Análise comparativa da média de tempo do nado crawl em diferentes provas e metragens em diferentes faixas etárias Análisis comparativo del promedio del tiempo de nado crawl en diferentes pruebas y distancias en diferentes rangos de edades Comparative analysis of the average time of front crawl in different tests and films in different age ranges |
|||
*Universidade de São Paulo EEFEUSP **Centro Universitário UniÍtalo ***Universidade Anhanguera (Brasil) |
Dr. Antonio Carlos Mansoldo* ** Me. Caio Graco Simoni da Silva** Me. Ivan Wallan Tertuliano*** Lic. Carolina de Brito Viana** Alexandre Ribeiro** Welton Silva Nunes** Paulo Henrique Bonacella* |
|
|
Resumo O presente estudo descreve de forma clara e abrangente uma visão global do desempenho de 378 crianças e adolescentes, em ambos os gêneros, durante competição do nado Crawl, com base na média dos tempos obtidos nas provas de 25 e 50 metros, realizadas durante um festival na Escola de Educação Física e Esporte (EEFEUSP) referente aos anos de 2013 e 2014, comparando-os com os resultados dos anos entre 1998 e 2010. Com estes dados buscou-se uma análise descritiva de tempos obtidos em Festivais em nível nacional. Abrindo uma discussão sobre os atuais modelos de Festivais e níveis de desempenho em diferentes faixas etárias. Conclui-se que os tempos obtidos nos últimos festivais (2013-2014) de Natação comparados com os Festivais anteriores (1998 e 2010) não estão se alterando e a participação dos jovens nadadores diminuem nas menores idades. Unitermos: Nado crawl. Crianças. Natação.
Abstract The present study describes a clear and comprehensive overview of the performance of 378 children and adolescents, in both genders, during swim competition Crawl stroke, on the basis of the average of the times obtained in tests 25 and 50 meters during a festival at the School of Physical Education and Sport (EEFEUSP) covering the years 2013 and 2014, comparing them with the results of the years between 1998 and 2010. With these data we sought a descriptive analysis of times obtained in events at the national level. Opening a discussion on the current models of events and performance levels in different age groups. It is concluded that the times achieved in recent events (2013-2014) of Swimming compared with the previous Festivals (1998 and 2010) are not changing and the participation of young swimmers decrease in younger ages. Keywords: Freestyle. Children. Swimming.
Recepção: 19/06/2015 - Aceitação: 23/09/2015
|
|||
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 210, Noviembre de 2015. http://www.efdeportes.com/ |
1 / 1
Introdução
As leis do movimento na Natação se divergem quando comparadas às leis dos esportes terrestres. O ato da Natação é definido como o deslocamento de um nadador no meio líquido através de auto sustentação e autopropulsão (Silva et al., 2011).
Nos últimos anos a Natação vem sendo muito procurada por diversas pessoas, à procura pelo esporte vem aumentando por vários motivos. Pode-se observar, o grande número de professores e pesquisadores interessados pelo assunto, fazendo com que tenhamos grandes profissionais na área e a relevância do ensino e da prática da Natação, que é indicado a qualquer idade baseado nos benefícios do contato com o meio líquido. Nos últimos anos, a Natação competitiva passou por grandes evoluções, tanto pelo avanço tecnológico quanto científico (Stager, 2008). O sonho de sermos uma potência no esporte deve ser estudado com cautela, pois para inserirmos indivíduos no esporte de alto rendimento antes devem ser respeitadas as alterações corpóreas e fisiológicas dos organismos de crianças e adolescentes, pois a principal atividade do corpo nesta fase é seu crescimento e desenvolvimento (Malina, 2002).
Assim como nos esportes terrestres a aprendizagem das habilidades básicas deve ocorrer antes da aprendizagem de habilidades esportivas mais complexas (Gallahue & Donnelly, 2008); no meio aquático o modelo de organização da aprendizagem deveria se apoiar no aprendizado da auto-suficiência primeiramente, antes mesmo de se aprender um dos quatro nados (Mansoldo, 2010).
Metodologia
O estudo utilizará dados coletados entre os anos de 2013 e 2014 (três coletas), com o foco em análises quantitativas da informação coletada.
A análise foi realizada com 378 participantes de ambos os sexos, com idade entre 08 e 17 anos, participantes do Festival de Natação da Escola de Educação Física e Esporte (EEFEUSP).
Todas as coletas foram realizadas no mesmo espaço – piscina 25 metros (semi-olímpica) coberta e aquecida com quebra ondas laterais.
As informações foram coletadas durante o evento, utilizando-se como informação o tempo total de nado. Os participantes foram divididos conforme uma eliminatória de eventos competitivos em Natação. Todas as baterias foram balizadas por tempo e cronometradas individualmente. As análises foram realizadas diante das provas de 25 e 50 metros nado livre.
Delineamento
As provas foram monitoradas com um cronometrista (alunos da Faculdade de Educação Física) para cada nadador. A aferição do tempo total de nado foi via cronômetro digital da marca “Casio”. Todos os balizamentos seguiram o modelo da Federação Aquática Paulista (F.A.P.) e a sequência das provas foi definida pela organização do evento. Os tempos foram registrados em planilha controlada pela organização e arbitragem do Festival e arquivadas em arquivo digital.
Os participantes nadaram a 100% de sua velocidade.
Forma de análise dos resultados
Os resultados foram analisados através de média e desvio padrão, utilizando-se para tal cálculo o programa Excel 2013.
Resultados
Os resultados abaixo mostram a média e desvio padrão de todas as provas do nado Livre realizadas durante três eventos, ocorridos entre outubro de 2013 e outubro de 2014 e sua comparação com o tempo médio nas provas citadas com a análise longitudinal de 12 anos, de dados do mesmo evento no período de junho/1998 a junho/2010 (Mansoldo et al., 2011).
Abaixo, segue Tabelas que mostram um resumo dos dados coletados, com informações de tempo médio, desvio padrão e quantidade de participantes por prova em cada Festival, divididos pela idade:
Tabela 1. Tempo Médio dos participantes do sexo feminino. Prova 25 metros livre. Valores expressos pela média / desvio padrão / n=quantidade de participantes
|
Até 08 anos |
09 anos |
10 anos |
11 anos |
Outubro 2013 |
33,79 ±5,47 / n=08 |
23,73 ± 4,15 / n=04 |
22,57 ± 4,13 / n=08 |
24,04 ± 5,34 / n=08 |
Maio 2014 |
S/D |
23,92 ± 2,90 / n=06 |
21,48 ± 2,78 / n=06 |
23,32 ± 4,32 / n=06 |
Outubro 2014 |
30,03 ± 5,70/ n=09 |
25,32 ± 2,92/ n=08 |
21,65 ± 2,74 / n=10 |
22,31 ± 3,75 / n=14 |
Tabela 2. Tempo Médio dos participantes do sexo masculino. Prova 25 metros livre. Valores expressos pela média / desvio padrão / n=quantidade de participantes
|
Até 08 anos |
09 anos |
10 anos |
11 anos |
Outubro 2013 |
26,49 ± 4,31/ n=06 |
20,82 ±1,13/ n=04 |
22,68 ±3,22/ n=12 |
22,00 ±2,09/ n=06 |
Maio 2014 |
S/D |
25,65 ±2,98/ n=04 |
22,13 ±2,84/ n=10 |
19,91 ±2,36/ n=13 |
Outubro 2014 |
26,61 ±3,73/ n=08 |
24,35 ±3,81/ n=14 |
22,71 ±4,07/ n=11 |
20,92 ±5,45/ n=20 |
As Tabelas 1 e 2 mostram os dados das provas de 25 metros nado livre em diferentes faixas etárias.
Tabela 3. Tempo Médio dos participantes do sexo feminino. Prova 50 metros livre. Valores expressos pela média / desvio padrão / n=quantidade de participantes
|
12 anos |
13 anos |
14/15 anos |
16/17 anos |
Outubro 2013 |
48,18 ± 6,59 / n=14 |
48,37 ± 7,21 / n=03 |
39,64 ± 1,86 / n=07 |
49,83 ± 0,00 / n=01 |
Maio 2014 |
49,58 ± 8,62 / n=06 |
44,54 ± 4,47 / n=03 |
43,52 ± 6,75 / n=04 |
33,49 ± 0,00 / n=01 |
Outubro 2014 |
46,18 ± 7,05 / n=05 |
46,22 ± 4,98 / n=09 |
42,39 ± 6,88 / n=08 |
37,34 ± 0,00 / n=01 |
Tabela 4. Tempo Médio dos participantes do sexo masculino. Prova 50 metros livre. Valores expressos pela média / desvio padrão / n=quantidade de participantes
|
12 anos |
13 anos |
14/15 anos |
16/17 anos |
Outubro 2013 |
46,68 ± 9,41/ n=12 |
41,23 ± 10,93 / n=08 |
34,52 ± 3,71 / n=11 |
30,77 ± 1,84 / n=05 |
Maio 2014 |
50,54 ± 7,77/ n=13 |
38,73 ± 6,06 / n=07 |
34,13 ± 5,20 / n=12 |
31,82 ± 2,20/ n=05 |
Outubro 2014 |
49,45 ± 14,17/ n=10 |
41,17 ± 6,92 / n=13 |
37,45 ± 7,71 / n=15 |
32,01 ± 1,98/ n=10 |
Acima, as Tabelas 3 e 4 mostram os dados das provas de 50 metros nado livre.
Considerações finais
Com base nos dados coletados e mostrados anteriormente, observa-se uma evolução nos tempos médios de prova entre 08 até 10 anos de idade feminino, ressaltando uma evolução mais acentuada entre 08 e 09 anos. Porém, há uma queda de desempenho na idade de 11 anos.
No festival de maio/2014, não houve provas de 25 metros livre feminino para a idade de 08 anos, por falta de quórum. É importante que se realize futuras análises de investigação dos métodos trabalhados e níveis de estresse causados nas competições que ainda seguem o modelo de “alto nível” para Festivais com crianças, com o objetivo de detectar possíveis razões para a ausência de inscrições. Já analisando os dados das provas masculinas, a evolução média de desempenho foi constante entre meninos de 08 a 11 anos – nas baterias de 25 metros livre - fato que se propagou nas provas de 50m livre masculino entre as idades de 12 e 17 anos.
Assim como ocorreu com a prova de 25 metros livre feminino, no festival de maio/2014, também não houve quórum para a realização da prova para os meninos. Sugere-se investigação nas Academias e clubes para entender o real motivo dessas crianças não participarem desses eventos.
Essas mudanças no tempo ocorreram por quê? Qual o motivo termos valores piores, haja vista a evolução científica, em termos de biomecânica e fisiologia da Natação?
Pensando no sexo feminino, a possível resposta está no número de participantes. O número muito irregular entre os eventos pode ter direcionado a média para baixo, dos últimos eventos.
No trato com a informação masculina, Para Kjendlie, Ingjer, Stallman e Stray-Gundersen (2004) a eficiência propulsiva aumenta com o tamanho do membro propulsor (membro superior) e se correlaciona com a altura, o que pode gerar explicações a melhoria dos tempos totais de nado com o aumento da idade. Sendo assim, pode-se especular que potência mecânica e técnica adequada para ação propulsiva, têm relação direta com o resultado final do desempenho.
Muitas vezes, isso não ocorre, em função de outras variáveis, que se encontram no campo da Psicologia do Esporte.
Existem autores que argumentam em defesa da participação das crianças em competições, como, por exemplo, Gaya e Torres (2004) que consideram o esporte de rendimento como influenciador na formação e educação, mesmo sendo uma prática altamente seletiva. Seguindo essa linha de raciocínio, pode-se dizer que a prática de atividades esportivas é importante para formação da criança. Na Idade Antiga o esporte era utilizado como na formação educacional do ser humano (De Rose Júnior e Korsakas, 2006).
No entanto, em outra visão, a competição pode ser vista como um aspecto perverso do esporte, pois promove a seleção, o individualismo e, consequentemente, a falta de igualdade e solidariedade (De Rose Júnior e Korsakas, 2006). Seguindo essa visão, os confrontos entre dois ou mais participantes são fontes geradoras de estresse. Estresse é uma variável considerada fundamental para o desempenho em competições. O estresse é uma variável que a criança deve ser capaz de lidar, durante uma competição, com o objetivo de tomar decisões importantes em diferentes momentos do evento e que levem a um bom resultado (Sanches, 2007). Dentro das competições, o treinador e a família desempenham papel fundamental no estresse, pois podem "cobrar" demasiadamente da criança a vitória (Weis; Romanzini e Carvalho, 2011).
Com os olhares na Aprendizagem motora, pode-se assumir que a prática é um fator determinante para atingir os estágios mais avançados de aprendizagem e, com isso, assumir que os sujeitos que foram mais expostos à prática da tarefa, deveriam apresentar os melhores desempenhos, o que ocorreu com os participantes masculinos.
Baseado em todas as hipóteses explicativas para os resultados, pode-se especular que a força muscular, o tempo de prática e o controle dos fatores psicológicos intervenientes na tarefa, podem ser fatores influenciadores do desempenho. Desta forma, identificar as características físicas e psicológicas mais determinantes para o sucesso na Natação é um passo muito importante para futuras pesquisas, considerando as variáveis não controladas no presente estudo.
Bibliografia
Catteau, R. & Garoff, G. (2000). O ensino da Natação. (3ª ed.) São Paulo: Editora Manole.
Chollet, D., Charlies, S. & Chatard, J. C. (2000). A new index of coordination for the Crawl: description and usefulness. International Journal of Sports Medicine, 21, 54-59. Stuttgart.
Colwin, C. M. (2000). Nadando para o século XXI. São Paulo: Editora Manole.
Colwin, C. M. (2002). Breakthrough swimming. Champaign: Human Kinetics.
Correa, C. R. F. & Massaud, M. G. (2003) Natação da iniciação ao treinamento. Rio de Janeiro: Sprint.
Costill, D. L., Maglischo, E. W. & Richardson, A. B. (1992) Swimming. Blacwell science.
Counsilman, J. E. & Counsilman, B. E. (1994). The new science of swimming. Prentice-Hall.
Darido, S.C. et al. (1995). Especialização Precoce na Natação e seus efeitos na idade adulta, 01, (1) 13-16.
Freudenheim, A.M. (1995) O Nadar: uma habilidade motora revisitada. São Paulo: CEPEUSP.
Freudnheim, A. M., Gama, R.I.R.B. & Moises, M. (1996). La habilidad nadar: (re) visión. Ciências de la Actividad Física, (4), 08, 139-155.
Gallahue D. L. & Donnelly, F. C. (2008). Educação Física Desenvolvimentista para todas as crianças. São Paulo: Editora Phorte.
Guzman, R. (2008). Exercícios de técnica para melhoria do nado. São Paulo: Editora Manole.
Maglischo, E. W. (2010). Swimming Fastest. Champaign: Human Kinetics.
Makarenko, L. P. (2001). Natação: seleção de talentos e iniciação desportiva. São Paulo: Artmed.
Malina, R. M. & Bouchard, C. (2002). Atividade Física do atleta jovem: do crescimento a maturação. São Paulo: Editora Roca.
Mansoldo, A.C. (2010). Técnica e Iniciação aos quatro nados. São Paulo: Editora Ícone.
Mansoldo, A.C. et al. (2011). Estudo do tempo médio do nado crawl em crianças de diferentes faixas etárias nas provas de 25 e 50 metros: análise longitudinal. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Nº 163. http://www.efdeportes.com/efd163/estudo-do-tempo-medio-do-nado-crawl.htm
Makarenko, L. P. (2001). Natação: Seleção de talentos e iniciação esportiva. Porto Alegre: Artmed Editora.
Newton I. (1687). Philosophiae Naturalis Principia Mathematica. Londini: Imprimatur.
Palmer, M. L. A. (1996). A ciência do ensino da Natação. (3). São Paulo: Editora Manole.
Parker, J. & Stahel, M. (1999). English dictionary for speakers of Portuguese. São Paulo: Editora Martins Fontes.
Regras oficiais de Natação. (2007). Rio de Janeiro: Sprint.
Rohlfs, I.C.P.M. (1999) Aprendizagem em Natação. IN: Manual do treinador de Natação: Nível Trainee. Belo Horizonte: Edições FAM.
Silva, C.G.S. et al. (2011) Natação: Os 4 nados. Saídas, Viradas e Chegadas. São Paulo: Editora Fontoura.
Silva, C.G.S. et al. (2013). Estudo dos Benefícios e riscos da Especialização Precoce na Natação. Coleção Pesquisa em Educação Física (2), 4, 101-108.
Stager, J. M. & Tanner, D. A. (2008). Natação: Manual de medicina e ciência do esporte. Editora Manole.
Thomas, D. G. (1999). Natação avançada etapas para o sucesso. São Paulo: Editora Manole.
Velasco, C. G. (1994). Natação segundo a Psicomotricidade. Rio de Janeiro: Sprint.
Vieira, S., Freitas, A. (2006). O que é Natação. Rio de Janeiro: Casa da palavra.
Outros artigos em Portugués
Búsqueda personalizada
|
|
EFDeportes.com, Revista
Digital · Año 20 · N° 210 | Buenos Aires,
Noviembre de 2015 |