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Desequilíbrio postural e a influência da 

fisioterapia vestibular: uma revisão integrativa

El desequilibrio postural y la influencia de la fisioterapia vestibular: una revisión integradora

Postural imbalance and the influence of physical therapy vestibular: an integrative review

 

*Fisioterapeuta. Especialista em Educação e Saúde

Mestre em Saúde Coletiva. Doutoranda em Fisioterapia Docente

das Faculdades INTA

(Brasil)

Aristides Lima do Nascimento

Francisca Maria Aleudinelia Monte Cunha*

aleudinelia@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O desequilíbrio postural é uma vestibulopatia mais comum entre as de origem central. A maioria dos pacientes que procura as clínicas médicas com vertigem e déficit de equilíbrio apresenta alterações na orelha interna. O desequilíbrio atinge principalmente os idosos, mas também acomete crianças e adultos jovens. Ela pode tanto causar uma imperceptível alteração nas atividades de vida diária de seu portador, quanto pode ser muito incapacitante. Apesar de ser de difícil suas causas, manobras específicas podem ser utilizadas na avaliação de tal patologia. O presente estudo teve como objetivo agrupar os trabalhos científicos e fazer um levantamento sobre o que se tem pesquisado e utilizado na fisioterapia, especificamente para o tratamento do desequilíbrio postural. Observou-se, através da pesquisa bibliográfica, que a fisioterapia vestibular (FV), um método não invasivo e de simples aplicação, usado por diferentes profissionais ligados à área da saúde, apresenta bons resultados no desequilíbrio postural. A FV utiliza diversos recursos e manobras que são escolhidas de forma individual, respeitando os sintomas e as limitações de cada paciente. A FV é um campo em desenvolvimento para a fisioterapia, e os estudos científicos nessa área ainda são poucos, principalmente em relação à eficácia dos protocolos de tratamento utilizados. Pode-se concluir que estudos científicos na fisioterapia aplicada ao desequilíbrio postural devem ser feitos, para que os protocolos conhecidos pelos demais profissionais da saúde envolvidos na FV sejam validados através da atuação do fisioterapeuta. Ao mesmo tempo, novos protocolos fisioterápicos também devem ser pesquisados.

          Unitermos: Distúrbios vestibulares. Desequilíbrio postural. Fisioterapia vestibular.

 

Abstract

          The postural imbalance is a more common vestibular between the central origin. Most patients seeking medical clinics with dizziness and balance disorders presents changes in the inner ear. The imbalance mainly affects the elderly but also affects children and young adults. It can either cause a noticeable change in the daily activities of its bearer, as it can be very disabling. Although it is difficult causes specific procedures may be used in the evaluation of the condition. This study aimed to group the scientific work and take stock of what has been researched and used in physical therapy, specifically for the treatment of postural imbalance. It was observed through literature, that vestibular physiotherapy (FV), a noninvasive and simple application, used by different professionals related to health, gives good results in postural imbalance. VF uses various resources and maneuvers that are chosen individually, respecting the symptoms and limitations of each patient. VF is a developing field for physical therapy, and scientific studies in this area are still few, especially regarding the effectiveness of the treatment protocols used. It can be concluded that scientific studies in physical therapy applied to postural imbalance must be made so that the protocols acknowledged by other health professionals involved in PV are validated by the physiotherapist performance. At the same time, new physical therapy protocols must also be searched.

          Keywords: Vestibular disorders. Postural imbalance. Physiotherapy vestibular.

 

Recepção: 12/06/2015 - Aceitação: 20/09/2015

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 20, Nº 209, Octubre de 2015. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    A manutenção do equilíbrio postural é dependente da harmoniosa interação entre as informações dos sistemas sensoriais (visual, proprioceptivo e vestibular), o processamento do sistema nervoso central (SNC) e a adequada execução pelo sistema efetor (neuromuscular). Quando há confl­ito na integração das informações sensoriais, especialmente por disfunção vestibular, tornam-se freqüentes os sintomas e sinais de perturbação do equilíbrio corporal (Vereeck, 2013).

    A postura corporal é o alinhamento anatômico que o indivíduo assume em relação à gravidade. O equilíbrio corporal é outra função do Sistema Nervoso Central (SNC), que permite a manutenção da postura bípede, tanto nas condições estática quanto dinâmica, caracterizando-se pela ausência de desvios, desequilíbrios ou queda. O equilíbrio corporal associado à atividade muscular permite a realização de diferentes posturas, possibilitando a execução das tarefas motoras com precisão e qualidade (Pereira & Oliveira, 2010).

    Qualquer alteração que ocorra, de forma isolada ou na combinação das diferentes informações sensoriais acaba por prejudicar a manutenção da postura ortostática e acarreta conseqüências negativas ao desempenho motor, social e psíquico dos indivíduos, em qualquer faixa etária (Latash, 2010).

    O desequilíbrio é um dos principais fatores responsáveis pelas limitações sofridas pelo individuo em sua vida diária. Em 80% dos casos, esse desequilíbrio não pode ser atribuído a uma causa específica, mas sim a um comprometimento do sistema de equilíbrio como um todo. Em mais da metade dos casos, o desequilíbrio tem origem inespecífica, e cerca de 30% dos pacientes apresentam os sintomas em diferentes faixas etárias (Souza, 2010).

    As manifestações dos distúrbios do equilíbrio corporal têm grande impacto para os indivíduos, podendo levá-los à redução de sua autonomia social, uma vez que acabam reduzindo suas atividades de vida diária, gerando, ainda, um sentimento de profunda insegurança em atividades antes realizadas normalmente, trazendo sofrimento, instabilidade corporal, medo de cair e altos custos com o tratamento (Krakaue & Guilherme, 2011).

    A disfunção vestibular envolve os órgãos terminais vestibulares e/ou os nervos vestibulares, dos quais o resultante é o desequilíbrio postural. Porém, abrange outro sintoma característico, que é a tontura rotatória ou a vertigem. A vertigem é um sintoma muito prevalente, encontrado em 10% da população mundial e em 85% dos casos ela é decorrente de disfunção vestibular. Outros sinais e sintomas seriam a perda de audição ou zumbido presença de nistagmo, náuseas, vômitos, sudorese, palidez e desequilíbrio postural (Gozzola, 2010).

    A detecção precoce das alterações do equilíbrio corporal faz-se necessária em qualquer circunstância, e em qualquer faixa etária, mas principalmente na população infantil, pois esta pode ter seu equilíbrio restabelecido mais facilmente devido à maior plasticidade neuronal (Casqueiro et al., 2011).

    A reabilitação vestibular vem sendo uma das técnicas utilizadas com melhores resultados apresentados para resolução das alterações do equilíbrio. Estas acabam resultando em tontura, zumbido e desequilíbrios posturais podendo ainda estar associada a tratamentos medicamentosos e cirúrgicos. Aliado ao tratamento deve acontecer mudança nos hábitos de vida, incluindo os hábitos alimentares saudáveis e suspensão de vícios inadequados, como tabagismo e alcoolismo. Pode ser utilizada, no período pré e pós-operatório do paciente, restaurando, assim, as suas funções labirínticas e suas capacidades funcionais afetadas pelos distúrbios vestibulares e somatossensoriais (Rodrigues, 2010).

    Por ser um assunto amplo, permeado por aspectos ainda pouco explorados, como o equilíbrio corporal, esta pesquisa torna-se importante no sentido de contribuir para o tratamento, desenvolvimento e bem estar dos pacientes.

2.     Metodologia

    Este estudo consistiu em uma revisão sistemática da literatura, sem metanálise, sobre as possíveis condutas utilizadas por fisioterapeutas em pacientes com desequilíbrio postural.

    Para esta revisão, foram consideradas as fases de pesquisa: identificação do problema e objetivo da pesquisa; pesquisa da literatura com foco sobre o tema a ser estudado; avaliação dos dados aplicando critérios de inclusão e exclusão; análise dos dados extraindo das fontes primárias as características da amostra e método, que, no caso, foi qualquer referência ao conceito de abandono/não adesão e os fatores a que esses estão relacionados. Como última fase, temos a apresentação d os resultados (Galvão, 2011).

    A busca pela literatura ocorreu na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), nos meses de julho 2014 a maio de 2015. As bases de dados de literatura científica e técnicas consultadas foram: LILACS e Scielo. Os descritores foram selecionados a partir da terminologia em saúde consultada nos Descritores em Ciências da Saúde (DECS-BIREME); são eles: “distúrbios vestibulares”, “desequilíbrio postural” e “fisioterapia vestibular”, a busca considerou as publicações dos últimos cinco anos.

    Foram observados os seguintes critérios de inclusão: estudos disponíveis na íntegra, em open acess, de 2010 a 2015, publicações originais, nas línguas portuguesa, espanhola e inglesa, que adotaram uma abordagem quantitativa, considerando o objetivo do estudo e o protocolo de revisão elaborado previamente. Foram critérios de exclusão: artigos repetidos, artigos não acessíveis em texto completo, resenhas, anais de congresso, artigos de opinião, artigos de reflexão, editoriais, artigos que não abordaram diretamente o tema deste estudo e artigos publicados fora do período de análise.

    Os resultados obtidos na análise dos artigos foram apresentados em um quadro, citando o artigo, autor (es), ano de publicação e resultados dos mesmos na forma qualitativa.

3.     Resultados e discussão

    Na combinação dos descritores “distúrbios vestibulares”, “desequilíbrio vestibular” e “fisioterapia vestibular”, foram recuperadas duas publicações cientificas na Medline, três no Pedro e nenhuma nas bases PubMed, Scielo e Lilacs, das selecionadas, na base Medline, dois artigos foram utilizados e da base Pedro foram três.

    Após a supressão das duplicatas, dos artigos não apresentados na íntegra, e cuja temática não contemplava a abordagem desse estudo, permaneceram cinco artigos – dois estudos de casos clínicos e três revisões, conforme mostra a tabela 1.

Tabela 1. Categoria Autor, Ano, Título, Tipo de Estudo e Objetivos dos estudos selecionados

Autores

Ano

Título

Tipo de estudo

Objetivos

Alvarenga & Bittar

2011

Tratamento fisioterapêutico na vertigem posicional paroxística benigna: revisão sistemática da literatura

Revisão de literatura

Fazer um levantamento sobre o que se tem pesquisado e utilizado na fisioterapia, especificamente para o tratamento das vestibulopatias.

Ricci et al.

2010

Revisão sistemática sobre os efeitos da reabilitação vestibular em adultos de meia-idade e idosos

Revisão de literatura

Sistematizar os resultados de ensaios clínicos sobre Fisioterapia vestibular (FV) em indivíduos de meia-idade e idosos com distúrbios vestibulares.

Ribeiro et al.

2014

Atuação da fisioterapia no equilíbrio postural de idosos e sua relação com quedas: revisão estruturada

Revisão de literatura

Descrever a abordagem fisioterapêutica no âmbito de alterações posturais e equilíbrio.

Batista

2013

Aplicação de protocolo de equilíbrio em jovens com sintomas de disfunções vestibulares: um estudo de caso

Estudo de Caso

Avaliar o equilíbrio em um grupo de jovens com sintomas de disfunção vestibulares submetidas a um protocolo de Fisioterapia vestibular.

Fernandes

2011

Avaliação otolítica e postural em pacientes com hipofunção vestibular antes e após a intervenção fisioterapêutica.

Estudo de Caso

Verificar os efeitos da intervenção fisioterapêutica sobre os principais sinais e sintomas do portador de hipofunção vestibular.

    O sistema vestibular compreende três elementos: o sistema sensorial periférico, um processador central e um mecanismo de resposta motora. Resumidamente pode dizer-se que o sistema vestibular percebe os sinais e converte em sinais neurais e as envia ao sistema nervoso central (Allison & Fuller, 2010). Dessa forma, o sistema vestibular atua conjuntamente com os outros sistemas.

    Os estudos analisados afirmam que os distúrbios do sistema vestibular (SV) atingem cerca de 10 a 25% da população em algum momento da sua vida. E com isto, surgem sinais e sintomas característicos, e conseqüências que afetam a qualidade de vida do paciente e seu bem-estar geral.

    Segundo Badarecco (2010), o controle postural envolve o controle da posição do corpo no espaço com a dupla tarefa de estabilização e orientação. Tem a função de manter o alinhamento da postura, coordenar as relações entre os segmentos do corpo para se opor à gravidade, adoptar a postura vertical, controle da posição do corpo no espaço para orientação e estabilidade.

    Fisioterapia vestibular é um conjunto de exercícios destinados a favorecer a plasticidade do SNC mediante mecanismos de adaptação ou gerar mecanismos de substituição em pacientes com alterações de equilíbrio, para melhorar a estabilidade geral, favorecer o restabelecimento das atividades da vida diária, bem como diminuir as queixas subjetivas (Izquierdo et al., 2010).

    Os autores supracitados na Tabela 1 contextualizam que a intervenção vestibular pode melhorar o quadro de desequilíbrio, o desempenho físico, emocional e, conseqüentemente, a qualidade de vida de pacientes com desequilíbrio postural, durante e após o tratamento da vestibulopatia.

    A fisioterapia vestibular tem o objetivo de promover a remissão da tontura e a melhora do equilíbrio corporal por meio de exercícios físicos específicos e repetitivos, que ativam os mecanismos de plasticidade neuronal no SNC ajudando a resolver o conflito sensorial. Os objetivos da fisioterapia para o tratamento das vertigens e desequilíbrio postural incluem: treinar os reflexos vestíbulo-ocular e vestíbulo-espinal, o equilíbrio estático e dinâmico, melhorar o condicionamento físico geral e possibilitar ótimo desempenho nas atividades funcionais (Doná et al, 2010).

    Observa-se nos estudos de casos analisados, as sessões tinham duração média de 30 a 40 minutos, realizadas no mínimo três vezes na semana, sendo no total de duas a quatro semanas o tempo de tratamento, pois segundo os autores, além desse tempo a tratamento é ineficaz.

    E analisando-se as revisões de literatura, elas apresentam uma abordagem fisioterapêutica similar, ou seja, mostram os mesmos resultados da intervenção e dos exercícios utilizados no tratamento fisioterápico vestibular.

    E concordando com Cohen e Sangi-Haghpeykar (2011), os estudos afirmam que após um mês de aplicação, constataram que houve uma interferência positiva nos distúrbios vestibulares, principalmente no desequilíbrio postural, expressada pela melhor orientação no espaço e adequada movimentação no espaço.

    No estudo de caso apresentado por Batista (2013), foi aplicado um protocolo de exercícios da Fisioterapia Vestibular que podem ser aplicados em pacientes com desequilíbrio postura, independente de sua etiologia. Esse protocolo não se diferencia dos demais, apenas condiz com sua atualização na denominação das técnicas, e os resultados obtidos no final do estudo, se mostrou similar aos demais estudos.

    Para Batista (2013), Fernandes (2011) e Ricci (2010), o paciente que procure e necessite de tratamento fisioterapêutico vestibular, o mesmo deve ser especializado e adequado às suas necessidades. Pois, cada paciente é único e apresenta sinais e sintomas diferentes, além de possuírem atividades cotidianas diferentes entre si.

    Os exercícios devem ser personalizados tendo em conta as limitações, incapacidades, sintomatologia e estilo de vida dos indivíduos. Os exercícios de FV personalizados levam à remissão dos sintomas em 85% dos casos de patologia vestibular, enquanto os genéricos apresentam resolução completa em 64% dos casos (Izquierdo, 2010).

    As condutas fisioterapêuticas desse estudo consistiram em: estabilização do olhar, que consiste em estabilização dos olhos de modo a permitir uma adequada acuidade visual; estimulação optocinética, que se baseiam excessivamente nos estímulos visuais, estes devem ser alterados para que o indivíduo necessite de recorrer à informação dos outros sistemas; exercícios de estabilização postural, no qual o paciente é colocado em variadas posições e plataformas para que mantenha o controle da postura; exercícios de equilíbrio que visam à manutenção do equilíbrio estático e dinâmico (Allison & Fuller, 2010).

    Ainda citando os autores acima citados, um programa de compensação vestibular pode desafiar o indivíduo até ao limite das suas capacidades, devendo, no entanto ter em conta as limitações e incapacidades do indivíduo de modo a evitar insucesso.

    Os parâmetros fisiológicos devem sempre ser cuidados, a fim de promover bem estar aos indivíduos com desequilíbrio postural. Ressaltando que os fisioterapeutas responsáveis devem sempre analisar e considerar cada paciente individualmente, pois cada um apresenta sinais e sintomas distintos.

    Neste estudo verificou-se uma melhoria de todos os indivíduos na estabilidade postural e na incapacidade percebida após FV, o que comprova e eficácia deste programa de tratamento nos elementos desta amostra.

4.     Conclusão

    A partir de uma realização bibliográfica ampla, foi possível observar uma seqüência dos principais aspectos que envolvem o paciente com desequilíbrio postural e a Fisioterapia Vestibular, desmentindo assim certos conceitos e idéias errôneas que envolvem este tema.

    Através da revisão, pode-se afirmar que a Fisioterapia Vestibular é eficaz no tratamento dos sintomas decorrentes de disfunções vestibulares, no caso do desequilíbrio postural, diminuindo a intensidade, freqüência e duração destes, melhorando o bem estar físico e psíquico do indivíduo, proporcionando então uma melhor qualidade de vida a este. Acredita-se que há a necessidade de uma maior preparação do fisioterapeuta para intervir nesta área, e então assumir seu papel no tratamento das vestibulopatias.

Bibliografia

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