Formação inicial em Educação Física escolar: contribuições do PIBID Formación inicial en Educación Física escolar: aportes del Programa Institucional de Becas de Iniciación a la Docencia (PIBID) |
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* Mestrado em Ciências do DesportoUniversidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD, Portugal) **Graduação em Educação Física pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN/CAMEAM) (Brasil) |
Maria Ione Silva* Evandro Nogueira de Oliveira** Fernanda de Oliveira Silva** Kaline Lígia Estevam de Carvalho Pessoa** |
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Resumo A formação inicial em Educação Física Escolar passa por grandes desafios principalmente nos divergentes posicionamentos de opiniões dos docentes quanto a identidade do curso, o que gera entre os acadêmicos incertezas relacionadas a sua formação e ao seu campo de atuação: Escolas ou espaços de educação não formal? Partindo deste questionamento, acredita-se que o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), deverá contribuir para a afirmação dos objetivos propostos no projeto pedagógico do curso, ser Professor. O subprojeto de educação física do Campus Avançado Professora Maria Elisa de Albuquerque Maia (CAMEAM/Pau dos Ferros) da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), objetiva incentivar os alunos a seguirem carreira docente por meio das relações com professores supervisores e alunos do ensino médio, no contexto educacional. As estratégias compreenderão entre outras, estudos dirigidos, planejamento participativo, regências colaborativas, pesquisas, elaboração de trabalhos científicos e aulas de campo. Neste sentido as ações serão partilhadas entre os pares através do ensino, pesquisa e extensão. Portanto, espera-se com a continuidade do subprojeto que os licenciandos edifiquem de forma sólida a identidade de professor, concebendo um novo sentido e significado a sua formação. Unitermos: Educação. PIBID. Docência.
Resumen La formación inicial en Educación Física se encuentra atravesada por grandes desafíos, especialmente en los posicionamientos divergentes de opiniones de los docentes en cuanto a la identidad del curso, lo que genera entre los estudiantes incertidumbres relacionadas con su formación y su campo de intervención: ¿las escuelas o espacios de educación no formal? A partir de esta pregunta, se considera que el Programa Institucional de Becas de Iniciación a la Docencia (PIBID) contribuirá a la afirmación de los objetivos propuestos en el proyecto pedagógico del curso, ser Profesor. El subproyecto de Educación Física del Campus Avanzado Profesora María Elisa de Albuquerque Maia (CAMEAM/Pau dos Ferros) de la Universidad del Estado do Río Grande do Norte (UERN), tiene como objetivo alentar a los estudiantes a seguir la carrera docente a través de las relaciones con profesores supervisores y los estudiantes de escuela media, en el contexto educativo. Las estrategias comprenden, entre otros, estudios dirigidos, planificación participativa, regencias de colaboración, investigación, preparación de trabajos científicos y clases de campo. En este sentido, las acciones serán compartidas entre pares a través de la docencia, investigación y extensión. Por lo tanto, se espera que continúe el subproyecto que los estudiantes construyan una sólida identidad docente, concibiendo de un nuevo sentido y significado a su formación Palabras clave: Educación. PIBID. Enseñanza.
Recepção: 29/07/2015 - Aceitação: 13/09/2015
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 209, Octubre de 2015. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
As universidades como instituições sociais têm por mérito disseminar a formação de sujeitos capazes de elevar os níveis da educação básica do nosso país, de modo que esta venha a formar, entre outros, indivíduos aptos a favorecer a construção de cidadãos críticos e reflexivos. Entendemos o processo de formação profissional como inacabado isso por ser influenciado por saberes curriculares, disciplinares e experienciais, como bem ressalta Tardif (2002).
A formação de professores de Educação Física (EF) tem sido influenciada e regulamentada por diferentes e consecutivas legislações, como pode ser visto nas sucessivas resoluções (Decreto-lei nº 1.212, de 17 de abril de 1939; resolução n° 69, de 06 de novembro de 1969; resolução Nº 3 de 16 de junho de 1987). Um dos aspectos mais questionados no campo da formação e atuação do professor de EF é o distanciamento entre teoria/prática, ou seja, a EF ao longo dos tempos incorporou um modelo prático em suas salas de aula.
As reflexões sobre a formação do professor de educação física destacadas por Borges (1998) apresentam pontos preocupantes, tais como: uma formação dicotômica entre dois campos, educação física e desporto; e a relação entre teoria/prática, apontando a necessidade ou o desejo de superação desta fragmentação (teoria e prática) na busca de uma aproximação entre a formação acadêmica e a realidade escolar. Percebemos a necessidade de desmitificar a formação de professores com foco na esportivização, e isso será concretizado a partir do momento que os formadores direcionarem suas práticas pedagógicas a uma EF contextualizada, relacionando teoria e prática. Acreditamos que através desta proposição, possamos desenvolver competências necessárias para a atuação do futuro professor.
Para além do fazer é o que propomos neste subprojeto, uma intervenção pedagógica a ser desenvolvida através da pesquisa-ação. Entendemos que o ensino da educação física não pode ficar limitado a uma prática do “fazer por fazer”, é fundamental dar um sentido e significado, e para tal emerge a necessidade de uma nova proposta de ensino baseadas em três diferentes dimensões no trato com os conteúdos: conceitual, procedimental e atitudinal (PCN's, 1998).
Darido (2001), quando se refere a essas dimensões do conteúdo, observa avanços na proposta dos PCNs e ressalta que o papel da educação física ultrapassa o ensinar esporte, ginástica, dança, jogos, atividades rítmicas, expressivas e conhecimento sobre o próprio corpo. Estudos apontam para uma nova educação física escolar, que esteja abandonando as práticas desvinculadas de significado para os alunos e preocupada com a aprendizagem fundamentada nas necessidades e interesses de um novo aluno, crítico, atuante e participativo.
É com base no exposto que se justifica uma atenção na formação de um professor capaz de identificar as demandas de uma condição social que exige dos nossos alunos uma preparação maior pra enfrentar um mundo cada vez mais competitivo e globalizado.
Pretendemos fortalecer, através do PIBID, a formação inicial dos alunos bolsistas. Neste sentido, o aluno graduando, consciente dos fundamentos teóricos da sua área de formação (específicos e pedagógicos), elabora sua prática. Essa proposta tem a finalidade de transformar o aluno em um sujeito que responda às exigências contemporâneas, tais como: analisar, interpretar, avaliar, sintetizar, comunicar, usar diferentes linguagens, estabelecer relações, propor soluções inovadoras para as situações com as quais defronta etc. Essa ação transformadora é fundamental ao trabalho docente (Arnoni et al, p.521. 2003).
Portanto, o subprojeto de Educação Física pretende inicialmente revelar aos licenciando em formação, possibilidades diferentes de desenvolver uma prática pedagógica voltada para o ensino, pesquisa, ação, contextualizando a realidade do seu campo de atuação, perspectivando desenvolver possibilidades de intervenção nesta realidade por meio da proposta dos PCN’s, junto aos professores da rede pública de ensino.
Neste sentido, após a realização de todas as ações previstas pelo subprojeto, esperamos que os alunos bolsistas vislumbrem o desejo de dar continuidade a docência assumindo compromisso que preza nos objetivos do projeto pedagógico do curso de sua formação, como também o compromisso social. Assim esperamos com o referido subprojeto os seguintes resultados:
O PIBID na formação de professores
A prática de uma educação mais efetiva faz com que olhemos a educação de uma forma mais abrangente. Daí surge à idéia de se promover uma educação mais voltada para o ser humano, que não priorize apenas a mecanização e a conseqüente reprodução, mas que também, com mais objetividade, priorize o aluno enquanto ser produtor de conhecimento e dotado deste. Sendo assim, voltamos nossos olhares para uma formação integrada do ser humano, na qual tem que prevalecer a formação de um sujeito cidadão crítico participativo e comprometido com o social. Dessa forma é fundamental que a escola e a sociedade passe a enxergar o processo educativo como forma recíproca na construção de conhecimento e que “quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender” (Freire, 2011, p.25).
Nesta conjuntura, um dos enormes passos que precisam ser dados no sentido de uma educação de qualidade é investir em uma formação profissional docente que cumpra com as expectativas de um país que aos poucos está se tornando uma potência mundial. Com isso, é mais do que evidente o caráter prioritário que a formação de professores no Brasil deve receber.
Com a complexidade da sociedade e com os grandes estudos que se tem na área educacional, sob os mais diversos aspectos, filosóficos, sociológicos, psicológicos, entre outros, torna-se fundamental que o processo de formação docente dentro da universidade aconteça de forma ampla e significativa e que aborde tais aspectos não desviando os olhares da realidade educacional, mas colocando-a em destaque com o fim de entendê-la e transformá-la. Com isso, Garcia (1999) relata que:
A formação de professores é a área de conhecimentos, investigação e de propostas teóricas e práticas que, no âmbito da Didática e da Organização Escolar, estuda os processos através dos quais os professores- em formação ou em exercício- se implicam individualmente ou em experiências de aprendizagem através das quais adquirem ou melhoram os seus conhecimentos, competências e disposições, e que lhes permite intervir profissionalmente no desenvolvimento do seu ensino, do currículo e da escola, com o objetivo de melhorar a qualidade da educação que os alunos recebem. (p. 26)
Ainda no que concerne à formação de professores vale salientar que na esfera acadêmica, surgem três pilares que visam complementar a formação profissional: ensino, pesquisa e extensão. Não nos ateremos a essas esferas, mas cabe deixar claro que os objetivos destas culminam a uma formação completa e de qualidade. Com isso, formar professores comprometidos com os indivíduos e com o social é uma tarefa que exige muito de toda a sociedade. Sendo assim, “o conhecimento é pautado na transversalidade de temas que possibilitem conhecimentos multiculturais, humanísticos, éticos, atitudinais, visando ao desenvolvimento de competências e habilidades sobre as diversas dimensões do ensino”. (Perrenoud, 1999, p. 46).
Com relação à formação continuada dos alunos universitários, o PIBID, mais do que ter por objetivo fazer pontes conectoras entre a escola e a universidade, visa á uma preparação dos alunos bolsistas para uma formação mais qualificada, envolvendo aspectos muitas vezes não abordados de forma complexa na universidade. O programa além de incentivar a formação docente, contribui para a valorização do magistério, o que muitas vezes é negligenciado pelos próprios professores. Com isso, Josso (1978, p. 78) nos fala que isso implica uma presença consciente do sujeito, sem a qual falaríamos mais de adestramento do que de formação. É a presença consciente que nos permite falar de um sujeito de formação, onde tal sujeito é capaz de intervir no processo de aprendizagem e de formação.
As contribuições que o programa PIBID traz para o aluno enquanto bolsista vão desde o conhecimento da realidade escolar até a participação efetiva nas discussões da escola. Tais alunos terão em sua formação um emaranhado de experiências dentro e fora da escola, antes mesmo de passarem pelos estágios, onde serão conhecedores da realidade em que irão atuar e poderão, conseqüentemente, atuarem na resolução de problemas em tais ambientes bastante complexos, minimizando assim o impacto com a realidade escolar que acontece quando os profissionais têm o primeiro contanto com a escola. É importante ressaltar que o programa contribui efetivamente na formação e aperfeiçoamento do aluno enquanto profissional e enquanto ser humano. O aluno compartilha experiências, discute textos, mostra suas opiniões, apresenta trabalhos, fala em público, e principalmente, lida com a escola e com a comunidade escolar, além de melhorar na escrita e na articulação das idéias. O bolsista também participa de forma significativa, junto com o professor coordenador, na elaboração dos planos de aula, de projetos escolares, e algumas vezes, aplica palestras, oficinas e minicursos sob mais variados temas. Tais alunos, ao final do projeto, saem com leque de experiências e conhecimentos desejado por todo universitário. Sendo assim, o PIBID contribui para a formação de uma identidade profissional nos alunos, desenvolvendo competências profissionais e pessoais.
Destarte, com tantas contribuições e perspectivas que o programa traz, é que notamos a tamanha importância que tal projeto acarreta na formação docente e conseqüentemente no currículo deste futuro profissional, que atuando de forma participativa, compõe um conjunto de idéias que formam uma força para atuar na docência e logo, no exercício de sua profissão, possa realizar-se como professor competente e inovador.
Considerações finais
O PIBID tem contribuído de forma significativa para a formação inicial e continuada dos discentes e professores do ensino básico. Neste sentido entendemos que o programa está sendo um diferencial para formação dos acadêmicos do curso de licenciatura em educação física do Campus Pau dos Ferros. O primeiro encontro individual realizado com os bolsistas revelou mudanças relacionadas aos interesses nos estudos, autonomia nas decisões no cotidiano, engajamento nas práticas pedagógicas do contexto educacional. A cada objetivo do subprojeto, um desafio junto aos alunos bolsistas e professores supervisores, o que caracterizou uma experiência grandiosa na formação de professores.
Fortalecer a valorização do “ser professor” nos dias atuais parece ser uma tarefa quase impossível, haja vista as condições que são oferecidas para referida profissão. O PIBID apresenta uma proposta instigante, que vem revertendo esta situação. Entendemos que o principal motivo é a inserção dos graduandos no contexto real de sua profissão (escola). Essa iniciativa tem motivado os acadêmicos dos cursos de licenciatura a seguirem a carreira de sua formação. A realidade observada no decorrer do desenvolvimento do programa, revela um interesse por parte dos alunos bolsistas como também dos acadêmicos dos cursos de licenciatura, de vivenciar de forma mais efetiva o ensino, ou seja, o contato com a sala de aula.
A luz de uma formação humana, com o olhar direcionado para os atores inseridos no processo educacional. A ampla carga de conhecimentos teóricos adquiridos serve de base para uma boa atuação na prática, vislumbrando novos caminhos e perspectivas, que podem ser seguidos rumo a mudanças e transformações no trato com o conhecimento. A realidade do curso de educação física do Campus Pau dos Ferros após o PIBID revela mudança de atitude relacionada à procura dos discentes em ingressar nos projetos de formação profissional (em fase de elaboração) do referido departamento, como também o interesse em participar como bolsista voluntário do PIBID. Outro ponto pertinente que as ações proporcionaram, foi o desenvolvimento do pensamento crítico/reflexivo dos bolsistas participantes do programa. Podemos ainda apontar de forma geral melhoria no rendimento acadêmico, e maior interesse pelas disciplinas pedagógicas por parte dos alunos bolsistas. Contudo afirmamos que as contribuições foram sobremaneira relevantes para todos os participantes.
O incentivo a formação docente decorre da falta de pessoas interessadas inicialmente em ingressar nos cursos de licenciatura e conseguintemente seguir a carreira docente. Em especial a linha de pensamento apresentada acima não difere dos cursos de licenciatura em educação física, principalmente após a fragmentação do curso em bacharelado e licenciatura, o que antes era apenas licenciatura plena. Professor generalista ou professor especialista? A base das discussões a priori parte exatamente desse questionamento. Assim surge a necessidade de atender as exigências do mercado de trabalho. Nestas, a educação física é chamada a atender os espaços não escolares como: clubes, academias, atendimentos domiciliares entre outros. Por este motivo gera-se um conflito de idéias nos que ingressam nos cursos de licenciatura em educação física. Primeiro que os motivos que os levam a optar pelo curso, são diversificados como: vivencias no esporte e nas academias.
Contudo faz-se necessário enfatizar que o aluno do ensino médio não compreende a definição de licenciatura e bacharelado, dai atrairmos um pseudo acadêmico nos cursos de licenciatura.
Acreditamos que o PIBID vem a valorizar a formação docente, na medida em que insere o aluno em todas as esferas necessárias para uma formação de qualidade. O não querer ensinar, passa muitas vezes pelo não conhecer a sala de aula em todas as suas dimensões
Consideramos que os objetivos traçados no subprojeto da área em questão foram alcançados, na medida em que houve interesse e participação de todos os envolvidos no programa. Podemos considerar plausível as relações estabelecidas entre os professores supervisores, alunos bolsistas e alunos do ensino médio. È importante ressaltar que os bolsistas responderam de forma interessada, cumprindo as tarefas solicitadas no prazo estabelecido. Os indicadores de avaliação como: apresentação de aulas, elaboração de resenhas, resumos, relatórios entre outros, revelaram um desenvolvimento relevante dos bolsistas, de maneira que superaram as dificuldades a princípio apresentadas. É de extrema importância a continuidade do programa para o curso, haja vista a mudança de comportamento dos acadêmicos do curso com relação ao envolvimento em ações do ensino. Desta forma pensamos ser necessário sua expansão tanto com relação ao aumento do número de alunos bolsistas (em função da procura) quanto para os atendimentos ao seguimento do ensino fundamental.
Bibliografia
Arnoni, M. E. B.; Faria, L. C. M.; Monteiro, D. S.; Moriel Júnior, J. G (2003). O ensino em questão. http://www.ibilce.unesp.br/institucional/departamentos/edu/didatica/index.htm
Borges, C. M. F. (1998). O professor de educação física e a construção do saber. Campinas/SP: Papirus (Coleção Magistério: Formação e trabalho pedagógico).
Brasil (2001). Secretaria de Educação Básica. Brasília: Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. 3ª Ed. Brasília: A Secretária. 96p.
Darido, S. C. et al. (2001). A educação física, a formação do cidadão e os parâmetros curriculares nacionais. Rev. paul. Educ. Fís., São Paulo, v.15, n.1, p. 17-32, jan./jun.
Garcia, C. M. (1999). Formação de professores – para uma mudança educativa. Porto, Portugal: Porto Editora.
Tardif, M. (2002). Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis, RJ: Vozes.
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. (2009). Projeto Pedagógico do Curso de Educação Física Modalidade Licenciatura. Pau dos Ferros.
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