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Comparação da organização tática ofensiva das seleções da

Holanda e Inglaterra na 1ª fase da Copa do Mundo de 2010

Comparación de la organización táctica ofensiva de las selecciones de Holanda e Inglaterra en la 1ª ronda de la Copa Mundial 2010

Comparison of offensive tactical organization of the teams of Holland and England in round 1 of the 2010 World Cup

 

Universidade Cidade de São Paulo

São Paulo-SP

(Brasil)

Bruno Vinicius de Freitas Silva

Renato Henrique dos Santos

Marcelo Luis Marquezi

Maurício Teodoro de Souza

Roberto Gimenez

mauricio.teodoro@terra.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo do presente estudo foi identificar e comparar os métodos de jogo ofensivos (MJO) das seleções da Holanda e Inglaterra na 1ª fase Copa do Mundo de 2010. A amostra foi composta por 03 jogos de cada seleção, resultando no total de 83 ações ofensivas recolhidas. Os resultados encontrados não apresentaram diferenças estatisticamente significativas entre (MJO) utilizados pelas seleções. Entretanto a Holanda apresentou maior alternância entre os métodos de jogo ofensivos (MJO). Estes resultados indicam maior capacidade de auto-organização de acordo com a diversidade de situações que o jogo apresenta.

          Unitermos: Ataque posicional. Ataque rápido. Contra-ataque. Métodos de jogo ofensivos.

 

Abstract

          The aim of this study was to identify and compare the methods of offensive game (MOG) used by the teams of Holland and England in the 1st phase of the 2010 World Cup. The sample consisted of 3 matches of each selection, resulting in a total of 83 offensive actions collected. The results showed no statistically significant differences between (MOG) used for selections. However, the Netherlands team has demonstrated greater switching between methods of offensive game (MOG). These results indicate a greater capacity for self-organization in accordance with the various situations that the game presents.

          Keywords: Positional attack. Fast attack. Counter attack. Methods offensive game.

 

Recepção: 10/07/2015 - Aceitação: 06/10/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 209, Octubre de 2015. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A concepção de cultura pressupõe hábitos e costumes que declaram características de um povo. Nessa perspectiva, a modalidade esportiva futebol, nos seus séculos de existência, vem se caracterizando como uma das práticas culturais mais populares do mundo com mobilização efetiva em diversos países, fato que aliado aos efeitos da comunicação global tem aumentado o número de expectadores e proporcionado uma visibilidade pouco vista em outras ações da cultura humana. Conseqüentemente, esse fenômeno provocou o desenvolvimento econômico com grande rentabilidade comercial envolvendo não só o momento da prática esportiva, mas toda a organização de ações no seu entorno, se consolidando como um sistema de complexa organização (Frisselli e Mantovani, 1999).

    A lógica fundadora deste esporte decorre do confronto tático entre duas equipes com o objetivo de manter a posse de bola e executar o maior número de gols visando vencer a equipe adversária por meio de jogadas que são constituídas de momentos com sucessiva alternância de estados de ordem e desordem, estabilidade e instabilidade, uniformidade e variedade. Para a execução da tática de jogo, técnicos e atletas se concentram em criar comportamentos habilidosos que gerem possibilidades de ações complexas e interdependentes, as quais possuem dinâmica de execução própria formando cenários únicos que se repetem a todo o momento, sem repetição (Garganta, 2001).

    São as contínuas ações de atacar e defender que formam seqüências táticas e declaram a capacidade das equipes integrarem os diferentes setores de posicionamento dos atletas que são caracterizados pelas ações defensivas, de transição e ofensivas. A equipe que conseguir manter um organizado posicionamento em campo, com estrutura e funcionabilidade adequadas provocando movimento contrário às ações da equipe adversária estará mais bem preparada para solucionar as adversidades criadas durante o tempo de competição.

    Diante de tamanha complexidade deste sistema se faz necessário planejar, organizar e gerenciar um modelo de ações táticas que durante o decorrer da competição sejam os orientadores daqueles que, em situação real, necessitarão tomar decisões apropriadas. Freqüentemente, essas ações demonstram alta capacidade de percepção, adaptação e tomada de decisão, em muitos momentos com precisão de detalhes e em tempo de execução de poucos segundos, mas que poderão perdurar na memória do torcedor e nos meios de comunicação por uma “eternidade” (Garganta, 2001 e Lopes, 2007).

    Apesar de ter como meta vencer o adversário, a tarefa de defender vem se estendendo a todos os jogadores resultando em defesas mais fortes e diminuição do potencial do ataque. Além do mais, as ações táticas básicas pertinentes ao sistema defensivo, exigem dos jogadores menores níveis de técnica, se comparadas as ações de construção do ataque, o que facilita a organização do setor de defesa, independente do nível de performance da equipe (Freitas e Gabriel, 2005). A literatura sugere que, em média, apenas 1% das ações ofensivas é concluída em gol (Garganta, 1997 e Garganta; Greháigne, 1999). Estas constatações estão caracterizando uma supremacia do sistema defensivo em comparação às ações de ataque tornando necessário realizar treinamentos orientados à criação de estratégias ofensivas mais eficazes que possam ser convertidas em gol.

    Diante deste paradigma, os métodos de jogo ofensivos (MJO) devem criar alternativas para as equipes conseguirem surpreender seus adversários por meio de estratégias coletivas, específicas e organizadas. São consolidados na literatura três principais métodos de jogo ofensivos (MJO): contra ataque (CA), ataque rápido (AR) e ataque posicional (AP). Vejamos as características de cada método no quadro 01.

Quadro 1. Características dos Métodos de Jogo Ofensivos (adaptado de Garganta, 1997)

    Em vista da necessidade de uma equipe construir uma organização tática eficiente para vencer os adversários, apesar da divergência de métodos entre as equipes de acordo com o nível de desempenho e nacionalidade, a estratégia ofensiva tornou-se objeto de estudos científicos para esclarecer como os atletas devem se comportar frente às barreiras defensivas cada vez mais fortes do futebol moderno.

    Contudo, a literatura referente ao tema pode ser considerada relativamente escassa. Não se sabe, por exemplo, como as diferentes estratégias de organização ofensiva de uma equipe poderiam contribuir para a eficácia de seus resultados no plano ofensivo, o que seria identificado pelo próprio índice de conclusão à meta.

    Esse assunto assume uma relevância ainda maior em se tratando da comparação entre equipes que taticamente se organizam de forma diferente, influenciadas por concepções clássicas de treinamento substancialmente distintas como acontece com as seleções da Holanda e da Inglaterra.

    Partindo deste pressuposto, o objetivo do presente estudo foi identificar e comparar a organização tática ofensiva das seleções de futebol da Holanda e Inglaterra durante a 1° fase da copa do mundo de 2010.

Material e método

    A coleta de dados ocorreu por meio de observação da gravação dos três primeiros jogos realizados pelas seleções da Holanda e Inglaterra na Copa do Mundo 2010, conforme descrito no quadro 02 (Todos os jogos foram observados na íntegra).

Quadro 2. Jogos de Holanda e Inglaterra durante a 1° fase da Copa do Mundo de 2010

    Dos jogos selecionados, foi analisado um total de 83 ações ofensivas positivas para registro das variáveis que compõem o protocolo adotado. Para análise das ações ofensivas positivas, com o objetivo de identificar os métodos de jogo ofensivos (MJO) utilizados por cada seleção, foram observadas as variáveis; números de jogadores envolvidos (NJ), número de passes (NP) e tempo de realização do ataque (TRA), respeitando os critérios descritos no quadro 01 (Garganta, 1997).

    As bolas paradas, também se caracterizam por método de jogo ofensivo (MJO) e foram computadas através de ações ofensivas de tiro livre direto e indireto, e cobranças de escanteio.

    Já para a análise da eficiência das ações ofensivas positivas, ou seja, aquelas que foram concluídas com chute em direção à meta adversária, estas foram classificadas como: seqüências ofensivas positivas (GOL), seqüências ofensivas relativas dentro da baliza (SORD) e seqüências ofensivas relativas fora da baliza (SORF).

Quadro 3. Ficha de registro

    As partidas foram observadas de modo individual por dois avaliadores, anotando as informações em ficha de registro (conforme quadro 03). A concordância na objetividade/reprodutibilidade das informações coletadas pelos avaliadores foi de p<0,97, conforme protocolo de Thomas e Nelson (Thomas; Nelson e Silverman, 2007).

    Para o cálculo da média e desvio padrão dos dados coletados, foi utilizado o teste t de Student utilizando o programa SPSS 13.0. Para a comparação estatística entre as equipes foi estabelecido o nível de significância de p<0,05.

Resultados

    A equipe inglesa obteve uma frequência de Sequência Ofensiva Positiva (SP), finalizações dentro (SORD) e fora do quadrante da baliza (SORF) maior comparada a equipe holandesa, porém a diferença apresentada não foi significativa. Apesar de obter um poder ofensivo com menor frequência, a equipe holandesa demonstrou um nível de aproveitamento melhor para as ações ofensivas resultando em uma média de gols marcados maior (1,7 ± 0,5 e 0,7 ± 0,5, respectivamente). Este resultado pode ser compreendido como tendência de maior eficiência na organização tática da equipe holandesa e, portanto, importante fator para a equipe ter vencido todos os jogos da fase inicial da Copa do Mundo 2010, enquanto a equipe inglesa obteve uma vitória e dois empates.

Tabela 1. Valores de média e desvio-padrao das açoes táticas ofensivas realizadas pelas equipes Holanda e Inglaterra durante a 1ª fase da Copa do Mundo de 2010

    A análise da tabela 1 indica para uma característica de estilo de jogo diferente entre as duas equipes. A equipe inglesa apresentou maior frequência para ataque rápido (AR) e bola parada (BP), já a equipe holandesa obteve maior frequência para ataque rápido (AR) e posicional (AP). Mesmo assim, ambas apresentaram o contra ataque (CA) como método de jogo ofensivo (MJO) menos utilizado quando comparados a ataque rápido (AR), ataque posicional (AP) e bola parada (BP). O que sugere neste caso, que as seleções evitaram acelerar o ritmo da partida no processo de construção da fase ofensiva utilizando com maior frequência o ataque rápido (AR) com 5,0 ± 2,2 e 7,0 ± 1,4, respectivamente.

Discussão dos resultados

    Os resultados encontrados permitem uma comparação com outros trabalhos que enfocaram problemas similares (Lopes, 2007). O mesmo autor em estudo com equipes européias identificou que o contra ataque (CA) foi o método de jogo ofensivo (MJO) que mais gerou finalizações convertidas em gol. Barbosa (2010) também encontrou resultados similares, em estudo com os 2 melhores clubes classificados nos principais campeonatos da Europa na temporada 2008/2009. O contra ataque (CA), foi o método de jogo ofensivo (MJO) mais utilizado por todas as equipes (47,2%), e que revelou maior eficácia na conclusão das ações ofensivas positivas. Portanto, apesar de Holanda e Inglaterra, utilizarem pouco o contra ataque (CA), a literatura indica para uma maior utilização deste recurso compreendendo-o, em situações específicas do jogo, como fundamental para o sucesso de uma ação ofensiva.

    A principal característica ofensiva das seleções estudadas nesta pesquisa foi um maior número de ações ofensivas positivas por meio de ataque rápido (AR). Estes resultados corroboram os dados de Rodrigues (2009) e Costa (2010), quando os autores também identificaram o ataque rápido (AR) como mais utilizado pelas seleções participantes da Eurocopa 2008 (42,9 %). Assim, a constatação é que este tipo de organização ofensiva, quando utilizada em situações que a bola é recuperada no campo ofensivo, pode surpreender o sistema defensivo adversário, devido à rápida velocidade de transmissão da bola entre os jogadores envolvidos na ação, pequena quantidade de passes e o baixo tempo de realização do ataque. O conjunto destas variáveis, quando aplicadas de modo eficaz, pode gerar situações favoráveis à conclusão de uma ação ofensiva positiva em gol (Garganta, 1997).

    A Holanda, de acordo com os resultados, optou por utilizar um número maior de vezes o ataque rápido (AR) e recorreu um menor número de vezes ao ataque posicional (AP), respectivamente 5,0 ± 2,2 e 3,7 ± 2,5. Estes métodos de jogo ofensivos (MJO) permitem variar o ritmo de jogo, e são frequentemente observados em equipes de alto nível técnico, as quais optam pela valorização da posse de bola, preferencialmente por meio de passes laterais, coberturas ofensivas e usam número maior de jogadores durante a construção da fase ofensiva (Garganta, 1997).

    A equipe inglesa apresentou a mesma tendência de organização realizando mais iniciativas de ataque rápido (AR) e menos iniciativas de ataque posicional (AP) com valores de 7,0 ± 1,4 e 2,7 ± 1,9. Entretanto, a média do número de bolas paradas (BP) foi superior às ações da equipe holandesa (5,3 ± 1,7 contra 2,3 ± 1,2). Estes resultados apontam para a tendência histórica, das equipes inglesas optarem pelo estilo de jogo direto, o chamado “Kick and Rush” que tem como objetivo atingir a meta adversária por meio de passes longos e verticalizados, por meio do ataque com poucos jogadores e tempo de realização do ataque reduzido. Autores indicam que o jogo direto foi o responsável por levar a Inglaterra à conquista da Copa do Mundo de 1966, e ainda tem grande influência, na composição tática de suas seleções (Mitchels, 2001).

    Esta tendência de organização tática pôde ser verificada neste estudo quando observados os resultados de finalizações mais eficientes da equipe inglesa. Porém, este melhor resultado não teria resultado num maior número de vitórias, uma vez que a equipe, nos três jogos disputados obteve apenas uma vitória e empatou os outros dois confrontos.

    Observando a equipe holandesa verifica-se que ela apresentou maior capacidade de manutenção da posse de bola e por meio deste fato é possível deduzir ter havido boa relação entre a posse de bola e o número de vitórias, pois a seleção holandesa venceu as três disputas realizadas na primeira fase do mundial. Autores relatam que em outros campeonatos mundiais de seleção as equipes holandesas não apresentaram esta condição e citam a seleção do Brasil no ano de 1994 (Luhtanen; Korhoven e Ilkka, 1997), a seleção da França em 1998 (Luhtanen; Belinskij; Hayrinen e Vanttinen, 1999) e novamente o Brasil em 2002 (Barros, 2002) como seleções que apresentaram eficácia no número de finalizações.

    Eles supõem que a dificuldade das equipes holandesas transformarem a variável tempo de posse de bola em finalizações pode ser uma forma de explicar o fato de nunca ter havido uma equipe holandesa campeã de uma edição da Copa do Mundo. Dessa maneira, estes resultados podem ser considerados na argumentação de que a valorização da posse de bola sem um número considerável de finalizações positivas pode diminuir a eficácia do processo ofensivo e comprometer os resultados finais favoráveis de uma equipe no decorrer de grandes competições.

    Por outro modo de observar verifica-se que a evidências do estilo de jogo direto, observado na seleção inglesa, não são necessariamente utilizados como referência para o modelo de jogo utilizado pelas equipes londrinas. Diferente dos resultados encontrados nessa pesquisa que descrevem uma organização mais voltada ao estilo “Kick and Rush”. Laranjeira (2009) analisando os jogos da equipe inglesa Chelsea, na temporada 2004/2005, encontrou o ataque posicional (AP) como referência da equipe para realização das suas ações ofensivas. No entanto, vale ressaltar que àquela época o treinador do time inglês era José Mourinho, que é apontado pela literatura como técnico com preferência pelo estilo de jogo indireto (Lourenço, 2010). Percebe-se que neste caso, o método de jogo ofensivo (MJO) foi referenciado pelos procedimentos metodológicos de treinamento adotado por Mourinho que coincidentemente ou não levou o time Chelsea a sagrar-se campeão Inglês naquela temporada.

    Nascimento (2008) identificou características semelhantes em estudo com outra equipe inglesa o Manchester United, que conquistou o tri-campeonato Inglês na temporada 2008/2009. O clube inglês distribuiu 45% das suas ações ofensivas em ataque rápido (AR), 44% divididos igualmente entre ataque posicional (AP) e contra ataque (CA) e apenas 11 % em Bolas Paradas (BP). Esta variação entre os métodos de jogo ofensivos são evidenciados em equipes de alto nível competitivo (Garganta, 1997), e não foram observados na seleção inglesa no presente estudo.

    Corroborando os resultados de Laranjeira (2009) e Garganta (1997), em estudo com equipes de alto nível competitivo, identificou que 35% das ações ofensivas concluídas em finalizações se deram por meio do ataque posicional (AP). Entretanto este resultado observado pode ter relação com o ritmo de jogo da época (década de 90), quando a pressão do sistema defensivo sobre a equipe portadora da bola era menos intensa fato que facilitava a utilização deste tipo de método de jogo ofensivo.

    Neste sentido foi verificado que a seleção holandesa, comparada à seleção inglesa durante a primeira fase da Copa do Mundo de 2010, utilizou por mais vezes os métodos de jogo ofensivos indiretos (ataque rápido (AR) e ataque posicional (AP), característica encontrada em equipes que optam pela construção da tática ofensiva por meio da valorização da posse de bola. Este fato também foi observado no mundial de 1998 e nas participações da equipe holandesa nos jogos da Eurocopa dos anos 1996 e 2000 (Luhtanen; Belinskij; Hayrinen e Vanttinen, 1999 & Luhtanen; Belinskij; Hayrinen e Vanttinen, 2001). Nessas competições, o melhor resultado obtido pelos holandeses foi a terceira colocação na Eurocopa de 2000.

    A Inglaterra parece ainda manter como referência, o seu estilo “Kich and rush” de jogar. Já os holandeleses apresentam características do futebol que encantou o mundo na década de 70, a apelidada Laranja Mecânica. Contudo, a variabilidade entre os métodos de jogo ofensivos (MJO), geralmente é o diferencial das equipes vencedoras (Garganta, 1997). Tal fato é evidenciado na seleção espanhola que em 2010 conquistou a Copa do Mundo e em 2012 o bi-campeonato da Eurocopa.

    A Espanha é considerada na atualidade, a melhor seleção dos últimos anos. Influenciada pela metodologia holandesa de formação de jogadores, denominada ''Futebol Total'', difundida por Johan Cruyff (ex-jogador e ex-técnico da equipe catalã) nas categorias de base do time espanhol Barcelona, a Espanha parece ter encontrado uma maneira altamente eficaz de se jogar futebol nos tempos modernos (Siokos; King, 2007).

    Na conquista da Eurocopa 2008, o método de jogo ofensivo (MJO) mais utilizado pelos espanhóis foi o ataque Posicional (AP), método indireto muito utilizado pelos holandeses. Entretanto, a Espanha em alguns momentos utilizou ações de jogo direto, caracteristicas apresentadas pelos Ingleses (Ramos, 2009). Desta maneira, parece que o alto nível técnico dos jogadores espanhóis e a alternância entre os métodos de jogo ofensivos (MJO) favoreceu a conversão da manutenção da posse de bola em números expressivos de finalizações positivas possibilitando a vitória da equipe na Copa do Mundo de 2010. Sendo assim, este equilíbrio durante o jogo pode estar sendo o fator que se torna o diferencial da seleção espanhola em relação às demais seleções.

    Em face desta argumentação e diante do desenvolvimento do esporte futebol observado em vários países e das novas tendências observadas tanto nas equipes de clubes quanto nas seleções que representam os países na Copa do Mundo da FIFA ou outros campeonatos, como a Eurocopa, o desafio está posto para que todos estejam mais bem preparados para esta nova realidade do esporte.

    Este novo contexto vem exigindo cada vez mais das equipes um planejamento que não se limite apenas ao espaço dentro das quatro linhas do campo, mas a integração entre as diversas vertentes do conhecimento teórico-ciêntífico e a prática profissional de todos os envolvido. Neste sentido, a gestão estratégica, se torna essencial para o desenvolvimento sustentável de uma equipe, o que certamente poderá contribuir para a conquista de grandes resultados.

    De acordo com os resultados dessa pesquisa, pode-se concluir que a equipe Inglesa apresentou um número maior de ações ofensivas de ataque rápido (AR) e bola parada (BP). Já a equipe holandesa apresentou maior alternância entre os métodos de jogo ofensivos (MJO) em comparação a Inglaterra. Este modo de organização tática demonstrou maior capacidade de auto-organização de acordo com as variadas situações problemas que o jogo apresenta.

    Posto isto, considera-se que a compreensão do jogo, é essencial para a utilização de métodos de jogo ofensivos (MJO) apropriados para diferentes momentos da partida. Este tipo de organização do sistema de jogo poderá proporcionar maiores chances de sucesso no cenário competitivo. As diferenças entre os resultados dos estudos citados e os resultados apresentados nesta pesquisa, podem estar relacionadas às metodologias adotadas pelos autores, diversidades sócio-culturais, políticas econômicas inerentes a cada equipe estudada. Além disso, o baixo número de jogos analisados no presente estudo foi fator limitante para que resultados e interpretações mais abrangentes pudessem ser realizadas. Desta forma, sugere-se que novos estudos possam ser desenvolvidos com um número maior de jogos analisados.

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