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O PIBID e as aulas de Educação Física como processo de interação

e inclusão de aluno portador de Síndrome de Asperger

El Programa Institucional de Becas de Iniciación a la Docencia y las clases de Educación Física 

como proceso de interacción e inclusión de un alumno portador de Síndrome de Asperger

The Institutional Scholarship Program Introduction to Teaching and Physical Education 

classes as interaction process and inclusion of student with Asperger Syndrome

 

*Acadêmicos do Curso de Educação Física, bolsistas do PIBID

Universidade do Oeste de Santa Catarina, Joaçaba, Santa Catarina

**Professora Supervisora do PIBID, EEB Oscar Rodrigues da Nova, Joaçaba, Santa Catarina

***Professora Coordenadora do PIBID, Curso de Educação Física

Universidade do Oeste de Santa Catarina, Joaçaba, Santa Catarina

(Brasil)

Josiane Aparecida de Jesus*

Marlon Martins de Oliveira*

Tainan Devens*

Débora Bittencourt*

Evandro Rossi Junior*

Mirian Dolzan**

Elisabeth Baretta***

elisabeth.baretta@unoesc.edu.br

 

 

 

 

Resumo

          A Síndrome de Asperger (SA) é um transtorno neurobiológico enquadrado dentro da categoria de transtornos invasivos do desenvolvimento (TID). O presente artigo tem por objetivo demonstrar as principais características da SA e como é a participação nas aulas de Educação Física pelo portador da mesma, por meio de um relato de experiência das atividades realizadas na Escola Oscar Rodrigues da Nova, Joaçaba - SC. A metodologia adotada foi a busca na literatura, na seqüência aplicação de atividades direcionadas a coordenação motora geral, valências físicas, ludicidade e progressões pedagógicas de modalidades de esportes coletivos nas aulas de Educação Física e por fim fez uma análise da participação do aluno. Os resultados indicam uma melhora constante e significativa no que diz respeito às capacidades físicas do aluno, bem como sua interação social com os demais.

          Unitermos: Síndrome de Asperger. Educação Física. Relacionamento social. Capacidades físicas.

 

Abstract

          This article aims to demonstrate the main features of Asperger Syndrome and how physical education classes are held by the holder there of, through an experience report of activities undertaken in the School Oscar Rodrigues da Nova. The methodology was the literature search, following enforcement activities in physical education classes and finally the post analysis of the steps mentioned above was made an analysis of the contribution that physical education classes generated in the student. The results indicate a constant and significant improvement with regard to the student's physical abilities as well as their social interaction with others.

          Keywords: Asperger Syndrome. Physical Education. Social relationships. Physical abilities.

 

Recepção: 02/08/2015 - Aceitação: 28/09/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 209, Octubre de 2015. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) é uma iniciativa para aperfeiçoamento e a valorização da formação de professores para educação básica. Os projetos devem promover a inserção dos estudantes no contexto das escolas públicas desde o início da sua formação acadêmica para que desenvolvam atividades didático-pedagógicas sob orientação de um docente da licenciatura e de um professor da escola.

    O PIBID permite aos acadêmicos de diversas áreas de sua abrangência, conhecer a realidade escolar, bem como, qualificar seus conhecimentos por meio da prática. A Educação Física na escola é a área que trata da cultura corporal e que tem como finalidade introduzir e integrar o aluno nessa esfera, formando o cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la e também transformá-la. Nesse sentido, o aluno deverá ser instrumentalizado para usufruir dos jogos, esportes, danças, lutas e ginásticas em benefício do exercício crítico da cidadania e da melhoria da qualidade de vida (Betti, 1992 apud Darido, 2004, p. 1).

    No período em que o acadêmico está inserido no PIBID, vivencia experiências fantásticas, dentre elas, a convivência com alunos de características motoras e biológicas específicas e uma bagagem cultural e social que trazem da convivência com familiares e amigos. Além disso, a inserção no contexto das aulas de Educação Física proporciona ao aluno bolsista o conhecimento de metodologias de ensino, formas de avaliação, exemplos de atividades lúdicas, jogos ativos e pré-desportivos das modalidades esportivas, progressões pedagógicas, eventos típicos, valores na escola, entre outros e suas aplicabilidades no cotidiano escolar, o que contribui para a formação do acadêmico.

    Na Escola de Educação Básica (EEB) Oscar Rodrigues da Nova, localizada no município de Joaçaba, SC, os estagiários do PIBID de Educação Física tiveram a oportunidade de conviver e trabalhar, juntamente com a segunda professora, com um aluno diagnosticado por meio de laudo médico com SA.

    Pode-se conceituar a SA como um transtorno de neurobiológico enquadrado dentro da categoria de transtornos invasivos do desenvolvimento (TID). Ela foi considerada, por muitos anos, relacionada ao autismo por possuírem algumas características semelhantes (KLIN, 2006).

    A primeira pesquisa neste campo foi realizada pelo psicólogo austríaco, Hans Asperger em 1944, ao avaliar crianças autistas com dificuldades na interação social, indicando um transtorno de personalidade estável e marcado por isolamento social (Rodrigues, 2011).

    Nesse sentido Hans foi de fundamental importância para as pesquisas futuras de Tony Attwood, Lorna Wing, um dos primeiros a usar o termo SA. Todavia essa síndrome foi oficialmente reconhecida como critério de diagnóstico no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM IV) somente no ano de 1994 (Bonin; Mafli, 2013; Teixeira, 1996).

    Portanto, o presente artigo tem por objetivo demonstrar as principais características da SA, por meio de um relato de experiência observando o impacto das atividades aplicadas durante as aulas de Educação Física na EEB Oscar Rodrigues da Nova, a partir de março de 2014 até março de 2015, no desenvolvimento motor e social de um aluno portador da AS.

2.     Metodologia

    O trabalho iniciou-se com uma pesquisa na literatura sobre a SA. Na seqüência realizaram-se nas aulas de Educação Física diversas atividades que estimulassem a participação e a prática da atividade física do aluno, direcionadas a coordenação motora geral, valências físicas, ludicidade e progressões pedagógicas das modalidades de esportes coletivos. Além disso, as atividades visavam a qualificação do acervo motor do mesmo e a interação com os demais colegas que compõe a turma. Após as etapas citadas acima se fez uma análise descritiva e qualitativa das contribuições que as aulas de Educação Física propiciaram ao aluno. Todo o processo de análise foi acompanhado por meio da professora supervisora do PIBID, muitas vezes acompanhada pela segunda professora e diversos momentos foram registrados por meio de filmagens e fotos.

3.     Resultados e discussão

    Teixeira (1996), baseado no DSM IV descreve como características marcantes do portador de SA a “falta de empatia, interação inapropriada, ingênua ou unilateral, pouca ou nenhuma habilidade de estabelecer amizades, linguagem pedante ou repetitiva, comunicação não verbal pobre, fixações, movimentos desajeitados, pouco coordenados e postura estranha”.

    Nota-se no aluno em específico, determinadas características que marcam a síndrome, como por exemplo, dificuldade maior de interação e com a comunicação verbal; todavia vem relacionando-se mais com os colegas e interagindo com os professores e estagiários de forma gradativa, atitudes estas que vem sendo notadas nas atividades lúdicas e progressões pedagógicas aplicadas durante as aulas de Educação Física na escola.

    No que diz respeito ao aspecto motor, o aluno participa das aulas de Educação Física na escola e realiza as atividades dentro de seus limites, sendo que nos últimos seis meses apresentou uma melhora em seu acervo motor, realizando atividades como quicar uma bola, saltar, correr, arremessar e pular de forma mais coordenada.

    Observou-se nesse período o envolvimento do aluno em atividades lúdicas, sendo que em algumas vezes o mesmo solta a mão da professora que o acompanha de forma espontânea e realiza a atividade sem auxílio, o que evidencia uma maior autonomia. Além disso, o aluno também está deixando de lado alguns medos, como o de receber uma bola que é arremessada por outra pessoa, ou por ele mesmo na parede.

    A escola realiza ao início e término de cada ano uma bateria de testes do Projeto Esporte Brasil (PROESP-BR). Nessa oportunidade é de fundamental importância destacar a participação do aluno portador da SA nesses testes, pois obteve resultado aceitável em todos eles. Além disso, observou-se durante a execução do teste de agilidade, que requer maior habilidade cognitiva, que o aluno apresentou resultados satisfatórios, demonstrando ser dedicado e participativo.

    Segundo Kanner (1976) portadores da SA normalmente possuem inteligência média ou até acima da média. Nesse sentido, com relação ao aluno, observa-se que ele compreende e assimila o que lhe é solicitado, contudo precisa de mais repetições, o que, por sua vez não o impede de assimilar e executar as informações recebidas desde que as mesmas sejam objetivas.

4.     Conclusões

    Os portadores da SA apresentam uma melhora no desenvolvimento de atividades desde que sejam estimulados diariamente. O aspecto social de interação e comunicação precisa de mais estímulos e tendem e demandam de um tempo maior para que se perceba a presença destes nos portadores da AS.

    A motricidade desenvolve-se mais efetivamente e em médio prazo, desde que sejam trabalhadas constantemente. No aspecto cognitivo há uma compreensão do que lhe é solicitado, porém há dificuldades de interpretação, ou seja, os comandos precisam ser mais objetivos, pois há dificuldade em transformar a subjetividade.

    A participação dos alunos portadores de AS nas aulas de Educação Física é essencial, tendo em vista as infinitas possibilidades de aprendizado que as mesmas oferecem no aspecto cognitivo, social e motor.

    Por meio do PIBID, os bolsistas têm o papel de auxiliar os alunos durante as aulas, e juntamente com o professor supervisor planejar as aulas que serão aplicadas. O programa é de fundamental importância no contexto escolar, pois os estagiários além de auxiliar nas aulas de Educação Física, auxiliam fora dela com projetos educacionais.

Bibliografia

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Lecturas: Educación Física y Deportes - ISSN 1514-3465 - © 1997-2015 Derechos reservados