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Influência da mídia na obesidade infantil

La influencia de los medios de comunicación en la obesidad infantil

Influence of media in childhood obesity

 

*Nutricionista, graduada pela Universidade Regional Integrada

do Alto Uruguai e das Missões – URI campus Frederico Westphalen

**Nutricionista. Especialista em Saúde Pública. Mestre em Envelhecimento Humano – UPF

Docente do Curso de Nutrição da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai

e das Missões - URI – Campus de Frederico Westphalen

***Nutricionista. Mestranda em Educação pela Universidade Regional Integrada

do Alto Uruguai e das Missões - URI – Campus de Frederico Westphalen

****Nutricionista. Mestre em Engenharia de Alimentos – URI – Campus Erechim

Docente do Curso de Nutrição da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai

e das Missões - URI – Campus de Frederico Westphalen

*****Nutricionista. Mestre em Envelhecimento Humano – UPF. Docente do Curso

de Nutrição da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai

e das Missões - URI – Campus de Frederico Westphalen

Scheila Maria Beltramin*

scheilabeltramin@gmail.com

Dionara Simoni Hermes Volkweis**

dshermes@uri.edu.br

Tais Soder***

soder@uri.edu.br

Thais da Luz Fontoura Pinheiro****

thaispinheiro@uri.edu.br

Fábia Benetti*****

benetti@uri.edu.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Atualmente, as crianças permanecem mais tempo em frente à televisão. Este fato demonstra uma associação do aumento da prevalência da obesidade infantil proporcional ao tempo despendido em frente à TV, devido ao sedentarismo aliado ao consumo de alimentos calóricos. Diante de tais evidências, este trabalho teve como objetivo realizar uma revisão da literatura sobre a influência da mídia na obesidade infantil. Para tal, foram selecionados artigos científicos nos seguintes bancos de dados: SCIELO, LILACS, PUBMED e MEDLINE. Os levantamentos dos estudos referentes ao tema escolhido priorizaram os últimos 10 anos. Além disso, foram pesquisados livros, teses de pós-graduação e sites de organismos nacionais e internacionais que continham textos relacionados ao tema em questão. Este trabalho evidenciou forte influência da mídia especialmente das propagandas de produtos alimentícios, que induzem ao consumo de alimentos ricos em sódio, gordura e açúcares e pobre em nutrientes como vitaminas, minerais e fibras, acarretando assim na obesidade infantil, bem como, no desenvolvimento de patologias associadas.

          Unitermos: Obesidade. Crianças. Hábitos alimentares. Propagandas de alimentos. Mídia.

 

Abstract

          Currently, children spend more time watching television. This fact demonstrates an association of increased prevalence of childhood obesity in proportion to the time spent in front of the TV because of the sedentary lifestyle coupled with the consumption of high-calorie foods. Faced with such evidence, this study aimed to review the literature on the influence of media in childhood obesity. To this end, we selected scientific articles in the following databases: SCIELO, LILACS, MEDLINE and PUBMED. Surveys of studies on the subject chosen prioritized the past 10 years. In addition, respondents were technical books and websites of international organizations that contained texts related to the topic in question. This work showed a strong influence of the media especially the advertisements of food products, which induce the consumption of foods high in fat, sodium and sugars and low in nutrients such as vitamins, minerals and fibers, thus causing the childhood obesity as well as in developing associated pathologies.

          Keywords: Obesity. Children. Eating habits. Food advertisements. Media.

 

Recepção: 02/08/2015 - Aceitação: 05/10/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 209, Octubre de 2015. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A obesidade apresenta-se como um grave problema de saúde pública no contexto atual, podendo ser caracterizada como uma epidemia mundial. Trata-se de uma doença psicossomática, crônica e multifatorial, causada, em grande parte, pelo aumento da ingestão de alimentos calóricos e a diminuição da atividade física. Estudos mostram que no Brasil, 25% da população encontra-se com excesso de peso (Felippe, 2001; Santos, 2003).

    No Brasil a obesidade infantil teve no último período um grande crescimento. Dados do Ministério da Saúde apontam que os casos de obesidade quadruplicaram nas últimas duas décadas entre crianças de 5 a 9 anos, chegando a 16,6% (meninos) e 11,8% (meninas). Este percentual era de 4,1% e 2,4% entre os sexos respectivamente (Brasil, 2009).

    Para Mello et al. (2004), o comportamento alimentar é influenciado por alguns fatores, como os da família, atitude de pais e amigos, mídia, educação nutricional e hábitos alimentares. Para o mesmo autor a dificuldade em estabelecer um bom controle de saciedade é um fator de risco para o desenvolvimento da obesidade, principalmente em crianças que são obrigadas a comer tudo o que é servido.

    A televisão (TV) é o veículo de comunicação utilizado para o entretenimento e para a educação e representa a maior fonte de informação sobre o mundo, sendo capaz de transmitir aos mais diversos lugares e culturas dados sobre como as pessoas se comportam, o que vestem, o que pensam, como se aparentam e o que comem (Almeida, Nascimento, Quaioti, 2002).

    Por meio da mídia, as empresas buscam influenciar o grupo de consumidores tradicionalmente conhecido como o das crianças. O que antes era campo de ação de poucas empresas de brinquedos e entretenimento passou a ser um empreendimento enorme, de múltiplos tentáculos (Linn, 2006).

    Pimenta et al. (2011) faz uma importante relação entre os meios de comunicação e obesidade infantil. Segundo o autor os alimentos televisionados não são adequados dado que a maioria deles são ricos em açúcares conforme a legislação vigente.

    Neste contexto, objetivou-se realizar uma revisão da literatura sobre a influência da mídia na obesidade infantil, com o intuito de contribuir com o conhecimento de profissionais da área da saúde sobre o tema em questão.

Metodologia

    Foram selecionados artigos científicos em português, inglês e espanhol nas bases de dados: SCIELO, LILACS, PUBMED e MEDLINE. Utilizou-se para a realização da pesquisa os termos indexadores: obesidade, crianças, hábitos alimentares, propagandas de alimentos e mídia. O levantamento dos estudos referentes ao tema escolhido priorizaram os últimos 10 anos, para que a pesquisa contasse com dados mais atuais, não excluindo publicações de datas anteriores que possuíssem material relevante ao estudo. A primeira triagem dos trabalhos foi feita a partir da leitura dos títulos e resumos de todos os artigos identificados na busca eletrônica e na literatura atual, que se relacionavam com o objetivo da pesquisa. Além disso, foram pesquisados livros, teses de pós-graduação e sites de organismos internacionais relacionados ao tema principal do estudo.

Formação dos hábitos alimentares

    Segundo Euclydes (2000) a formação do hábito alimentar inicia-se desde a gestação e amamentação, devendo a mãe estar atenta quanto à variedade de alimentos na dieta, já que os mesmos interferem no odor do líquido amniótico e no sabor do leite materno, de forma a promover experiências variadas de sabores no início da vida e a facilitar a aceitação dos alimentos mais tarde. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o aleitamento materno exclusivo durante os seis primeiros meses de vida e adequadamente complementado até os dois anos de idade. No entanto, a Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde, realizada em 1996, mostrou que o aleitamento materno entre nós está aquém das recomendações da OMS, com mediana de amamentação exclusiva de apenas um mês, duração total de amamentação de sete meses, e o aleitamento continuado por um ano em 41,0% das crianças (Vieira; Silva; Filho, 2003).

    Durante a infância, as crianças são expostas a inúmeros estímulos ligados aos alimentos, tais como sabores, cores e texturas, e desenvolvem as preferências que podem influenciar nas escolhas na vida adulta (Ramos; Stein, 2000).

Obesidade

    Segundo Cuppari (2002) a obesidade é “uma enfermidade crônica, que se caracteriza pelo acúmulo excessivo de gordura a um nível tal que a saúde esteja comprometida”. A mesma autora ainda considera que a distribuição da massa de gordura, principalmente a que se localiza na região abdominal do indivíduo, é a mais preocupante pelos altos níveis de complicações que se relacionam a ela.

    A obesidade consiste em um distúrbio do metabolismo energético que acarreta excessivo acúmulo de gordura corpórea, com graves repercussões orgânicas e psicossociais (Palma et al., 2009).

    Segundo Mello et al. (2004) o visual do corpo é o grande elemento a ser utilizado na definição da obesidade a qual é acompanhado por aumento da estatura e aceleração da idade óssea. Porém com o passar do tempo à estatura e a idade óssea se mantêm constante e o ganho de peso continua a se elevar, caracterizando assim a obesidade em crianças.

    O crescimento da obesidade tornou-se um problema de saúde pública alarmante, não só em adultos, mas também em crianças. Estudos recentes apontam uma previsão de 90% de indivíduos com excesso de peso na população americana em 2035, caso não haja intervenção, e na população infantil os números aumentam cada vez mais (Fisberg, 2005).

    Segundo o relatório de estatísticas Mundiais de Saúde 2012, da Organização Mundial de Saúde, a obesidade é a causa de morte de 2,8 milhões de pessoas por ano. Atualmente 12% da população mundial é considerada obesa (Oms, 2012).

A obesidade na infância

    De acordo com Palma et al. (2009) vários fatores podem estar associados ao desenvolvimento da obesidade, entre eles alguns como síndrome genética, endocrinopatias, tumores, traumas, cirurgias entre outros que alteram o funcionamento dos centros reguladores do metabolismo energético, sendo estes fatores raros. Segundo o mesmo autor a obesidade em crianças e adolescentes está também ligada (e com maior probabilidade) a interações de fatores genéticos e ambientais. No mesmo estudo o autor aponta que hábitos alimentares inadequados e estilo de vida sedentário são os principais responsáveis pela obesidade em crianças nos países desenvolvidos em desenvolvimento. As crianças atualmente estão mais sedentárias apresentando um gasto energético menor, ficando em frente à televisão mais de duas horas por dia, predispondo um comportamento de risco para o desenvolvimento da obesidade infantil (Dalbosco, 2010).

    O consumo alimentar tem sido relacionado à obesidade não somente quanto ao volume da ingestão alimentar, como também à composição e qualidade da dieta. Além disso, os padrões alimentares também mudaram, explicando em parte o contínuo aumento da adiposidade nas crianças, como o pouco consumo de frutas, hortaliças e leite, o aumento no consumo de guloseimas (bolachas recheadas, salgadinhos, doces) e refrigerantes, bem como a omissão do café da manhã (Triches, 2005).

Atividade Física

    Para Rossi (2008) as crianças que realizam refeições assistindo televisão diminuem o consumo de frutas e verduras, em contrapartida aumentam o consumo de alimentos industrializados, como pizzas, salgadinhos e refrigerantes.

    A inatividade física na atualidade vem sendo associada ao ganho de peso em crianças. Para Mello et al. (2004) a criança tende a ficar obesa quando sedentária, e a própria obesidade poderá fazê-la ainda mais sedentária.

    A obesidade pode ter influencia também de outros fatores, como, por exemplo, as práticas alimentares. Em estudo sobre obesidade, práticas alimentares e conhecimentos de nutrição em escolares, Triches (2005) conclui que a omissão do café da manhã e a baixa freqüência do consumo de leite foram às práticas específicas significativamente associadas à obesidade, podendo significar uma tentativa equivocada de reduzir calorias. Segundo Dewey (2003) e Mello et al. (2004) até o aleitamento materno sendo mal administrado pode causar obesidade.

    O hábito de assistir televisão pode ter relação com a obesidade infantil. Segundo Mello et al. (2004) quanto mais tempo diário a criança fica exposta a televisão maior é a probabilidade desta desenvolver obesidade, pela baixa atividade física e também por ficar exposta a propagandas vinculadas a alimentos não nutritivos e ricos em calorias.

Mídia e obesidade infantil

    Os meios de comunicação desempenham papel estruturador nos hábitos e práticas alimentares. A mídia televisiva tem participação ativa e majoritária nas atividades infantis (Pontes, 2009). Por meio da mídia, as empresas buscam influenciar o grupo de consumidores tradicionalmente conhecido como o das crianças. O que antes era campo de ação de poucas empresas de brinquedos e entretenimento passou a ser um empreendimento enorme, de múltiplos tentáculos (Linn, 2006). Em um estudo sobre educação e publicidade, Souza (2000) afirma que a televisão, dentre todas as mídias veiculadoras de publicidade, é a mais significativa. Pereira (2002) salienta que a televisão é a mídia mais popular, estando presente em 98% das residências brasileiras e preferida por 88% das crianças que passaram a ocupar, principalmente após as décadas de 1970 e 1980, o lugar de espectadoras/consumidoras do mercado publicitário. A OMS recomenda que crianças não devam estar mais que uma ou duas horas em frente à TV e videogame diariamente. O tempo em frente à TV está associado ao consumo de alimentos calóricos, refrigerante e baixo consumo de frutas e vegetais, além de pouco gasto de energia (Currie, 2004 apud Brasil, 2009). Segundo Rossi (2008), o ato das crianças assistirem televisão induz ao sedentarismo e a maus hábitos alimentares, fatores que quando combinados levam a obesidade. Para o mesmo autor as propagandas induzem a escolha alimentar da criança, que se dá em geral por produtos que mais vezes são anunciados. Segundo a Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) (2006) a embalagem é o recipiente, o pacote ou o envoltório destinado a garantir a conservação e facilitar o transporte e manuseio dos alimentos. Porém, segundo Neto (2001) no segmento alimentício, utiliza-se a embalagem e o rótulo para atrair a atenção do consumidor e comunicar os benefícios do produto diretamente na prateleira da loja constitui-se, assim, em fato de vantagem competitivo. Mello et al. (2004), analisaram o teor das propagandas veiculadas em horários de programas para adolescentes, verificando que a maioria delas (53%) era de lanches e refrigerantes. Analisando as propagandas de alimentos que são veiculadas na televisão para o público infantil, Almeida et al. (2002) constataram que a qualidade nutricional dos alimentos não foi adequada, sendo que a maior parte dos alimentos tinham altos teores de açúcar. Pimenta (2011) de forma semelhante verifica em um estudo sobre a oferta de propaganda que não há transmissão de comerciais de alimentos básicos tais como frutas e hortaliças. Já o refrigerante é o alimento mais presente nas propagandas. As propagandas voltadas ao público infantil vêm ganhando no ultimo período um grande interesse e sendo foco de um forte debate. Neste sentido o governo brasileiro formulou uma proposta e Regulamento Técnico que normatiza os termos das atividades publicitárias destinadas ao público infantil (Brasil, 2006).

    Com mesma finalidade o Conselho Nacional de Saúde através da resolução nº 408/2008 estabelece diretrizes para a promoção da alimentação saudável com impacto na reversão da epidemia de obesidade e prevenção de doenças crônicas não transmissíveis. Com o objetivo de regulamentar a comercialização e exposição de produtos não saudáveis, o Estado de Santa Catarina criou uma Lei que proíbe em cantinas e restaurantes de escolas públicas e privadas a venda de alimentos não saudáveis, como refrigerantes, salgadinhos industrializados, salgadinhos fritos, balas e pirulitos (Brasil, 2007). Focar iniciativas em empresas de marketing e dos meios de comunicação tem sido o objetivo de alguns órgãos que tem relação com o problema da obesidade infantil, como é o caso da Ação Brasileira pela Nutrição e Direitos Humanos (ABRANDH) e do Comitê Permanente de Nutrição dos Sistemas das Nações Unidas:

    Um diálogo com o setor das empresas de alimentação e as indústrias dos meios de comunicação e marketing deveria ser iniciado com vistas a mudar progressivamente a demanda e eliminar a promoção de produtos alimentícios e de bebidas que contribuem para dietas que levam à má saúde na infância e na adolescência e a perspectivas de morte precoce e/ou a anos de vida incapacitante na idade adulta. Sabe-se que algumas empresas já começaram a alterar seus produtos a fim de torná-los menos prejudiciais. Essa iniciativa é bem acolhida e deve prosseguir sistematicamente e em escala e ritmo mais intensos (Abrandh, 2006).

    No mesmo documento Abrandh (2006) afirma que as práticas corporativas de empresas de propaganda e marketing e dos meios de comunicação não deveriam contribuir para estabelecer hábitos de alimentação nocivos à saúde, aumentando, assim, o risco de se desenvolverem doenças incapacitantes e de uma menor qualidade de vida.

Educação nutricional como estratégia no combate a obesidade infantil

    A prevenção e o tratamento da obesidade infantil envolvem vários aspectos, pois nessa fase, além de tratar a obesidade, deve-se buscar a incorporação de um estilo de vida saudável de maneira gradual e duradoura, com ênfase na formação de hábitos alimentares adequados e na prática de exercícios físicos (Triches, 2005).

    Para promover hábitos alimentares mais saudáveis, e, conseqüentemente, diminuir os índices de obesidade, acredita-se que seja importante que as pessoas tenham conhecimentos de alimentação e nutrição. Neste contexto, a dinâmica familiar assume papel considerável na mudança de práticas alimentares para controle ou tratamento da obesidade, porém, muitas vezes, a família atribui todo o dever de mudança de hábito alimentar aos filhos, negando assim sua parcela de responsabilidade (Rodrigues et al., 2005).

    Para alcançar uma alimentação saudável, além de fornecer informações corretas sobre alimentação e saúde, é preciso evitar que informações incorretas e contraditórias alcancem indivíduos e, ao mesmo tempo, propiciar a esses indivíduos condições que tornem factível a adoção das orientações que recebem apoio (Mello et al., 2004).

    Segundo Dal Bosco (2009) as recomendações nutricionais para crianças, segundo a pirâmide alimentar brasileira, são de seis porções de pães e cereais, quatro porções diárias de frutas e de hortaliças, uma porção de leguminosa, duas de carne e ovos, três de leite e produtos lácteos, duas de açúcar e doces e uma de óleo e gorduras.

    A educação nutricional pode promover o desenvolvimento da capacidade de compreender práticas e comportamentos, e os conhecimentos ou as aptidões resultantes desse processo contribuem para a integração do adolescente com o meio social, proporcionando ao indivíduo condições para que possa tomar decisões para resolução de problemas mediante fatos percebidos (Rodrigues et al., 2005).

    Academia Americana de Pediatra (AAP) (2003) publicou algumas recomendações para profissionais de saúde visando o tratamento da obesidade infantil, dentre as quais destacamos: o apoio geral: destina-se a ajudar pais, professores, técnicos e outros profissionais que influenciam a juventude a discutir hábitos saudáveis e não a cultura do corpo como parte do esforço para controlar sobrepeso e obesidade; incentivar gestores de organizações locais, estaduais, nacionais e de escolas a darem condições de um estilo de vida saudável para todas as crianças, incluindo alimentação apropriada e oportunidade adequada para atividade física regular; encorajar organizações responsáveis por cuidado e financiamento em saúde a promoverem estratégias efetivas de prevenção e tratamento à obesidade; encorajar recursos públicos e privados a direcionarem fundos à pesquisa em estratégias efetivas para prevenir sobrepeso e obesidade; e maximizar limitados recursos familiares e comunitários, para que se alcancem resultados saudáveis à juventude; promover apoio e defesa por marketing social, com a intenção de promover escolhas alimentares saudáveis e maior atividade física.

Considerações finais

    A mídia representada principalmente pela televisão através de anúncios abusivos de alimentos ricos em gorduras, açúcares e sódio, tem cumprido um papel extremamente negativo, levando grande parte da geração atual de crianças a obesidade. O público mais atingido e também o mais focado atualmente pela ação da mídia são as crianças. Este grupo da sociedade está cada vez mais exposto as propagandas na TV, aos anunciantes dos diversos segmentos, especialmente alimentícios, que aproveitam a oportunidade de expor seus produtos induzindo, por meio de atrativos promocionais, o público infantil, que muitas vezes, pode desenvolver futuros problemas de saúde como a obesidade. Às instâncias de governo ligadas a área de saúde e educação cabe criar ações eficazes no combate à obesidade infantil, entre elas surge como urgente e necessário regular a veiculação de propagandas de alimentos não saudáveis. Também ao estado brasileiro fica a responsabilidade de propor ações de educação nutricional que levem ao consumo de alimentos saudáveis e a hábitos de vida menos sedentários.

    A educação nutricional seja em casa ou na escola pode trazer resultados muito positivos no que se refere à redução da obesidade e melhoria da qualidade de vida da geração de adultos do amanhã, por isso cabe ao estado propor ações eficazes com relação à temática.

    A redução da obesidade infantil e o aumento da qualidade de vida na sociedade é um desafio posto à Nutrição como área do conhecimento. Interligar fatores de alimentação saudável com a educação nutricional é um passo necessário e importante. Atuar nos espaços familiares e escolares, criando hábitos de alimentação mais saudáveis, surge como uma grande área de ação do profissional de Nutrição.

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