aos que responderam sim, foi perguntado que tipos de eventos eles realizam, podendo marcar mais de uma opção, 6 disseram realizar jogos interclasses, 4 festa junina, e 4 disseram organizar outros tipos de eventos, como copas de futsal, para meninos e copa de vôlei para meninas, aula de dança em horário contrário, porem não ministradas pela professora e sim por uma aluna voluntaria, ela apenas coordena.
Com essa segunda parte do questionário, percebeu-se que o professor não tem muito comprometimento com a educação física na escola, visando apenas a parte motora, nada mais, o que entra em contradição dos mesmos, ao responderem no questionário a parte um a questão que dizem julgar importante a educação física não só no âmbito motor quanto no afetivo e no social, onde 4 professores marcaram esses itens como importantes, porém, pouco se trabalha ou não se trabalha essas questões na disciplina, não dando a devida importância, mais será que só o professor tem a responsabilidade do que ocorre? A escola dá o suporte necessário para a execução de aulas melhores? Então identificou - se a necessidade de saber o papel que a direção tem feio para amparar esses professores, para isso tem a terceira parte do questionário, para avaliar o papel da direção.
Em relação à instituição, você tem o amparo necessário para desempenhar um bom trabalho?
Foi perguntado ao professor se a escola dispõe de quadras poliesportivas e qual o estado das mesmas, os 9 professores disseram que existe sim, 7 professores disseram que a quadra é fraca, em relação à iluminação, demarcação, pisos, condições gerais, e apenas 2 professores responderam que as quadras são regulares, Foi perguntado em relação ao material que a instituição disponibiliza para os alunos, se é satisfatória, se atende a necessidade desses alunos, se tem materiais como bolas, jogos de uniformes, materiais de sucata, tênis de mesa, xadrez, materiais de ginástica, 8 professores responderam que a escola tem sim esses materiais, porem são insuficiente para os alunos, a quantidade é mínima, as condições são fracas, 1 professor alegou não ter esses materiais. Foi questionada a direção da Instituição, quanto ao suporte, se a I.E fornece o suporte necessário para execução das aulas, 4 professores disseram que não, não há suporte algum, 5 disseram haver suporte em algumas situações como grande eventos que não envolvem apenas a educação física, nenhum respondeu que sim, ao olhar as respostas, viu-se que os professores de ambas as escolas responderam itens iguais, levando a conclusão que o problema está nas duas instituições.
Segundo Molina Neto (1996), as escolas públicas têm como principais características a gratuidade do ensino, desfrutando de maior autonomia pedagógica, com uma relação de poder institucional menos evidente, mas que permite uma liberdade de ação docente. Na verdade, isso não se faz presente em todas as escolas, pois são inúmeras as situações que impedem um professor de desenvolver propostas diferenciadas em suas aulas, bem como de elaborar projetos extracurriculares. Molina diz ainda que A Educação Física, como parte integrante da instituição escolar, é visualizada em função de sua especificidade e de suas práticas. Isso se dá pela natureza dos espaços utilizados para sua intervenção, pela peculiaridade dos materiais e recursos que são utilizados e ainda pelas relações existentes entre os docentes com outros docentes e com os alunos. Nas escolas públicas essas características invocam uma particularidade, já que na maioria são visíveis os dilemas e as limitações em diversos âmbitos da Educação Física, a qual se depara com precários e reduzidos espaços físicos, com pouca quantidade e variedade de recursos materiais, com uma divergência de opiniões sobre a área entre os próprios professores e alunos. Há dificuldade de definição da contribuição e da legitimidade da Educação Física no projeto pedagógico da escola, estabelecendo um distanciamento até mesmo dos professores da área para com a direção, coordenação pedagógica e demais membros da instituição.
Freire (1997) faz um alerta quando diz que a Educação Física não deve se apresentar em forma de interesse geral, simplesmente como uma possibilidade de auxiliar as outras disciplinas no aprendizado de seus conteúdos, caracterizando o ensino multidisciplinar. O autor considera importante verificar os pontos comuns do conhecimento e estabelecer a relação que corpo e mente possuem para a ação e compreensão.
Na proposta apresentada pelo Coletivo de Autores (1992), a Educação Física é equiparada às outras disciplinas do currículo escolar. Segundo os autores,
Nenhuma disciplina se legitima no currículo de forma isolada, é o tratamento articulado do conhecimento, sistematizado nas diferentes áreas que permite ao aluno constatar, interpretar, compreender e explicar a realidade social complexa [...] (p. 28).
Neste livro eles definem o entendimento sobre o conhecimento tratado na Educação Física escolar, enfatizando que:
Cada matéria ou disciplina deve ser considerada na escola como um componente curricular que só tem sentido pedagógico à medida que seu objeto se articula aos diferentes objetos dos outros componentes do currículo (línguas, geografia, matemática, história, Educação Física, etc.). Pode-se afirmar que uma disciplina é relevante para essa perspectiva de currículo quando a presença de seu objeto de estudo é fundamental para a reflexão pedagógica do aluno e a sua ausência compromete a perspectiva da totalidade dessa reflexão (p. 29).
Ao observarmos os resultados obtidos, viu-se que as respostas mostram justamente o que está na literatura, os professores não trabalham a educação física como um todo nessas escolas, apontando diferentes aspectos, como o descaso do professor, o descaso da instituição para com o professor de educação física, a visão que o professor tem da própria disciplina, ao observar os resultados, percebe-se que o professor tem uma visão diferente de sua prática, ou seja, ele julga alguns aspectos importantes de ser trabalhado mais o próprio não faz, encontrando muitas contradições nas respostas dos mesmos, nas duas escolas, ouve contradições de respostas.
Conclusão
Conclui-se que os professores do CED 05 e CED 06 de Taguatinga-DF, tem uma visão da educação física, porém não se aplica a essa visão, mostrando o descaso dos mesmos com a Instituição de ensino e o descaso da instituição de ensino para com os mesmos, levando a questão que se tem que melhorar muito a qualidade da educação física no ensino médio dessas duas I.E, havendo uma integração de ambas as partes para beneficio do publico alvo, os alunos. Sabe-se que há diferentes problemas, situações e fatos que permeiam a realidade do ensino público, mas é preciso refletir sobre o que é possível fazer para que esta escola contribua com a formação de cidadãos e que a Educação Física ali oferecida esteja de fato envolvida no processo educacional, é preciso valorizar a escola pública como uma instituição que pode contribuir de forma efetiva na formação do cidadão. Para isso, não se pode ficar à espera somente da ajuda do Estado para garantir uma escola pública de qualidade, mas deve-se solicitar da própria sociedade uma participação mais eficaz nesse processo de intervenção.
Bibliografia
Betti, I. C. R. & Betti, M. (1996). Novas perspectivas na formação profissional em Educação Física. Motriz, 2 (1), 10-15.
Coletivo de Autores (1992). Metodologia do ensino da Educação Física. São Paulo: Cortez.
Correia, W. R. (1996). Planejamento participativo e o ensino da Educação Física no 2º grau. Revista Paulista de Educação Física, São Paulo, 2, 43-48.
Darido, S.C. (1997). Professores de Educação Física: avanços, possibilidades e dificuldades. Revista do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte, 18 (3), 192-206.
Freire, J.B. (1997). Educação de corpo inteiro: teoria e prática da Educação Física. São Paulo: Scipione.
Gonçalves, M. A. S. (1997). Sentir, pensar, agir: corporeidade e educação. Campinas: Papirus.
Molina Neto, V. (1996). A prática do esporte nas escolas de 1º e 2º graus. Porto Alegre: Editora Universidade/UFRGS.
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